Paciência, Zé, pelo menos ficas mais um ano aí
É conhecida a fé de Mourinho e talvez por isso tenha assistido ao penáltis de joelhos e com as mãos nos bolsos (aposto que segurando as suas medalhinhas).
Mas a tal lotaria não lhe sorriu. O Bayern – ou melhor, o seu guarda-redes! – também esteve melhor na última decisão.
A equipa alemã justificou a presença na final sobretudo pelo que fez no Bernabéu, onde foi claramente a melhor equipa e onde, sobretudo, não se deixou cair depois do 2-0.
Os espanhóis já estavam a preparar a sua final mas agora vão ficar a chuchar no dedo. O que só faz bem à arrogância dos meus colegas do outro lado da fronteira, exemplos perfeitos muitas vezes do que não deve ser o jornalismo desportivo (porém, há quem, por cá, os adore!).
Não sou freguês dessa loja.
Ainda relativamente a este jogo, a questão que coloco é a seguinte:
– O que aconteceu a Cristiano Ronado?
O CR 7 fez dois golos mas o penálti que falhou estava anunciado. Desde o início da 2.ª parte que Ronaldo entrou em falência física, ou seja, deu o berro. Mas lá está: Mourinho não o podia tirar da ação. O Especial tem estatuto mas convém não exagerar.
O resto da história vocês conhecem. A frieza dos teutónicos fez a diferença, assim se provando mais uma vez que a sorte só às vezes cai do céu aos trambolhões, mesmo quando nos colocamos de joelho perante os deuses.
Com isto tudo, Mourinho, que vai ser campeão, ganhou alento para ficar mais um ano em Madrid. Por isso, o Real não perdeu tudo neste jogo.
COMENTÁRIO EM DESTAQUE
tic-tac disse em 26-04-2012 às 04h39
É… para quem tivesse dúvidas, aí está mais uma prova que um 25 de Abril é sempre melhor do que um 24 de Abril. Depois de uma meia-final em que foi premiada uma “central de camionagem” e os seus postes frente à equipa que vem acintosa e brilhantemente resgatando o futebol do seu apocalíptico caminho defensivista e físico, tivemos, no 25 de Abril, uma meia-final em que o futebol resolveu tirar do seu baú a palavra justiça, não obstante só em “sede de recurso para o Supremo” (penaltys) ela ter sido lograda. Tardou mas chegou, apesar do “Zé das Medalhas” se ter posto de joelhos em súplica perante o “Júri do Olimpo”. Este júri apreciou a prova carreada (futebol apresentado, posse de bola, oportunidades de golo) e, desta vez, não absolveu um dos maiores “criminosos” do futebol, que pratica, de forma continuada, o crime de negação do futebol “positivo” e criativo.
Quando a imprensa portuguesa se preparava para longos meses de endeusamento, com capas de jornais, aberturas de telejornais, reportagens ululantes com pouca luz, “requerimentos” antecipados para os seus venerandos Cristiano e “special five” receberem os prémios individuais do ano – entre outras celebrações, bajulações e balidos – a história pregou-lhes esta partida. “Frio, muito frio”, o champanhe – se ainda havia, depois das celebrações pela eliminação da melhor equipa da actualidade e da história – não saíu do frio! Restar-lhes-á empolar, hiperbolizar a conquista do campeonato espanhol, omitindo, camuflando, silenciando qual imprensa de regime ditatorial, a forma escandalosamente mentirosa como esse campeonato foi conquistado, com o “apito blanco” a empurrar o Barça para a perda de pontos e salvando o Real nos jogos em que os perderia (os pontos). E, não obstante os recorrentemente anunciados fins de ciclo, “modas que supostamente teriam passaram a outlet”, mitos acabados e anjos caídos, a melhor equipa da história já venceu nesta época “horribilis” três competições (Supertaça, Supertaça Europeia e Mundial de Clubes) e poderá vencer uma quarta (aquela que foi elevada pontualmente – época 2010/2011 – a competição mais importante do país vizinho, a Taça D` El Rei caçador de animais de grande porte e pouco àgeis). Por sua vez, “Zé das Medalhas”, o venerando cá do burgo, vencerá apenas uma competição das quatro em que participou (e da forma que bem sabe quem viu jornada a jornada os jogos do Barça e do Real, sublinho).
25 de Abril Sempre!
PS: Para quem não sabe ou não se lembra, “Zé das Medalhas” era um personagem da telenovela “Roque Santeiro”, a qual foi “televista” em Portugal, em meados da década de 80, salvo erro. Foi a última que vi. Estava no começo da adolescência e a novela tinha gajas muito boas.