Evangelista, o pregador
Gosto de Joaquim Evangelista.
Tem aquela têmpera dos transmontanos, uma força interior natural, por vezes até excessiva mas completamente vital.
O presidente do sindicato dos jogadores é um lutador e uma pedra no sapato dos presidentes dos clubes portugueses. Ninguém gosta dele. Porque Evangelista não se cala. Não manda recados. Na se acagaça. Mete a carne toda no assador pelos seus associados. Pena é que muitos deles continuem a ignorar o sindicato.
Não gosto de sindicatos, acho que são entidades anacrónicas (mas, curiosamente, desconto 1% do salário para o meu…), mas gosto do estilo de Evangelista: directo ao assunto, como um soco de Cassius Clay. Contundente, sempre.
Mas, claro, nem sempre prudente. Nem sempre a primar pela moderação. É o seu estilo, que respeito.
Gostei de o ver aparecer a defender Fábio Coentrão. Provavelmente o caxineira nunca pagou quotas ao sindicato mas nem por isso Evangelista deixou de pontuar a actualidade, em defesa de um direito fundamental: a liberdade de expressão.
A mesma liberdade que um governo dito socialista em seis anos esteve quase a fazer implodir, estendendo os seus tentáculos à comunicação social. Esse pesadelo parece que já passou.
Quanto à lei da rolha, ela aí está vivinha da Silva. Tornada instrumento também para afogar incompetências, tentando envolver num manto de silêncio o ruído de um desmoronamento que já se percebe.