Morreu uma lenda
Embora não pareça, sou um tipo que nasceu no tempo em que a televisão ainda era a preto e branco.
Quando era possível passar o dia a brincar na rua. Quando o Benfica era o Benfica e depois o Benfica e ainda o Benfica e também o Benfica.
A televisão só tinha, salvo erro, um canal. Começava aí pelas seis da tarde e antes da meia noite tocava o hino e não havia mais nada para ninguém.
Os primeiros aparelhos de TV a cor foram um sucesso. Mas falar de cor era um exagero. Foi por aí que conheci Peter Falk, que faleceu hoje na Califórnia, com 83 anos.
Há muito tempo que não ouvia falar dele mas confesso que fiquei nostálgico quando soube a notícia da sua morte. Eu que até tive uma gabardina igual à do detective Columbo, o homem que resolvia os casos com um cigarro a cair dos lábios e a coleccionar nódoas na gabardina.
Abri as revistas e só vejo desconhecidos que mesmo aqueles que os conhecem não conseguem identificar com uma profissão. São os famosos, suponho.
Quero lá saber deles.
Apenas penso no detective Columbo que me levava para o seu mundo durante 50 minutos com um intervalo para a pasta medicinal couto que andava na boca de toda a gente.
Já tinha saudades antes da sua morte. Não sabia é que ia ter tantas. De Peter Falk e também de mim, naqueles incríveis anos 70.