— ler mais..

A fé de Fernando Santos é mesmo para levar a sério. Portugal voltou a jogar para empatar e acabou dominado pela superior qualidade da Croácia – com Vida a errar de cabeça por centímetros e com Kali..." /> — ler mais..

A fé de Fernando Santos é mesmo para levar a sério. Portugal voltou a jogar para empatar e acabou dominado pela superior qualidade da Croácia – com Vida a errar de cabeça por centímetros e com Kali..." /> Quinta do Careca - Record

Quinta do Careca

Renato Sanchez e o fantasma de Fernando Santos

26 Junho, 2016 0

A fé de Fernando Santos é mesmo para levar a sério. Portugal voltou a jogar para empatar e acabou dominado pela superior qualidade da Croácia – com Vida a errar de cabeça por centímetros e com Kalinic (ou Perisic?) a atirar ao poste… Mas eis se não quando um quarteto de génios da bola resolve a passagem aos “quartos”, fugindo a uma maléfica recordação que nada prometia de venturoso: a da eliminação, por penáltis, aos pés da Espanha, em 2012, embora desta vez João Moutinho e Bruno Alves não estivessem em campo com os seus pés frios. Aliás, também aí se viu a fé do selecionador, que substituiu Adrien perto do fim, uma decisão só possível de ser tomada por quem sabia que não haveria grandes penalidades.

Surpresa. Acusado de ser conservador, mestre Santos começou por surpreender-nos, pela positiva, por ter, enfim, dado a oportunidade, que meio país reclamava, a Adrien – para mim, com Pepe, o melhor dos nossos –, por ter feito descansar Vieirinha e por ter poupado o desgastado Ricardo Carvalho, tanto mais que com Pepe “amarelado” corríamos o risco de ficar sem os centrais titulares na quinta-feira. E fez igualmente bem o selecionador ao reservar Quaresma para o que viesse, embora se duvide que sonhasse que viria a ser do cigano de ouro o golo da vitória. Seria premonição a mais.

Saloio. Vale a pena recordar o lance decisivo, que se iniciou em Renato Sanchez – sim, hoje vai Sanchez, deixem-me também ser saloio. O novo médio do Bayern, que joga para frente, avançou no terreno, arriscou – falhando o tempo do passe para Cristiano – e meteu em Nani, que cruzou milimetricamente para CR7 rematar, e Subasic defender para a cabeça de Quaresma, que estava no sítio certo e não por acaso. Quem louva a qualidade dos tecnicistas croatas que veja e reveja esta jogada e confirme que o golo só aconteceu pelo altíssimo nível dos quatro artistas portugueses.

Fantasma. Mas há um mistério que Fernando Santos alimenta e que paira como um fantasma sobre o desafio com a Polónia: a insistência em deixar no banco Renato Sanchez – que em dois confrontos consecutivos entrou e modificou para infinitamente melhor o nosso jogo – e sair de início com um André Gomes fisicamente nas lonas. E isso é um fantasma porquê? Porque a um fulano que vê o futebol como nos tempos das Salésias vêm à cabeça coisas destas: nova aposta em André Gomes, em Marselha, e Moutinho outra vez. Não abuses da sorte, Fernando.

Contracrónica, Record, 26JUN16

A televisão do absurdo

Em 2015, vi no cabo, na Fox, quase toda a temporada inicial de “CSI: Cyber”, um fiasco que chegou aos 31 episódios, nos Estados Unidos, mas que a CBS cancelou. Estranhamente, a SIC transmitiu na passada segunda-feira – 14 meses depois da Fox – o primeiro episódio, e colocou no ecrã a palavra “estreia”. Se para o ano a série for repetida na SIC Mulher…

Texto completo em www.alexandrepais.pt

O convite de Jaime Antunes que chegou cedo de mais

25 Junho, 2016 0

Ao ver agora Jaime Antunes como comentador da CMTV, recordei aquele maio de 1997 – estava eu no Tal&Qual – em que a jornalista Cristina Arvelos me recomendou à administração doManhã Popular, desesperada pelo falhanço do projecto daquele diário, que tinha sido lançado havia seis ou sete semanas.

Antunes1

O convite inicial, de Jaime Antunes, foi para…

Texto completo em www.alexandrepais.pt

Deixar roubar, deixar recapitalizar

24 Junho, 2016 0

O homem perdeu a cabeça ao ver Marcelo Rebelo de Sousa à frente e, percebendo que tinha ali o tempo de antena de uma vida, gritou: “Não os deixe roubar, senhor Presidente!” Tentaram acalmá-lo mas ele queria sublinhar a revolta aos berros e repetia: “Não os deixe roubar, não os deixe roubar!”

Este episódio de há uma semana…

Texto completo em www.alexandrepais.pt

Sou o que vem das Salésias

23 Junho, 2016 0

Tremo antes de começar a perorar, estou como a Seleção, com a confiança abalada. Um remate de fora da área, que passa pelo buraco da agulha e entra na baliza, e depois mais dois golos quase iguais – de um jogador que só tem um pé – e ambos na sequência de ressaltos, são azares em excesso. Já eu não me queixo de falta de sorte, mas apenas de um remoque do “Guardiola” dos comentadores intestinos, que me acusou no Facebook de escrever sobre futebol como se vivesse nos tempos das Salésias. Logo eu, que tanto procuro atualizar-me com as lições do narcísico “Guardiola” da faladura.

Os interiores. Infelizmente, não vi a Seleção atuar nas Salésias, já sou do tempo do Estádio Nacional, calcule-se, e do que me lembro jogávamos sempre com dois médios, que apoiavam os três defesas, sendo o ataque desenvolvido ou pelos extremos, encostados às linhas, ou pelos então chamados “interiores”, os números 8 e 10 – as camisolas iam de 1 a 11 e não havia pão para malucos. O que havia, sim, era um sentido vertical do jogo, como em Lyon exemplificaram Ricardo Quaresma e Renato Sanches – quando entraram para melhorar 100 por cento o rendimento da equipa –, e João Mário, quando o deixaram jogar pelo interior, onde rende bem mais do que na ala.

 A diferença. Espero, eu e milhões de portugueses, que embora Fernando Santos se não recorde dos tempos das Salésias – o campo foi abandonado em 1956, ia o nosso selecionador completar 2 anos – não volte atrás na escolha da equipa, depois de se ter visto ontem a diferença entre jogar para o lado e para trás ou levantar a cabeça – expressão de que os treinadores e os jogadores portugueses tanto gostam, desde os tempos das Salésias –, progredir no terreno e procurar a área adversária.

Só dois dias. O problema é que a coisa baralhou-se. Se, por um lado, temos de volta o génio de Cristiano e o melhor Nani, por outro, André Gomes perdeu a forma, William Carvalho afundou-se e a defesa começou também a meter água. Vai ser um 31 para mestre Santos decidir com que equipa iremos derrotar a difícil Croácia, no sábado – só com dois dias para recuperar forças, ai, ai… Eu poderia ir lá ajudá-lo se o “Guardiola” doméstico não me tivesse posto o moral em baixo, levando o meu frágil ego a crer que vejo mesmo o futebol como nos tempos das Salésias, em vez de ser um novo-rico da verborreia, pretensioso e deslumbrado – um pobre tipo vazio de talento e peito cheio de vento e de prosápia.

Contracrónica, Record, 23JUN16

Quarta-feira é dia de eclipse

20 Junho, 2016 0

Não é coincidência, é uma maneira de ser: quando vemos um jogador da Seleção a disponibilizar-se para estar com os adeptos, dar autógrafos, fazer selfies e distribuir sorrisos, há para aí 90 por cento de probabilidades de que esse voluntário seja Pepe. Ontem, num dia que não terá sido propriamente feliz, lá estava ele, o brasileiro, disponível e solidário com a nossa gente, que tornou sua.

Já foi assim que conquistou o madridismo, após uma ou duas épocas em que atitudes menos positivas dentro do campo fizeram dele um nome maldito. Recuperou com a classe futebolística, a entrega ao emblema, o apoio aos companheiros – e o exemplo em que se transformou. Quando os merengues marcam um golo, há para aí 90 por cento de probabilidades de ser ele, Pepe, o primeiro a chegar junto do marcador para o abraçar.

Compreendendo a deceção provocada pelos dois empates, custa ver concentrada em Pepe – como em Moutinho ou em Cristiano, em Cristiano, calcule-se! – tanta descarga de críticas absurdas, que balançam entre a ingratidão e a maldade. Não sairei inocente dessa estupidez, também gosto de assobiar quando perco.

Esperei sempre, e escrevi-o andava a euforia no ar, grandes dificuldades no Europeu. Mas não tendo a certeza do próprio, de que Fernando Santos seja recebido em festa, em Lisboa, a 11 de julho, sei que depois de amanhã teremos a melhor exibição da Seleção no Euro, o regresso de Cristiano aos golos e o milagre do eclipse da crítica da treta. Se confiámos antes, acreditemos agora, pois há para aí 90% de probabilidades de ganharmos. Para os 10% que faltam, conto com Király – e com o seu pijama e o seu reumático. O tempo é de fé.

Canto direto, Record, 20JUN16

A seleção dos tarzões sem sorte

19 Junho, 2016 0

Agora que o insuspeito e mui conceituado diário “i” o considerou como o “Guardiola dos comentadores”, acompanho a teoria de Carlos Daniel – que ontem, na RTP, classificou de “anárquica” a tática da Seleção no jogo com os austríacos. Isso permite que este modesto Karadas da escrevinhadura futeboleira, que sou, se contenha ao ponto de não ter de jurar que não deu por tática alguma. Ou, como sei que Fernando Santos é um patriota, admita, com relutância, que tenha passado aos jogadores a célebre tática do seu homónimo, o grande e saudoso Fernando Cabrita: “Rapazes, vamos a eles que nem uns tarzões!”

Não alabou. Não imagino o que Santos disse, mas certo é que nos fomos a eles, austríacos que não jogam a ponta de um chifre, numa noite em que nem a sua estrela Alaba alabou coisa que se visse – e nem uma oportunidade para marcar tiveram, coitados! Vão jogar assim com os islandeses vão, que nada melhor conseguirão do que perder ou empatar, e Viena espera-os, de valsa caída, já na quarta-feira.

Invisuais. Pois é, Portugal carregou-lhe bem, esforçou-se, cresceu muito em relação à partida de estreia, fez mais de 20 remates – já vai em meia centena nos dois primeiros desafios – atirou duas bolas aos ferros e só não ganhou porque lhe faltou a sorte e o Cristiano Ronaldo da primeira metade da época. Tivesse ele concretizado o penálti, e feito o 55.º golo da temporada em 53 jogos, e estaria tudo a embandeirar e a tocar solos de violino. Assim, todos expomos excelsas teorias e eu também fiz o gosto ao dedo, e aos maus fígados, no Twitter, lá encontrando um amplo menu de acusações, que começavam em Cristiano e só não acabavam no selecionador porque pelo meio havia João Moutinho, o bombo da festa – e ontem considerado “The man of the match” porque a UEFA delegou gentilmente a escolha na Associação Recreativa dos Invisuais da Granja.

Fé em Deus. Gosto de Moutinho, que é um homem sempre comprometido, que pode não jogar bem mas também nunca joga mal, sem que se lhe possa chamar Melhoral, mas confesso que não percebi as alterações, confusas e tardias, de mestre Santos, que transformaram uma equipa que já atuava em modo de cada um por si, com o talento à solta que conhecemos, num onze atabalhoado de tudo ao molho e fé em Deus. E prontos, ficamos por aqui que vou acabar de ouvir o nosso Guardiola caseiro, a ver se aprendo mais qualquer coisinha.

Contracrónica, Record, 19JUN16

Fernando Medina está perdoado

18 Junho, 2016 0

Escrevo esta crónica depois de ter demorado 60 minutos num percurso em que ainda há pouco tempo perdia 10. Tudo por causa dos estaleiros que Fernando Medina vai espalhando por Lisboa.

Calculará o leitor que eu esteja a ferver com o edil da capital…

Texto completo em www.alexandrepais.pt

Nuno Rocha, as mulheres de jeans e o “Tempo”

17 Junho, 2016 0

Fundado em 29 de Maio de 1975, mesmo às portas do Verão quente, o semanário Tempo, se não tivesse encerrado em 1990, teria agora 41 anos. Lançado para dar combate à esquerda dominante, era dirigido pelo jornalista e administrador Nuno Rocha, também conhecido por Nunocha e com quem me cruzei no Diário de Lisboa, entre 1972 e 1974.

Tempo5

O Nuno era um homem controverso e autoritário, um conservador bem falante e bem trajante, que sofreu particularmente com a alteração de regras e de valores que resultou do 25 de Abril…

Texto completo em www.alexandrepais.pt

Não chegámos ao Butão

15 Junho, 2016 0

Tenho um amigo que vive à frente do tempo: ele sabe sempre o que fazer para resolver um problema antes de a questão se colocar. Posso pôr-me enfim ao seu nível e dar o meu contributo para a hipótese de termos de despedir o engenheiro do penta, caso levemos, já no sábado, em Paris, uma cabazada das antigas dos austríacos – que vão ter de se esfarrapar todos depois da derrota com a Hungria. É que mal terminou a partida de Saint-Étienne, e como a RTP cortou a transmissão, mudei para a Sport TV a tempo de ouvir o dr. Sabrosa explicar com que parte do pé devia Cristiano ter feito o remate com que se finou o jogo. Ora, um homem que sabe até ensinar CR7 a bater livres é o selecionador de que iremos precisar.

Pai Natal. Como se não bastasse o otimismo inveterado do Presidente e do primeiro-ministro com essa história da Seleção em “grande forma”, ontem foi a vez de Humberto Coelho aparecer com a mesma cantilena aos jornalistas: Cristiano Ronaldo, assegurou, “está em grande forma”. Claro, claro, e eu sou o Pai Natal.

Panos quentes. É esta repetição bacoca de confiança que vai resultando com os crédulos, que vivem de fantasias. Mas quando um jogador teve no seu clube um penoso fechar de época, chegou ao Europeu com mais de 50 jogos nas pernas, “mermado” e “com moléstias” – seja lá isso o que for – como vai rezando a imprensa espanhola, a partir de janeiro, e a sua preparação se reduziu, nos últimos meses, aos panos quentes necessários à contenção da dor, o que sabemos é que não pode estar em forma e muito menos em grande.

Confrangedor. Mesmo que Cristiano tenha, como tem, uma indesmentível capacidade para conhecer os seus limites, contornar as debilidades físicas e manter-se competitivo a 50% – o que basta muitas vezes para as despesas mas que é já insuficiente para a fase final de um Europeu – a verdade é que só pudemos ver ontem a sua sombra, um Cristiano a 20%, um nível demasiado baixo para poder ser uma mais valia para a equipa e uma ajuda para os companheiros. Conseguirá ainda recuperar parte da sua melhor condição ou teremos a cada nova entrada em campo a confrangedora visão do génio que se arrasta?

Recorde. Não passemos, de qualquer modo, da euforia saloia à depressão esquizofrénica. Atentemos antes na perspetiva do “enciclopédico” @2010MisterChip, no Twiter: ao empatar, ao cabo de 21 jogos sem esse resultado, a Seleção não conseguiu bater o atual recorde mundial, de 35 jogos sem empatar, da sua congénere do Butão, 186.ª do ranking FIFA. Isso é que foi pena.

Contracrónica, Record, 15JUN16