A sanha dos fanhosos
Com o advento das redes sociais, a opinião avulsa coletivizou-se num charco moral que, por isto ou por aquilo, nos mergulha constantemente no visco das frustrações acumuladas e onde nadam também os cobardes do costume.
Vem isto a propósito de dois momentos.
A capa do Record no dia seguinte à coroação de Cristiano Ronaldo.
A notícia de O JOGO, assinada por Manuel Casaca, sobre a relutância de Matic em defrontar o FC Porto.
Quanto à capa de Record, é obviamente uma opção editorial discutível, mas isto quando a discussão se fixa nos limites dos razoável. Não foi o caso. O alarido gerado até nos deu a sensação que o Record não tinha colocado Ronaldo sobre o seu cabeçalho e no espaço principal da sua 1.ª página, dedicando-lhe uma breve na restante edição. No fundo, o que o tal brado exigia era mais um panegírico sobre a Bola de Ouro, um ato onanista ao jeito do Estado Novo. O resto foi a raiva do costume, sobretudo dos que não compram o Record e só lêem os títulos ou o mitram na net. Acho que com isto podemos ver e apenas comprovamos a nossa relevância.
Sobre a notícia de O JOGO, nunca duvidei dela. É assinada por Manuel Casaca, um dos melhores repórteres portugueses, um homem do terreno, com fontes e talento. Já lhe disse pessoalmente que não gosto de estar com ele na mesma arena pois sinto sempre que posso sair a perder. Afinal, nem O JOGO nem o Manuel Casaca mentiram. Matic esteve mesmo a fazer uma birra durante toda a semana, conforme hoje o Record revela.
Há quem pense que o jornalismo acabou mas a notícia é um bocado exagerada. Ainda há muita gente a pratica-lo e se assim não fosse a verdade é que os cães raivosos não teriam razões para ganir desta maneira.
