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Por mera coincidência –estar de folga e não só – não vi um único minuto do Benfica-Sporting em directo e só apanhei, de forma consistente, com os derradeiros do FC Porto-Sp. Braga. Aparentemente, ..." /> Futebol pré-histórico - Olhos de ver - Record

Olhos de ver

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Futebol pré-histórico

28 Novembro, 2011 632 visualizações

Por mera coincidência –estar de folga e não só – não vi um único minuto do Benfica-Sporting em directo e só apanhei, de forma consistente, com os derradeiros do FC Porto-Sp. Braga. Aparentemente, perdi dois bons espectáculos futebolísticos, algo que se confirma através da visualização dos resumos disponíveis por aí. No entanto, do que aconteceu depois do apito final, tenho visto e lido muita coisa. Infelizmente.

Estou cansado de dizer que Portugal é um país onde poucas pessoas gostam de desporto, em geral, ou de futebol, em particular. O típico adepto luso só gosta do seu clube, só se preocupa que, no final, as vitórias e os títulos caiam para o seu lado. O resto é secundário. A “doença” é tão grande que a interpretação de lances dentro do campo ou de comportamentos nas bancadas varia consoante a cor de quem está envolvido. É uma tristeza. E esta cegueira é tão óbvia que não atinge somente o adepto comum. O que não faltam são exemplos de dirigentes e/ou pseudo-intelectuais a dizer verdadeiras barbaridades devido ao seu problema crónico.

Neste país recheado de “chicos-espertos” e hipócritas, outra máxima que sempre vigorou é que os jornalistas são, à falta de melhores candidatos, os culpados de tudo o que corre menos bem a uma equipa, a um treinador ou clube. A rapaziada da imprensa é sempre bem-vinda quando o momento é de felicidade ou quando é preciso passar informação positiva. Contudo, quando os resultados não são os esperados, deixam de ter utilidade, passam a ser chatos, aldrabões, provocadores e outras coisas do género. Num ápice, a solução é utilizá-los como “bodes expiatórios”. A receita é sempra a mesma. Revela falta de imaginação, é verdade, mas continua a ser eficaz, pois os fanáticos não perdem tempo a pensar pela sua própria cabeça. Seguir as directrizes de quem lidera é mais fácil e rápido.

Não sei, pelas razões que já apontei, o que é que o meu camarada Valdemar Duarte disse durante a transmissão do FC Porto-Sp. Braga que possa ter provocado a ira de Pinto da Costa e demais dirigentes/adeptos portistas. Admito, inclusive, que possa ter proferido alguma coisa menos correcta, pois os jornalistas também erram, ao contrário de outros. O que sei, sempre soube, é que as divergências podem e devem ser discutidas de forma elevada. Quando se joga a carta da violência, toda e qualquer eventual razão desaparece.

Por esta hora, tenho a certeza, alguns adeptos portistas já me estão a acusar disto e daquilo. Não vale a pena. O que aconteceu no Dragão não é um exclusivo do FC Porto. Insultos, ameaças e agressões já ocorreram noutros locais, com outros dirigentes, com outros jornalistas. E irão continuar a suceder, pois é sempre mais fácil criticar os outros a solucionar os problemas internos. De resto, a própria imprensa tem muita culpa neste “filme”, já que, por norma, parte dela gosta de utilizar em benefício próprio as guerras que, temporariamente, dividem um clube de um jornal, rádio ou televisão. Até parece que não sabem que, mais tarde ou mais cedo, serão eles a estar no centro da discórdia…

Mas, na véspera, na Luz, também houve clima… quente. Aparentemente, porque os adeptos do Sporting não gostaram de estar sentados com uma rede à sua volta. Com toda a sinceridade, ainda não percebi a lógica de todo este barulho. Nem sequer entendo a razão de se chamar “zona de conforto”, “gaiola” ou “jaula” à tal área. Aquele sector, excepção feita à tal rede, não é igual ao resto do estádio? As cadeiras não são as mesmas?

É evidente que um estádio de futebol não deveria ter redes nas bancadas. Mas, sabendo-se o que se passa em praticamente todos os embates envolvendo os três grandes, creio que a solução, mais que engenhosa e regulamentar, devia ser obrigatória. Sim, no Dragão e em Alvalade (nos outros não se justifica, porque raramente os adeptos da equipa local ocupam a lotação) também deviam construir algo do género. Só assim se pode controlar os estragos provocados por uns quantos fanáticos que têm o sistemático desejo de destruir o que está à sua volta. E também é desta maneira que se reduz a possibilidade de os radicais da equipa da casa iniciarem/responderem aos desacatos. O que aconteceu no final do dérbi comprova isso mesmo. Separar gente que não sabe viver em sociedade é, em determinados contextos, o único caminho.

Entre muitas declarações que escutei a propósito dos incidentes, considerei bastante curiosa a opinião de vários sportinguistas que dizem ter sido “muito mau” inaugurar a tal rede aquando da sua visita. Se tal se verificasse contra o Atlético, Feirense ou Gil Vicente as condições já seriam adequadas?

O futebol português, em pleno século 21, tem coisas próprias da pré-história…

PS – Inacreditável o facto de muitos adeptos sportinguistas só terem entrado na Luz quando o jogo se aproximava do intervalo. Ninguém das autoridades conseguiu imaginar quanto tempo seria preciso para os revistar e encaminhar para o respectivo sector? Que país de inteligentes!