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Quando João Rocha deixou de liderar os destinos do Sporting, o meu pai – que era sócio há muitos anos – abandonou a filiação clubística. Um dia, já não me recordo a que propósito, pedi-lhe para e..." /> João Rocha: o presidente que falta ao Sporting - Olhos de ver - Record

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João Rocha: o presidente que falta ao Sporting

8 Março, 2013 642 visualizações

Quando João Rocha deixou de liderar os destinos do Sporting, o meu pai – que era sócio há muitos anos – abandonou a filiação clubística. Um dia, já não me recordo a que propósito, pedi-lhe para explicar a opção e fiquei à espera de uma resposta devidamente estruturada. Enganei-me. Mais palavra, menos palavra, limitou-se a dizer o seguinte. “A minha ideia do Sporting passava por uma equipa de futebol competitiva, mas também por um clube com modalidades fortes, capaz de ganhar em Portugal e de fazer boa figura lá fora. Sem João Rocha isso vai acabar rapidamente”. Nunca esqueci essa conversa. Porque fiquei admirado com o súbito desalento que evidenciava mas também porque os anos seguintes confirmaram a sua tese.

Com João Rocha o Sporting era, efectivamente, um grande. Em Portugal e no estrangeiro. Não ganhava sempre, como nenhum emblema ganha, mas entrava em todas as competições com o sucesso no horizonte. E pouco importava qual era a modalidade ou o escalão etário. Naquela altura, os sportinguistas tinham orgulho no seu clube e os adversários temiam as equipas de Alvalade. A sua saída de cena precipitou a queda que, com o passar dos tempos, se agravou tanto ou tão pouco que, hoje em dia, o Sporting quase só é notícia pelos motivos errados.

Ao longo dos anos tenho ouvido imensos dirigentes (ou os ditos notáveis) leoninos a falar do ecletismo e dos vários títulos do clube de Alvalade, mas a maioria deles, pura e simplesmente, devia evitar falar do tema. É que a menos que a definição da palavra tenha mudado, o Sporting há muito que deixou de ser eclético. Nenhum clube pode pretender ser reconhecido como tal quando, por exemplo, deixou de ter pavilhão, piscina ou pista de tartan. Como também não faz sentido considerar eclético um clube que desapareceu do basquetebol (disfarçar a coisa com uma equipa feminina não chega para considerar que se está de regresso à modalidade) e do voleibol e tem andado no hóquei em patins de forma intermitente. De resto, com excepção ao atletismo (durante muitos anos a “jogar” sozinho), ténis de mesa e futsal, que títulos significativos conquistou o Sporting nas últimas décadas? E verdadeiramente o que fizeram dezenas e dezenas de dirigentes (mais os notáveis) para contornar a situação?

O Sporting actual é uma mera caricatura do de João Rocha. E quis o destino que o melhor presidente de sempre do clube tivesse desaparecido poucos dias depois da renúncia daquele que talvez seja o pior. Quem tanto fez em prol de uma colectividade secular não merecia que, ainda em vida, testemunhasse uma sequência impressionante de disparates, de declarações sem sentido, de incoerências. E também não devia ter visto a principal equipa de futebol reduzida a uma vulgaridade sem paralelo na história.

Num altura em que o Sporting está em processo eleitoral e muitos questionam qual o presidente indicado para o clube poder recuperar da situação delicada em que se encontra, apetece-me dizer que entre José Couceiro, Bruno Carvalho e Carlos Severino… faz falta um João Rocha!