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Confirmou-se o esperado: Portugal afastou a Suécia e carimbou a qualificação para a fase final do Mundial do Brasil. Era preciso tanto sofrimento? Não, de forma alguma. Aliás, depois de constatar..." /> Olhos de ver - Record

Olhos de ver

Ronaldo merece a Bola de Ouro

20 Novembro, 2013 0

Confirmou-se o esperado: Portugal afastou a Suécia e carimbou a qualificação para a fase final do Mundial do Brasil. Era preciso tanto sofrimento? Não, de forma alguma. Aliás, depois de constatar que a Selecção é consideravelmente mais forte que o conjunto onde pontifica Ibrahimovic, continuo sem preceber como é que, na fase de grupos, empatámos duas vezes com Israel e outra (em casa) com a Irlanda do Norte. Foi por causa desses deslizes sem explicação que corremos sérios riscos de acompanhar a prova pela televisão. Podíamos ter calhado com a França no “playoff” e sei lá o que nos teriam inventado; podíamos ter visto os suecos animar ainda mais após o 2-1 de terça-feira e sei lá o que é que poderia ter acontecido… Tudo sem a mínima necessidade. E se até à data esta coisa do “mata mata” tem corrido de feição, se continuarmos a achar que devemos apostar tudo nessa segunda via de apuramento… qualquer dia ficamos mesmo apeados.

Portugal, é justo dizer, não tem hoje a mesma equipa de há uns anos. Falta, indiscutivelmente, a genialidade de elementos como Figo, Rui Costa, Deco ou João Vieira Pinto; a voz de comando de Fernando Couto, Jorge Costa ou Paulo Sousa; o talento de Jorge Andrade, Sérgio Conceição ou Simão; a regularidade de Miguel, Paulo Ferreira, Petit ou Ricardo Carvalho e, claro, o faro goleador de Pauleta ou Nuno Gomes. Mas, desenganem-se aqueles que pensam que possuímos um conjunto fraquinho, sem capacidade para, aqui ou ali, perante um adversário mais ou menos cotado, jogar para vencer. A Selecção Nacional pode derrotar qualquer opositor. Em casa, fora ou em terreno neutro. E historicamente, conforme Paulo Bento fez questão de salientar em Estocolmo, a equipa sobe de produção quando a fasquia da exigência está mais alta.

Não considero que Portugal seja um dos principais candidatos ao título no Mundial. Brasil, Espanha, Argentina e Alemanha são, para mim, os mais sérios pretendentes. Mas, numa segunda linha muito extensa, juntamente com Holanda, Itália, Inglaterra, França, Uruguai , Colômbia e Bélgica tem de figurar Portugal. E como o Campeonato do Mundo não é uma competição de todos contra todos, é possível chegar ao caneco tendo pela frente apenas duas-três das equipas teoricamente mais fortes. Logo, repito, os nossos jogadores têm de viajar para a América do Sul confiantes. Algum dia, aliás, penso que deixaremos de “cheirar” o título e ficaremos com ele. Seja num Mundial ou num Europeu.

Para sonhar alto, tal como para conseguir o passaporte para o Brasil, Portugal precisa de contar com os serviços de um sobredotado chamado Cristiano Ronaldo. O rapaz, dentro do campo, é um verdadeiro animal competitivo. E quando alia a vontade de vencer à velocidade estonteante e mistura ainda técnica fora do normal e capacidade atlética invulgar… temos uma “máquina”. Não digo que Ronaldo seja o melhor do Mundo. Para mim, em diversas situações, essa distinção encaixa melhor a Messi. No entanto, de momento, não restam dúvidas que é o português quem está por cima, quem encanta em praticamente todos os embates que disputa. O futebolista do Real Madrid carregou um país inteiro às costas durante o “playoff” e mostrou bem a sua fibra. Marcou todos os golos de Portugal à Suécia e rematou mais vezes, no somatório dos dois embates, que todos os jogadores nórdicos juntos.

Se me perguntassem há um mês quem iria ganhar a Bola de Ouro de 2013, responderia Ribéry. Agora, com este simpático alargamento do período de votação que o desprezível Joseph Blatter engendrou para limpar a sua imagem perante o prodígio madeirense… afirmo, convicto, que será Ronaldo. E pelo que tem feito ultimamente, o rapaz merece mesmo. Ainda assim, como muitos dizem, este troféu – com tanto esquema por baixo da mesa – parece ter os dias contados. A menos que alguém trate, rapidamente, de criar um sistema de votação limpinho, limpinho, como diria Jorge Jesus.

PS – Se Blatter fez de palhaço quando faltou ao respeito a Ronaldo (desde esse dia, o português ainda não deixou passar um jogo, no Real ou pela Selecção, sem marcar), o espanhol Tomás Roncero, jornalista do “As”, fez uma figura igualmente tonta quando, na terça-feira, se deixou filmar histérico a torcer por Portugal. Aquela excitação toda só porque Ronaldo é do Real Madrid não tem sentido algum. Ainda por cima porque a grande exibição na Suécia foi feita ao serviço da nossa Selecção. Gostava de o ver assim tão feliz da vida se o madeirense lograsse “espetar” três golinhos na Espanha. E também gostava de saber se Roncero chorou, em 2010, no Mundial da África do Sul, quando Ronaldo teve de vir para casa eliminado por um golo obtido em posição irregular por um David Villa que, dias depois, comemorou o título mundial… pela Espanha.