Quem vai ser o campeão do defeso?
“Agarrem-me se não eu fujo”
Quem segue atentamente a Imprensa desportiva, que continua serenamente a oferecer os seus conteúdos de borla não apenas nos cafés (embora aí os respectivos donos ainda amortizem bem o que pagam pelo papel), tem reparado que os nossos clubes estão a avançar muito devagarinho numa fase que há uns anos era de intenso frenesim.
O recurso ao mercado sul-americano é o ponto forte. Neste momento só falta mesmo a Patagónia, que Chile e Argentina dividem, fornecer um qualquer craque. O restante MercoSul é claramente campo de caça para os nossos grandes clubes. Os outros têm de se contentar com o Magrebe, como é o caso do Vitória de Guimarães, ou com as sobras nacionais dos grandes (há muita gente para distribuir).
O tempo dos olheiros nacionais está, por isso, a passar, embora…
Na minha modesta opinião há duas razões que suportam esta aposta já não tanto no Brasil (onde os clubes pequenos tentam pescar, já com dificuldades, nas divisões inferiores) mas na restante América dita do Sul.
– A qualidade dos jogadores aí residentes e os protocolos latos e por vezes omissos dos negócios aí concretizados.
– A exigência dos treinadores em jogadores mais ou menos feitos, em detrimento das esperanças da bola nacional.
O problema não é apenas dos dirigentes, é também dos treinadores. E de pouco servirá apelar-se a um nacionalismo bacoco, reclamando mais jogadores portugueses para as equipas “portuguesas”.
Esse tempo acabou.
Pelo menos enquanto o dinheiro e o crédito durarem.
Por isso, hoje podemos tomar todos como lógica a caixa de Pandora que Scolari abriu ao naturalizar Deco. Não tarda nada e teremos na nossa selecção muitos Decos. O consumidor pode queixar-se mas não é ele que manda.
É a necessidade.
Vamos ver quem vai ser, pois, o campeão do defeso. Aposto claramente no FC Porto, que irá facturar mais de 40 milhões com a venda de jogadores dispensáveis, mantendo as suas jóias da coroa. O Benfica vai ter de baixar a fasquia por Coentrão e o Sporting claramente para além de Patrício não tem mais ninguém para vender, a não ser que no mesmo pacote inclua a Luciana e o Djalló.