Quinta do Careca

O osso do Benfica e a canja do Sporting

30 Novembro, 2015 0

Pensar que uma derrota como aquela que o Benfica sofreu em Alvalade – a terceira com os leões e o quarto clássico perdido em três meses e meio – representou apenas mais um insucesso que rapidamente se superará, é laborar num erro. Os encarnados vão precisar de tempo, porventura do tempo que não terão, para ultrapassar os efeitos psicológicos desse desaire.

A jornada europeia foi exemplar na confirmação das atuais limitações da turma da Luz. A jogar no Astana Arena, as pernas ainda lhe tremiam quando se viu em desvantagem (2-0) frente ao terceiro classificado do campeonato do Cazaquistão. Como escreveu aqui no Record, Luís Pedro Sousa, os encarnados, com quase todos os titulares, “denotaram em alguns períodos uma confrangedora ineficácia na primeira fase de construção de jogo” – aquela sem a qual nada feito. Valeu a qualidade de Raúl Jiménez para reduzir, antes do intervalo, e a sua inspiração, na segunda parte, para chegar ao empate, com um remate “enrolado” e de primeira, próprio dos avançados com “faro de golo”. Foi um osso.

Já a ressaca do dérbi trouxe ao Sporting a dinâmica oposta, pois goleou no terreno do Lokomotiv, também terceiro classificado do campeonato mas do russo, e fazendo alinhar de início quatro ou cinco habituais suplentes. Foi canja.

Dito isto, conclui-se que o Sporting ganhará hoje facilmente ao Belenenses e que o Benfica passará por grandes dificuldades em Braga. O único problema é que o futebol é fértil, e é rico por isso mesmo, em demonstrar o que é evidente e, com igual simplicidade, o seu contrário.

Canto direto, Record, 30NOV15

Opinador para a RTP? Agarrem já esse!

28 Novembro, 2015 0

Na terça-feira, uma hora mais cedo e “ajudado” pelo FC Porto-Dínamo Kiev, transmitido a seguir, o Telejornal, da RTP1, ficou à frente da concorrência nas audiências, embora por escassa margem.

Infelizmente para alguns excelentes jornalistas da TV do Estado…

Texto completo em www.alexandrepais.pt

O assalto à rádio oficial em 25 de novembro de 1975 (parte 2)

26 Novembro, 2015 0

Às 20h30 de 25 de Novembro de 1975, com as instalações do Quelhas da Emissora Nacional (EN) ocupadas pelo Copcon e pela Polícia Militar (PM), e a emissão a ser desviada para o Porto, o major João Figueiredo, presidente da direcção da EN (no seu depoimento escrito referido como PD) seguiu do edifício das Amoreiras – ocupado pouco depois pela PM – para o Palácio de Belém. Passo a citar passagens do que declarou.

Figueiredo22

“Cerca das 20h40 (…) dirigiu-se o PD para a Presidência da República donde saiu em chaimite…

Texto completo em <strong>www.alexandrepais.pt

Rui Vitória: difícil é a vida do perdedor

23 Novembro, 2015 0

Quando erradamente disse, na CMTV – nas Medalhas da Semana da Hora Record, na passada sexta-feira –, que Rafael Nadal era o único tenista de elite que ganhava nos confrontos individuais com Novak Djokovic, estava, afinal, a fazer uma previsão. Com a vitória de ontem do sérvio sobre Roger Federer, que coloca o marcador em 22-22 nos duelos entre ambos, resta, agora sim, ao número 1 mundial, anular a vantagem (23-22) do maiorquino sobre si – ou adiantar-se mesmo na contagem, já que alguns especialistas dão a coisa por empatada: 23-23.

O meu lapso, mais imperdoável por ter sido cometido por um “federista” convicto, constituiu um péssimo início do infeliz fim-de-semana para as minhas bandeiras, já que à noite o Belenenses foi eliminado da Taça de Portugal pelo Portimonense, na sequência de mais uma fraca exibição, e no sábado chegou a vez de o Real Madrid ser goleado pelo Barça, após uma atuação vergonhosa. E para que a tristeza fosse completa, no domingo, como referi, Federer foi derrotado por Djokovic no Masters de Londres – apenas 20 horas depois de ter enfrentado Wawrinka na meia-final, um handicap para um atleta de 34 anos.

Ora se para mim, que já vou pouco atrás de emoções e que de facto tanto se me dá, o momento é pesado, calculo como se sentirá Rui Vitória, cuja vida depende de resultados, ao perder – em três meses e meio – o terceiro dérbi consecutivo com o Sporting, algo que não acontecia ao Benfica há 62 anos. É certo que ficou um penálti por marcar sobre Luisão, mas também é verdade que o discurso de Vitória continua errático e pouco motivador. E se não se entende a pobre segunda parte dos encarnados em Alvalade – a jogar em contenção para quê? – que dizer do “desvio” de Gaitán para uma zona onde não tem espaço? Parecem erros a mais.

Canto direto, Record, 23NOV15

O horrível Mundo Novo

21 Novembro, 2015 0

Num aborrecido tempo de antena de final de ano, revejo pela enésima vez o filme de uma associação ambiental em que se veem aves que, dizem eles, “ocorrem” a determinado local. E logo a seguir acompanho a felicidade de um dos infelizes repórteres lançados nas ruas de Paris para debitarem qualquer coisa, por…

Texto completo em www.alexandrepais.pt

O assalto à rádio oficial em 25 de novembro de 1975 (parte 1)

20 Novembro, 2015 0

Quatro décadas passadas, as feridas causadas pela tentativa de golpe de estado de 25 de Novembro de 1975 parecem saradas, já que alguns dos inimigos de então abraçam hoje, no Parlamento, a causa comum da esquerda para derrotar a direita – a velha reacção de há 40 anos.

Figueiredo5a

O edifício da EN, na Rua do Quelhas, em Lisboa, foi ocupado pelo Copcon e pela PM

Cinjo-me assim ao assalto desse dia 25 à empresa onde trabalhava, a Emissora Nacional (EN), e respigo pequenas passagens do depoimento, reduzido a escrito, do presidente da rádio oficial, major João Figueiredo (PD no texto), futuro secretário de Estado da Comunicação Social do Governo de Nobre da Costa, em 1978, e ministro da mesma pasta no Executivo de Maria de Lourdes Pintasilgo, em 1979.
Figueiredo4

O edifício das Amoreiras foi tomado pela PM minutos depois da saída de João Figueiredo

“(…) Pouco tempo depois” – cerca das 17 horas – “telefona o capitão engenheiro da Força Aérea, Neves Moreira, querendo falar com o PD. Identificou-se e informou: ‘Tenha cuidado com os comunicados que a EN está a fazer’, ao que o PD respondeu: ‘De onde é que está a falar?’ Resposta do capitão Moreira: ‘Estou a falar do Copcon e…

Texto completo em www.alexandrepais.pt

Breve olhar pelo país dos pataratas

17 Novembro, 2015 0

O secretário de Estado das Comunidades está a ser criticado por ter aterrado em Paris cerca de 48 horas depois dos primeiros jornalistas portugueses terem chegado aos locais dos atentados.

As redes sociais estão carregadas de impropérios, como se um membro do Governo, ainda que “ajudante de ministro”, como o classificaria Cavaco Silva, não tivesse vida própria e o fim-de-semana já aprazado com os seus familiares.

A verdade é que mal se viu livre desses relevantes compromissos, o dr…

Texto completo em www.alexandrepais.pt

Octávio Machado, o mestre da culinária

16 Novembro, 2015 0

Sou admirador de Lito Vidigal e da forma como monta as suas equipas. Gosto ainda que corra por fora do “sistema”, que não pertença a lóbis, nem alinhe em joguinhos. Estou assim totalmente à vontade para soltar uma boa gargalhada com a multa de 40 (!) euros que Lito terá de pagar pela entrada em campo no Arouca-Sporting, ficando ao que parece sem castigo o facto de ter “metido a mão” e provocado Naldo, que depois o empurrou e se arrisca – por isso e porque Lito “teatralizou” o melhor que conseguiu o seu mergulho para a piscina – a uma pena pesada. Só no futebol português!

A cabeça perdida de Lito, com a partida no fim e o marcador em 0-0, é também estranha porque ele sabia que podia acontecer o desastre: a desconcentração da sua equipa e a consequente perda do jogo. Mas isso sucedeu porque do lado do Sporting, com 10 jogadores no terreno, Jorge Jesus arriscou: refez a defesa com William e manteve Montero e Slimani juntos, sabendo que apenas com esse “pressing” – num momento em que o Arouca defendia mais com o coração – poderia conquistar os 3 pontos.

Houve, entretanto, após a salada que Lito provocou com o desaguisado com Naldo, outro mestre da culinária: Octávio Machado. Foi ele quem pôs, com a mão dos “chefs”, a pimenta no refogado junto à linha lateral, com toda a gente aos berros e os homens da casa desestabilizados – e sem pernas e sem cabeça – a assistirem ao “slalom” de Montero e ao golpe fatal de Slimani. Soado o apito final, o ar do “palmelão” dizia tudo: “Pois é, meus meninos, tenham paciência que eu já levo muito frango virado”.

Canto direto, Record, 16NOV15