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Penso que também tenho direito a falar da confissão de Lance Armstrong. Os rapazes da minha geração são, em geral, fãs de ciclismo. Tivemos a sorte de ter como ídolo Joaquim Agostinho e também a d..." /> — ler mais..

Penso que também tenho direito a falar da confissão de Lance Armstrong. Os rapazes da minha geração são, em geral, fãs de ciclismo. Tivemos a sorte de ter como ídolo Joaquim Agostinho e também a d..." /> Lance, o janado - Bola na Área - Record

Bola na Área

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Lance, o janado

20 Janeiro, 2013 664 visualizações

Penso que também tenho direito a falar da confissão de Lance Armstrong.

Os rapazes da minha geração são, em geral, fãs de ciclismo. Tivemos a sorte de ter como ídolo Joaquim Agostinho e também a de ter atrás dele um jornalista que sabia contar as suas histórias – Carlos Miranda, o grande senhor que um dia, em 1992, num autocarro a caminho da aldeia olímpica dos jornalistas, me deu a notícia em 1.ª mão de que aquela era a sua última Olímpiada…

Fiz a cobertura de duas Voltas a Portugal e de uma mão cheia de Grandes Prémios. Numa dessas voltas viajei no carro do médico, o dr. Barreiro de Magalhães sénior, na mais longa etapa daquela prova. Foi aí que tirei um curso intensivo sobre vitaminas.

O ciclismo não é um desporto – é um desafio às capacidades da máquina que é o corpo humano sobre uma máquina com duas grandes rodas. Os ciclistas são grandes malucos pois para além do super esforço correm sempre grande perigo. Vivem no fio da navalha, sempre nos limites.

Nas grandes batalhas do passado, sabe-se hoje, os guerreiros dopavam-se. Ou melhor, drogavam-se. Também foi assim na nossa guerra ultramarina. A guerra, porém, é um daqueles momentos em que o bem se transmuta. Matar não é assassinar e o número de mortes é proporcional ao de medalhas.

Os nossos heróis do desporto são uma espécie de semi-deuses. Lance Armstrong é um dos maiores. Reparem no tempo verbal. Para mim continua a ser. O que ele fez não é nada que outros ciclistas nunca tenham feito. A única diferença é que Lance, o janado, confessou. Custou mas confessou.

Lance é um campeão. Não foi o doping que o fez ganhar tanto, foi apenas a sua força de superação e subir as montanhas do Pirinéus e não o Casal Ventoso.

O “doping” é uma invenção dos moralistas que vivem o sonho de um desporto limpo onde, afinal, a corrupção não está no que se mete para a veia mas sim no controlo da verdade desportiva. Esse, sim, o grande flagelo.

Lance continua a ser um campeão. Um campeão janado e danado mas sempre um campeão.