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Filipe da Silva, como sempre escrevi, ou Philipe da Silva, como sempre foi tratado em França, encerrou no passado fim-de-semana, aos 36 anos, a sua carreira basquetebolística. Tive conhecimento da..." /> Olhos de ver - Record

Olhos de ver

Filipe da Silva: um português “a sério”

24 Maio, 2016 0

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Filipe da Silva, como sempre escrevi, ou Philipe da Silva, como sempre foi tratado em França, encerrou no passado fim-de-semana, aos 36 anos, a sua carreira basquetebolística. Tive conhecimento da notícia pelas redes sociais e, de imediato, fui buscar memórias de grandes momentos passados a ver o Filipe jogar, principalmente ao serviço da Selecção Nacional.

Não sei quantos jogos vi do Filipe com a camisola nacional. Acredito que a maioria dos que disputou, seguramente os mais importantes (as fases finais do Campeonato da Europa em Espanha e na Lituânia) e com toda a certeza aqueles em que melhor exprimiu a sua imensa qualidade: em Logroño, contra a Espanha, no primeiro compromisso dos nossos vizinhos depois de terem conquistado o Mundial; e em Paris, num torneio de preparação para o Europeu de Espanha, com a bancada repleta de familiares e amigos do Filipe.

Devo dizer, desde logo, que o Filipe foi um dos melhores jogadores portugueses de basquetebol que vi em acção. Mas, para mim, não era só pelo que fazia com a bola nas mãos que o Filipe se distinguia da maioria. A vontade, a alegria, a intensidade ou a disponibilidade que colocava em cada lance rapidamente faziam com que não passasse despercebido. De resto, pare ele, representar Portugal era algo sublime. Conheço outros casos de atletas, no basquetebol e não só, que vibravam (e vibram) tanto como ele a escutar o nosso hino, mas não me lembro de nenhum que o sentisse mais. Muito provavelmente, o facto de ter vivido longe de Portugal tornou-o um português ainda mais “a sério”.

Mas o Filipe também não é “só” isso. Quando o conheci, depois de muitos anos emigrado em França, era um rapaz que já não conseguia esconder o sotaque. Por isso, claro, era alvo de muitas brincadeiras dos colegas. Simpático e humilde reagia (quase) sempre a sorrir, sem se importar. Estar ali era o mais importante e as “palhaçadas” eram um óbvio sinal de aceitação no grupo.

Recordo com saudade as sessões de sueca que serviam para atenuar o stress próprio de quem tem no desporto não um “hobby”, mas sim uma profissão. Aí, confesso, o Filipe era um bom “freguês”. Embora nem sempre por culpa própria…

O Filipe deixou de jogar em França, depois de passagens também por Portugal e Espanha. Espero que continue ligado à modalidade e que passe por Portugal um destes dias para, ao vivo e a cores, lhe dar o abraço que lhe deixo desde já por aqui.

PS – Sei que o Filipe tem um sucessor à altura. Diz quem viu que o filho não engana. Se jogar com a alma do pai… não haverá mesmo margem para erro.