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As brigadas de suposta proteção da pureza jornalística – uma fauna que trabalha pouco, mete o bedelho em tudo e odeia em particular que os órgãos de informação obtenham receitas e equilibrem as con..." /> — ler mais..

As brigadas de suposta proteção da pureza jornalística – uma fauna que trabalha pouco, mete o bedelho em tudo e odeia em particular que os órgãos de informação obtenham receitas e equilibrem as con..." /> Quinta do Careca - Record

Quinta do Careca

Com Sócrates, Relvas ataca a alternativa

31 Março, 2013 0

As brigadas de suposta proteção da pureza jornalística – uma fauna que trabalha pouco, mete o bedelho em tudo e odeia em particular que os órgãos de informação obtenham receitas e equilibrem as contas – atacaram desta vez a “liberdade” com que o diretor de informação da RTP convidou José Sócrates para analista político, a troco apenas, ao que parece, do tempo de antena.

Melhor fora que, ao invés de dizerem e escreverem o contrário do que defendem quando lhes convém, atingissem o alvo: não é o jornalista – coitado! – quem decide contratar Sócrates, mas a “máquina” que o Governo instalou na estação pública para seu próprio serviço.

Os críticos de Miguel Relvas deviam, aliás, tirar o chapéu à estratégia. O ex-primeiro-ministro irá ensinar Seguro a fazer oposição e, com isso, fragilizará menos o já frágil Executivo e mais a alternativa, deixando a escolha da fome como opção à vontade de comer. Genial.

Nota – Peço desculpa por não comentar a entrevista de Sócrates à RTP, mas doeu-me demasiado a crueldade com que o falcão desfez os passarinhos.

Antena paranóica, publicado na edição impressa do “Correio da Manhã” de 30 março 2013

Crónicas da Sábado: uma realidade que dói

29 Março, 2013 0

Em criança, não tinha especial interesse por animais. Um dos meus tios domesticara um pintassilgo, que lhe saltava de um ombro para o outro e recolhia sozinho à gaiola, e isso mexia comigo. Afinal, alguém me havia explicado, creio que por causa dos leões e dos elefantes dos circos, que só se conseguia ensinar os pobrezinhos se se tivesse a chave da despensa. Ou seja, passam fome até fazerem o que se lhes manda e deixarem pôr o pé no pescoço. Não gostava disso, e ainda hoje não gosto, talvez por tentativas goradas de me domarem se terem acumulado no currículo.

Com o tempo, foi-se a compaixão e chegou a era da grande confraternização. E aos 20 e poucos anos geri mesmo uma espécie de jardim zoológico. Começou por um aquário enorme, carregado de peixinhos que se devoravam uns aos outros. Atrás deles vieram os hamsters, cujo cheiro se tornou insuportável, o que abriu alas à passarada. De periquitos a canários, com criação e tudo, passando por bicos-de-lacre e catatuas, fui somando gaiolas que se transformavam num inferno na hora da limpeza – e que interminável hora essa… Seguiram-se os pintos, os patos e mais tarde os cães, que atacavam as galinhas, e os coelhos, maníacos da comida e da reprodução. E tudo acabou nos pombos, primeiro os de leque, belíssimos, depois os cambalhota, espectaculares, e a terminar os correios, misteriosos. Ao fechar o pombal, quebrei a ligação aos animais, ou melhor dito, dediquei-me só a um.

Entretanto, prossegui o processo de mudança e hoje vivo a fase insensível. Continuo a gostar de bichinhos, até porque pretendo que a minha filha mais nova cresça no respeito pela Natureza, mas não aceito proximidade outra vez. Sofri alguns desgostos e isso bastou-me. E maior distância ainda quero manter com os fundamentalistas que cozem lagostas vivas, escolhidas diretamente dos tanques para as panelas, nos restaurantes de luxo, e entram em histeria nas ridículas campanhas de suposta defesa dos animais.

Surpreende-me que não haja, antes, movimentos de proteção das pessoas contra o drama que as atinge: dos jovens sem futuro aos idosos enganados e roubados, dos desempregados sem esperança às crianças com fome, dos insolventes que perdem a casa aos que viram destruídos todos os seus sonhos.

Os animaizinhos que inundam o Facebook, em fotos enternecedoras e bonitas mensagens de donos embevecidos, não têm culpa das misérias humanas. Mas pertencem a esse pequeno mundo que coloca num limbo a gravidade e a dimensão dos problemas. Os pratos vazios dos desesperados que já nada aguardam da vida é que são a realidade. E ela dói.

Observador, crónica publicada na edição impressa da Sábado de 27 março 2013. Tema de Sociedade da semana: o “amor” aos animais

Nesta história do Papa a hipocrisia ajudou à missa

24 Março, 2013 0

Tive uma educação católica e serei a última pessoa a não respeitar a fé alheia, seja o que for aquilo em que cada um acredite. Mas o que temos visto com o novo Papa, a nível de informação, ultrapassa o razoável.

Quando não havia fumo branco, foi inacreditável o número de jornalistas que os diversos canais portugueses – com a RTP à cabeça, claro, que 2013 ainda é ano de forrobodó – puseram na praça de S. Pedro, a olhar para a chaminé e a proferir banalidades sem fim. Até em Castel Gandolfo, para onde se retirou o Papa emérito, sobravam repórteres a apontar para uma janela fechada que todos sabemos que jamais se abrirá…

Esta semana, com a “entronização”, não se repetiu a quantidade, mas a qualidade continuou deficitária, fazendo pele de galinha a reverência com que alguns pecadores de capa de revista se referiam ao Papa, utilizando um palavreado tão bajulador que pôs a hipocrisia a ajudar à missa.

Que terão sentido os seguidores de outras religiões? Por certo, o mesmo desconforto que os católicos não fanáticos. Afinal, o unto é um repelente.

Antena paranóica, publicado na edição impressa do CM de 23 março 2013

Não é uma equipa mas um ajuntamento de jogadores

23 Março, 2013 0

Cheguei ontem a temer o pior quando os israelitas fizeram o 3-1 à seleção portuguesa ou à equipa fantasma que envergava as nossas camisolas, sei lá. E o pior seria, para além da derrota, outra goleada.

Sim, outra, que eu bem me lembro do que aconteceu em Telavive, no primeiro Israel-Portugal, ao final da tarde de 28 de outubro de 1980: um ambiente completamente hostil – havia até soldados a ver o jogo, sentados com a arma a seu lado, e arame farpado (!) nas bancadas –, um vendaval de futebol do onze da casa, que corria até à exaustão, uma lesão de Rodolfo, gravíssima, e um marcador pesado no final, 4-1. 

Não me contaram, eu estava lá. Com o saudoso Carlos Arsénio, aqui do Record, com o grande Fernando Pires, referência do “Diário de Notícias”, com o Joaquim Rita, então em “A Bola” e um dos jornalistas portugueses que mais percebe de futebol, e muitos outros companheiros, sim, que naquela altura não havia internet, nem telemóveis, e a TV a cores tinha meses. As notícias não nos entravam em casa sem licença, como hoje – era preciso ir buscá-las onde elas estivessem.

Não se julgue, por isso, que as más exibições da Seleção são de agora, de antes ou depois de Scolari, não, são de sempre. Porque, em boa verdade, as turmas nacionais não são verdadeiras equipas, mas apenas ajuntamentos de jogadores.

As equipas formam-se treinando muito, criando rotinas e cumplicidades, ganhando o espírito de corpo que permite depois trabalhar e sofrer em conjunto, fazer aquele esforço suplementar que o corpo rejeita e o adversário não espera. Não é reunindo, por breves dias, estrelas milionárias e outras não assim tão estrelas, nem tão milionárias, que se constrói uma equipa ganhadora.

Portugal joga ao sabor da inspiração, da boa vontade e do vento. Ontem, faltou isso tudo e empatámos. Com o segundo do grupo e no seu terreno? Menos mal. Que terça-feira não seja pior – para se respirar de alívio e adeus, até à próxima.

Canto direto, publicado na edição impressa de Record de 23 março 2013

Cheguei ontem a temer o pior quando os israelitas fizeram o 3-1 à seleção portuguesa ou à equipa fantasma que envergava as nossas camisolas, sei lá. E o pior seria, para além da derrota, outra goleada.
Sim, outra, que eu bem me lembro do que aconteceu em Telavive, no primeiro Israel-Portugal, ao final da tarde de 28 de outubro de 1980: um ambiente completamente hostil – havia até soldados a ver o jogo, sentados com a arma a seu lado, e arame farpado (!) nas bancadas –, um vendaval de futebol do onze da casa, que corria até à exaustão, uma lesão de Rodolfo, gravíssima, e um marcador pesado no final, 4-1. 
Não me contaram, eu estava lá. Com o saudoso Carlos Arsénio, aqui do Record, com o grande Fernando Pires, referência do “Diário de Notícias”, com o Joaquim Rita, então em “A Bola” e um dos jornalistas portugueses que mais percebe de futebol, e muitos outros companheiros, sim, que naquela altura não havia internet, nem telemóveis, e a TV a cores tinha meses. As notícias não nos entravam em casa sem licença, como hoje – era preciso ir buscá-las onde elas estivessem.
Não se julgue, por isso, que as más exibições da Seleção Nacional são de agora, de antes ou depois de Scolari, não, são de sempre. Porque, em boa verdade, as turmas nacionais não são verdadeiras equipas, mas apenas ajuntamentos de jogadores.
As equipas formam-se treinando muito, criando rotinas e cumplicidades, ganhando o espírito de corpo que permite depois trabalhar e sofrer em conjunto, fazer aquele esforço suplementar que o corpo rejeita e o adversário não espera. Não é reunindo, por breves dias, estrelas milionárias e outras não assim tão estrelas, nem tão milionárias, que se constrói uma equipa ganhadora.
Portugal joga ao sabor da inspiração, da boa vontade e do vento. Ontem, faltou isso tudo e empatámos. Com o segundo do grupo e no seu terreno? Menos mal. Que terça-feira não seja pior – para se respirar de alívio e adeus, até à próx

Aumentam as receitas no digital do The New York Times

22 Março, 2013 0

The New York Times is growing digital revenue by thinking like a retailer

There is light and shade in a successful paid content business model. It's not as simple as turning on the paywall and counting the cash – the New York Times' hybrid model is constantly evolving, based on science and market evidence. With 640,000 digital subscriptions, it's doing something right.

As Paul Smurl, VP of paid products at NYTimes.com, told the Digital Innovators' Summit in Berlin on Tuesday, the learning process was on-going and a whole range of innovations and attitude shifts had increased revenue for the “grey lady”… 

Editorial call to action

When NYTimes.com first launched its metered model its pop-up call-to-action banner advert that forced its way on too everyone's screen was, ironically, a huge barrier to new sign-ups.

“People thought it was an ad and and and wanted to skip it,” says Smurl. “They valued us and wanted to support us but they wanted us to get out of the way. Editorial voice works better.”

Thinking like a retailer

“Just because you've sold subscription in print – I know it's an obvious point – but that doesn't mean you can do it online.”

To get to 640,000 digital subscribers – in addition, 80 percent of print subscribers have activated an online sub, some 900,000 people – the Times borrowed from the Financial Times marketing playbook and started targeted registered users depending on the likelihood they will pay.

“Here we took a page from the FT – we have 30 million registered users who we profile depending on their propensity to pay.”

At the same time the site improved its billing technology – “boring, but incredibly effective” – and experimented with Black Friday-style event sales with big discounts available for a 24 hour window.

Commercial paywall partnerships

One method to bring more people into the paywall for free while still making money is the Most Engaged User Programme. In 2011 the Times started offering free access worth $150 a year to up to 200,000 highly engaged readers in partnership with car company Lincoln.

The users get free content access, Lincoln gets to market to those users and heap of positive engagement (AdAge has more on how it works). 

More lower-end products

A fairly frequent critique of the NYT and other paywalls news orgs is that there's very little for the non-premium customer – $150 a year is out of the reach of many would-be readers. It sounds like the Times is listeing:

“We want new paid products especially at the entry level, sub-$10, there's a huge market for that,” says Smurl.

At the same time, he hopes the Times can expand much more overseas, as well as shure up more device-based subscriptions – just as music player Spotify comes pre-installed with some smartphones.

Attack of the snail 

 That's all good progress and healthy innovation. But it's also worth mentioning the winding route the Times took to get here.

Smurl admits the organisation took years making its mind up on whether to go paid online. The conclusion was “there is no reason to look for marginal growth when you are not selling out all your (ad) inventory.”

But not before some epic market research involving 150 different product bundles and iterations, which were put before a parade of user test groups.

30 anos, tanto tempo…

19 Março, 2013 0

Tive ontem o prazer de rever Artur Jorge. Não sendo dado a atos sociais, recordo-me do nosso último encontro, na Praia da Rocha, treinava ele o Portimonense e dirigia eu o “Off-side”, em finais de 1982 – fez 30 anos, que Deus misericordioso nos acuda. 
Era sábado, o Artur guiava o carro e o Bessa Tavares, que era, creio, chefe do departamento de futebol do emblema algarvio, levava na mão, no lugar do pendura, os bilhetes para o jogo do dia seguinte, destinados à malta do jornal.
Como é a vida. Dias antes da visita do “Rei” Artur à redação – para participar na estreia da Hora Record na CM TV (pág. 35) – vi, na entrevista de Octávio Ribeiro ao nosso jornal, o diretor do “Correio da Manhã” e do projeto de televisão da Cofina reconhecer o muito que aprendeu com Bessa Tavares, “o homem que é talvez aquele que mais sabe de televisão em Portugal”.
Moral da história: somos poucos e o país é pequeno. Grandes só os anos que passam e essa é que é a chatice.

Tive ontem o prazer de rever Artur Jorge. Não sendo dado a atos sociais, recordo-me do nosso último encontro, na Praia da Rocha, treinava ele o Portimonense e dirigia eu o “Off-side”, em finais de 1982 – fez 30 anos, que Deus misericordioso nos acuda. 

Era sábado, o Artur guiava o carro e o Bessa Tavares, na altura, creio, chefe do departamento de futebol do emblema algarvio, levava na mão, no lugar do pendura, os bilhetes para o jogo do dia seguinte, destinados à malta do jornal.

Como é a vida. Dias antes da visita do “Rei” Artur à redação – para participar na estreia da Hora Record na CM TV (pág. 35) – vi, na entrevista de Octávio Ribeiro ao nosso jornal, o diretor do “Correio da Manhã” e do projeto de televisão da Cofina reconhecer o muito que aprendeu com Bessa Tavares, “o homem que é talvez aquele que mais sabe de televisão em Portugal”.

Moral da história: somos poucos e o país é pequeno. Grandes só os anos que passam e essa é que é a chatice.

Passe curto, publicado na edição impressa de Record de 19 março 2013

Crónicas da Sábado: a solução é passar fome

18 Março, 2013 0

Tenho uma qualidade inestimável desde que me conheço: engordo e emagreço conforme me apetece. O que, sendo verdade, já não é hoje totalmente assim, mas mais como os médicos vão arengando, conhecendo como conhecem melhor que ninguém a nossa fraqueza face à velha ilusão da imortalidade.

Nos idos de 70, quando passei a ter três ocupações – de manhã o Diário de Lisboa, de tarde e de madrugada a Emissora Nacional, e à noite, três vezes por semana, o Núcleo de Teatro da EDP, então CRGE – e deixei de jogar voleibol, limitando a atividade física às futeboladas de sábado de manhã, engordei e cheguei aos 90 quilos. Com 1 metro e 90, eis a autêntica besta.

Aos 30 anos, uma intervenção cirúrgica fez-me baixar de 84 para 74 quilos, o valor mais reduzido de sempre. Desde então, o sobe e desce da balança situou-se entre os 82 e os 85, sendo esta última a marca que se registava há dois anos, altura em que uma crise vagal – sequela da tal intervenção que tornou o nervo vago numa inutilidade – me forçou a tomar medidas drásticas: deixar cair o peso até aos 77 quilos que tenho agora, o que consegui em pouco mais de dez dias, comer só com a garantia de que vou andar quilómetros a seguir e ainda abolir meia dúzia de alimentos com os quais o fígado e o resto nunca conseguiram manter uma relação de não agressão.

Foram dias interessantes, em que senti a comiseração de alguns amigos e a alegria discreta de outros menos amigos, pois a súbita quebra de peso e o consequente aumento das rugas na cara juntaram-se à bola de bilhar da careca, o que fez com que a suposição de doença grave se instalasse nos espíritos.

Por tudo isto e por jamais ter gasto um cêntimo com nutricionistas e produtos para dietas, divirto-me um bocado – quando a questão não é de saúde, claro – com os esforços, muitos deles infrutíferos, que tanta gente desenvolve para enfrentar a ditadura da balança. E num tempo em que, na televisão, ouço curiosos a dar sentenças, do foro clínico como do jurídico, sem que as respetivas ordens atuem ou sequer se incomodem, bem poderia eu editar também um livrinho com bitaites sobre comes e bebes, a ver se me orientava.

Ou talvez não, em boa verdade o meu segredo – que consiste simplesmente em não comer, passar fome, ponto final – não pode ou não deve ser seguido pelo comum dos mortais. Acho que é até bastante perigoso por causa da baixa repentina dos níveis disto e dos índices daquilo. Aconselhável, mesmo, é permitir que as pessoas encham as panças com o que quiserem para depois tomarem umas drogas que, obviamente, produzem efeitos limitados. É como tudo na vida: há que sofrer. Quem não estiver para isso, paga ao dietista.

Observador, publicado na edição impressa da Sábado de 14 março 2013

Hora Record arranca hoje na CMTV

Esta é a equipa da Hora Record. São jornalistas jovens – a média de idades é de 26 anos – que se
esforçam muito e que investem na profissão e na especialização. Vamos gostar do seu trabalho!