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Completam-se esta semana oito anos sobre o sábado terrível, que jamais esquecerei, em que o telemóvel tocou quando almoçava com a família, num restaurante de Carcavelos. Era o António Magalhães a c..." /> — ler mais..

Completam-se esta semana oito anos sobre o sábado terrível, que jamais esquecerei, em que o telemóvel tocou quando almoçava com a família, num restaurante de Carcavelos. Era o António Magalhães a c..." /> Quinta do Careca - Record

Quinta do Careca

O sábado terrível que nos matou

30 Novembro, 2014 0

Completam-se esta semana oito anos sobre o sábado terrível, que jamais esquecerei, em que o telemóvel tocou quando almoçava com a família, num restaurante de Carcavelos. Era o António Magalhães a comunicar-me, devastado, que um avião havia caído na Patagónia e que nele seguiam, com outras pessoas, os nossos camaradas de trabalho César de Oliveira, de 34 anos, e André Romeiras, de 28. Foram segundos de agonia, a que se seguiram horas de angústia e revolta, e mais tarde uma dor profunda que sei hoje que não será menos que um desgosto para o resto da vida.

Texto em www.alexandrepais.pt

O improviso, a violação e o interesse público

29 Novembro, 2014 0

A “bomba” da detenção de Sócrates depressa se tornou em onda de choque que atingiu os repórteres, obrigados a “cavar” os desenvolvimentos. Foi assim que ouvimos falar em carros “descaracterizados” – como se houvesse o hábito de utilizar viaturas “caracterizadas” nessas operações – e outros dislates…

Texto em www.alexandrepais.pt

A tripla condenação de Sócrates

28 Novembro, 2014 0

O modo como se deu a detenção de José Sócrates constituiu uma primeira condenação. Mesmo que não venha sequer a ser acusado, da fama de criminoso já o ex-primeiro-ministro não se livra. As habituais fugas de informação e o julgamento na praça pública, iniciado logo na madrugada de sábado, de um homem que semeou ventos e suscitou ódios não deixam margem de manobra: politicamente, se estava ferido de morte, agora acabou.

Durante três dias, muitos dos que gostavam de Sócrates…

Texto em www.alexandrepais.pt

A ver o Benfica e a voltar ao Aurora

27 Novembro, 2014 0

Nunca mais. Escrevo esta crónica do contra num momento delicado da vida nacional. Não sei se está a ver a filosofia da coisa, leitor, se calhar não. Como se não bastassem todas as desgraças que se abatem sobre o nosso quotidiano, está a jogar o Real Madrid e eu aqui à escrita, com um olho no computador e o outro na TV, para o que me havia de dar. Para a próxima, estarei mais atento à agenda. Se houver Real ou Belenenses para ver, não trabalho.

Dupla maçada. Eis uma alegria, Cristiano acaba de marcar o primeiro dos “blancos” e parte à perseguição de Messi – 74 golos! – como maior marcador de sempre da Champions. E não é só alegria por ele ser do Real, é que o confronto de São Petersburgo foi uma dupla tristeza: o Benfica perdeu e o jogo não foi nada que valesse a pena.

Velha palhaçada. Tenho de fazer uma declaração de interesses: quando mete o sr. Vilas-Boas, eu quero sempre que perca, é uma velha guerra. Ele tinha compromisso firmado com o Sporting, o Record deu a notícia e ele não se aguentou: disse que era “uma palhaçada”. Sei que o caso começa a cair no esquecimento e que o António Magalhães já lhe perdoou, mas comigo não se safa mais.

Nas margens do Neva. Em vez de adormecer naquela primeira meia hora em que o Benfica andou um tanto aos papéis, repeti o passeio pelas bucólicas margens do Neva, que dei em 1975, quando viajei para São Petersburgo, ainda Leninegrado, na altura. Fiz alguns quilómetros até alcançar o convés do Aurora, o mítico cruzador que a 25 de Outubro de 1917 iniciou a revolução bolchevique – liderada por Lenine – com uma salva de tiros contra o Palácio de Inverno, em Petrogrado.

Acordei no Hermitage. Já ia noutro ícone da cidade, o célebre museu Hermitage, com quilómetros de corredores que impõem paragens para meter água e restabelecer as canetas, quando o Benfica me sacudiu, com um último quarto de hora muito bom, que prosseguiria na primeira metade da segunda parte. E se Luisão tem conseguido, aos 49 minutos, concretizar a oportunidade soberana de que dispôs, outro teria sido o resultado. Mas foi o centro rasteiro de Nico Gaitán, a um metro da baliza, aos 59, a que Talisca e Lima chegaram atrasados, que me deu a certeza que a noite não seria encarnada.

Bons a mastigar. O Zenit como equipa é um desastre, ora cá estou eu a tratar do homem. Vai disfarçando o problema graças aos valores individuais e ontem andou a li a mastigar, a mastigar. Depois, claro, como o Benfica não marcou, acabou por chegar à vitória com um golinho da treta do “traidor” de serviço. Veremos até onde vai a grandessíssima vaca.

Outro dia, explicarei. Já vamos na segunda parte da partida de Basileia e a qualidade do futebol também não é melhor. E quando se tira o Benzema para meter o Illarramendi… fica tudo dito. A questão é que me despeço do leitor temendo que os suíços ainda cheguem ao empate… É que gosto tanto do sr. Paulo Sousa como do Andrezito. Porquê? Ah, isso fica para outra vez.

Contracrónica, Record, 27NOV14

65.º aniversário do Record: uma data marcada

26 Novembro, 2014 0

Pelo 12.º ano consecutivo, escrevo no número de aniversário de Record. É bom sinal, embora não seja hoje, não seja em boa verdade desde 2006, um exercício de felicidade.

Há precisamente oito anos, esta edição ficou marcada por uma tragédia que nos perseguirá para sempre: o desaparecimento, na Patagónia, num brutal acidente de aviação, dos meus jovens camaradas César de Oliveira e André Romeiras. Sei que já muitos dos que os choraram os perderam no tempo, nesse tempo que tudo apaga, cruelmente. Mas não os perdi eu, que mesmo fora do seu círculo íntimo nunca me conformei com o injusto adeus, nem com as vidas, as carreiras, os projetos e as ilusões que a morte traiçoeira destroçou. E aqui estou, amargurado e com o pensamento nas suas famílias, a dizer presente.

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O ser humano tem, no entanto, a capacidade única de encontrar alegria quando as nuvens se carregam de tristeza. E quis a direção do jornal não só associar-me ao 65.º aniversário, como permitir que reparasse uma falha incompreensível do meu ciclo de uma década à frente deste título, regressando à redação para entregar o Record de Ouro a Octávio Machado.

Sobre o jogador e o treinador, e o sucesso de ambos, estará quase tudo dito, mas a convivência de alguns meses, na CM TV, deu-me ainda a conhecer o homem e, com ele, o empresário, o agricultor, o bombeiro, o antigo autarca, o cidadão de causas profundamente envolvido com a sua comunidade e com o País.

Não é fácil deixar o futebol e o mediatismo que ele transporta sem cair no torpor e no desinteresse que terminam na desilusão e no esquecimento. Por isso, Octávio Machado é um exemplo. E também, o que não é menos relevante, porque chegou, como Record, aos 65 anos, rigoroso e actualizado, independente e determinado, inteiro e sem medo.

Desfrutei o momento, Octávio, obrigado.

Crónica no suplemento do 65.º aniversário, Record, 26NOV14

A TV dos prejuízos

24 Novembro, 2014 0

A RTP é hoje o terceiro canal de TV em sinal aberto, o que equivale a dizer que é o último. Deve-o aos condicionalismos do serviço público – ainda que o serviço público que presta tenha dias e tenha programas… – e a alguma falta de talento, decorrente da saída de muitos profissionais qualificados, uma sangria imparável de há anos a esta parte. E a qualidade só não desceu mais porque grande parte dos que resistiram, entre os quais muitos jornalistas, se recusam a baixar os braços e lhe dão diariamente o melhor de si.

Mas o facto de não ser líder não pode retirar à estação oficial o direito de procurar o seu caminho, oferecendo aos telespectadores aquilo que entende que eles querem ver. Foi certamente com esse espírito que fez, à UEFA, a maior oferta pelos direitos de transmissão dos jogos da Liga dos Campeões para as próximas três temporadas.

Os 18 milhões de euros avançados já foram desmentidos pela RTP, pelo que vamos admitir que a oferta não ultrapassou os 13,5 milhões de euros que a TVI pagou pelo último contrato e que pelos vistos não quis agora repetir. E não quis porque aí reside a questão: em três anos, faturou apenas mais 6 milhões de euros em publicidade por causa dos jogos, o que só não representou uma perda direta de 7,5 milhões porque o crescimento das audiências permite outros ganhos, que não chegam, todavia, para cobrir o prejuízo.

Se tivermos em consideração que a RTP está limitada a metade do tempo de publicidade por hora da estação de Queluz – de 12 minutos para 6 – facilmente se conclui que são as taxas de audiovisual que todos pagamos que servem para a RTP dispensar colaboradores e ir a seguir desregular o mercado, oferecendo os milhões recusados por aqueles que têm de prestar contas aos acionistas. Vindo de Alberto da Ponte, mais custa a crer.

Canto direto, Record, 24NOV14

RTP: a menina rica

22 Novembro, 2014 0

A SIC voltou a não ir a concurso e a TVI, feitas as contas ao retorno financeiro, viu que não podia esticar-se. Os números só não assustaram a menina rica da televisão, a RTP, que terá acenado à UEFA com 18 milhões para garantir os direitos de transmissão dos jogos da Champions em 2015/16…

Texto em www.alexandrepais.pt

Miguel Macedo há 23 anos: da promessa à realidade

21 Novembro, 2014 0

Miguel Macedo foi, em Março de 1991, um dos 12 entrevistados da edição de lançamento da revistaTomorrow, que como o nome indica procurava identificar e promover os profissionais do futuro em Portugal. Tinha 31 anos, era secretário de Estado da Juventude do governo de Cavaco Silva e recebeu Nuno Rogeiro – hoje colunista da SÁBADO, como o Mundo é pequeno… – para uma conversa em que os temas se limitaram aos desafios que, há mais de 23 anos, se colocavam aos jovens.

“Portugal é o país com a segunda taxa de desemprego mais baixa da Europa Comunitária”, salientava Miguel Macedo…

Texto em www.alexandrepais.pt

Anthímio de Azevedo: partiu um professor e um gentleman

20 Novembro, 2014 0

Não era apenas o homem do tempo, mas um homem do seu tempo, professor e gentleman. Mas Anthímio de Azevedo, que nos deixou esta semana, foi essencialmente um comunicador, o primeiro meteorologista que nos fez ter vontade de saber se amanhã chove ou há sol…

Texto em www.alexandrepais.pt

A família Gomes e a Ala dos Desprezados

19 Novembro, 2014 0

Não, não vou por aí. Sei que a tentação é grande. Desde o “Don’t cry for me, Argentina”, frase do epitáfio de Evita Perón, que virou canção (Tim Rice/Andrew Lloyd Webber), até às primeiras e benignas invasões argentinas do futebol português, nas décadas de 40 e 50, passando pelo inevitável tango e pelos desvarios de Cristina Kirchner, na Casa Rosada, não faltavam temas recorrentes e lugares comuns para abordar nesta contracrónica. Prefiro citar o “Cântico negro”, de Régio: “Não, não vou por aí! Só vou por onde me levam meus próprios passos…” Digam-me que não é bem.

Só 40 mil saloios. “Pour épater les bourgeois” é a frase, atribuída a Baudelaire, que traduzida livremente do francês significa “chocar os burgueses”, mas que é usualmente utilizada com outro significado, com o verbo “épater” a querer dizer “impressionar”. Recordei a expressão durante o primeiro tempo do desinteressante jogo de Old Trafford, organizado “pour épater les bourgeois”, para impressionar os burgueses – ou seja, os saloios que se deixassem impressionar pelo cartaz chamativo – e assim arrebanhar umas massas. Não foram longe os investidores, já que com 5 milhões de euros de despesas e 40 mil espectadores nas bancadas, que levam 76 mil, não ganharam para o jantar. É capaz de não lhes fazer grande mossa.

Vem aí a Europa. E todavia estava na cara. Já basta aos milionários da bola, portugueses e argentinos, terem de dar o litro nas partidas oficiais, o que nem sempre acontece, quanto mais matarem-se com correrias doidas em joguinhos a feijões. No fim de semana, recomeça a sua verdadeira luta, nos clubes, e dentro de oito dias regressa a sobrecarga europeia, por isso, calma aí, vamos levar a coisa em ritmo de treino. E assim fizeram suas excelências.

A família Gomes. A primeira parte foi horrível, com Portugal a ser dominado de modo algo avassalador, até porque jogou só com oito, uma vez que Tiago Gomes, André Gomes e Danny Gomes – perdão, ia embalado, é verdade… olha, mas não é que o Danny também é Gomes? – deambulavam mais pelo palco da Lua do que pelo dos sonhos.

Como os malucos. Iniciado o segundo tempo, sem Messi e CR7, deu-me vontade de rir ao ver o Nani agarrado à perna, na esperança de que Fernando Santos lhe desse o estatuto que um dia perseguiu, o de ser o “novo” Cristiano Ronaldo, e o mandasse também tomar banho. Nada disso, o Real Madrid é o Real Madrid e o Sporting é o Sporting. Pois se mesmo o Tiago, que perdeu a titularidade no Atlético de Madrid por se ter lesionado, e ainda não voltou a jogar pelos “colchoneros”, andou ali a arrastar-se quase até ao fim, e tem jogo no sábado, era o Nani que ia sair? Claro que estou a escrever isto porque já não sou diretor do Record e passei a ser como os malucos, que dizem ou escrevem o que lhes vem à cabeça – senão tinha feito “delete” a esta parte, juro. Sim, concordo, esse tipo de raciocínios doentios só existem nas nossas perversas cabeças.

O brio dos desprezados. O melhor de tudo chegou no finalzinho, com o golo de brio da Ala dos Desprezados: remate de Adrien, tabela em Éder, cruzamento de Quaresma e cabeçada em voo de Raphael para a vitória. Ao minuto 91! Confesso: gosto de surpresas felizes e – vá lá um jargão a fechar – de heróis improváveis.

Contracrónica, Record, 19NOV14