Fernando Eurico: o paradigma perdido
A Sport TV fez mais uma bela reportagem – pena é que não mostre o mesmo empenho na cobertura noticiosa… – com o meu colega Fernando Eurico, confesso adepto do Arsenal e apenas um dos elementos da excelente equipa da Antena 1 no Porto. Como disse o Eurico, não é problema nenhum um jornalista que trabalha na área do desporto ser adepto de um clube. O problema está precisamente no contrário, ou seja, naqueles que se dizem independentes mas que nunca conseguem despir a pele do animal que é um adepto de futebol. Os fanáticos. Frequento redações há mais de 30 anos e sei bem o que isso é. Sempre levei a “coisa” na desportiva mas beneficio de um desvio de personalidade que julgo colocar-me um bocado à margem da horda dos lambe botas: sou adepto da desgraça, gosto de caldinhos e o meu clube acaba sempre por ser um resultado que seja capaz de gerar polémica pelo menos durante uma semana. Podem verificar o meu currículo para comprovar o que digo: comecei praticamente com o Verão quente portista de 80, estive nas confusões do Euro 84, em Saltillo 86, nos Jogos Olímpicos de 92 onde nada ganhamos, abri um jornal da 2 apresentada pela Manuela Moura Guedes por causa de uma confusão com jagunços em Belém, pode dizer-se que provoquei o escândalo do off-record, mergulhei a fundo no Apito Dourado e no Apito Final e estou sempre pronto para uma caldeirada. É um trabalho fácil de conseguir pois normalmente todos fogem dele e, claro, sobra para mim. Face a esta idiossincrasia, compreende-se ainda mais a minha admiração por um Fernando Eurico que foi capaz de colocar-se a salvo da clubite nacional que ataca por aí a torto e a direito. Para além do mais, o Fernando é um homem bom, um profissional dedicadíssimo e um companheiro sempre disponível. Fossem todos como ele e se calhar isto era uma grande chatice. Mas lá que fazem falta pelo menos mais dois ou três Euricos, lá isso…