ALEIVOSIAS E RECOVEIROS
O professor Jesualdo Ferreira, homem e treinador que muito respeito, veio lamentar a falta de promoção da final da Taça de Portugal. O professor entendia que merecia mais destaque nos meios de comunicação social. Este choramingar não é propriamente uma marca idiossincrática de Jesualdo Ferreira, cheira sobretudo a recado soprado por alguém da estrutura do FC Porto, onde continua a merdar um poderoso sentimento de inferioridade. A verdade é que este FC Porto faz um pouco por merecer o desprezo, que não tem, da comunicação social e basta reparar no que aconteceu com a Taça da Liga, competição que o FCP jogou contrariado e na qual acabou por ter o prémio que fez por merecer. É fácil falar no negócio do futebol ou na indústria mas muito mais difícil é saber promover o produto. Algo que o FCP não consegue fazer há muitos anos e só assim se percebe que depois de tantos sucessos continue a ter muito menos de metade dos adeptos do Benfica! E reparem que não estou a falar de black-outs mas de uma gestão da informação ridícula e que não serve sequer aos órgãos oficiais. O clube azul e branco conseguiu a proeza de ter uma fantástica equipa criativa a produzir anúncios de imprensa a promover os seus jogos para publicar o resultado deste trabalho num jornal lido precisamente nos locais onde o público já está catequizado. Os jornais desportivos têm todos os dias 3 páginas à disposição do noticiário portista mas a informação gerada não passa de migalhas de vez em quando atiradas aos pobres coitados. E essa história do super-fash todos sabemos que só existe porque houve sponsors que pagaram para aparecer no painel que está atrás dos jogadores seleccionados pelo clube. Reparem que o mesmo acontece nos outros grandes, sendo o caso do Benfica em alguns aspectos ainda pior, sobretudo desde que apareceu essa aberração que dá pelo nome de Benfica TV. FC Porto e Sporting também para lá caminharão pois os maus exemplos são sempre seguidos. No caso do Benfica vivemos mesmo toda uma época durante a qual Jorge Jesus só deu “conferências de imprensa” ao jornalista da Benfica TV, conferências que os jornais no dia seguinte reproduziam com destaque e muitas vezes com títulos de primeira página. É aqui que estamos. De um lado, os clubes detentores da informação e procurando mesmo assim controlá-la. Do outro, os jornalistas completamente bloqueados, quando não sodomizados pelos poderes. É um espectáculo degradante de que a opinião pública tem de ter consciência com a certeza que os jornalistas podem ser culpados mas são certamente os menos culpados. Atrever-me-ia a chamar-lhes vítimas não fossem existir por aí uns tantos exemplares que conseguem ser mais papistas que qualquer papa e que não passam de recoveiros que se enganaram na profissão.
Desculpem qualquer coisinha.