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Godinho Lopes, que ainda recentemente anunciara ser o novo responsável pelo futebol do Sporting, já tratou de passar a pasta, no caso a Jesualdo Ferreira. Faz bem, uma vez que todos sabemos que o..." /> — ler mais..

Godinho Lopes, que ainda recentemente anunciara ser o novo responsável pelo futebol do Sporting, já tratou de passar a pasta, no caso a Jesualdo Ferreira. Faz bem, uma vez que todos sabemos que o..." /> Olhos de ver - Record

Olhos de ver

Jesualdo: o senhor que se segue

17 Dezembro, 2012 0

Godinho Lopes, que ainda recentemente anunciara ser o novo responsável pelo futebol do Sporting, já tratou de passar a pasta, no caso a Jesualdo Ferreira. Faz bem, uma vez que todos sabemos que o seu entendimento do desporto-rei não é grande coisa. Quanto ao eleito parece-me uma escolha interessante, pois estamos a falar de alguém experiente, com provas dadas e com conhecimento suficiente para, pelo menos, ajudar o Sporting a evitar, a curto prazo, males maiores.

Mas, mais uma vez, o presidente leonino toma decisões questionáveis e – pior que isso – justifica-as de forma estranha. É este o momento certo para fazer uma revolução tão grande em todo o futebol do clube? Tenho dúvidas. Porque estamos a meio da temporada, porque foi contratado um técnico recentemente (que de imediato disse precisar da reabertura do mercado para retocar o plantel à sua imagem) e também porque me parece pouco lógico que, de repente, os vários responsáveis da formação (onde incluo a equipa B) fiquem a saber que passaram todos a adjuntos de Jesualdo. Sim, se Godinho Lopes diz que o novo “manager” será uma espécie de treinador de todos os treinadores.. na prática os principais transformam-se em adjuntos.

Na mesma entrevista televisiva em que garantiu ser Jesualdo o homem certo para este cargo – embora tenha dito que convidou primeiro José Couceiro, o que faz deste algo do género o “homem mais que certo para este cargo” -, Godinho assumiu que Jesualdo terá poderes alargados no futebol. Ora, quando um treinador, mesmo fora do relvado, manda mais que o técnico em exercício, temos uma potencial situação de conflito. Jesualdo pode entrar em Alvalade transfigurado de “manager”, mas nem por isso deixa de ser treinador. Por isso, e por muito que a hipótese seja negada no momento, vê-lo assumir o controlo da equipa é uma questão de tempo. Tal solução só não aconteceria se a equipa estivesse bem, mas se assim fosse, Jesualdo não teria sido contratado, Vercautern ainda estaria na Bélgica e, claro, os adeptos sportinguistas sonhavam com o título e não tinham pesadelos devido ao facto da linha de água ser um problema real.

Ao tomar esta decisão nesta altura, Godinho fragilizou ainda mais a já de si frágil posição de Vercautern. O belga, independentemente dos erros que possa já ter feito na gestão do plantel, caminha a passos largos para, sem surpresa, ser mais uma vítima do sistema. Não daquele que Dias da Cunha pretendeu combater, mas do outro, o que há muito se instalou em Alvalade e que, indiscutivelmente, tem tido consequências tão ou mais nefastas. É que este, minando por dentro o clube, não faz somente diminuir as possibilidades de sucesso desportivo. Só não vê quem não quer.

Vercautern tem os dias contados em Alvalade. Resta saber quantos são. Pessoalmente, acreditava que a despedida apenas teria lugar no final da temporada – quando cessa a sua ligação ao clube -, pois continuo a pensar que, mais tarde ou mais cedo, o Sporting vai engatar uma série de resultados positivos e, no mínimo, alcançará o quarto lugar na Liga. Contudo, agora, com o aparecimento de Jesualdo em cena, penso que o belga pode receber a “guia de marcha” bem antes. Aliás, estou convencido que se não conseguir ganhar fora ao Marítimo ou ao Rio Ave, em jogos da Taça da Liga, talvez já não comece 2013 no cargo. De resto, mesmo que as coisas até corram bem na única prova em que o clube ainda pode conquistar um título esta temporada, creio que a recepção caseira ao Paços de Ferreira, no próximo compromisso da Liga, será outra final para Vercautern. Um novo deslize caseiro – que poderá deixar o terceiro lugar do Sp. Braga a uma distância realisticamente irrecuperável – precipitará o despedimento. Mais que não seja porque, a partir de agora, já não será preciso tempo para procurar sucessor. O “treinador de todos os treinadores” já está na casa. E pagar salários a técnicos para não exercer a função há muito que deixou de ser problema no reino do leão…

PS – Jesualdo deu-se muito bem no FC Porto. E o futebol nacional, nos últimos anos, conheceu (e conhece) um sem número de situações em que o profissionalismo levou a melhor sobre o coração. No entanto, com o Sporting a viver um dos piores momentos da sua história, Godinho arrisca imenso ao contratar um reconhecido benfiquista para tentar inverter o rumo dos acontecimentos. Mas, com o actual cenário, isso é o que menos preocupa sócios e adeptos.

Vieira ?acabou? com Godinho

11 Dezembro, 2012 0

Nunca acreditei que Godinho Lopes pudesse ser o presidente que o Sporting necessitava para, quanto antes, inverter o rumo cinzento que trilha há vários anos. Admito que não é justo duvidar das capacidades de alguém ainda antes de apresentar serviço, mas a verdade é que o dirigente não me transmitia qualquer confiança. Contudo, assumo, nunca me passou pela cabeça que, em tão pouco tempo, fosse capaz de protagonizar tantos erros e deslizes. E se as suas opções – a vários níveis – têm sido bastante questionáveis, por vezes falha exactamente porque se esquece de agir ou por considerar que nada justifica a sua intervenção. Pior: quem o vê falar fica com a nítida sensação que em Alvalade não se passa nada de anormal ou grave. Utilizando um velho ditado popular… “não há pior cego do que aquele que não quer ver”.

Já perdi a conta às vezes que escrevi que os grandes problemas do Sporting não começam, nem acabam, dentro do rectângulo de jogo. Aí, é verdade, as coisas também não funcionam minimamente. Porém, quando a liderança é fraca, quando a ausência de qualquer projecto é mais do que notória, quando ninguém consegue perceber o que vai na cabeça do presidente ou dos que lhe estão mais próximos… o resultado não pode ser muito diferente.

Nos últimos dias, Godinho voltou a confirmar que a sua passagem pelo Sporting vai – pelas razões erradas – ficar na história. Primeiro, porque deu cobertura a um comunicado surreal onde o clube de Alvalade afirmava, sem reticências, que nunca colocara em causa a presença no dérbi com o Benfica. Será que ele não viu/ouviu/leu as declarações do director de comunicação logo após o adiamento do jogo com o Videoton? Será que em Alvalade ninguém sabe os vários regulamentos em torno do futebol? Será que todos os responsáveis do clube conseguem ter as mesmas interpretações erradas do que está nos vários artigos? Será que o Sporting não percebeu que aquando da recepção ao Sp. Braga o tempo de descanso entre o jogo europeu e o confronto com os minhotos foi exactamente o mesmo que agora? Depois, bem mais grave, foi a incapacidade para rebater as palavras que Luís Filipe Vieira lhe dedicou no final do dérbi. O líder encarnado comparou-o a Vale e Azevedo, apelidou-o de aldrabão e Godinho reagiu… não reagindo. Sorriu, agarrou-se a dois-três chavões de ocasião e, de forma inacreditável, enfiou a carapuça sem sequer tentar defender-se.

Se Godinho ainda tinha alguma margem de apoio entre os sócios e adeptos leoninos, duvido que a maioria não tenha ficado decepcionada depois de observar este lamentável comportamento. Um líder forte e frontal, teria aproveitado o espaço que toda a imprensa lhe concedeu para dizer quantas vezes tentara ligar a Vieira, a que horas, de que número, para que número, quantos sms’s tinha escrito, etc, etc. Godinho não fez nada disto. Como diz o povo… “comeu e calou”. E da fama de aldrabão não se livrou. 

Perante o caos desportivo e financeiro – e estando cada vez mais desacreditado -, Godinho considera sem sentido falar-se em demissão. E ainda tem o desplante de dizer que estaria preocupado se “não estivessem por disputar 57 pontos”. Se Godinho Lopes fosse treinador, diretor desportivo ou chefe de departamento, tenho a certeza que o presidente Godinho Lopes já o tinha despedido. Assim, perante a surpresa geral e a crescente indignação da família leonina, vai agarrando-se com unhas e dentes ao lugar. Com que propósito? Com que objectivo? Convencido de que está no bom caminho? Não faço ideia. Ninguém parece saber a razão.

PS – Sobre o dérbi jogado pouco há a dizer. Ganhou a melhor equipa. Apesar do Sporting ter tido bons 20-25 minutos na primeira parte e de, com sorte, poder ter feito dois golos nas duas únicas chances que criou na etapa complementar… o Benfica mostrou pertencer a outro patamar. Os leões possuem jogadores de qualidade e lutaram imenso, mas decididamente não se pode dizer que tenham uma equipa. E pela enésima vez ficou claro que os futebolistas, logo à primeira contrariedade, ficam irreconhecíveis. Onde é que isto irá parar? Não faço ideia, mas parafraseando Godinho, não é caso para alarme. Parece que ainda há 57 pontos por disputar. Resta dizer que nos 33 que já se jogaram, o Sporting amealhou 11…

Benfica eliminado por culpa própria

6 Dezembro, 2012 0

Findo o jogo do Benfica em Barcelona – assim como a recepção do Celtic ao Spartak de Moscovo – ouvi muita gente dizer que as águias tinham sido afastadas da Liga dos Campeões porque, em Camp Nou, não tinham conseguido ganhar. Objectivamente, a observação está correcta. Se os encarnados tivessem saído da Catalunha com os 3 pontos, nenhum penálti caído do ceú salvaria a sofrível formação escocesa. No entanto, fazendo uma retrospectiva da campanha benfiquista no Grupo G da “Champions”, não me parece que tenha sido só no último jogo que os comandados de Jorge Jesus tenham esbanjado uns quantos milhões de euros.

O Benfica começou por deitar fora um apuramento mais que acessível quando, logo na ronda de abertura, decidiu não tentar ganhar em Glasgow. Entendo que, num reduto onde nunca tinham pontuado, as águias tivessem pensado que empatar era positivo. E teoricamente era mesmo, ainda por cima sabendo-se que esse foi o primeiro encontro após as saídas de Witsel e Javi García e numa altura em que Luisão ficou suspenso, Maxi Pereira estava a cumprir castigo e Jesus foi obrigado a lançar o jovem André Almeida, para além de estrear na alta-roda um lateral adaptado como Melgarejo. No entanto, quem viu o jogo, sabe bem que o Celtic em momento algum incomodou Artur. A 25-20 minutos do final, com praticamente a certeza de que o empate seria o pior resultado possível, o Benfica devia ter apostado em tentar chegar ao triunfo e, desde logo, procurar vantagem sobre escoceses e russos. Jesus não quis. Pensava, nessa altura, que ninguém iria roubar pontos ao Barcelona e que bastava ganhar o duelo directo com os outros dois emblemas. Enganou-se.

Na Rússia, apesar de ter jogado num campo sintético e debaixo de condições atmosféricas pouco propícias, o Benfica também deu um pontapé na sorte. Basicamente porque não foi capaz de sacar 1 pontinho que fosse perante um conjunto que, mesmo tendo no terreno e na temperatura aliados importantes, não foi capaz de pontuar nas recepções perante Barcelona e Celtic. Com efeito, o Benfica foi o único dos três visitantes que não saiu de Moscovo com pontos.

Sobre a derrota caseira com o Barcelona, pouco ou nada há a dizer. Os catalães jogaram “a sério” e resolveram o assunto com toda a classe e num instante. Aliás, o resultado (0-2) foi bastante simpático para as águias que, só na primeira metade, podiam ter encaixado ainda mais golos tal o caudal ofensivo construído por Messi, Sanchez, Fábregas e companhia. Mas contra factos… não há argumentos.

Saltando as vitórias caseiras com Spartak e Celtic – tão necessárias quanto merecidas -, chegamos de novo ao embate de Barcelona. E aí, verdade seja dita, o Benfica, como disse Jesus, não teve uma pontinha de sorte. E pelo que fez na primeira parte merecia mesmo ter marcado pelo menos uma vez. Mas, sejamos coerentes, não marcou por culpa própria, devido a gritante inépcia de vários jogadores, com a agravante de não o ter feito contra um onze catalão com apenas dois normais titulares (Puyol e Villa). O técnico encarnado elogiou a postura, o desempenho e a entrega dos seus homens e garantiu que ninguém jogava naquele terreno como o Benfica fez. Só não acrescentou que, por exemplo, o Celtic fez menos mas marcou 1 golo nesse mesmo local e que só foi derrotado aos 90’+4 minutos contra… o verdadeiro Barcelona. Mais: também se esqueceu de dizer que o Spartak marcou duas vezes no mesmo relvado e que, só aos 80 minutos, Messi fez o 3-2 final. Em suma: ignorou que escoceses e russos tivessem sido capazes de fazer o que a sua equipa, pese tantas facilidades principalmente durante 45 minutos, não tenha conseguido realizar. E marcar golos é, afinal de contas, a essência do jogo e uma das grandes armas tradicionais do Benfica. Como nesta Liga dos Campeões o aproveitamento ofensivo foi muito baixo… sonhar com a Liga Europa foi o que restou. 

O adeus de Mourinho

5 Dezembro, 2012 0

A Marca anunciou que José Mourinho, no final da época, vai deixar de ser treinador do Real Madrid. Sabendo-se da ligação que o jornal madrileno tem com o principal clube da capital espanhola, arrisco dizer que, se escreveram, é verdade. Mais: é verdade e Florentino Pérez e seus pares não se opuseram a que a notícia viesse cá para fora. Vou mesmo ao ponto de equacionar a possibilidade da notícia ter sido “cantada” de dentro para fora, com o intuito de preparar os adeptos, de ver a reacção de Mourinho, etc, etc. Lá, podem ter a certeza, as coisas funcionam mesmo assim…

Mas, centremos atenções no essencial. A relação entre o técnico português e o clube merengue não pode, efectivamente, estar famosa. Aliás, para mim, surpreendente é constatar que o “casamento” ainda dura quando, esta temporada, o Real está a léguas do Barcelona no campeonato. E não vale a pena falar só da sensacional caminhada dos catalães (13 vitórias e 1 empate) para justificar o atraso de 11 pontos. No jogo entre ambos, em Camp Nou, o empate (2-2) até foi mais agradável para os visitantes. A questão é que, nos outros duelos, com adversários que gastam bem menos e não possuem armas minimamente parecidas, o Real tem sido “enganado” vezes sem conta. Se tivesse feito a sua parte… as duas equipas estariam em igualdade pontual e com a vantagem teórica a pertencer ao Real por já ter empatado em Barcelona.

Os merengues conquistaram o título na temporada anterior e esta época trataram logo de arrecadar a Supertaça espanhola. Parecia que o Real estava a encarreirar. Pura ilusão. Mourinho é um treinador fabuloso, tem feito um trabalho notável, conta com jogadores fantásticos (com Ronaldo à cabeça), mas não dá para equilibrar as contas com um Barcelona que, mais época menos época, mais troféu menos troféu, “arrisca-se” a ser designado como a melhor formação da história do futebol.

Cheguei a admitir que, com a saída de Guardiola da Catalunha, a tarefa seria mais fácil para o Real. Não se confirmou. Mesmo com o leme entregue a um desconhecido da alta-roda como Tito Vilanova, o Barcelona carbura quase sempre bem. Lá vem uma jornada de menor fulgor, mas nem há tempo para se tentar descobrir um qualquer foco de crise. Dias depois, em casa ou fora, diante adversários fortes, fracos ou medianos… a dose volta ao normal. E venha quem vier…

Mourinho, ao longo dos tempos, tem utilizado os seus típicos “mind games” para atenuar o desgaste que o sucesso catalão tem produzido em si, nos seus jogadores, nos dirigentes do seu clube, nos próprios adeptos. Mas, aqui e ali, perdeu-se nessa tentativa desesperada de desviar as atenções do essencial, dos resultados, das classificações, das contabilidade dos troféus conquistados ou perdidos em comparação com o rival catalão. O estranho episódio do recente embate com o Atlético Madrid – entrar sozinho no relvado para saber se os adeptos o assobiavam – foi, muito provavelmente, a gota de água de uma relação em que, por outro lado, usou e abusou das declarações de amor ao futebol inglês, algo que deve ter provocado enorme azia aos mais radicais seguidores do Real, a maioria também grandes defensores das causas espanholas.

Mourinho tem toda a legitimidade em gostar mais do futebol inglês do que o espanhol (subscrevo a escolha), mas não fica bem ver o treinador daquele que é para muitos o clube número 1 da história do futebol mundial (para os seus sócios e adeptos a questão nem merece discussão) a repetir, vezes sem conta, o seu desejo de regressar a Inglaterra. Estar no Real a pensar no dia do retorno às Ilhas Britânicas não é a mesma coisa que estar no Paços de Ferreira, Gil Vicente ou Moreirense a sonhar com uma oportunidade nos grandes de Portugal ou orientar Benfica e FC Porto e dizer que ficaria feliz com um salto para Madrid, Barcelona, Manchester ou Milão. E Mourinho sabe isso muito bem. Sabe, mas sempre optou por essa via, da mesma forma que jamais renunciou à táctica de guerrilha com a imprensa ou com a maioria dos treinadores contrários. Depois, claro, não vale a pena dizer que em Espanha o desporto nacional é criticá-lo…

Em resumo: não tenho dúvidas que Mourinho vai deixar o Real no final da época. Só a vitória na “Champions” poderia alterar esse desenlace. No entanto, creio que se isso suceder então será o treinador a pretender, com todas as forças, sair em alta. Também me parece claro que o seu destino será a Inglaterra, apesar de ser falar na possibilidade do PSG. O que gostaria de saber é se irá sozinho ou acompanhado de um jogador que tanto aprecia, que fala a mesma língua, nasceu no mesmo País, é agenciado pelo mesmo empresário e, curiosamente, também costuma, de tempos em tempos, mostrar-se desagradado com o Real, os dirigentes ou os adeptos…