O futebol está caro mas continua a ter graça
Sábado, 30 de Julho. Queimo os últimos dias de férias. Projecto do dia: acompanhar a minha filha e o meu sobrinho a Alvalade, para a apresentação do Sporting. À falta de melhor programa, correspondo ao pedido de dois pequenos sportinguistas e faço-me à estrada.
Obviamente uso a via verde. São 19 euros de portagem mas antes ficam 25 na área de serviço da Mealhada por 3 sandes, duas sopas e uns tantos sumos. Siga.
É a terceira vez que visito o novo estádio, mas agora em perfeito lazer, sem a pressão do serviço. É algo que se aconselha a quem anda nestas vidas. Rapidamente percebemos como tudo é diferente quando seguimos na pista dos adeptos, um lado muito ignorado pela nossa Imprensa desportiva mas um manancial de estórias.
Eis-me em Alvalade. Ou melhor, algures entre o estádio e uma espécie de terra de ninguém.
Um cenário quase apocalítico.
Há que comprar 3 bilhetinhos pois consta que a lotação vai esgotar.
Faltam 2 horitas para os portões abrirem e entro em Alvaláxia. Se o bairro do Cerco tivesse um centro comercial era isto, nem mais, nem menos. Os miúdos assustam-se com um concorrente que fugiu do Peso Pesado e que grunhe entre a multidão. Não, não é o Godzila…
Esperamos uma hora pela abertura das portas. Atrás das grades…
Meia horita na fila para verificar que afinal os miúdos já não têm direito a bilhete jovem. Resultado, cada bilhete custa-me 27 euros, para um sector periférico, apenas com uma perspectiva razoável de metade do relvado. Deparo-me de novo com a incongruência estética do estádio que saiu do estirador de Tomás Taveira mais o seu facies circense… (já lá iremos).
Paguei 27 euros pelo meu lugar e tenho direito a molhar os pés
Os miúdos têm fome. As portas abriram há 15 minutos mas já não há sandes de leitão. 2 cachorros, 2 sumos… 12 euros. Toma lá que é para aprenderes.
É o caos na procura de lugares. Eu cá não tive dificuldade em encontrar os nossos pois o diligente funcionário das bilheteiras fez questão de me mostrar no computador onde íamos ficar. No entanto, durante todo o tempo da apresentação e o jogo o segurança “572” foi completamente massacrado na vigilância de uma porta que afinal não era acesso para coisa nenhuma…
Seguiu-se a apresentação com o tal momento do leão dentro de uma jaula puxado por um tractor, já dissecado noutro “post”. Falta apenas dizer que o speaker leonino é um bocadinho melhor que o speaker do Arronchense e que os ecrãs de Alvalade estimulam a miopia dos espectadores. O mais aplaudido na apresentação foi o roupeiro Paulinho. E a seguir o Iordanov.
Os miúdos gostaram de quase tudo, menos do resultado. A caminho do carro, a minha filha desarmou-me:
– Pai, cala-te, pois o teu clube está na II Divisão…
Estrada de novo. Mais 20 euros de portagem, mais outro tanto numa qualquer área de serviço e chegada a Matosinhos depois das duas da manhã. Não fechei as contas mas não foi barato o safari à selva do leão Sonho. Confesso, diverti-me bastante. Fez-me lembrar o tempo em que tinha de levar os miúdos ao circo Vítor Hugo Cardinali. Um espectáculo mais em conta e também com leões. Mas sem a perspectiva épica e antológica de uma pífia apresentação culminada com uma derrota por 3-0.
Acabou por ser uma jornada bem passada. Breve e quase ao preço de uma semana de férias em Punta Cana. Mas claramente inesquecível, sobretudo para quem é adepto de clube que está na II Divisão mas que ainda não teve a tentação de colorir a apresentação da sua equipa com uma sardinha de conserva puxada por uma moto 4.