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Olhos de ver

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Portugal humilha os seus atletas

22 Fevereiro, 2013 711 visualizações

Todos sabemos que o País não atravessa uma fase de grande fulgor. E perante tantas e tantas situações graves – que mereciam intervenção célere e decidida das entidades competentes -, considerar os problemas do desporto algo de essencial é, naturalmente, bastante questionável. Contudo, se se aceita uma visão colectiva assim, convém não esquecer que, para alguns, a prática desportiva não é apenas um passatempo ou uma paixão, mas sim um modo de vida. E para esses, quem desvaloriza a importância do desporto está a olhar com menor respeito para o seu trabalho. Logo, é normal que fiquem revoltados e sintam que andaram anos e anos a  perder tempo quando, por esta ou aquela razão, são alvo de verdadeiras injustiças.

Vem tudo isto a propósito de várias situações que, recentemente, mostraram que, em Portugal, o desporto é mesmo encarado como um mero acessório. E se não seria surpresa constatar que as desconsiderações fossem protagonizadas pelo público em geral, torna-se grave quando são o Governo (através do Instituto Português do Desporto e da Juventude) e o Comité Olímpico os primeiros a tratar tão mal os atletas.

A mais mediática polémica envolve os canoístas Emanuel Silva e Fernando Pimenta. Os únicos medalhados portugueses nos Jogos Olímpicos de Londres’12 ficaram surpreendidos quando, em vez dos esperados 22445 euros, só receberam metade dessa verba como prémio da prata conquistada em terras britânicas.

Apesar de serem atletas individuais, que apenas juntam forças para formar um par fortíssimo porque a modalidade contempla essa vertente, os jovens nortenhos receberam o seu prémio enquanto desporto colectivo. Bom, deixemos o individual ou colectivo de lado. O que aconteceu é que o Estado, na sua luta incessante para poupar tostões enquanto milhões são desviados para causas cinzentas, achou por bem desvalorizar o feito de Emanuel e Pimenta. E com um argumento de algibeira pagou apenas metade do que devia (se uma selecção de futebol ganhar uma medalha olímpica vai ser engraçado ver o Gorverno a mandar dividir os tais 22445 euros por 23 jogadores…). Os rapazes não gostaram, denunciaram a situação, contaram com o apoio da respectiva Federação e, bem vistas as coisas, deviam merecer o reconhecimento de todos nós. Já era altura de quem merece ser recompensado. Creio que estamos todos fartos de ver apenas alguns, com ou sem resultados nas suas áreas, a encher os bolsos. E esse, acrescente-se, não passam horas e horas a treinar, com o sonho de colocar o mais alto possível o nome de Portugal…

Mas, houve mais nos último dias. Imaginem, por exemplo, que a entidade responsável por atribuir as compensações financeiras face aos resultados dos Jogos Olímpicos se esqueceu de convocar os remadores Pedro Fraga e Nuno Mendes. Compreende-se. Afinal, os rapazes só ficaram em… quinto lugar! Quem é que iria reparar nisso quando, todos os dias, conquistámos um ror de medalhas? Sinceramente!

Mas, a justificação ainda foi mais pitoresca. Como a Federação de Remo – instituição que, em traços gerais, não existe – não enviou a documentação… ninguém reparou. Então, os responsáveis pelo processo não se lembraram de falar com o Comité Olímpico para confirmar os dados? Sendo assim, será legítimo pensar que se alguma federação resolvesse “inventar” um qualquer sétimo ou oitavo lugar o Governo pagaria sem questionar ninguém.

Por fim, também o próprio Comité Olímpico, a entidade que mais devia defender os nossos atletas de eleição, achou por bem não incluir no projecto para o Rio de Janeiro’16 o velejador Miguel Nunes. Para quem não sabe, trata-se de alguém que em quatro participações olímpicas consecutivas conquistou outros tantos diplomas (classificações até ao oitavo lugar). E qual a razão para excluir o velejador da classe 470? O simples facto do seu parceiro Álvaro Marinho ter abdicado da carreira olímpica! Que culpa tem Miguel Nunes disto? Prosseguindo a carreira, embora com outro companheiro, não tem direito a receber as verbas que justificou em competição ao longo de mais de uma década?

E assim vai andado o nosso desporto. A rapaziada só serve para as fotografias da praxe quando conseguem resultados de excepção. De resto, são humilhados por aqueles que mais obrigações tinham de os defender. Rico país que estás tão bem entregue…