Carraça não larga o osso
Não sei o que se passa com quem…passa pelo cargo de presidente do Sindicato dos Jogadores mas a verdade é que é um cargo que garante bom futuro.
José Couceiro, por exemplo, continua por aí embora ainda use blazer com cotoveleiras.
António Carraça chegou a diretor desportivo do Benfica e não foi nada fácil tirá-lo de lá.
Couceiro é de novo treinador do V. Setúbal mas muitos queriam-no na presidência da Liga.
Carraça saiu do Benfica mas continua com um pé lá dentro, apenas à espera que Jorge Jesus receba guia de marcha (o que não está nada fácil).
Hoje, no Record, António Carraça conta a sua versão da história. Fala de Jesus como um psiquiatra fala de alguém que foi lobotomizado, fala de bruxos e curandeiros e fala ainda de um tal “engenheiro” brasileiro que continua na Luz a “motivar” os atletas e o treinador. Ou seja, lava a *** da cueca.
É assombroso que Carvalho da Silva não tenha podido, após muito anos de sindicalismo, ascender à presidência da República e que Torres Couto se tenha perdido nos meandros da política. Eram potencialmente tipos com muito mais futuro.
Mas o futebol é diferente do mundo sindical. Por aqui medram estes personagens que se equilibram eternamente e que apregoam projetos modernos de ciência feita. Tudo tretas e balelas. Saber de futebol é muito mais do que isso. Saber de futebol é ter “feeling”, é ter nascido com o dom, é predestinação e talento, argúcia e esperteza, risco e coragem…
Não é para todos.
Repare-se em Pinto da Costa. O homem nasceu para isto. É um jogador de xadrez adaptado ao jogo das 17 leis: quando faz uma jogada, já está a preparar o que vai fazer 20 jogadas depois.
Acreditar nos Carraças e nos Couceiros é a mesma coisa que acreditar que um computador pode substituir um árbitro ou que é possível fazer uma boa cabidela com frango de aviário. Ou acreditar que a vaca que ri pasta nos Açores.
Mas vamos todos ver em breve que os “Carraças” deste futebol vão continuar por aqui. Não acontece só no futebol. O mundo das empresas também está enfestado de profissionais que passam toda uma carreira com bons vencimentos e desviando-se de todos os pingos de chuva, ora graças ao encosto dos amigos, ora porque o sistema necessita também destes fautores de inércia, que dão muito jeito quando é preciso ter uma plateia de néscios que aplaude a nossa incompetência.
No fundo, o parasitismo é em si um mérito.
Também não é para todos.