Bruno de Carvalho: um índio em terra de cowboys
Não sei qual é o espanto em relação às últimas palavras de Bruno de Carvalho.
Então ainda não perceberam que o presidente do Sporting é o que na gíria do futebol se pode classificar como um índio?
Bruno de Carvalho consegue ser presidente sem precisar de deixar de ser o adepto mais crente do núcleo mais fanático da Juve Leo. BdC é isto: está no futebol para ser o que é. Que o futebol não entenda que alguém possa mudar só porque tem uma posição alta na hierarquia, o problema não é de BdC mas dos outros.
O futebol português sempre teve francos atiradores.
Pinto da Costa, com a sua ironia do costume, é o rei dos pistoleiros deste faroeste. Luís Filipe Vieira tentou mas já todos percebemos que o melhor mesmo é continuar a ler os discursos do Gabriel.
Obviamente, BdC disse muitos disparates a seguir ao jogo com o Nacional da Madeira. O Sporting tem as suas razões: foi-lhe subtraído um golo que permitiria aos leões um Natal como há muito não se vivia.
BdC disse mas todos sabemos que não tem vergonha de estar no futebol português. Se tivesse, não estava cá e não dizia o que disse.
O que está a acontecer é que BdC está a incomodar alguns poderes instalados. Ou seja, não se comove com cheques nem com palmadinhas nas costas. Acho que nunca o iremos ver a partilhar tribunaus presidenciais e aos salamaleques com os donos da bola.
Os sportinguistas sabem que têm um presidente com garra. Um homem que ousa, que arrisca, que passa as marcas, que provoca.
Gosto muito mas adorava vê-lo a falar com o cérebro de Manuel Machado. Ia ser o fim da picada.