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1. Admiro a coragem da exposição mediática de Manuel Forjaz, até por ser incapaz de lhe tomar o exemplo. Sofro de cancro por interposta pessoa – sim, é bem verdade que quando alguém da nossa famíli..." /> — ler mais..

1. Admiro a coragem da exposição mediática de Manuel Forjaz, até por ser incapaz de lhe tomar o exemplo. Sofro de cancro por interposta pessoa – sim, é bem verdade que quando alguém da nossa famíli..." /> Quinta do Careca - Record

Quinta do Careca

Crónicas da Sábado: reflexões de inverno – 4

28 Fevereiro, 2014 0

1. Admiro a coragem da exposição mediática de Manuel Forjaz, até por ser incapaz de lhe tomar o exemplo. Sofro de cancro por interposta pessoa – sim, é bem verdade que quando alguém da nossa família é atingido, todos temos cancro – e o que menos sinto vontade é de falar da cobarde e tenebrosa criatura. Valorizo muito, por isso, quem dá testemunho do combate e incentiva outras vítimas a não desistirem da luta e a tentarem seguir em frente.

2. As vendas de carros em Portugal, que já tinham subido 12% em 2013, em relação ao ano anterior, aumentaram em janeiro último 32%, o segundo maior boom da União, onde a média de crescimento foi de 5,5%. Razão assistia a Fernando Ulrich quando proferiu a expressão “aguenta, aguenta”, tão atacada pelos espíritos mais sensíveis. O maior drama do inexistente milagre económico português é que as razões da crise que atravessamos não entram na cabeça de algumas pessoas. E mal vislumbram uma pequenina e ilusória aberta, aí estão elas a gastar e a endividar-se, convencidas que nos pregaram apenas um susto e que os velhos tempos voltaram.

3. A mais que provável entrada da Guiné Equatorial na CPLP, para além de uma aberração – que língua ou outro laço forte nos aproxima de uma das mais antigas e cruéis ditaduras do Mundo? – é uma derrota da democracia perante a barbárie.

4. Reina grande felicidade na Ucrânia, na União Europeia e nos Estados Unidos pela queda de Ianukovitch, os protestos não foram em vão. O problema é que os cofres do estado estão vazios e já vai a caminho o fogo amigo das instituições financeiras internacionais. Antevemos, por desgraçada experiência própria, as décadas de prosperidade que esperam os ucranianos, condenados à miséria. Pobres vítimas da Praça da Independência, morreram para quê?

5. Estou desejoso por conhecer, após dois meses de chuva sem fim, o nível das barragens do Sado e do Arade, famosas por não encherem quando todas as outras alcançam as cotas máximas. Hum… alguém as sobredimensionou.

6. Notável referência de Pedro Santana Lopes, no congresso do PSD, a um dos maiores falhanços dos 40 anos do regime: a saúde. Se nunca foi brilhante, pior ficou com a trágica redução de recursos. Mas a falta de uma rede eficaz de cuidados paliativos, que apoie em especial quem é doente, velho ou pobre, ou tudo em simultâneo, é uma chaga social que precisa de muita ausência de sentido de justiça e de vergonha para continuar aberta.

7. Paulo Rangel atacou violentamente António José Seguro e intimou-o a indicar já o candidato do PS às eleições europeias. E não é que o líder socialista lhe obedeceu? Se fosse mais novo, emigrava, mesmo para a Ucrânia. 

Observador, Sábado, 27FEV14

Pobres crianças desesperadas

24 Fevereiro, 2014 0

Não é perversidade exclusiva da TVI a versão “Kids” de “A tua cara não me é estranha”: ainda há dias, num dos episódios de “America’s got talent”, em transmissão na SIC Mulher, se viam crianças desesperadas por os seus desempenhos não terem convencido o júri.

Mas é esse sofrimento que atrai as audiências, sempre prontas a receber como primasdonas a morbidez, a excentricidade e até a aberração. E aí não falham as estações de TV mas os pais, incapazes de se oporem – por vezes na esperança de que lhes venha a tocar “algum” – à tentação ingénua dos filhos, que demasiado cedo são induzidos a substituir a enganosa fama televisiva pelo esforço fiel do trabalho.

“Por favor, não escreva nada de mal sobre a minha família!”, suplicava esta semana uma das estrelinhas da TVI – mais adulta que a mãe que lhe pôs o telefone nas mãos – à repórter de uma revista. Daí à eliminação do programa e ao choro compulsivo, e depois à frustração e à perda da autoestima, o percurso é rápido. Mas quem se preocupa com isso? O legislador, pelos vistos, dorme descansado.

Antena paranoica, CM, 22FEV14

Jesus é o mestre da utopia

23 Fevereiro, 2014 0

Antes de ficar a cinco pontos do líder, alguns observadores diziam que o Sporting beneficiava da época de menor rendimento de FC Porto e Benfica. E mesmo tendo em conta que os leões se “transfiguraram” totalmente em poucos meses, não deixava de ser verdadeira a quebra de produção dos rivais. Chegados a fevereiro, o que se verifica é que essa quebra continua a ser indesmentível nos portistas e foi metida na gaveta – veremos se de vez – no caso dos encarnados.

O último jogo confirmou a deficiente forma do FC Porto, que após realizar uma razoável exibição até à marcação do segundo golo entrou numa “amnésia” coletiva em que os jogadores partiram – e largaram os seus robôs em campo. O erro de Mangala e o azar de Alex Sandro no lance do empate ilustram exemplarmente o poder arrasador da desconcentração mas também a fase negra em que tudo corre mal ao campeão. Com uma defesa de luxo e finalmente com extremos – mas nem por isso com Jackson Martínez a ser melhor servido – a equipa de Paulo Fonseca não consegue ultrapassar a menor valia do seu meio-campo. Quintero é uma quimera e Defour tarda vem se afirmar, Fernando está longe da grande condição que o distinguia e o Herrera de seleção ainda virá a caminho, Carlos Eduardo perdeu-se na bruma e Josué tem entradas de dragão mas cedo se lhe vai o fogo. A falta do “cimento” que Lucho constituía, e que disfarçava a ausência de Moutinho, criou um problema de difícil solução.

Já o Benfica deu um salto em frente e parece ter posto fim a um período de irritante irregularidade. A vitória em Salónica confirmou a subida de nível exibicional, com Jesus a deixar no banco Oblak, Siqueira e Rodrigo, e a utilizar Fejsa e Markovic apenas a meio da segunda parte, depois de Cardozo, Gaitan e Garay terem ficado em Lisboa. O treinador está a ganhar o desafio que desgraçou, ao longo dos tempos, tantos mestres da utopia: dispor não de 11 mas de 17 ou 18 jogadores com condições – técnicas, físicas e mentais – para serem titulares. Como se não bastasse a fartura do plantel, agora até Sálvio voltou a entrar em ação. Enquanto Paulo Fonseca passa noites acordado, Jesus dorme como um bebé.

Canto direto, Record, 22FEV14

Crónicas da Sábado: reflexões de inverno – 3

21 Fevereiro, 2014 0

1. O autor luso-moçambicano Rui Vilhena foi bem sucedido em Portugal, a trabalhar para a TVI e para a RTP, mas já está no Brasil a escrever uma telenovela, dados os condicionalismos do mercado nacional, como se dá conta nesta edição da SÁBADO. Problema semelhante é o de Fernando Tordo, que aos 65 anos prepara as malas para rumar ao país-irmão a fim de poder continuar a ganhar a vida. Diz que por cá não existe “recompensa” para a produção inteletual, uma tristíssima realidade. Mas não são só os artistas os injustiçados, pois qualquer português de 65 anos está arrumado: não tem emprego ou é roubado de forma progressiva e interminável na sua reforma, é vítima do preconceito contra os velhos e o único reconhecimento que recebe pelo que fez, ou é capaz de fazer, é a sanha persecutória do fisco. Que Tordo seja feliz.

2. Mais de 15 mil visitantes, nos dois primeiros meses, teve o museu de Cristiano Ronaldo, na Madeira, uma nova e importante atração turística da região. E lá está o Prémio Artur Agostinho 2008, que Record e o grande comunicador atribuíram ao nosso craque. Sim, é um orgulho ser parte dessa história.

3. Agrava-se a crise das universidades. Esta semana, ficámos a saber que uma delas já tem 8 milhões (!) de euros de propinas em atraso. Até acredito que estejamos a ganhar a batalha do défice, mas certo, certo é que, quando a troika se for, iremos ter muitos esqueletos a sair do armário.

4. Prossegue o doloroso circo mediático em torno da tragédia do Meco, com o absurdo a instalar-se de vez: desde a queixa-crime dos pais dos desaparecidos contra o jovem que o mar não levou – acusado de homicídio por negligência, calcule-se, numa fase em que a Polícia Judiciária procura ainda conhecer o que de facto aconteceu – à ameaça da Lusófona de processar, por calúnias, aqueles que não respeitou – a convocatória para a missa revelou uma frieza miserável. Os adultos que pereceram, e que estavam na praia por vontade própria, sentados ou em pé, dentro ou fora de água, por decisão sua, mereciam mais consideração. Mas não devemos esquecer que enquanto não obtiverem respostas para o como e o porquê aqueles pais não conseguirão ter descanso.

5. A Autoeuropa anunciou que não fará despedimentos, apesar de tardar a chegar o novo modelo da Volkswagen, que garantirá todos os postos laborais. É mais uma vitória do compromisso estabelecido, há anos, entre a administração e os trabalhadores, que desgraçadamente não fez escola entre nós.

6. Na última crónica, apresentei incorretamente os totais da carreira da lenda do biatlo, Ole Einar Bjoerndalen: não são 373 provas mas sim 473, com 124 vitórias, mais 111 vezes no pódio e 113 no top 10. As minhas desculpas. 

Observador, Sábado, 20FEV14. Tema de Sociedade da semana: entrevista a Rui Vilhena

Conquistará Bjøerndalen a 14.ª medalha?

Ole Einar Bjøerndalen ganhou a sua 13.ª medalha olímpica, a oitava de ouro, depois de participar na estafesta mista do biatlo nos Jogos de Sochi, na Rússia. Recebeu o testemunho para o terceiro percurso, da jovem Tiril Eckhoff (23 anos), com dois segundos de atraso em relação à República Checa, e 7,5 km depois – e zero tiros falhados em dez – passou-o a Emil Svendsen, com 43 segundos de avanço!

Ler na íntegra em www.alexandrepais.pt

A lição de Marcelo

17 Fevereiro, 2014 0

O duelo de audiências de domingo aqueceu, com o regresso de “A tua cara não me é estranha” – agora na especulativa versão “kids” – da TVI, a enfrentar a final de “Factor X”, da SIC. Cem mil telespetadores separaram as duas “galas”, tendo o programa de Cristina e Goucha batido a concorrência direta ao alcançar 1 milhão e meio.

Batido mas só em termos relativos, já que a maior audiência do dia, 1,6 milhões de espetadores, foi para o “Jornal das 8”, da estação de Queluz, muito por efeito dos comentários de Marcelo Rebelo de Sousa. O professor dá, por sua vez, um “banho” aos opinadores políticos concorrentes graças a um poder de comunicação extraordinário, é certo, mas também porque foi capaz, ao longo de tantos anos, de respeitar a verdade e de ganhar, com isso, empatia e credibilidade.

Numa altura em que a política está pelas ruas da amargura e a confiança agoniza, o facto de um comentador com filiação partidária reconhecida reunir, contra o espetáculo fácil, a preferência de quem vê televisão, é uma bênção dos deuses. E se precisamos dela!

Antena paranoica, Correio da Manhã, 15FEV14

O Sporting voltou a incomodar

16 Fevereiro, 2014 0

Há muito quem não goste do estilo agressivo de Bruno de Carvalho e não faltam opinantes a rezar-lhe pela pele. É um odiozinho porque sim, próprio do país de invejas, de incompetências e de menoridades em que vivemos. A questão é que o presidente do Sporting não disputa um concurso de Mister Simpatia, nem parece empenhado em que gostem dele. Sim, porque há pessoas cuja vaidade ultrapassa em muito a patética procura da imagem do poder ou da beleza no espelho lá de casa e que precisam desesperadamente de ser amadas.

Não é, como está visto, o caso do líder leonino, que beneficiou não só do facto de ter tido quase dois anos extra para preparar a refundação que se impunha, como pôde aprender mais qualquer coisa com o gentil amadorismo que vinha detrás. Bruno de Carvalho compreendeu cedo que o seu clube se encontrava ensanduichado entre os dois grandes rivais, que o esmagavam na justa medida em que aos falcões que os comandam o Sporting opunha o murmurejar das ribeiras e a ferocidade das pombas.

Os dias que separaram a primeira marcação do dérbi da sua realização não podiam constituir melhor exemplo de afirmação da nova atitude verde e branca. Em declarações e comunicados criticou-se tudo, desde a tardia evacuação da claque sportinguista à garantia da Martifer de que a cobertura da Luz era segura, passando pela ameaça da exigência de ressarcimento por eventuais prejuízos futuros – quando permanece de pé a das represálias pelo possível afastamento da Taça da Liga. Depois, na sequência da derrota, o fogo dirigiu-se a alguns comentadores “amigos” espalhados pelos média, menos talentosos a esconder a raiva e que sentem por Bruno de Carvalho um amor semelhante ao que Manuela Ferreira Leite nutre por Passos Coelho. 

Cinco pontos de atraso são muitos pontos e provavelmente não será ainda esta época que o Sporting torna a ser campeão. Mas recordando que há um ano era décimo e que Alvalade deixou de ser a santa casa agradecida de todas as desgraças, o regresso do leão à ribalta é uma boa e estimulante realidade. Mais do que isso, é um incómodo com que outros voltaram a ter de contar.

Canto direto, Record, 15FEV14

Crónicas da Sábado: Ole Einar Bjøerndalen

14 Fevereiro, 2014 0

Quando Lance Armstrong reconheceu ter ganho sete Voltas a França em bicicleta dopado, senti a maior desilusão da minha vida de desportista e adepto do desporto. O ciclista norte-americano voltaria ao local do crime, aos 38 anos, já depois de se ter retirado uma vez, para uma oitava tentativa que terminou com um mesmo assim extraordinário terceiro lugar individual e primeiro por equipas. Terá recorrido de novo às drogas?

Calculo que quanto mais passam os anos maior será a tentação da batota, embora eu tenha visto portugueses limpos, como Venceslau Fernandes, vencer a Volta a Portugal aos 40, Joaquim Agostinho chegar à frente a Alpe d’Huez e subir ao pódio final, aos 36, e correr o seu último Tour – ainda com um ótimo 11.º lugar – também aos 40, e Carlos Lopes arrebatar o ouro olímpico da maratona aos 37 e sagrar-se campeão mundial de corta-mato aos 38.

A verdade é que desde a deceção Armstrong o êxito ligado à longevidade me deixa desconfiado. Chris Horner, outro ciclista norte-americano, venceu a edição de 2013 da Volta à Espanha, aos 41 anos, sem suscitar grande euforia porque só o tempo dirá se alcançou a incrível proeza com ou sem ajudas. Mas esse caso não me preocupa, o ciclismo perdeu crédito, tanta tem sido a aldrabice. Hoje, viro-me para outra modalidade de excelência, pouco popular em Portugal: o biatlo, que reúne o tiro ao alvo, com espingarda, e a corrida na neve, sobre esquis.

O maior campeão dessa especialidade de inverno é o norueguês Ole Einar Bjøerndalen, que completou em janeiro 40 anos, com este simples currículo: participação em cinco Jogos Olímpicos, conquistando 11 medalhas, sendo 6 de ouro, 38 medalhas em campeonatos do Mundo, com 19 de ouro, e 473 provas disputadas na carreira, das quais venceu 124, ficou 111 vezes em segundo ou terceiro e 113 no top 10. Em 1992, arrebatou a sua primeira medalha nos Mundiais de juniores de Canmore, no Canadá. Agora, está em Sochi, na Rússia, para a sua sexta Olimpíada, depois de vulgares desempenhos nas últimas duas épocas – que a idade diz-se que não perdoa.

No sábado, sentei-me para ver a primeira das seis provas do biatlo destes Jogos, os 10 km sprint, temendo a humilhação de um deus do desporto. Bjøerndalen começou bem mas errou um tiro na segunda série e teve uma volta de 150 metros de penalização, uma perda de 20 e tal segundos. Mas os favoritos Martin Fourcade e Emil Svendsen falharam também disparos, os mais novos – quase 20 anos! –, embora perfeitos a atirar, foram menos rápidos, e a lenda, de modo absolutamente inacreditável, voou para a meta e venceu, igualando o recorde da 12.ª medalha olímpica e tornando-se o mais velho atleta de sempre a conquistar um título individual nos Jogos. E tem ainda mais cinco provas* para tentar a 13.ª medalha, que lhe dará o máximo absoluto.

Vou ter de aguardar e rezar – na esperança de que a droga não me mate duas vezes.

Observador, Sábado, 13FEV14

*Entretanto, Bjøerndalen ficou em 4.º lugar na prova de perseguição – falhando por 1,7 segundos o bronze que constituiria a 13.ª medalha –, em 34.º nos 20 km e em 22.º na partida em linha, ganhando enfim a 13.ª ao alcançar o ouro na estafeta mista. Fica a faltar a estafeta masculina, que lhe poderá dar a 14.ª medalha…

O triunfo de Manuela Moura Guedes

10 Fevereiro, 2014 0

Com meio milhão de espetadores de audiência média, “Quem quer ser milionário” não atingiu a fasquia ambiciosa e desfasada da realidade a que inicialmente se propôs, mas conseguiu mesmo assim alcançar um patamar que permitiu à RTP encomendar uma nova série do concurso.

Também não começou bem, com Manuela Moura Guedes a sentir dificuldades de adaptação a um formato que não era o seu, tarefa agravada pela personalidade da jornalista que, antes de qualquer fato que envergue, será sempre ela própria.

A verdade é que, com o decorrer do tempo, Manuela encontrou a batuta adequada à complexidade de dirigir aquela orquestra, percebeu o momento certo em que queremos saber as respostas, impôs um estilo na condução do programa e venceu o desafio.

Até a cara de piedoso espanto com que enfrenta alguma ignorância mais atroz – como a do concorrente que desconhecia a broa de Avintes e pensava que a água fervia a 90 graus – envolve em contenção a “revolta” do telespetador mais informado. Moral da história: quem é bom no que faz, cedo ou tarde aparece.

Antena paranoica, Correio da Manhã, 8FEV14

Já não sei se me apetece ver o dérbi

9 Fevereiro, 2014 0

Um conceituado técnico de futebol manifestava-me há dias estranheza pelo facto de a maioria dos jogadores não ter acompanhado a procura de rigor que se instalou nas estruturas das equipas. Na realidade, não existem indícios de que muitos artistas da bola se preocupem com mais do que a presença em treinos e jogos, já que mostram desconhecer, por exemplo, as características individuais dos adversários diretos. Ou a informação lhes é fornecida numa bandeja ou entram em campo na expetativa do que aparecer, como se a componente científica da sua atividade não lhes exigisse atenção e o investimento de algum tempo.

Pode não ser o caso de Lima, mas a verdade é que o brasileiro, no final do embate com o Gil Vicente, confrontado com o facto de os encarnados não terem “aproveitado” a derrota portista no Funchal, confessou que “não sabia o resultado do FC Porto, nem sabia que jogavam hoje”. Deve um profissional não querer sequer conhecer, ao longo da semana, os desafios que esperam os rivais? E então numa altura em que parece ser tão importante começar um jogo decisivo três minutos após o início de outro, ninguém do Benfica utilizou o insucesso dos azuis e brancos, duas horas antes, para incentivar os jogadores? Estranho escudo antimíssil.

Aliás, o profissionalismo tem que se lhe diga e ainda ontem esbarrámos em dois conceitos totalmente diversos. Em Moreira de Cónegos, Carlos Martins voltou à ação, no Benfica B, após terem falhado as tentativas de o colocar numa equipa em que pudesse jogar – e talvez ir ao Mundial. Assim, surge claro que desistiu da sua carreira. Ao mesmo tempo, no Mónaco, Ricardo Carvalho – que hoje defronta o PSG de Ibrahimovic – disse querer renovar contrato e continuar a atuar ao mais alto nível. Depois de o vermos quase “perdido” no Real Madrid, apesar de ter “resistido” três anos, o central continua, Seleção à parte, a gerir o seu percurso como um mestre.

E falando de mestres: Figo revelou no Twitter que é “enganado” pelos espanhóis na conta da luz, pois descobriu que paga 62% da fatura em impostos. Já não sei se me apetece ver o dérbi, coitado do Luís.

Canto direto, Record, 8FEV14