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31 de julho, data a partir da qual há muito decidi que não mais falaria do Record e fecharia de vez o meu ciclo. E porquê só hoje? Porque precisei de mais uns dias para arrumar, física e mentalment..." /> — ler mais..

31 de julho, data a partir da qual há muito decidi que não mais falaria do Record e fecharia de vez o meu ciclo. E porquê só hoje? Porque precisei de mais uns dias para arrumar, física e mentalment..." /> Quinta do Careca - Record

Quinta do Careca

Agora sim, não haverá mais

31 Julho, 2013 0

31 de julho, data a partir da qual há muito decidi que não mais falaria do Record e fecharia de vez o meu ciclo. E porquê só hoje? Porque precisei de mais uns dias para arrumar, física e mentalmente, as questões pendentes, o que me permitirá tocar a vida para a frente sem necessidade de voltar a olhar para trás.

Atualizarei ainda hoje os posts com as mensagens que recebi e que atrás publiquei, infelizmente não todas porque as férias que entretanto gozei me alteraram necessariamente as rotinas, com a perda de alguns textos.

Mas nesta última mensagem afetiva gostaria ainda de, tarde e a más horas, corrigir a falta cometida no meu derradeiro artigo como diretor do Record – “Tempo de partir”, publicado a 18 do corrente e igualmente com post aqui no blog um pouco mais atrás – em que por notória falta de espaço (na edição em papel) não agradeci a pessoas importantíssimas para o meu percurso no Record.

Desde logo, aos diretores dos diversos departamentos da Cofina, com quem mantive uma colaboração leal, profissional e estimulante, um campo de aprendizagem único que me tornou menos teimoso e menos ignorante. Lavro aqui, publicamente, o agradecimento que lhes deixei a título individual, com um grande e sentido abraço. A: Isabel Rodrigues, Hernâni Gomes, Luís Amorim, Paulo Sousa, José Manuel Gomes, Nuno Alves, Ana Fonseca, Ondina Lourenço, João Ferreira de Almeida, Rui Taveira, Nuno Jerónimo, Nuno Mariz, José Luís Oliveira e Mário Rosário – e ao Carlos Rodrigues pelos últimos seis apaixonantes meses.

A seguir, devo uma palavra ao Octávio Ribeiro, diretor do Correio da Manhã e da CM TV, e ao Miguel Pinheiro, diretor da Sábado, que me permitiram escrever durante anos nos respetivos títulos, e me renovaram o convite e a confiança para que, já na próxima semana, possa voltar ao contacto com os seus leitores.

Finalmente, e as últimas são as primeiras como compreenderão, agradeço à minha mulher, Sónia Bento, e às minhas filhas mais novas, Inês e Mariana, a paciência das longas esperas, das tardes e noites a ver futebol e mais futebol – em direto e gravado, um terror – das refeições solitárias, das horas infindas em que devia ter estado com elas e lhes faltei. A causa foi justa mas sem a sua tolerância e o seu apoio nos momentos de pesadelo que não voltarão – prometo! – tudo poderia ter ruído.

E assim aconteceu. Caia então o pano. Até sempre, leitor.

http://cmtv.sapo.pt/futebol/detalhe/alexandre-pais-deixa-o-record.html

http://videos.sapo.pt/aESi8s6iqpcemPMrtpYd

http://videos.sapo.pt/BktwoG4UOkmfccvgWRgi

http://videos.sapo.pt/GZMwDaHZL7oULNOEh4ZI

http://videos.sapo.pt/6ftpJbIk9isWYD72GIGC

Estragado com mimos (segunda e última versão)

23 Julho, 2013 0

O diretor do “Negócios”, Pedro Santos Guerreiro, estragava-me há dias com mimos na sua crónica semanal no Record, que teve a simpatia de me dedicar e que publiquei no post anterior deste blog, “Os golos do Pais”. Antes e depois, outros amigos espalharam também açúcar na minha vida. Aqui ficam, com o meu sentido obrigado a todos, alguns desses depoimentos que muito me tocaram.

“Não conheço propriamente bem o Alexandre Pais, nunca trabalhámos juntos, almoçámos e falámos algumas vezes, sempre no mesmo “idioma”, o que não é um detalhe. Conheço, no entanto, várias pessoas que fizeram uma parte da carreira ao lado dele. A minha intuição, a análise e atenção (sem falsa modéstia) que dedico ao jornalismo há muitos anos, e as garantias dos meus amigos chegam-me – o Alexandre é um dos melhores e lamento muito que tenha deixado a Direcção do Record.
É curioso porque há muito que me deixei de jornais desportivos, leitura diária bem entendido, mas nas diferentes publicações da Cofina – da Sábado ao CM (e no Record, claro) procurava sempre os seus textos. Poucas pessoas escrevem tão bem. Gosto da pena fina, do recorte muitas vezes irónico, da inteligência subtil, do tom assertivo quando tem que ser. Além disso admiro o pragmatismo com que geriu muitas publicações. Ele foi dos primeiros a perceber que o jornalismo (já) não é para românticos, sendo (sempre) para profissionais.
O Grupo Cofina deve-lhe muitos e bons serviços e – é uma dúvida que me assalta – talvez eles não tenham sido tidos em conta nesta mudança de ciclo. Se assim foi não é uma novidade.
Desejo ao Alexandre Pais o melhor. Ele é um homem de muitas vidas e até por isso acredito que a próxima também será boa. Talvez mesmo melhor.”
Nuno Santos, in Facebook

“Tens toda a razão Nuno. O Alexandre Pais é um notável profissional.”
José Alberto Machado, in Facebook

“Tenho lido muitos e bons textos nos últimos dias. Mas não resisto a destacar dois, ambos publicados hoje. Um na última página do Record, assinado pelo Pedro Santos Guerreiro. O outro “postado” aqui mesmo, na página do Alexandre, pelo Nuno Santos. Num caso e no outro, está lá tudo.”
Nuno Farinha, in Facebook

“SOUBE HÁ momentos que o meu amigo Alexandre Pais vai, ao fim de mais de 10 anos, deixar a direcção do jornal “Record”. Tive oportunidade de trabalhar lado a lado com o Alexandre na década de 90, altura em que coincidimos no “Tal&Qual” e onde a sua experiência, maturidade, bom-senso e qualidade de escrita foram um “baluarte” fundamental no dia a dia de um jornal que – perdoem-me este irreprimível ataque de nostalgia… – foi indiscutivelmente um marco na vida de todos quantos por lá passámos nessa altura. Deixem-me ainda dizer-lhes uma coisa: ao longo de mais de vinte anos que passei no jornalismo, Alexandre Pais foi uma das pessoas que eu recordo com mais simpatia das redacções por onde passei, enquanto homem, profissional e amigo. Para que conste!” 
José Paulo Fafe, in josepaulofafe.blogspot.pt

“Com o seu talento e experiência, Alexandre Pais dedicou os últimos 10 anos a modernizar o Record. Com ele, o jornal tornou-se mais vivo, mais dinâmico, mais jovem e afirmativo. Num mercado em que tudo se nivela tendencialmente por baixo, Alexandre Pais foi sempre um seguro de vida do jornal. Agora, no momento em que sai, resta-me desejar que seja substituído à altura – difícil, difícil… – enviar-lhe um forte abraço e, naturalmente, agradecer-lhe o único erro grave que cometeu na última década: ter-me convidado para assinar uma coluna de opinião no site do jornal. Fiquem com a sua última crónica.”
Fernando Esteves, in Facebook
 
“Mundo… confirma-se a saída de Alexandre Pais de diretor do Record. É um homem sério, correto, leal, justo e profissional… Cada vez são menos os diretores de jornais em Portugal que reúnem estas virtudes…”
 José Carlos Soares, in Facebook

 
“Sério, correto, leal, justo e profissional! Na mouche!!!”
Nuno Farinha, in Facebook
 
“Não sei porque é que o Alexandre vai deixar o Record, sei é que ele deixa sempre um pouco de si em quem trabalha com ele. Li com atenção os comentários e as mensagens que o Alexandre recebeu… Não são elogios, são verdades que subscrevo inteiramente. Porque nem sempre um grande jornalista é um bom director, muito menos um director da grandeza do Alexandre Pais, que me deu a alegria de acreditar que uma croniqueta semanal poderia ter alguma importância e a honra que me aturar os disparates, os atrasos e os processos (foi só um mas foi bom), ao longo de 3 anos, isto tudo no século passado, num tempo distante mas suficientemente perto para ainda estar fresco na minha memória e para não me esquecer de lhe agradecer.”
Luís Rosa Mendes, in Facebook
 
“Quanto mais damos de nós ao que fazemos, mais nos custa encerrar o ciclo. Felicidades, meu caro amigo. E, da parte que me toca, obrigado pelo que me ensinou quando juntos – com tantos outros – colocámos o 24horas a vender o que hoje poucos vendem.”
Nuno Perestrelo, in Facebook
 
“Eu sou a mais suspeita para dizer o que quer que seja, mas os 14 anos que vivemos nos vários jornais por onde passámos (com muitos destes amigos que andam aqui pelo FB) foram tão intensos que parecem 30. E para mim – mesmo quando te irritavas comigo, mais do que com qualquer outro jornalista, por causa de um ou outro detalhe – sempre foste o melhor.”
Sónia Bento, in Facebook
 
“Já que estamos em momentos de agradecimento, vou deixar aqui o meu. Muito obrigada Alexandre Pais pois a si devo a minha carreira profissional! Foi o Alexandre que me ensinou de raiz tudo o que me proporcionou o meu percurso profissional. Foi também o Alexandre que “reparou” que eu poderia ser uma comercial! Foi através de si que eu “nasci” profissionalmente! Quero também agradecer todos os “sermões” , “reprimendas” e alguns gritos 🙂  (tudo merecido!), pois sem eles não teria evoluído nem aprendido o que aprendi! Obrigada também pela paciência que sempre teve para comigo, obrigada por me ter proporcionado conhecer tantas pessoas de craveira da nossa praça e, finalmente, muito obrigada pela sua amizade e apoio em tantos momentos da vida!”
Beatriz Maria Pinto, in Facebook

“Amigo vou ter saudades dos seus textos. Grande futuro é o que lhe desejo!!!”
José Manuel Freitas, in Twitter

 
“Um dia entrei num gabinete e estava um inimputável a fazer queixinhas sobre ti. Eu, que não te conhecia, fiquei na expectativa de ver a reacção de quem as ouvia (pessoa cuja opinião muito respeito)…afinal, ia trabalhar “mais ou menos” contigo num novo projecto. O nosso amigo comum, José Rocha Vieira, disse ao energúmeno que insistia nas queixas, que dissesse o que ele dissesse, tu eras um profissional de “mão-cheia” e que tinha inteira confiança no teu trabalho… acrescentando… “o gajo é muito bom”. Desde esse dia, confesso que comecei a olhar para o teu trabalho (quem sou eu!) com outros olhos. Hoje (há uns dias), divido-me no que sinto… um excelente profissional que sempre admirei deixa a direcção do Record, com tudo o que isso implica… outro profissional e amigo que também muito admiro inicia essas funções. São ciclos. Parabéns pelo que fechaste e desejo-te os maiores sucessos no que inicias. Sentido abraço.”
Jornalista identificado em mensagem particular, in Facebook

Levo comigo o melhor da vida em 30 testemunhos

22 Julho, 2013 0

Fechado o meu ciclo de 10 anos, quatro meses e 27 dias à frente do Record, aqui ficam 30 testemunhos, palavras de generosidade, amizade, gratidão e grandeza de jornalistas que, naturalmente, não identifico para não ferir suscetibilidades…

1. Entrei no Record para um estágio de três meses. Senti que era a hora de mostrar que tenho valor para estar onde estou. Senti confiança para agarrar a oportunidade e no final fui recompensado. E é aí que aparece o “obrigado”. A si. Por ter acreditado que dali, daquele miúdo, poderiam vir coisas boas para o Record. Não sei que tipo de feedback lhe chegou, mas uma coisa lhe posso garantir: o máximo esteve sempre presente. Na minha humilde família sempre me ensinaram a lutar pelos objetivos e principalmente a agradecer. E é para isso mesmo que este email serve. Para lhe agradecer a oportunidade. Não serve para engraxar ou qualquer coisa do género. Nada disso. Nunca fui “puxa saco”. Serve, sim, como reconhecimento por me ter dado a oportunidade. E para além de nunca querer desiludir os meus pais e espero nunca o fazer, agora ficarei com a responsabilidade de não desiludir um grande senhor do Jornalismo português: Alexandre Pais. Pessoa que li, e muito, muitas vezes antes de chegar ao Record. Por tudo isto, um muito obrigado, diretor.

2. Quero dar-lhe um abraço agradecido de forma menos desajeitada do que há dias. A estabilidade que o Diretor conseguiu manter no nosso jornal permitiu que, pela minha parte, realizasse alguns sonhos e projetos pessoais e familiares. Agradeço-lhe, também por isso, a confiança profissional que depositou em todos nós, e que me esforço por não defraudar. Orgulho-me destes nossos anos no Record, pois ajudam-me a ser melhor como homem, como pessoa entre pessoas. Com a sua ajuda, Diretor, tive sempre motivos para nunca deixar de sorrir e, com o seu exemplo, continuo a aprender que só com trabalho de qualidade e com valores sólidos nos dignificamos como seres humanos ativos nesta sociedade tão mesquinha. Estive sempre atento à pessoa (e também fui lendo os artigos no Record, na Sábado e no CM, através da “Quinta do Careca”. Sempre encontramos nas palavras algo da alma de quem as escreve, não é assim?). Espero poder estar à altura dos exemplos que do meu Diretor recebi nestes anos. Não podia deixar de sublinhar a honra que sinto por servir os leitores sob a sua Direção. Espero que o futuro lhe sorria sempre. A vida é cheia de boas surpresas e será sempre feliz o momento em que nos encontrarmos. Os anos de aprendizagem e de trabalho que já vivi em equipa no nosso Record, nunca os esquecerei. Estamos juntos!

3. Caro diretor, na hora da despedida – a minha também chegará, não sei é quando… -, apenas gostaria de lhe agradecer a confiança e o reconhecimento que teve pelo meu trabalho. Nunca concordei com tudo da linha editorial que impôs, mas aprendi ao longo de mais de 30 anos de carreira a respeitar quem pensa pela sua cabeça e quem ousa. Como aconteceu nestes dez anos de Record. O meu obrigado por tudo e votos de muitas felicidades. Estarei sempre à disposição.

4. Compreendo esta coisa dos ciclos, mas custa-me vê-lo partir, habituado como estava a sabê-lo à frente deste Record ressuscitado. Desejo-lhe toda a saúde e bem estar nesta nova fase e como o Alexandre não é pessoa de se deixar ficar, ainda se calhar nos cruzaremos, era bom sinal.

5. A vida continua e fica sempre alguma coisa. Da minha parte, uma que sobrou: este caríssimo diretor raramente “se” elogiou (não me lembro disso, pelo menos…), mas sempre reconheceu os erros dele e assumiu até os de outros. Este é o meu aplauso. O que fica… No resto, siga para a frente e a aproveitar todos os momentos. Carpe Diem, caríssimo Alexandre.

6. Os poucos meses que trabalhámos juntos deixaram em mim uma impressão profunda. Só tenho que lhe agradecer todo o apoio e colaboração. Sei que parte da empresa um homem de carácter, e isso, hoje em dia, não pode ser menosprezado por ninguém. Um abraço.

7. Meu caro Diretor, nunca gostei de despedidas e já aprendi que se tiver uma boa oportunidade para fugir a esses momentos difíceis, o melhor é aproveitar. Vai aqui este texto simples e, pronto!, já está. (…) Havia mais, no entanto: competência, saber acumulado, empenho, ideias, motivação, inquietação e…  resultados. Não tive dúvidas que o Record – este Record – ainda estaria para durar. (…) E pensei: “Era a melhor coisa que me podia acontecer. Estava a precisar de aprender, outra vez, e vim parar ao sítio certo.” Era importante voltar a ter uma referência, um farol. Alguém com capacidade e autoridade para ensinar. Como se lidera, como se gere, como se faz. Não me enganei. Foi isso que vim encontrar no Record. Gostei mesmo muito trabalhar consigo. E não faço distinções no tempo, entre momentos bons, maus ou assim-assim. Junto tudo. E analiso. E gosto. Não me arrependo de nada. (…) O trabalho feito – parecendo pouco – é notável. Em circunstâncias dificílimas. (…) Não me custa nada dispensar-lhe tantos elogios, agora, na hora de despedida. Não espero nada em troca. (…) Meu caro Diretor, obrigado por tudo! Muitas felicidades. 

Compreendo esta coisa dos ciclos, mas custa-me vê-lo partir, habituado como estava a sabê-lo à frente deste Record ressuscitado.

8. Alexandre, muito obrigado pela camaradagem, profissionalismo e total apoio que sempre senti da tua parte. Atravessamos momentos difíceis que, paradoxalmente, revelam o melhor e o pior das organizações e das pessoas que nelas trabalham. Em que o sentimento de justiça escasseia cada vez mais. Grande abraço, muito obrigado e até já.

9. Também nestes momentos se mostra carácter e força. Quem me conhece sabe que não sou de elogios fáceis. Não cheguei a conhecê-lo bem, mas tenho-o como um jornalista, um gestor e um homem de grande valor, lutando sempre contra as adversidades com clareza de espírito e mente aberta. E procurando sempre fazer melhor. Assim continuará a ser – no Record ou noutro universo. Desejo-lhe um caminho pouco pedregoso e cheio daquela felicidade e paz de espírito que os Grandes percorrem. Um grande abraço.

10. Caro Alexandre, gostava de lhe deixar alguns agradecimentos. Obrigado pelo conhecimento que partilhou comigo nestes anos, que fez com que conhecesse ainda melhor a realidade de um jornal. Obrigado pelo seu rigor que fez com que eu melhorasse a minha forma de trabalhar. Quero ainda congratulá-lo pela forma como sempre motivou a sua equipa em todos os projetos que fizemos em conjunto. Mesmo os mais complexos foram sempre concretizados com o mesmo ânimo e vontade de os realizar, mesmo eu sabendo que, na maioria das vezes, estavam a trabalhar, como se diz na gíria, “com o pelo do cão”, por falta de meios. Desejo-lhe o maior sucesso no novo ciclo e deixo-lhe um até já.

11. Diretor, estes 10 anos foram para mim extraordinários. (…) pelo trabalho que desenvolvemos em conjunto e que nos fez sentir sempre que o empenho e o esforço valem a pena. Obrigada pelas oportunidades que me deu. 

12. É com muita pena que te vejo “partir”, foi para mim um enorme prazer trabalhar contigo. Aprendi muito, foste dos melhores profissionais com quem trabalhei, um profissional que sempre defendeu o seu titulo, que nunca virou as costas a qualquer desafio, mesmo que fosse muito penoso. Foste um verdadeiro PROFESSOR, obrigado! Obrigado pelo que me ensinaste, obrigado pelo tempo que me “dedicaste”, obrigado. Grande abraço

13. Diretor, da minha parte, um agradecimento pessoal pelas oportunidades que me foi dando, pela confiança depositada nas minhas “capacidades”. (…) Que agora descanse deste “manicómio” como muitas vezes apelidou esta casa e que bons ventos continuem a soprar na sua vida.

14. Neste momento, em que faltam poucos dias para seguir um novo rumo, quero apenas dirigir-lhe umas palavras, pois foi uma pessoa muito importante na minha carreira. Foi graças à oportunidade que me deu que consegui vingar neste mundo “cruel” que é o jornalismo. E por isso fica aqui o meu agradecimento. Espero que o futuro lhe traga o que mais deseja, nomeadamente mais sossego… Vou sentir muito a sua falta e é isso que gostava que soubesse. Tudo de bom para si!

15. Caro diretor, começo pelo agradecimento inevitável. Não sei o que lhe possa ter despertado o interesse para me convidar para escrever no jornal, mas resta-me apenas agradecer as oportunidades que me foi dando ao longo deste tempo. Cresci, ganhei maturidade e aprendi muito no jornal. Ao longo destes anos pensei por várias vezes abandonar o projeto e, se não o fiz, foi por sentir que lhe devia algo, que devia mostrar que não apostou em mim em vão e que devia lutar para conquistar o meu lugar dentro do Record. Ainda sou jovem e não percebi se consegui atingir o objetivo, mas garanto-lhe que dei sempre o meu melhor e continuarei a dar e a lembrar-me daquilo que me transmitiu. Desafiou-me e eu adoro que me desafiem. Tenho pena que abandone o jornal e que não me possa desafiar mais vezes. E também tenho pena de não ter partilhado mais alguns momentos da minha curta carreira consigo. Admiro-o, muito, por tudo o que o vi fazer ao longo deste tempo. Cometeu erros, como todos cometemos, mas não será facilmente esquecido porque deixou claramente a sua marca. O jornal ganhou muito com a sua liderança e eu ganhei a vida porque apostou em mim. Muito obrigada por tudo.

16. Quero agradecer-lhe o que fez por mim. Nem sempre concordámos mas partilhámos o desejo de fazer o melhor. Desejo-lhe felicidades. Viva com gosto, um abraço.

17. Caro Alexandre, deixe-me apenas dizer-lhe o seguinte: tenho muito orgulho e admiração por si e garanto-lhe que nestes anos a minha melhor recordação foi ter privado com alguém como o Alexandre, homem com rosto e honra, coisa que infelizmente não abunda. Forte abraço.

18. És o melhor diretor que a Cofina seguramente terá. Ficaremos mais pobres. Muito orgulho em trabalhar contigo!

19. Diretor, um grande abraço, com muito respeito.

20. Estou longe mas não poderia deixar passar a oportunidade de lhe agradecer a franqueza com que sempre me tratou. Recordo-me de um episódio bastante particular: depois de uma “confusão” em contas de apuramento, chamou-me para falar consigo e lembrou-me que o rigor deve andar de sempre de braço dado com um jornalista. Nunca mais esqueci essas palavras e acredite: daí em diante, tornei-me um melhor profissional. Senti-me na obrigação de lhe escrever este pequeno texto porque foi o diretor quem me deu a oportunidade de estar onde estou hoje: na minha cadeira de sonho. Muito obrigado por isso. Desejo-lhe as melhores felicidades e, com toda a sinceridade, é com bastante tristeza que o vejo partir.

21. Obrigado pelo que fez por mim e por todos nós. Grande abraço.

22. Após ter sido comunicado oficialmente que hoje seria o seu último dia, queria expressar-lhe um abraço solidário de amizade e de profundo reconhecimento profissional por ter passado aqui 13 anos sempre a aprender, a melhorar, e a tentar fazer o melhor possível sob a sua direção. Sinto-me um profissional mais rico em termos profissionais. Um valente abraço e com toda a certeza que nos veremos por aí durante semanas, meses e anos. Muito obrigado!

23. (…) Dez anos é muito tempo. É mais de um terço da vida que aqui deixo quase todos os dias. Uns melhores, outros piores, como tudo. Apreciei alguns momentos da “linha dura” que sempre defendeu, detestei outros, discordei de muitas coisas, concordei com outras. Apreciei essencialmente a defesa que sempre fez do jornal, mesmo se essa defesa incluiu factos que nunca subscreveria. Mas cada um de nós tem como ideal um jornal diferente. (…) O tempo é o que é, as circunstâncias também, e por isso queria apenas terminar dizendo que continuarei a tratá-lo por Director sempre e quando nos cruzarmos.

24. Caro Diretor, já que estamos em tempo de registar por escrito o que nos vai na alma nestes dez anos em que o tivemos como diretor no Record, permita-me o desabafo: o mais importante na vida consiste em sobreviver um dia e outro dia. Uma tarefa que tanto pode ser simples como apresentar-se extremamente difícil. Tudo depende do modo como a encaramos. O que lhe quero dizer, no fundo, é que a minha vida profissional foi uma vida feliz, melhor, muito feliz, nestes dez anos em que o tive ao meu lado, dispensando-me de qualificar, por agora, cada gesto seu, cada palavra e cada atitude suas, o seu exemplo, enfim, que deixam marcas para todo o sempre; o Record sem o nosso diretor será com certeza um Record diferente e, muito sinceramente, diretor, sei, porque me conheço, que não voltarei a ser tão feliz como fui. Está a ver como a vida, a vida profissional, se pode apresentar, assim de repente e sem aviso prévio, extremamente difícil?! Desculpe o desabafo, o acento tónico no ‘eu’, quando no fundo só quero agradecer tudo o que fez por mim. E, acredite-me, nunca ninguém me deu tanto e tão bom nestes muitos anos que levo como jornalista profissional.

25. Quero agradecer-lhe por me ter dado a oportunidade de ser jornalista e a confiança que sempre depositou em mim. Com essa confiança vieram as responsabilidades e com elas descobri que tinha qualidades que nunca imaginei que tivesse. Desejo-lhe tudo de bom para o que vier a seguir!

26. Talvez nos encontremos de novo. Bem haja!

27. Diretor, apesar de não ter tido oportunidade para o fazer pessoalmente, não poderia deixar de, nesta hora de despedida, lhe agradecer profundamente a oportunidade que me concedeu de poder permanecer no Record após o meu estágio curricular. Possivelmente, terei sido o último elemento a entrar nesta instituição pelas suas mãos e isso é um enorme motivo de orgulho. Independentemente do futuro, ficarei eternamente grato pelo voto de confiança e pela possibilidade de iniciar a minha carreira de jornalista numa instituição grandiosa como é o Record. Desejo-lhe as melhores felicidades. Muito obrigado.

28. Não se lembra de mim, e é natural, mas ajudou-me como ninguém na minha vida profissional. Se não fosse o estágio de três meses (mais outros três meses a recibos verdes) que me concedeu em 2008, sem ter nenhum motivo para tal, tenho plena confiança que hoje não estaria onde estou, nem seria o profissional que sou. Se hoje em dia sou jornalista – e sou – é porque o diretor me deu a oportunidade que mais ninguém me dava na altura. É, por isso, com tristeza que o vejo deixar o Record. Mas também é por isso que nunca o esquecerei. Na altura agradeci-lhe a experiência que me proporcionou, mas agora, passados quase cinco anos (foram os últimos seis meses de 2008), reconheço ainda mais a influência que teve na minha vida. Até a frustrada entrevista à Sábado (por ignorância e inexperiência minha) me serviu de lição. Foi outro gesto do diretor que me deixou boquiaberto – a recomendação. Falhei, é certo, mas com esse grande erro também aprendi muito. Nas entrevistas seguintes, tudo foi diferente para melhor, muito melhor. É verdade que não me esqueço de quem me ajudou a formar e dar os primeiros passos neste mundo (todos os editores e jornalistas do Record Online, claro), mas não foram eles que apostaram em mim. Foi o diretor. Não me conhecia (nem me conhece), mas isso pouco me interessa. Não brilhei e não sou, ainda, o jornalista que quero ser, mas cresço e amadureço todos os dias sabendo que tudo começou com o “seu” pontapé de saída na minha carreira. E por isso só lhe posso estar grato. Obrigado. Queria também desejar-lhe as maiores felicidades para o futuro que, tenho a certeza, será risonho.

29. Alexandre, por tudo o que aprendi contigo ao longo de muitos anos, pela capacidade que me deste de olhar a realidade, pela sensibilidade e sabedoria, obrigada. Ficamos mais pobres, chefe Alex, mas tu vais estar aí, para pôr os “pontos todos nos is” sempre que precisarmos. Um grande beijo da eterna “aluna”.

30. Caro Diretor, antes de mais quero pedir-lhe desculpa por lhe “falar” por aqui e não “face to face” mas, vá-se lá saber porquê, ainda sou demasiado acanhada em algumas situações. Queria apenas, já com alguns dias de atraso, agradecer-lhe por me ter dado uma oportunidade de ser jornalista e a confiança que sempre depositou em mim. Com essa confiança vieram as responsabilidades e com as responsabilidades descobri que tinha qualidades que nunca em tempo algum imaginei que tivesse. E acredite, para alguém da minha geração, habituada à ladainha pessimista de que somos mimados, privilegiados e impreparados, é um alívio descobrir que somos úteis e que podemos de alguma forma contribuir para um projeto. Tudo de bom para o que vier a seguir e, mais uma vez, mil perdões pela “intromissão” via online.

31. Um beijinho diretor, até amanhã…

Não preciso de mais nada para me sentir feliz. Um grande abraço para todos e até amanhã.

Os golos do Pais e os comentários de Fernando Esteves e Luís Rosa Mendes

20 Julho, 2013 0

Isto hoje é pessoal.

Fui pela primeira vez jornalista aos dez anos. Não por vocação pelo jornalismo; por devoção ao Benfica. Entre os verões de 1983 e 84, escrevi um semanário pessoal do campeonato. Todas as segundas-feiras, deitado no chão do quarto, em Viseu, escrevia a ficha e descrevia o jogo. Não eram fotografias secas, eram pinturas vivas. Cada golo do Nené era o nascimento de um planeta, uma cabeçada do Stromberg era um mar arrebatador, um remate do Filipovic era a sublimação da humanidade; as defesas do Bento eram próprias dos deuses, as fintas do Diamantino, os cruzamentos do Carlos Manuel, os cortes do Pietra, as subidas do Álvaro, cada jogo era uma epopeia gloriosa de uma gesta heróica, cada golo era um golpe homérico de espada por Helena, a mulher mais bela do mundo, nas praias de Tróia.

Naquela altura os nossos olhos não eram as televisões. Eram os jornais. Era pelas palavras escritas que nós víamos os golos, que sentíamos os cheiros dos estádios, os desenhos das fintas, os penaltis roubados. Vinte paus e lá ia eu aos Agostinhos, na Rua Formosa, comprar o jornal para o meu pai. “Era o Record, o Primeiro de Janeiro e duas pastilhas Pirata se faz favor”. Então eu lia o que outros olhos haviam visto. E depois escrevia o que os meus olhos, através das suas palavras, visualizavam.

Este não é um texto nostálgico, é um texto sobre a importância do jornalismo, e da palavra escrita, então como agora. É um texto sobre a honra e a responsabilidade de escrever no Record. É um texto sobre essa alegria, essa espécie de sonho de criança, que devo ao director deste jornal, que hoje sai e com quem tanto aprendo; ao homem que depois de hoje fica e de quem me tornei admirador; ao Alexandre Pais.

Não tenho uma relação pessoal especial com o Alexandre. Mesmo que ele estivesse para isso, eu não conseguiria: o Alexandre está numa altura que eu não alcanço – mas persigo. É a estatura que só a nobreza conquista. Prefiro essa única palavra ao desfile de muitas outras, possíveis e justas, mas que sacrifico para valorizar uma só: a palavra nobreza.

O Alexandre convidou-me para ser colunista do Record há três anos e, a cada semana, eu tentei servir os seus leitores e honrar o seu convite. Tenho muito retorno dos leitores, participando, criticando, concordando, divergindo. Gosto de andar à chuva e molho-me amiúde . Tive direito a uma conferência de imprensa de João Lagos, por ter escrito que a sua empresa estava falida, ele desmentiu-me e acusou-me de ser invejoso e querer destruí-lo, quando eu comentei um facto, triste mas verdadeiro. Fui processado pelo Benfica por questionar a venda de Roberto, sendo acusado de usar como arma do crime “alegações de inverdade, insinuações, ironias dissimuladas de piadas humorísticas e até rimas” (nunca me tinha passado pela cabeça ser processado por rimar…). Tive direito a um comunicado ridículo do presidente do Sporting por ter defendido a reestruturação financeira do Sporting mas dito que ela é opaca e inclui um perdão de dívida (o que é verdade, como se verá). Só não tive até hoje problemas com o Porto: têm as suas manias mas não são, de facto, copinhos de leite.

Fiz também amigos por causa desta coluna. Aprendi muito sobre o mundo do futebol. E continuei aprendendo com o Alexandre, continuando a ler seus textos, com o seu exemplo, com a sua conduta. Acreditem em mim, eu sei o que é ser director de um jornal, sei o que são pressões, impressões, telefonemas, exigências. Nestes anos, tive problemas de que não me queixo mas receio ter criado alguns ao Alexandre. Nunca me telefonou. Nunca me pediu nada. Nunca se esquivou a um incómodo, pediu para tirar uma palavra ou acrescentar uma nota. Nunca. Isto mostra a força de um director. Isto revela a cepa de um homem.

É por isso que isto hoje é pessoal. Porque serve para dizer da honra imensa que é escrever no Record, o maior e melhor diário desportivo português, que hoje é (bem) entregue pelo Alexandre Pais. No jornalismo, a glória nunca perdura no espaço público, mas a honra fica para sempre na admiração privada. Salve Alexandre Pais. Longa vida. A ti e ao teu legado. Como os golos do Nené.  

Crónica de Pedro Santos Guerreiro, diretor do Negócios, publicado na edição impressa de Record de 18 julho 2013

“Este texto do Pedro Santos Guerreiro podia ter sido escrito por mim, se para tal tivesse o talento. Tive com o Alexandre Pais a mesma história. Escrevi para uma publicação que dirigia, durante 3 anos, uma crónica de televisão. Semana sim, semana não dizia mal de alguém que o Alexandre, meu director, responsável pelos textos publicados, admirava, ou de quem era amigo. Nunca recebi um telefonema a pedir-me para mudar uma linha que fosse. Nunca lhe pressenti a menor repreensão no olhar, na voz. Eu escrevia, ele publicava mesmo discordando.
Em 2 ou 3 ocasiões usou o seu editorial para escrever a sua discordância, mas sempre depois de o meu texto estar publicado e sempre justificando porque discordava. Apenas num dia me telefonou, logo de manhãzinha porque nessa madrugada lhe tinha enviado o texto e ele perguntava se eu estava mesmo seguro se era aquilo que queria publicar. Achava que o texto “estava forte demais, que era capaz de dar problemas”. Respondi-lhe que ia já enviar outro mais suave, já que ele via inconveniente naquele. Respondeu que não. Ia publicar e logo se via. Resultado: deu processo. E ao longo dos meses em que andámos a correr os dois para o tribunal de Oeiras nunca houve da sua parte qualquer tipo de recriminação ou censura.
Solidário esteve a meu lado até à leitura da sentença que, embora ainda hoje a considere injusta no que me diz respeito, teve o mérito de o ilibar e mandar em paz. Nunca lhe poderei pagar o incómodo, os vários incómodos que lhe causei, como também nunca lhe poderei pagar a lição de jornalismo, de honra, de solidariedade. Vou abatendo na divida com amizade sincera e respeito incondicional.”
Luís Rosa Mendes, in Facebook
 
“Não fui jornalista aos 10 anos. Nunca criei um semanário desportivo. Não fui processado pelo Sporting por causa das crónicas que escrevo. Nem pelo Benfica (uma mancha que me entristece). Não sou director de jornal. Ou seja, até hoje pouco me ligava ao Pedro Santos Guerreiro em matéria de opinião desportiva. Até hoje. O dia em que ele escreve o texto que eu, se tivesse o seu talento, poderia ter escrito. 
Também para mim o Record é uma referência infantil; também eu comecei a publicar crónicas no site do jornal pela mão do Alexandre Pais – o Tó Mané – e, finalmente, também para mim o Alexandre é um modelo de liberdade (pergunto-me que outro jornal desportivo me permitiria escrever as alarvidades portistas que habitualmente publico). 
Há algumas coisas que, sem ser seu amigo pessoal, sei sobre ele. Sei que não é uma pessoa consensual – a frontalidade é, entre nós, muitas vezes confundida com arrogância e altivez. Sei também que o seu percurso no Record não foi feito sem que alguns tenham ficado pelo caminho – as baixas, como se sabe, são o preço a pagar nas guerras para alcançar a paz. Sei, por fim, que parte tranquilo e que, como diria o outro, vai “continuar a andar por aí”. Congratulo-me por isso – eu e muitos outros que, como eu ou o Pedro Guerreiro, aprenderam a admirá-lo.”
Fernando Esteves, in Facebook

 


Dia de partida e de chegada

18 Julho, 2013 0

Quem melhor que Vicente Lucas, o magriço que “secou” Pelé, para me dar o abraço de despedida? Um presente do meu amigo Rui Dias, que nunca desistiu…

Fecha-se hoje o meu ciclo de 10 anos 5 meses e 27 dias como diretor de Record. Deixo o jornal na liderança da imprensa especializada em desporto: temos mais leitores, vendemos mais jornais, faturamos mais publicidade, apresentamos melhores resultados, ou seja, damos mais valor aos acionistas. Olhando, aliás, para os números da APCT de um dos nossos concorrentes e conhecendo as tiragens do outro, posso mesmo acrescentar aquilo que, sendo óbvio, se tenta por vezes negar: nunca estivemos tão à frente.
Mas os tempos vão difíceis, as receitas revelam tendência para continuar em queda, o consumo desce para níveis perigosos, a crise anuncia que não ficará pedra sobre pedra no que antes nos pareciam sólidos edifícios. As empresas que não enfrentarem as dificuldades com coragem e que não sejam capazes de reduzir os custos e enfrentar o futuro com criatividade e novas energias fecharão as portas – ou ficarão irremediavelmente para trás.
Na última década, dediquei a maior parte da minha vida ao Record. Deixei de ler muitos livros, de ver muitos filmes, de apreciar muita música, de desfrutar com a família e de fazer aquilo a que um homem na minha idade jamais deve renunciar: aproveitar cada dia como se não houvesse outro.
Em vez disso, cumpri semanas de 60 horas, cheguei a trabalhar um mês sem descanso, escrevi uma crónica diária (sem falhar uma edição!) na última página durante anos, acumulei meses de férias e folgas por gozar, prejudiquei a saúde e provavelmente reduzi o meu prazo de validade. Mas diminuí os custos editoriais em quase 40% num período em que a inflação acumulada agravou 20% os custos. Imprimi a minha marca no jornal e vi partir dezenas de companheiros que não se adaptaram à mudança, que tinham salários superiores às responsabilidades que queriam assumir ou à qualidade do seu desempenho, ou para os quais, simplesmente, deixou de haver espaço no jornal. Sofri com o seu sofrimento, levo comigo os seus rostos perdidos, mas mantive o foco nos resultados e na determinação indispensável para que o Record continuasse líder, resistisse à crise e garantisse trabalho a mais de uma centena de jornalistas, gráficos e técnicos de apoio. 
Criei regras, impus rotinas, constituí um “núcleo duro” – em que poucos pareciam querer participar… – lutei contra o conformismo e contra a pressão dos interesses instalados. E procurei seguir uma linha editorial mais jovem, inquieta e diferenciadora, numa imprensa “desportiva” estagnada, refém de estereótipos e de fórmulas ultrapassadas. Os conceitos inovadores que criámos foram tantos – do Senado Record ao Prémio Artur Agostinho, passando pelo Código 30, pelas análises de A a Z, pelo TotoRecord, pelo Fora de Campo, pelo Mister Chefe, pelo Tribunal Popular, pelo Jogo da Vida, pelas Conversas de Sábado ou pelo Record de Ouro – que se torna impossível referi-los todos. 
Essa tarefa revestiu-se de sucesso. Os resultados financeiros, entre 2003 e 2012, corresponderam à expectativa do acionista e até os deste primeiro semestre, na atual e dificílima conjuntura, me permitem sair com o sentimento do dever cumprido. Não faltaria quem fizesse diferente, duvido – imodestamente é certo – que se fizesse melhor.
Existe, porém, outra realidade. Os cemitérios estão cheios de quem um dia se julgou insubstituível e só a mudança faz o Mundo avançar. E a verdade é que Record tem uma boa margem de progressão, um caminho a trilhar, uma renovação por fazer, gente jovem e entusiasta que pede estímulo, exige oportunidades, adora desafios e está pronta a enfrentar a crise e a derrotá-la. Sinto que já não sou o almirante dessa batalha, não sei se conseguiria ultrapassar com sucesso esse temível Adamastor. E preciso da minha vida de volta, ambiciono ainda abrir-lhe outro ciclo antes do ciclo final.
Quisemos, eu e a Administração da Cofina, procurar um ponto de encontro neste desencontro de interesses que momentaneamente nos afastou. E lá chegámos. Não só na dignidade com que foi tratada a minha renúncia, como na opção feliz pelo novo diretor, um colunista de referência de Record, um jornalista que admiro há 30 anos, um conhecedor profundo do desporto em geral e do futebol em particular, um homem de princípios – João Querido Manha. 
Contra a sua vontade, não escreverei no Record durante algum tempo, mas é como se o fizesse, não numa crónica semanal mas todos os dias, como incentivo permanente à renovação que o João encetará, à motivação que todos terão de encontrar para lhe corresponder, à manutenção daquilo que é talvez – e sou outra vez imodesto – o meu verdadeiro legado: a capacidade que adquirimos de nos esforçarmos mais para sermos melhores.
Agradeço à Administração da Cofina a sua confiança até este último dia e a forma como me fez sentir tão importante no momento da chegada como na hora do adeus. E que, afinal, me deixa partir e ficar com a porta aberta. Agradeço muito particularmente a dois amigos: ao Alberto do Rosário, pela oportunidade do “24 Horas” e depois do Record, por estes 13 anos inesquecíveis, e ao Luís Santana pelo apoio total e persistente que me permitiu cumprir um ciclo e concretizar aquilo para que vim: apresentar resultados.
Agradeço ao “núcleo duro” do jornal, em especial ao António Magalhães, meu “compagnon de route”, pela luta fraterna, solidária e gigantesca que travámos juntos. Nunca esquecerei jornalistas tão dedicados, tão sérios e tão qualificados. Agradeço a todos os companheiros – com um aceno especial à “ínclita geração” da Hora Record –, tanto aos que vejo preocupados com o futuro como aos que sinto felizes por me verem pelas costas. Precisei de todos e a todos peço desculpa pelo que não fui capaz de realizar e por aquilo em que lhes terei faltado.
Aminha derradeira palavra vai, nem podia ser de outro modo, para os leitores. Desde aqueles que leram, há 49 anos (ai, ai…), a primeira crónica do escriba no “Mundo Desportivo”, aos que tomaram conhecimento de que existo, quem sabe, com estas linhas. Tudo consegui convosco, pelo que vos deixo o meu obrigado e uma certeza: continuarei por aí a abusar da vossa infinita paciência. Até amanhã, meus amigos.

Fecha-se hoje o meu ciclo de 10 anos 5 meses e 27 dias como diretor de Record. Deixo o jornal na liderança da imprensa especializada em desporto: temos mais leitores, vendemos mais jornais, faturamos mais publicidade, apresentamos melhores resultados, ou seja, damos mais valor aos acionistas. Olhando, aliás, para os números da APCT de um dos nossos concorrentes e conhecendo as tiragens do outro, posso mesmo acrescentar aquilo que, sendo óbvio, se tenta por vezes negar: nunca estivemos tão à frente.

Mas os tempos vão difíceis, as receitas revelam tendência para continuar em queda, o consumo desce para níveis perigosos, a crise anuncia que não ficará pedra sobre pedra no que antes nos pareciam sólidos edifícios. As empresas que não enfrentarem as dificuldades com coragem e que não sejam capazes de reduzir os custos e enfrentar o futuro com criatividade e novas energias fecharão as portas – ou ficarão irremediavelmente para trás.

Na última década, dediquei a maior parte da minha vida ao Record. Deixei de ler muitos livros, de ver muitos filmes, de apreciar muita música, de desfrutar com a família e de fazer aquilo a que um homem na minha idade jamais deve renunciar: aproveitar cada dia como se não houvesse outro.

Em vez disso, cumpri semanas de 60 horas, cheguei a trabalhar um mês sem descanso, escrevi uma crónica diária (sem falhar uma edição!) na última página durante anos, acumulei meses de férias e folgas por gozar, prejudiquei a saúde e provavelmente reduzi o meu prazo de validade. Mas diminuí os custos editoriais em quase 40% num período em que a inflação acumulada agravou 20% esses custos.

Imprimi a minha marca no jornal e vi partir dezenas de companheiros que não se adaptaram à mudança, que tinham salários superiores às responsabilidades que queriam assumir ou à qualidade do seu desempenho, ou para os quais, simplesmente, deixou de haver espaço no jornal. Sofri com o seu sofrimento, levo comigo os seus rostos perdidos, mas mantive o foco nos resultados e na determinação indispensável para que o Record continuasse líder, resistisse à crise e garantisse trabalho a mais de uma centena de jornalistas, gráficos e técnicos de apoio. 

Criei regras, impus rotinas, constituí um “núcleo duro” – em que poucos pareciam querer participar… – lutei contra o conformismo e contra a pressão dos interesses instalados. E procurei seguir uma linha editorial mais jovem, inquieta e diferenciadora, numa imprensa “desportiva” estagnada, refém de estereótipos e de fórmulas ultrapassadas. Os conceitos inovadores que criámos foram tantos – do Senado Record ao Prémio Artur Agostinho, passando pelo Código 30, pelas análises de A a Z, pelo TotoRecord, pelo Fora de Campo, pelo Mister Chefe, pelo Tribunal Popular, pelo Jogo da Vida, pelas Conversas de Sábado ou pelo Record de Ouro – que se torna impossível referi-los todos. 

Essa tarefa revestiu-se de sucesso. Os resultados financeiros, entre 2003 e 2012, corresponderam à expectativa do acionista e até os deste primeiro semestre, na atual e dificílima conjuntura, me permitem sair com o sentimento do dever cumprido. Não faltaria quem fizesse diferente, duvido – imodestamente é certo – que se fizesse melhor.

Existe, porém, outra realidade. Os cemitérios estão cheios de quem um dia se julgou insubstituível e só a mudança faz o Mundo avançar. E a verdade é que Record tem uma boa margem de progressão, um caminho a trilhar, uma renovação por fazer, gente jovem e entusiasta que pede estímulo, exige oportunidades, adora desafios e está pronta a enfrentar a crise e a derrotá-la. Sinto que já não sou o almirante dessa batalha, não sei se conseguiria ultrapassar com sucesso esse temível Adamastor. E preciso da minha vida de volta, ambiciono ainda abrir-lhe outro ciclo antes do ciclo final.

Quisemos, eu e a Administração da Cofina, procurar um ponto de encontro neste desencontro de interesses que momentaneamente nos afastou. E lá chegámos. Não só na dignidade com que foi tratada a minha renúncia, como na opção feliz pelo novo diretor, um colunista de referência de Record, um jornalista que admiro há 30 anos, um conhecedor profundo do desporto em geral e do futebol em particular, um homem de princípios – João Querido Manha. 

Contra a sua vontade, não escreverei no Record durante algum tempo, mas é como se o fizesse, não numa crónica semanal mas todos os dias, como incentivo permanente à renovação que o João encetará, à motivação que todos terão de encontrar para lhe corresponder, à manutenção daquilo que é talvez – e sou outra vez imodesto – o meu verdadeiro legado: a capacidade que adquirimos de nos esforçarmos mais para sermos melhores.

Agradeço à Administração da Cofina a sua confiança até este último dia e a forma como me fez sentir tão importante no momento da chegada como na hora do adeus. E que, afinal, me deixa partir e ficar com a porta aberta.

Agradeço muito particularmente a dois amigos: ao Alberto do Rosário, pela oportunidade do “24 Horas” e depois do Record, por estes 13 anos inesquecíveis, e ao Luís Santana pelo apoio total e persistente que me permitiu cumprir um ciclo e concretizar aquilo para que vim: apresentar resultados.

Agradeço ao “núcleo duro” do jornal, em especial ao António Magalhães, meu “compagnon de route”, pela luta fraterna, solidária e gigantesca que travámos juntos. Nunca esquecerei jornalistas tão dedicados, tão sérios e tão qualificados. Agradeço a todos os companheiros – com um aceno especial à “ínclita geração” da Hora Record –, tanto aos que vejo preocupados com o futuro como aos que sinto felizes por me verem pelas costas. Precisei de todos e a todos peço desculpa pelo que não fui capaz de realizar e por aquilo em que lhes terei faltado.

A minha derradeira palavra vai, nem podia ser de outro modo, para os leitores. Desde aqueles que leram, há 49 anos (ai, ai…), a primeira crónica do escriba no “Mundo Desportivo”, aos que tomaram conhecimento de que existo, quem sabe, com estas linhas. Tudo consegui convosco, pelo que vos deixo o meu obrigado e uma certeza: continuarei por aí a abusar da vossa infinita paciência. Até amanhã, meus amigos.

Minuto 0, publicado na edição impressa de Record de 18 julho 2013, a última em que o meu nome saiu no cabeçalho do jornal

Administração da Cofina reconhece publicamente o meu trabalho

17 Julho, 2013 0

De: Luis Santana
Enviada: quarta-feira, 17 de Julho de 2013 11:44
Para: Geral
Assunto: Agradecimento

Passaram 10 anos e até parece que foi ontem que conheci o Alexandre Pais e lhe entreguei um enorme desafio: assumir a direção editorial do Record com o objetivo de fazer do jornal um produto DIFERENCIADOR, requisito identificado como fundamental para a evolução da publicação.

Desafio aceite, cedo percebemos que a escolha superava a ambição criada. À capacidade criadora aliava-se uma esclarecida capacidade de gestão, fator determinante para a vida do Record nesta ultima década de dificuldades imensas.

Com muito esforço, rigor e dedicação se fez o caminho que hoje nos deixa o legado de um Record líder em circulação, líder em audiências e sobretudo líder na capacidade de antecipar tendências. Tudo isto num mundo virado do avesso que obrigou a tomadas de decisão difíceis mas inevitáveis e verdadeiramente corrosivas do bem-estar de quem as definia e implementava, mossas irreparáveis que o Alexandre nos confidenciou não querer repetir.

Na hora de nos deixar, fica a sensação de só se perder a presença física diária do profissional porque a impressão digital garantidamente perdurará na história do jornal Record e do Grupo Cofina.

Em meu nome pessoal e da Administração da Cofina deixo um enorme abraço de reconhecimento pelo trabalho feito pelo Alexandre e o desejo sincero de que tudo corra pelo melhor nesta nova fase da sua vida.

Luis Santana

Administrador
Cofina Media

Último Canto Direto: uma frase, uma vida

15 Julho, 2013 0

Com o devido respeito: jamais iria à RTP Memória. Gosto mais de olhar para a frente do que para trás e custa-me ver pessoas que foram extraordinárias nas mais diversas áreas a viverem sistematicamente voltadas para o que fizeram e para a necessidade de recordar, a todo o momento, quão importantes foram. Mas isso não me leva, nunca, a desprezar o passado, pelo contrário, procuro honrá-lo e respeitar todos aqueles que, ao longo dos tempos, foram grandes nas suas atividades.

A poucos dias de deixar a direção de Record, após dez intensos anos que mais me pareceram 20, quero resistir a referir tanto o que consegui como aquilo em que falhei – encontraria de tudo e de nada adiantaria. Mas dos muitos excelentes momentos que vivi, dos muitos gestos solidários e generosos de tantos camaradas e amigos – que levarei comigo para me iluminarem não o passado mas o novo ciclo de vida que iniciarei – não hesito em destacar um dos que me foram mais gratos. Pelo conteúdo, pela companhia e por ter vindo de quem veio.

Em 2009, no 60.º aniversário de Record, Jorge Sampaio teve a gentileza de nos dedicar uma mensagem de felicitações, de que me permito sublinhar este parágrafo: “No Record, companheiro de tantos momentos, começo por ler a segunda página – a tal doutrina; vou depois à última – em especial o Daniel Oliveira, lúcido cidadão das minhas cores “clubísticas” e que, como deve ser, não poupa ninguém; a seguir, procuro para ver se o Diretor escreveu porque gosto muito de o ler – tem a vida por ele e o currículo, coisa que sempre ajuda”. Reler isto compensa-me de milhares de horas de dúvidas e receios, sofrimento e solidão.

Tem sido um orgulho servir os 900 mil leitores de Record – e um privilégio servi-lo, Presidente.

Último Canto Direto, publicado na edição impressa de Record de 13 julho 2013

Com o devido respeito: jamais iria à RTP Memória. Gosto mais de olhar para a frente do que para trás e custa-me ver pessoas que foram extraordinárias nas mais diversas áreas a viverem sistematicamente voltadas para o que fizeram e para a necessidade de recordar, a todo o momento, quão importantes foram. Mas isso não me leva, nunca, a desprezar o passado, pelo contrário, procuro honrá-lo e respeitar todos aqueles que, ao longo dos tempos, foram grandes nas suas atividades.
A poucos dias de deixar a direção de Record, após dez intensos anos que mais me pareceram 20, quero resistir a referir tanto o que consegui como aquilo em que falhei – encontraria de tudo e de nada adiantaria. Mas dos muitos excelentes momentos que vivi, dos muitos gestos solidários e generosos de tantos camaradas e amigos – que levarei comigo para me iluminarem não o passado mas o novo ciclo de vida que iniciarei – não resisto a destacar um dos que me foram mais gratos. Pelo conteúdo, pela companhia e por ter vindo de quem veio.
Em 2009, no 60.º aniversário de Record, Jorge Sampaio teve a gentileza de nos dedicar uma mensagem de felicitações, de que me permito destacar este parágrafo: “No Record, companheiro de tantos momentos, começo por ler a segunda página – a tal doutrina; vou depois à última – em especial o Daniel Oliveira, lúcido cidadão das minhas cores “clubísticas” e que, como deve ser, não poupa ninguém; a seguir, procuro para ver se o Diretor escreveu porque gosto muito de o ler – tem a vida por ele e o currículo, coisa que sempre ajuda”. Reler isto compensa-me de milhares de horas de dúvidas e receios, sofrimento e solidão.
Tem sido um orgulho servir os 900 mil leitores de Record – e um privilégio servi-lo, Presidente.

Jesus entre o sonho e a realidade

6 Julho, 2013 0

A entrevista de Jorge Jesus à Benfica TV foi um festival de autoconfiança. Desde logo da própria estação, que se lança agora em altos voos e que recorreu ao “savoir faire” de um vice-presidente-jornalista para entrevistar o técnico. Depois, do próprio Jesus, que aos 58 anos atravessa o que pode ser o cume da sua carreira.

O treinador, que inicia a sua quinta época consecutiva no Benfica – como Otto Glória nos anos 50, ou mais tarde Toni e Eriksson, de forma intercalada, proeza de “longevidade” que já ninguém lhe tira – foi igual a si próprio, elevando a fasquia ao máximo: quer ser campeão nacional, estar nas finais da Champions, da Taça de Portugal e da Taça da Liga, e naturalmente ganhá-las.

Embalado, manifestou também a convicção de que o Benfica está mais perto de recuperar a “hegemonia do futebol português”. Aí, porém, o caso fia mais fino. Os encarnados podem até reivindicar de imediato parte dessa “hegemonia”, pois foram campeões em juniores e juvenis, e o seu maior rival perdeu, além desses campeonatos, igualmente o de iniciados, para o Sporting. 

A questão é que Dona Hegemonia precisa de títulos da equipa principal, muitos, e títulos repetidos ao longo de vários anos. E como, nas derradeiras quatro épocas, o Benfica só venceu um campeonato e três Taças da Liga, o que falta pedalar para alcançar esse objetivo pode ser demasiada estrada para os dois anos de contrato do treinador.

Por isso, mais do que espalhar boas intenções quanto ao futuro a entrevista valeu pelos recados voltados para o presente, desde o “perdão” a Artur à esperança depositada na qualidade de Lisandro, passando pela remota esperança no regresso de Coentrão e na permanência de Matic, bem como na maneira como Jesus “despachou” Cardozo de vez, voltando a condenar o que já estava condenado e terminando com uma frase significativa: “O presidente dará a resposta”.

Como poderá ter de dar outras, se entrando no domínio da realidade se mantiver o estado de ficção.

Canto direto, publicado na edição impressa de Record de 6 julho 2013

A entrevista de Jorge Jesus à Benfica TV foi um festival de autoconfiança. Desde logo da própria estação, que se lança agora em altos voos e que recorreu ao “savoir faire” de um vice-presidente-jornalista para entrevistar o técnico. Depois, do próprio Jesus, que aos 58 anos atravessa o que pode ser o cume da sua carreira.
O treinador, que inicia a sua quinta época consecutiva no Benfica – como Otto Glória nos anos 50, ou mais tarde Toni e Eriksson, de forma intercalada, proeza de “longevidade” que já ninguém lhe tira – foi igual a si próprio, elevando a fasquia ao máximo: quer ser campeão nacional, estar nas finais da Champions, da Taça de Portugal e da Taça da Liga, e naturalmente ganhá-las.
Embalado, manifestou também a convicção de que o Benfica está mais perto de recuperar a “hegemonia do futebol português”. Aí, porém, o caso fia mais fino. Os encarnados podem até reivindicar de imediato parte dessa “hegemonia”, pois foram campeões em juniores e juvenis, e o seu maior rival perdeu, além desses campeonatos, igualmente o de iniciados, para o Sporting. 
A questão é que Dona Hegemonia precisa de títulos da equipa principal, muitos, e títulos repetidos ao longo de vários anos. E como, nas derradeiras quatro épocas, o Benfica só venceu um campeonato e três Taças da Liga, o que falta pedalar para alcançar esse objetivo pode ser demasiada estrada para os dois anos de contrato do treinador.  
Por isso, mais do que espalhar boas intenções quanto ao futuro a entrevista valeu pelos recados voltados para o presente, desde o “perdão” a Artur à esperança depositada na qualidade de Lisandro, passando pela remota esperança no regresso de Coentrão e na permanência de Matic, bem como na maneira como Jesus “despachou” Cardozo de vez, voltando a condenar o que já estava condenado e terminando com uma frase significativa: “O presidente dará a resposta”. Como poderá ter de dar outras, se entrando no domínio da realidade se mantiver o estado de ficção.