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Não percebo nada de incêndios mas ouço bem e não sou propriamente estúpido. E se tudo o que registei sobre a tragédia de Pedrógão Grande foi insuficiente para ter certezas, há uma que me fica dos d..." /> — ler mais..

Não percebo nada de incêndios mas ouço bem e não sou propriamente estúpido. E se tudo o que registei sobre a tragédia de Pedrógão Grande foi insuficiente para ter certezas, há uma que me fica dos d..." /> Quinta do Careca - Record

Quinta do Careca

Uma tragédia e duas calamidades

30 Junho, 2017 0

Não percebo nada de incêndios mas ouço bem e não sou propriamente estúpido. E se tudo o que registei sobre a tragédia de Pedrógão Grande foi insuficiente para ter certezas, há uma que me fica dos depoimentos dos cientistas e dos homens no terreno: a do modo como se propagou o fogo.

Quando às 14 e 43 daquele desgraçado sábado…

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O triste destino de Anabela Chalana

24 Junho, 2017 0

Ainda não há um mês, Anabela Mateus, de 63 anos, partiu discretamente. Vitimada por um cancro, já pouco restava daquela mulher loura, vistosa e polémica mas indiscutivelmente forte, que partilhou, nos anos 80, a vida com um dos mais talentosos futebolistas portugueses: Fernando Chalana.

Mesmo numa altura em que mulheres e filhos dos jogadores eram ignorados pela imprensa desportiva, Anabela…

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Chalana4

Os gremlins andam doidos nas redes sociais

A altura é má, vivemos desesperados com a tragédia de Pedrógão Grande, é como se cada um de nós tivesse lá perdido alguém: e todos perdemos, essa é a verdade. Só nas redes sociais, em especial no Twitter – que é por onde navego em dias de jogos importantes – nada parece travar os maluquinhos. Ia a escrever incendiários mas não há de momento pior palavra.

Alfaces. Podiam ter aprendido com a frustração que tiveram no Europeu, quando as críticas implacáveis aos jogadores e ao selecionador esbarraram na conquista do título que os manteve a estrebuchar por uns meses. Mas não, animados pelas frouxas exibições da Seleção, que não enchem o olho mas bastam para seguirmos em frente, ei-los de novo frescos como alfaces, determinados em apostar no azar porque sabem que alguma vez perderemos.

Irritante. O mais fustigado dos protagonistas é por estes dias André Gomes – por quem o Barcelona acaba de recusar 35 milhões, está tudo doido – aproveitando o facto de Fernando Santos ter pelo rapaz a mesma obsessão que tinha Luis Enrique, apesar do seu rendimento quase sempre baixo e demasiadas vezes irritante. Ontem, até li um post em que alguém punha a malandreca hipótese de uma ligação concupiscente e libidinosa, veja-se ao que chegámos!

Esquecidos. Conhecidas as equipas, o primeiro bombo da festa na Internet foi Bruno Alves: porque está velho e porque o José Fonte é que é bom, ninguém se lembrando já de quem ficou pregado ao chão no lance em que o México alcançou o 2-2. E mais: se nos safámos com os russos foi precisamente pela ação dos dois centrais, que estiveram brilhantes. Não me recordo de uma falha – mas se perguntássemos aos gremlins, eles arranjariam várias.

Farmácias. Rafa Guerreiro também não é muito amado. Por estar fora de forma, por ser baixinho para as bolas paradas ou mesmo, quem sabe, por o seu nome se escrever com ph comos as farmácias em tempos idos. O certo é que estragou as férias e vai perder o início de época, sem que isso conte para os furiosos da rede. Deve ser uma embirração lateral porque Cédric é outro titular pouco querido dos grunhos, menos pelo rendimento, em que é inatacável, e mais porque muitos queriam era ver lá o Nélson Semedo. Questões da nossa clubite imbecilóide.

Patavina. Eliseu levou igualmente pela medida grande. Mal entrou, choveram impropérios sobre Fernando Santos, havia até quem preferisse o Quaresma, um defesa-esquerdo de eleição como sabemos. E injuriado foi ainda Gelson Martins porque quem devia ter entrado era o Nani, para nada interessando que o ora valenciano tenha jogado patavina na partida inaugural.

Injustiça. Desta vez escapou Cristiano porque marcou cedo o golo e chegou aos 55 esta época, apenas a 2 de Messi. Quer dizer, não escapou bem, porque não podendo ser pelo futebol, o veneno gira agora à volta da perseguição da Fiscalía. Como se todos não soubéssemos como irá acabar o seu amuo com o Real Madrid: ampliação de contrato, com uma melhoria que cubra os 30 milhões de euros que terá de pagar para não ir preso. Injustamente? Pois, mas a vida é injusta – como tão violentamente acabámos de confirmar.

Contracrónica, Record, 22JUN17

O velho Carolina do Aires não voltará

21 Junho, 2017 0

O último Pesadelo na Cozinha, da TVI, deu-me o desgosto de ver a pesada transformação por que passou aquele que foi um dos meus restaurantes preferidos: o Carolina do Aires, da Costa da Caparica.

Não conheci as primeiras instalações, que datavam de 1955 – tinham o restaurante em cima e quartos para alugar no rés-do-chão… – e que o mar destruiu em 1964. Mas fui inúmeras vezes ao espaço que as substituiu…

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Futebol em dias de pesadelo

20 Junho, 2017 0

Quem tem de escrever sobre futebol nestes desgraçados dias sabe que faz figura de imbecil: o que interessa isso quando centenas de portugueses perderam todos os seus bens e muitos deles a própria vida ou a vida daqueles que lhes eram mais queridos? À hora a que escrevo, há pessoas que tentam identificar o que restou dos seus familiares, um pesadelo que jamais os abandonará.

Não me apetece, por isso, debater qualquer outro tema, mas o respeito devido aos leitores obrigaria outro a preencher este espaço se eu não quisesse fazê-lo. Cumpro assim o dever com dor, deixando uma palavra solidária a quem continua a sofrer, e um sentimento, igualmente profundo, de orgulho pela coragem dos heroicos bombeiros de Portugal.

Começo então pela Seleção, que se estreou na Taça das Confederações com uma exibição pálida, ao nível a que nos habituou, afinal. Podíamos ter ganho, é certo, se aos 34 minutos o sempre excelente Ricardo Quaresma acertasse com a baliza, fizesse o 2-0 e “acabasse” com as dúvidas. Como não aconteceu, os centrais da equipa de todos nós encarregaram-se depois de confirmar qual o setor que constituirá a principal dor de cabeça de Fernando Santos no próximo Mundial.

Embora se acrescente, em abono da verdade, que André Gomes não tem hoje condições para ser titular – muito menos para estar em campo 90 minutos – e que o selecionador, se quiser vencer a Rússia, terá de resolver a questão das transições. Quem tem no banco jogadores como Pizzi ou Bernardo Silva, ou os levou apenas por serem rapazinhos simpáticos ou terá que os utilizar para que a Seleção disponha da mais elementar das ferramentas futebolísticas, a da construção de jogo.

Reservo umas palavras para a polémica que envolve Cristiano Ronaldo e para lembrar o que venho aqui defendendo há anos: não acabará a sua carreira em Madrid. E se o caldo não se entornou com os assobios do Bernabéu, porque os calou a todos com um final de época brutal, entorna-se agora com a “perseguição” do fisco espanhol e com a oportunidade que cria para que o craque amue.

Os destinos prováveis vão além de Paris e do PSG. Só ontem, a “Marca” apontava mais três: Munique, com o Bayern disposto a pagar 200 milhões de euros ao Real Madrid; Manchester, com o United a entregar De Gea mais 230 milhões por CR7 e por Morata; e Londres, com o Chelsea a oferecer Hazard e no mínimo mais 100 milhões. Mas há que não desprezar a tese que defende que um “upgrade” do contrato com o Real liquidará mais este amuo. Porque, como diz Javier Tebas, presidente de La Liga, a saída de Cristiano do campeonato espanhol “não é quantificável” e seria “uma perda irreparável”. E nestas coisas, como noutras, o negócio manda.

Outra vez segunda-feira, Record, 19JUN17

António Costa passou por cima da passadeira de Gomes Ferreira

18 Junho, 2017 0

No último fim de semana, António Costa esteve no “Alta definição”, da SIC, e respondeu às perguntas com sorrisos rasgados: afinal, o ambiente é “friendly” e o primeiro-ministro limitou-se a desfilar pela passadeira vermelha dos convidados de Daniel Oliveira.

Creio que a gravação da entrevista se fez por altura de outra – transmitida antes, em direto, também na SIC, e conduzida por José Gomes Ferreira…

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Uma mentira à venezuelana

15 Junho, 2017 0

Pressinto que José Luís Carneiro seja o secretário de Estado mais popular do Governo. Talvez por ser como aqueles jornalistas que mal se verifica um acidente com duas ou três mortes, ainda que nas Barbados, logo acrescentam não haver portugueses entre as vítimas. Pois o secretário Carneiro não se fia nas notícias e parece até falar-nos do local dos sinistros mal se sabe de um compatriota em apuros, como desgraçadamente sucedeu agora com o incêndio de Londres.

Mas nem tudo são rosas na vida política…

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Pepe cometeu suicídio

Uma das coisas que me desgosta na próxima época do Real Madrid é que Pepe já não estará lá. Deixou o clube ao fim de uma década gloriosa em que conquistou tudo – até o coração dos adeptos. E se foi difícil alcançar esse estatuto de privilégio tão raro em Chamartín! Os meses iniciais foram atribulados e prolongaram-se, com o jogador preocupado em confirmar a sua fama de duro e a assumir atitudes antidesportivas que lançaram a desconfiança nas bancadas e fizeram dele um mal-amado.

Mas Pepe não tardou em amadurecer e logo compreendeu o grau de exigência – muito para além da dimensão futebolística – a que se encontrava sujeito. E passou a recorrer apenas à velocidade, ao posicionamento, à capacidade técnica, à concentração e a uma entrega total, solidária e cativante, para se afirmar em campo e fora dele. Quando um companheiro marcava um golo, o primeiro a aparecer para o saudar era quase sempre Pepe. Defendia o emblema enquanto outros se calavam e até se colocou contra José Mourinho para defender Casillas. Chegou a terceiro capitão do Real, apenas atrás de Sergio Ramos e Marcelo, mais antigos no uso da camisa “blanca”.

Em tempo de renovação de contrato, o Real não se portou bem com ele. Aos 34 anos, queria assinar por duas temporadas, como merecia, e Florentino ofereceu-lhe uma. Pepe não aceitou e fez mal, pois continuando o seu rendimento ao nível a que obriga o futebol dos madridistas, não lhe seria difícil, dentro de um ano, voltar a renovar – caso a morosidade em recuperar das lesões não se agravasse.

Por isso se compreende a recusa da entidade patronal em alargar o compromisso por mais duas épocas. Porque se a qualidade do jogo de Pepe se mantém, os problemas físicos atormentam-no hoje mais, como o afastamento da partida com a Letónia acabou de confirmar. Depois de ser campeão europeu com a Seleção, e tendo rubricado um campeonato de sonho, esperava-se mais um ano de alto rendimento, o que não aconteceu: atuou somente em 18 partidas no RM e passou dias sem fim longe dos treinos e a tratar de “moléstias”.

Consumado o divórcio, o que custa ainda mais a entender é o suicídio do central como referência do Real. Ao dar entrevistas a criticar o presidente e o treinador, Pepe desistiu de ser outro Fernando Hierro, perdeu a face com que um dia regressaria como ídolo da “afición”. A mesma que o ovacionou de pé, há dois meses, ao sair lesionado após ter marcado um grande golo ao Atlético – na verdade, a sua despedida antecipada do Bernabéu. Quem terá aconselhado Pepe a destruir a imagem de marca, aquela em que beijava, com paixão, o escudo do Real Madrid? O que leva um homem a renunciar à própria lenda?

Outra vez segunda-feira, Record, 12JUN17