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A época futebolística nacional acabou de forma surpreendente: com a Académica a conquistar a Taça de Portugal, algo que só uma vez tinha acontecido (há 73 anos…). Mais normal foi constatar o..." /> Olhos de ver - Record

Olhos de ver

O tradicional Sporting

22 Maio, 2012 0

A época futebolística nacional acabou de forma surpreendente: com a Académica a conquistar a Taça de Portugal, algo que só uma vez tinha acontecido (há 73 anos…). Mais normal foi constatar o resto: o Sporting andou no seu tradicional carrossel de emoções e acabou quase, quase a segurar duas competições… mas ficou sem nenhuma.

Não fiquei surpreendido com o facto dos leões, mais uma vez, chegarem ao final da temporada sem nenhum troféu no bornal. Para se ganhar – ou pelo menos ficar mais próximo de o conseguir – é preciso jogadores de qualidade, técnicos competentes e dirigentes que saibam o que pretendem, que definam um caminho objectivo e saibam trilhá-lo independentemente dos obstáculos que, com maior ou menor impacto, aparecem sempre. A vontade e o esforço dos atletas, bem como o apoio dos adeptos, não chega. Ajuda, mas não é o fulcral.

Em Alvalade, por muito que isso seja constantemente escamoteado por alguns dos que têm culpas no cartório, o grande problema dos últimos anos está fora do relvado. É nos gabinetes, onde se têm cometido verdadeiros disparates, que os leões começam a perder a maioria das provas. É na falta de preparação, serenidade, bom-senso e até lógica que o Sporting se tem afundado enquanto o discurso oficial fala de outras coisas (à imagem do que se passa noutras casas). Tanto que, por pretender estar sistematicamente a “medir-se” com o rival do outro lado da Segunda Circular, o clube caiu para o terceiro lugar no “ranking” nacional. Tanto que, nos últimos anos, até o Sporting de Braga tratou de saltar para a sua frente.

Obcecados com as vitórias (e derrotas) do outro grande da capital, os responsáveis leoninos têm esquecido o essencial: olhar para dentro. De que serve observar, comentar e qualificar a vida alheia quando, ao mesmo tempo, se nota uma tremenda incapacidade para tratar dos seus próprios problemas?

A família leonina, depois de ver a sua equipa derrotar a Juventus na pré-temporada, convenceu-se que iria dominar a nível interno. Não sei com que bases objectivas chegaram a esta conclusão. O Sporting, é verdade, não estava proibido de conquistar a Liga, mas a probabilidade de terminar à frente de FC Porto e Benfica uma maratona de 30 jornadas era quase zero. Num jogo, todos sabemos, é relativamente fácil driblar um opositor mais forte. Contudo, fazê-lo em continuidade, apelando à regularidade, é mais complicado. Muito quando, sem olhos toldados pela clubite, se percebia facilmente que os rivais partiam com recursos incomparavelmente mais fortes. Os leões possuíam um grupo melhor que na época anterior, é certo, mas sem o talento ou a profundidade dos adversários.

Godinho Lopes, contudo, não deve ser julgado por não ter conseguido guiar o clube até às vitórias futebolísticas no seu primeiro ano de mandato. Deve, todavia, ser responsabilizado por dizer autênticas atrocidades com uma regularidade medonha. Como é que o presidente dos leões conseguiu afirmar, já com o campeonato quase decidido, que o Sporting só não estava na discussão do título por causa dos árbitros? Afirmar isto, com ar sério, é sintomático. E revela que o líder, afinal, acha que estava tudo bem. Mas, se era assim, resolveu despedir Domingos (horas depois de garantir que não o faria) porquê? Então os maus resultados não eram culpa de terceiros? E foram esses tradicionais bodes expiatórios que estiveram na origem dos desaires na Taça da Liga e na Taça de Portugal? E, já agora, também a nível internacional, na Liga Europa?

Depois, o presidente também devia ser responsabilizado por ter tentado transformar Sá Pinto num mago qualquer. O ex-futebolista – que é um fenómeno de popularidade junto das claques leoninas, pese ter saído do clube em conflito no final do contrato como atleta; e que é apontado como um exemplo da imagem que se pretende no clube quando, num passado mais ou menos recente, agrediu um jogador no seu tempo de dirigente… – foi endeusado desde que rendeu Domingos, mas os números não mentem e mostram que fora de casa não obteve resultados relevantes. Mais: em Alvalade, sob a sua batuta, o Sporting só uma vez logrou vencer um jogo por mais de 1 golo de diferença (5-0 ao V. Guimarães). Sá Pinto pode vir a tornar-se um excelente treinador, mas a pressão que os dirigentes lhe colocaram em cima, mesmo que indirectamente, tinha tudo para acabar assim: sem nada nas mãos.

O Sporting, com urgência, tem de encontrar o seu próprio caminho, deixar de estar preocupado com vizinhos e rivais. Só assim poderá recuperar. Mas, entretanto, convinha mudar a postura, o discurso e limpar muitas coisas nefastas que tem dentro da sua casa. Todos os sportinguistas, assim de repente, sabem apontar algumas “coisas” que precisam de saltar fora… Contudo, Godinho Lopes parece considerar tudo bem. E se não fossem os árbitros, talvez a esta hora estivesse a festejar a conquista do título…

PS – Curiosamente, não é só em Alvalade que existem discursos distantes da realidade. No Benfica, nos últimos dias, têm chovido declarações a lamentar a influência dos árbitros na decisão do Nacional. Está certo… também aí a responsabilidade é toda alheia…

Selecção de todos nós

14 Maio, 2012 0

Paulo Bento já anunciou os 23 futebolistas que, em breve, vão defender as cores nacionais na fase final do Europeu de futebol. Como não poderia deixar de ser, por agora, todos vamos dizendo que a lista tem lacunas, que engloba jogadores que não deviam fazer parte das escolhas, que outros foram injustiçados, que as justificações para optar por uns não servem para explicar a ausência de outros, etc, etc. É próprio do momento e eu, claro, também já vou tratar de dizer de minha justiça. No entanto, fulcral, é perceber que o lote está escolhido (salvo algum imponderável de última hora) e que serão estes os homens que, daqui a uns dias, nos farão sofrer. Acreditar na sua qualidade e na excelência dos respectivos desempenhos é que importa, pois embora isso possa parecer estranho para muitos… são estes que vão defender o nome de Portugal.

Nunca entendi que, aquando do anúncio de uma lista de convocados para uma grande competição, se opte por jogadores que praticamente não jogaram em detrimento de outros que, com valor similar, estiveram quase sempre em acção. No caso dos eleitos para a baliza isso significa que, se eu fosse a decidir, Eduardo ficaria em casa e Quim estaria no evento a realizar na Polónia/Ucrânia. Atente-se que não estou interessado em discutir se um é melhor que outro, nem sequer a pensar que alguém deles teria (ou terá) chances, de momento, de roubar a titularidade a Rui Patrício. O que está em causa é que Quim tem experiência, provas dadas e uma época de qualidade ao serviço do Sp. Braga, enquanto Eduardo – depois de um período em que era indiscutível – foi relegado para uma posição subalterna em Génova e depois no Benfica.

Olhando para a defesa, a surpresa passa pela inclusão de Miguel Lopes. Aceito que se diga que o jovem lateral fez uma época positiva no Minho. No entanto, aqui devido à sua inexperiência ao mais alto nível, não o escolheria. Preferia Nélson, mais batido, mais acutilante e capaz de render nos dois corredores. Com o lateral do Bétis na comitiva, a Selecção resolvia só com um jogador a questão dos dois suplentes para João Pereira e Fábio Coentrão, embora tenha consciência que Paulo Bento também pensa em Miguel Veloso como solução alternativa ao esquerdino do Real Madrid.

No meio-campo, Custódio é a grande surpresa, sendo que para mim também Ruben Micael é uma carta que não me convence por aí além, mais ainda por ter tido uma temporada algo complicada no Saragoça (só na parte final apareceu melhor). Contudo, já sabia, Paulo Bento não o deixaria de fora. Manuel Fernandes e Hugo Viana, a meu ver, mereciam mais estar na lista. E são dois futebolistas mais “rodados”.

Nas posições mais adiantadas, Varela acaba por ganhar uma posição depois de uma época pouco positiva. No entanto, com Danny lesionado e Nuno Gomes sem ritmo de jogo… as hipóteses não podiam ser outras. Hugo Vieira, Vaz Tê, Wilson Eduardo e Salvador Agra foram surpresas agradáveis durante a temporada 2011/12 mas não possuem, para já, estatuto para integrar uma lista para um evento desta envergadura. Nélson Oliveira, por jogar (e treinar) a um nível mais exigente, reunir características físicas raras (apenas Hugo Almeida é da sua estampa) e por ter mostrado no Mundial Sub-20 ser um jogador com um potencial tremendo… já pode ser uma opção… como suplente.

Mas, regressemos ao início: o que interessa é que Paulo Bento consiga tirar o maior proveito dos 23 eleitos e que Portugal, finalmente, consiga trazer para casa algo que teima em escapar-nos. Assumo que esta não é a vez que sinto maior confiança nas capacidades da nossa Selecção, mas como português quero ser surpreendido. Venham os jogos! E as vitórias…