Como regar flores de estufa tatuadas?
Os jogadores da seleção nacional na sua grande maioria são milionários mas não deixam de ser meninos.
Jogam quase todos em grandes europeus e o seu contacto com a realidade que é Portugal é mínimo.
Quando se ganham milhões e é coisa de somenos a capacidade do depósito de um Ferrari, quando se tem mais tatuagens que pele natural, quando os compromissos publicitários se acumulam, já não estamos a falar de jogadores de futebol.
Aí, estamos sempre a falar de supra-futebolistas cujas prioridades e sentimentos vão muito para além do imaginado pelo comum dos mortais.
Neste contexto, fazer descer à Terra este grupo de estrelas é sempre o grande trabalho de um treinador.
Terá Paulo Bento estaleca para isto? Conseguirá ele fazer com que este grupo se desligue do Mundo para durante um mês e meio se focar no objetivo que é conquistar a primeira grande competição da equipa de todos nós?
Já estivemos perto algumas vezes, com Oliveira, Humberto e Scolari. Cada um no seu jeito, todos conseguiram transformar um grupo de meninos ricos num grupo de meninos que gostam de jogar à bola durante aquele espaço temporal necessário.
É isto o mais importante e não tanto as tácticas e as opções técnicas. Deixemos isso para os teóricos da bola.
Na hora do tudo ou nada, o que conta é isto: osmose e empatia.
Se todos se esquecerem dos Lamborguinis que estão na garagem e das beldades das passereles, Portugal terá mais uma oportunidade para tocar o céu. E Raul Meireles terá mais uma razão para fazer mais uma tatuagem (não sei é onde)