Proença era a única opção
Só falei uma vez com Proença. Foi no tribunal de Gondomar, em 2008, durante o julgamento do processo originário do Apito Dourado. O árbitro lisboeta esteve lá na condição de testemunha de defesa do árbitro Manuel Valente Mendes, um dos muitos inesperados amigos que fiz durante o julgamento que decorreu em Gondomar e por quem não pude impedir uma lágrima quando o juiz o absolveu.
No átrio do tribunal, na companhia de Duarte Gomes, que também testemunho, Proença aceitou falar aos jornalistas e respondeu a todas as perguntas. Até quando lhe perguntei se era benfiquista. E você?, contra-atacou. Lá tive de me confessar. “Então somos consócios”, atirou com um desarmante sorriso.
Gosto da geração de árbitros de que Pedro Proença é cabeça de cartaz mas nem por isso desgosto de muitos árbitros que o antecederam. Proença é um daqueles árbitros que não tremem quando entram em campo e tem vida para além do futebol, não faz de conta que tem outro emprego.
A sua ascensão nos últimos anos surpreendeu-me mas a verdade é que Proença respondeu sempre da melhor maneira, embora seja de relevar o facto de ter sido auxiliado por aquele que é provavelmente o melhor árbitro assistente do mundo, Bertino Miranda, também conhecido por “O Olho do Falcão”.
Pedro Proença tem outra qualidade: não manda dizer por outros o que quer dizer.
Para além do mais, sempre esteve na primeira linha na defesa dos árbitros. Também aí nunca se escondeu.
(entretanto, no Facebook)
Compreendo que alguns não encaixem que o melhor árbitro da UEFA seja nomeado para o jogo mais importante do campeonato português. Acredito que na China é capaz de haver um árbitro melhor.
Vítor Pereira não tinha outra escolha. Só podia “dar” Proença. É o único árbitro com arcaboiço para chamar a si todas as crtícias caso o jogo lhe corra mal. Para já, outra certeza existe: o pior inimigo de Proença neste jogo vai ser o seu subconsciente. Há quem esteja bem consciente disso mesmo.