A VIOLÊNCIA VICIA
Um dos grandes problemas da violência resulta do facto de os seus autores não terem consciência de que até um bom canhão enferruja e morre, como é o caso deste que pode ser visto no magnífico forte de S. João Baptista, na Foz do Douro.
Após o Paços de Ferreira-Benfica, mais uma vez o Vermelhão foi atacado mas quem acabou pior foi o automóvel do presidente do Benfica e o próprio, que deve ter apanhado um grande susto quando foi surpreendido lançado por um saco de pedras lançado de um viaduto.
Mais uma vez a culpa vai morrer solteira.
Já li que as pedras foram lançadas do único viaduto que não estava a ser controlado pela polícia que pelos vistos pagamos para controlar viadutos de auto-estradas.
A violência é um vício como todos os outros.
Por exemplo, como a coca. Mulheres novas e bonitas. Onanismo. Facebook. Colecção de pacotes de açúcar.
O problema da violência é que nem sempre se pratica apenas em casa. Quase sempre invade o espaço público e atinge muitas vezes quem apenas ia ali a passar.
O homem é por natureza irracional, apesar dos esforços dos filósofos.
A irracionalidade, como todos sabem, emerge no futebol português tal como as rochas da restinga sempre que a maré vaza.
De nada vale condená-la porque, está mais que visto, da violência resulta sempre um riso escarninho. Gostamos de ver desgraças. Gostamos de punir. Gostamos de sangue.
No futebol português há muitos anos que estão criadas condições para que um dia uma grandes desgraça aconteça.
Ela vai acontecer.
Nesse dia, os grandes viciados em violência certamente vão aparecer na televisão a condenar este tipo de actos. Ou então serão eles vítimas.
Os dados estão lançados – como as pedras do viaduto – mas nada vai ser feito para que sejam parados.
No fundo, são dados viciados.