Jesus nunca mais aprende
Este Verão saiu um livro sobre a vida de Jesus.
Do Jorge. O outro tem um currículo conhecido.
Confesso que li o livro na FNAC enquanto esperava a minha filha do cinema. É um livro com muitas páginas e com poucas novidades sobre o homem que na sua juventude era conhecido por “Carinhas” ou, em alternativa, “Cabeças”. Há quem também lhe chame Mestre da Tática.
Como aqui já disse, não o conheço bem embora nada tenha a dizer das poucas ocasiões em que privamos, quando JJ treinou o Felgueiras, o V. Guimarães e o Sp. Braga. Foi sempre muito simpático.
Trata-se de um livro muito divertido pois a sua autora dá cambalhotas semânticas estranhas e estraga com elogios o protagonista ao ponto de por vezes parecer que está a gozar com ele. Recomendo-o vivamente.
Vem isto a propósito do treinador que o diretor de A BOLA tratou recentemente por “homem”. O que é grave vindo de quem vem, ou seja, do diretor da proclamada Bíblia do futebol. Significa, no mínimo, que o treinador do Benfica já perdeu a sua condição divina.
Afinal é um homem como todos os outros, sujeito aos humores das multidões e ao crivo dos críticos (exceto os que almoçam com ele).
Domingo, Jesus salvou-se. Como diz hoje o Record, salvou-se no fundo do inferno. Ou seja, salvou-se mas continua cercado por chamas.
A vitória à rasquinha sobre o Gil Vicente pode mudar muita coisa mas um desaire em Alvalade fará de novo JJ descer ao fundo do Inferno. Isto cheira um bocado a truísmo mas os leitores da especialidade já estão habituados aos mesmos, ou seja, são os mesmos que estão habituados a isto, isto é, habituaram-se a redundâncias semânticas.
Mas adiante. Só mesmo um fanático da causa benfiquista se contentará com a vitória que ontem caiu do céu aos trambolhões no regaço de Jesus e só os tais amigos das almoçaradas na Barbas irão ver no gesto de alguns jogadores a reconciliação com o técnico.
O que não ficou nada bem foi Jesus ter dito que esta vitória vale mais que uma goleada ao Gil Vicente. Sobretudo porque o Gil Vicente fez o que era sua obrigação e seu treinador está muito longe de ganhar 2,1 milhões de euros limpos por ano. Embora se chame Deus.