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Olhos de ver

Mourinho: mais um desaire a caminho

21 Maio, 2013 0

 

Mourinho: mais um desaire a caminho
Continuo a não saber se José Mourinho é o melhor treinador de futebol do Mundo. Aliás, essa eleição – como tantas outras – é bastante subjectiva, já que não se baseia em parâmetros de análise concretos, oferecendo a possibilidade de votar consoante o momento, o gosto pessoal, a simpatia que se nutre por este ou aquele, etc, etc. Para mim, inequívoco, é que o  setubalense é um dos melhores. Se é o número 1, o 3 ou o 5 parece-me perfeitamente irrelevante.
Mas, independentemente do posto que possa ocupar na hierarquia do futebol internacional, sempre considerei dispensável que se tratasse Mourinho por “Special One”. Nada tenho contra quem pensa ser legítimo, engraçado, original ou outra coisa qualquer referir-se ao treinador desse modo. Contudo, parece-me tal opção demasiado populista, razão pela qual penso nunca ter  apelidado Mourinho dessa forma. Como também jamais substituí o seu nome por “Mou” ou o de Cristiano Ronaldo por “CR7” ou “CR9”, por exemplo. 
Mourinho não tem culpa de alguém ter inventado para si a designação “Special One”, mas também é certo que rapidamente aceitou colar-se a ela. Fê-lo porque quis, por provavelmente ter achado piada e, seguramente, por considerar que havia ali algo de verdadeiro. Ele lá sabe. No entanto, por muito que o próprio (ou os seus muitos fiéis defensores) assim pense, Mourinho não é um Deus na Terra. Como não é Guardiola, Ancelotti, Alex Ferguson ou outro qualquer treinador. Mourinho é “apenas” um dos melhores técnicos da história do futebol. No entanto, como os restantes, do mais afamado ao desconhecido, não é dono da verdade absoluta, não é perfeito, comete erros, toma opções erradas, descontrola-se e por muito que ganhe jogos e troféus… não os vence todos. Por outras palavras… é humano.
E é na sua condição de terreno que José Mourinho acaba de selar a saída do Real Madrid. Pela porta pequena. Antes de acabar o vínculo contratual, em conflito com tudo e todos e, mais importante, sem conseguir cumprir o objectivo para o qual foi contratado e pelo qual o clube espanhol apostou uma imensidão de dinheiro: conquistar o décimo título europeu da história do emblema merengue.  
O anúnico da saída de Mourinho não foi uma surpresa e, segundo o próprio dissera há uns meses, ninguém gosta de estar num sítio onde não se sente muito estimado.  Tem razão. No entanto, ao invés da ideia que tentou transmitir nos últimos tempos, Mourinho não disse adeus ao Santiago Bernabéu por ter muitas ou poucas pessoas a assobiá-lo no estádio ou a criticá-lo na imprensa. O português abriu espaço ao adeus quando, de forma impensável, viu fugir-lhe a possibilidade de repetir o título da temporada passada ainda durante a primeira volta da Liga.
Cedo afastado de um despique que pensava poder ganhar com relativa facilidade – face ao sucesso do ano anterior, à saída de Guardiola do banco do Barcelona e à entrada em acção na Catalunha de um Tito Vilanova sem grandes credenciais como técnico principal numa formação de topo -, Mourinho apostou tudo na “Champions” e também falhou. Dirão os acérrimos defensores que foi só por um golo que não conseguiu ultrapassar o Borrússia de Dortmund e que esse remate certeiro até podia ter aparecido na segunda meia-final da prova. É verdade. Convém é não esquecer que, na Alemanha, o Real podia ter sofrido uma goleada ainda mais pesada e que em Madrid, antes dos golos merengues ao cair do pano, os germânicos desperdiçaram um ror de oportunidades.
Sem a possibilidade de lutar pela Champions, Mourinho entrou em descrença e, sendo inteligente, percebeu que seria despedido no final da época. Por isso, intensificou os discursos de pré-saída, tentou passar a mensagem de que era ele que, independentemente da vontade dos outros, pretendia ir embora. E foi comprando guerras. Com tudo e todos. Nessa ânsia descontrolada mas devidamente calculada, não se fixou apenas nos adeptos, jornalistas ou na estrutura dirigente. Como nunca se vira veio a público arrasar com alguns dos seus próprios futebolistas. As querelas com elementos preponderantes na conquista do título da época anterior foram perfeitamente invulgares e mostraram um Mourinho até então desconhecido. Mas em Espanha há quem garanta que foram mais, muitas mais. Hoje, ao invés do ouvi muita gente afirmar, não deve existir apenas um jogador que tenha trabalhado com Mourinho a falar mal dele…
Seja o melhor do Mundo ou não, Mourinho vai deixar o Real Madrid porque falhou. Nos resultados e não só. Foi uma surpresa? Não, pois ninguém ganha sempre e já se sabe que quem gosta de comprar guerras tende, mais tarde ou mais cedo, a ver o outro lado da barricada a fazer questão de acertar as contas no momento certo. Mourinho sempre soube que era assim, mas conscientemente optou por essa via. Foi uma opção legítima e que só a ele dizia respeito.
Entre muitas outras acções que provocaram desgaste em torno da sua imagem, Mourinho “esqueceu-se” de ir receber a medalha de finalista da Taça do Rei, minutos depois de ver o Atlético Madrid ganhar, após um jejum de 14 anos, ao Real, ainda por cima no Santiago Bernabéu.  Meses antes também tinha mostrado pouco fair-play ao ignorar o convite para a cerimónia de entrega dos troféus dos melhores do planeta. Posteriormente, justificou o facto por ter sido avisado que a votação teria sido alterada. Não sei se foi ou não, sei é que ele – bem como todos os futebolistas e treinadores que foram chamados a votar – não podia conhecer as votações antes do anúncio público. Apenas sabia que não era o vencedor, pois esses são informados dias antes da gala. Mais: continuo a considerar que se alguém tinha a certeza que iria acontecer uma qualquer tramóia… devia ter avisado antes. Publicamente.
Bom, mas a meses de distância, posso avisar José Mourinho que a derrota na próxima eleição para treinador do ano está já confirmada. A menos que alguém se encarregue de alterar muitos votos. Todos, digo eu…
PS – Consta que o futuro de Mourinho passa pelo Chelsea. Também aposto nisso. No entanto, o regresso a uma casa onde já foi feliz – e onde devem estar preparados vários cheques para aquisições – pode ser uma missão bem mais dura do que parece. Afinal de contas, o técnico volta em baixa e depois de outros terem conseguido no clube de Londres o que ele não logrou: ganhar a nível europeu. De resto, o adeus de Ferguson ao Manchester United pode facilitar a tarefa de Mourinho. No entanto, era isso que se esperava com a saída de Guardiola de Barcelona e o “filme” foi diferente.

Continuo a não saber se José Mourinho é o melhor treinador de futebol do Mundo. Aliás, essa eleição – como tantas outras – é bastante subjectiva, já que não se baseia em parâmetros de análise concretos, oferecendo a possibilidade de votar consoante o momento, o gosto pessoal, a simpatia que se nutre por este ou aquele, etc, etc. Para mim, inequívoco, é que o setubalense é um dos melhores. Se é o número 1, o 3 ou o 5 parece-me perfeitamente irrelevante.

Mas, independentemente do posto que possa ocupar na hierarquia do futebol internacional, sempre considerei dispensável que se tratasse Mourinho por “Special One”. Nada tenho contra quem pensa ser legítimo, engraçado, original ou outra coisa qualquer referir-se ao treinador desse modo. Contudo, parece-me tal opção demasiado populista, razão pela qual penso nunca ter apelidado Mourinho dessa forma. Como também jamais substituí o seu nome por “Mou” ou o de Cristiano Ronaldo por “CR7” ou “CR9”, por exemplo.

Mourinho não tem culpa de alguém ter seguido a designação “Special One” que ele próprio inventou quando chegou ao Chelsea, mas é certo que rapidamente aceitou colar-se a ela. Fê-lo porque quis, por provavelmente ter achado piada e, seguramente, por considerar que havia ali algo de verdadeiro. Ele lá sabe. No entanto, por muito que o próprio (ou os seus muitos fiéis defensores) assim pense, Mourinho não é um Deus na Terra. Como não é Guardiola, Ancelotti, Alex Ferguson ou outro qualquer treinador. Mourinho é “apenas” um dos melhores técnicos da história do futebol. No entanto, como os restantes, do mais afamado ao desconhecido, não é dono da verdade absoluta, não é perfeito, comete erros, toma opções erradas, descontrola-se e por muito que ganhe jogos e troféus… não os vence todos. Por outras palavras… é humano.

E é na sua condição de cidadão igual a todos os outros que José Mourinho acaba de selar a saída do Real Madrid. Pela porta pequena. Antes de acabar o vínculo contratual, em conflito com tudo e todos e, mais importante, sem conseguir cumprir o objectivo para o qual foi contratado e pelo qual o clube espanhol apostou uma imensidão de dinheiro: conquistar o décimo título europeu da história do emblema merengue.  

O anúncio da saída de Mourinho não foi uma surpresa e, segundo o próprio dissera há uns meses, ninguém gosta de estar num sítio onde não se sente muito estimado.  Tem razão. No entanto, ao invés da ideia que tentou transmitir nos últimos tempos, Mourinho não disse adeus ao Santiago Bernabéu por ter muitas ou poucas pessoas a assobiá-lo no estádio ou a criticá-lo na imprensa. O português abriu espaço ao adeus quando, de forma impensável, viu fugir-lhe a possibilidade de repetir o título da temporada passada ainda durante a primeira volta da Liga.

Cedo afastado de um despique que pensava poder ganhar com relativa facilidade – face ao sucesso do ano anterior, à saída de Guardiola do banco do Barcelona e à entrada em acção na Catalunha de um Tito Vilanova sem grandes credenciais como técnico principal numa formação de topo -, Mourinho apostou tudo na “Champions” e também falhou. Dirão os acérrimos defensores que foi só por um golo que não conseguiu ultrapassar o Borrússia de Dortmund e que esse remate certeiro até podia ter aparecido na segunda meia-final da prova. É verdade. Convém é não esquecer que, na Alemanha, o Real podia ter sofrido uma goleada ainda mais pesada e que em Madrid, antes dos golos merengues ao cair do pano, os germânicos desperdiçaram um ror de oportunidades.

Sem a possibilidade de lutar pela Champions, Mourinho entrou em descrença e, sendo inteligente, percebeu que seria despedido no final da época. Por isso, intensificou os discursos de pré-saída, tentou passar a mensagem de que era ele que, independentemente da vontade dos outros, pretendia ir embora. E foi comprando guerras. Com tudo e todos. Nessa ânsia descontrolada mas devidamente calculada, não se fixou apenas nos adeptos, jornalistas ou na estrutura dirigente. Como nunca se vira veio a público arrasar com alguns dos seus próprios futebolistas. As querelas com elementos preponderantes na conquista do título da época anterior foram perfeitamente invulgares e mostraram um Mourinho até então desconhecido. Mas em Espanha há quem garanta que foram mais, muitas mais. Hoje, ao invés do ouvi muita gente afirmar em tempos, não deve existir apenas um jogador que tenha trabalhado com Mourinho a falar mal dele…

Seja o melhor do Mundo ou não, Mourinho vai deixar o Real Madrid porque falhou. Nos resultados e não só. Foi uma surpresa? Não, pois ninguém ganha sempre e já se sabe que quem gosta de comprar guerras tende, mais tarde ou mais cedo, a ver o outro lado da barricada a fazer questão de acertar as contas no momento certo. Mourinho sempre soube que era assim, mas conscientemente optou por essa via. Foi uma opção legítima mas que, como qualquer outra, não funciona sempre.

Entre muitas outras acções que provocaram desgaste em torno da sua imagem em Espanha, Mourinho “esqueceu-se” de ir receber a medalha de finalista da Taça do Rei, minutos depois de ver o Atlético Madrid ganhar, após um jejum de 14 anos, ao Real, ainda por cima no Santiago Bernabéu. Meses antes também tinha mostrado pouco fair-play ao ignorar o convite para a cerimónia de entrega dos troféus dos melhores do planeta. Posteriormente, justificou o facto por ter sido avisado que a votação teria sido alterada. Não sei se foi ou não, sei é que ele – bem como todos os futebolistas e treinadores que foram chamados a votar – não podia conhecer as votações antes do anúncio público. Apenas sabia que não era o vencedor, pois esses são informados dias antes da gala. Mais: continuo a considerar que se alguém tinha a certeza de que iria acontecer uma qualquer tramóia… devia ter avisado antes. Publicamente.

Bom, mas a meses de distância, posso avisar José Mourinho que a derrota na eleição para treinador de 2013 está já confirmada. A menos que alguém se encarregue de alterar muitos votos. Todos, digo eu.

PS – Consta que o futuro de Mourinho passa pelo Chelsea. Também aposto nisso. No entanto, o regresso a uma casa onde já foi feliz – e onde devem estar preparados vários cheques para aquisições – pode ser uma missão bem mais dura do que parece. Afinal de contas, o técnico volta em baixa e depois de outros terem conseguido no clube de Londres o que ele não logrou: ganhar a nível europeu. De resto, o adeus de Ferguson ao Manchester United pode facilitar a tarefa de Mourinho. No entanto, era exactamente isso que se esperava com a saída de Guardiola de Barcelona e o “filme” foi diferente.