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Suzy Menkes
international vogue editor

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A minha primeira memória de um “show” por Martin Margiela foi quando, no final dos anos 80, eu e um pqueno grupo de fiés da Moda fomos a um território abandonado nas imediações de uma zona de habitações sociais nos subúrbios de Paris – e vimos uma coleção inteira do criador belga apresentada dentro de sacos de limpeza a seco.

A minha mais poderosa memória de John Galliano, que será o novo diretor criativo da Maison Martin Margiela, é a coleção que ele apresentou na mansão vazia da patrona de Moda São Schlumberger, quando uma mão cheia de modelos posou em torno de um candeeiro de teto desmembrado.

O que poderiam os dois ter em comum que tenha feito surgir a nomeação de Galliano como diretor criativo da Margiela, por parte de Renzo Rosso, diretor da Only the Brave, um império que conta com marcas irreverentes como a Diesel, a Marni e a Viktor & Rolf, e claro a Maison Martin Margiela?

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A ligação que consigo apontar entre dois designers aparentemente diferentes – o Margiela é belga, o Galliano é latino, de Gibraltar, mas cresceu em Inglaterra – pode ser a de um desfile para a Christian Dior em 2000, quando Galliano abalou o univero da Couture de Paris com uma coleção inspirada pelos sem-abrigo da cidade. O trabalho manual exigido na criação de fios pendurados e roupas destruídas foi considerado ou uma visão poética ou um chocante insulto – dependendo do ponto de vista.

O próprio Margiela era um defensor  do re-criar e do reciclar – mesmo as suas peças de topo eram feitas com objetos como dedais ou perucas.

O regresso de Galliano em Janeiro, à Alta Costura – ou ao “artesanal”, como lhe chama a Maison Margiela – será a sensação da estação. Também marca o regresso às passerelles de um designer que foi despedido da Dior, parte do grupo LVMH (Moet Henderson Louis Vuitton), depois de comentários antissemitas, por parte do designer, enquanto embriagado.

Desde então, Galliano tem tentado atenuar as palavras que, alega, foram ditas ebriamente. Trabalhou brevemente com Oscar de la Renta, em Nova Iorque, mas isso azedou quando o seu look pessoal, bem conhecido no mundo da Moda, foi mal.interpretado como uma referência aos judeus hassídicos.

Esta oportunidade de atenuar e juntar-se a um grupo de Moda de sucesso é uma oportunidade rara para Galliano. O império, sedeado em Itália, de Renzo Rosso pode dar-lhe uma plataforma para a sua criatividade, enquanto trabalha para alguém que entende o que é a mente criativa.

O que acontecerá à casa de John Galliano, ainda propriedade da LVMH, e com o antigo colega de Galliano, Bill Gaytten, à frente da marca? Nenhum comentário foi ainda feito por parte dos dois lados.

Renzo Rosso disse: “A Margiela está pronta para uma nova alma criativa e carismática. John Galliano é um dos indiscutíveis grandes talentos de todos os tempos. Estou ansionso pelo seu regresso para criar o Sonho de Moda – e desejo que encontre aqui a sua nova casa.”

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Vogue International Editor Suzy Menkes is the best-known fashion journalist in the world. After 25 years commenting on fashion for the International Herald Tribune (rebranded recently as The International New York Times), Suzy Menkes now writes exclusively for Vogue online, covering fashion worldwide.

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