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Por mera coincidência –estar de folga e não só – não vi um único minuto do Benfica-Sporting em directo e só apanhei, de forma consistente, com os derradeiros do FC Porto-Sp. Braga. Aparentemente, ..." /> Olhos de ver - Record

Olhos de ver

Futebol pré-histórico

28 Novembro, 2011 0

Por mera coincidência –estar de folga e não só – não vi um único minuto do Benfica-Sporting em directo e só apanhei, de forma consistente, com os derradeiros do FC Porto-Sp. Braga. Aparentemente, perdi dois bons espectáculos futebolísticos, algo que se confirma através da visualização dos resumos disponíveis por aí. No entanto, do que aconteceu depois do apito final, tenho visto e lido muita coisa. Infelizmente.

Estou cansado de dizer que Portugal é um país onde poucas pessoas gostam de desporto, em geral, ou de futebol, em particular. O típico adepto luso só gosta do seu clube, só se preocupa que, no final, as vitórias e os títulos caiam para o seu lado. O resto é secundário. A “doença” é tão grande que a interpretação de lances dentro do campo ou de comportamentos nas bancadas varia consoante a cor de quem está envolvido. É uma tristeza. E esta cegueira é tão óbvia que não atinge somente o adepto comum. O que não faltam são exemplos de dirigentes e/ou pseudo-intelectuais a dizer verdadeiras barbaridades devido ao seu problema crónico.

Neste país recheado de “chicos-espertos” e hipócritas, outra máxima que sempre vigorou é que os jornalistas são, à falta de melhores candidatos, os culpados de tudo o que corre menos bem a uma equipa, a um treinador ou clube. A rapaziada da imprensa é sempre bem-vinda quando o momento é de felicidade ou quando é preciso passar informação positiva. Contudo, quando os resultados não são os esperados, deixam de ter utilidade, passam a ser chatos, aldrabões, provocadores e outras coisas do género. Num ápice, a solução é utilizá-los como “bodes expiatórios”. A receita é sempra a mesma. Revela falta de imaginação, é verdade, mas continua a ser eficaz, pois os fanáticos não perdem tempo a pensar pela sua própria cabeça. Seguir as directrizes de quem lidera é mais fácil e rápido.

Não sei, pelas razões que já apontei, o que é que o meu camarada Valdemar Duarte disse durante a transmissão do FC Porto-Sp. Braga que possa ter provocado a ira de Pinto da Costa e demais dirigentes/adeptos portistas. Admito, inclusive, que possa ter proferido alguma coisa menos correcta, pois os jornalistas também erram, ao contrário de outros. O que sei, sempre soube, é que as divergências podem e devem ser discutidas de forma elevada. Quando se joga a carta da violência, toda e qualquer eventual razão desaparece.

Por esta hora, tenho a certeza, alguns adeptos portistas já me estão a acusar disto e daquilo. Não vale a pena. O que aconteceu no Dragão não é um exclusivo do FC Porto. Insultos, ameaças e agressões já ocorreram noutros locais, com outros dirigentes, com outros jornalistas. E irão continuar a suceder, pois é sempre mais fácil criticar os outros a solucionar os problemas internos. De resto, a própria imprensa tem muita culpa neste “filme”, já que, por norma, parte dela gosta de utilizar em benefício próprio as guerras que, temporariamente, dividem um clube de um jornal, rádio ou televisão. Até parece que não sabem que, mais tarde ou mais cedo, serão eles a estar no centro da discórdia…

Mas, na véspera, na Luz, também houve clima… quente. Aparentemente, porque os adeptos do Sporting não gostaram de estar sentados com uma rede à sua volta. Com toda a sinceridade, ainda não percebi a lógica de todo este barulho. Nem sequer entendo a razão de se chamar “zona de conforto”, “gaiola” ou “jaula” à tal área. Aquele sector, excepção feita à tal rede, não é igual ao resto do estádio? As cadeiras não são as mesmas?

É evidente que um estádio de futebol não deveria ter redes nas bancadas. Mas, sabendo-se o que se passa em praticamente todos os embates envolvendo os três grandes, creio que a solução, mais que engenhosa e regulamentar, devia ser obrigatória. Sim, no Dragão e em Alvalade (nos outros não se justifica, porque raramente os adeptos da equipa local ocupam a lotação) também deviam construir algo do género. Só assim se pode controlar os estragos provocados por uns quantos fanáticos que têm o sistemático desejo de destruir o que está à sua volta. E também é desta maneira que se reduz a possibilidade de os radicais da equipa da casa iniciarem/responderem aos desacatos. O que aconteceu no final do dérbi comprova isso mesmo. Separar gente que não sabe viver em sociedade é, em determinados contextos, o único caminho.

Entre muitas declarações que escutei a propósito dos incidentes, considerei bastante curiosa a opinião de vários sportinguistas que dizem ter sido “muito mau” inaugurar a tal rede aquando da sua visita. Se tal se verificasse contra o Atlético, Feirense ou Gil Vicente as condições já seriam adequadas?

O futebol português, em pleno século 21, tem coisas próprias da pré-história…

PS – Inacreditável o facto de muitos adeptos sportinguistas só terem entrado na Luz quando o jogo se aproximava do intervalo. Ninguém das autoridades conseguiu imaginar quanto tempo seria preciso para os revistar e encaminhar para o respectivo sector? Que país de inteligentes!

Metamorfose encarnada surtiu efeito

23 Novembro, 2011 0

A época passada, depois de ter conquistado o título de forma convincente na temporada 2009/10, Jorge Jesus prometeu que o Benfica iria atacar a Liga dos Campeões. Como tantas vezes lhe acontece, perdeu-se no discurso, mediu mal as palavras e, no final, apesar de gostar de dizer que tem queda para as profecias, acabou envergonhado. Foi pouco cuidadoso ou, em alternativa, não fazia ideia do poderio das equipas que iria encontrar na mais importante prova de clubes do Velho Continente. Terceira hipótese: por alguma razão pensava ter uma “super-equipa”.

Embora já muitos se tenham esquecido, o ano transacto, por esta altura, as águias andavam a fazer um ror de contas e, pelo meio, a “pedir” a ajuda de terceiros para atingir não os oitavos-de-final da “Champions”, mas sim a entrada nos 16/avos da Liga Europa, algo que ocorreu, é verdade, mas com muita sorte à mistura.

Num grupo teoricamente acessível, na temporada anterior, o Benfica somou por derrotas as três partidas realizadas longe da Luz. Pior: os jogadores que pareciam, de entrada, oferecer tantas garantias ao técnico não lograram marcar um único golo nos 270 minutos realizados na condição de visitante. Hapoel Telavive (3-0), Lyon (2-0) e Schalke 04 (2-0), mesmo sem apresentarem um futebol de dimensão superior, vulgarizaram as águias.

Esta época, contudo, as coisas foram diferentes. E a principal alteração aconteceu com Jorge Jesus. O treinador, antes da bola começar a rolar, fez questão de cumprir as instruções do presidente Luís Filipe Vieira. Foi comedido na hora de estabelecer metas, não se colocou em bicos dos pés. Fê-lo de forma tão certinha que, recorde-se, até exagerou quando, na pré-eliminatória, foi incapaz de dizer que o Benfica era favorito diante de um conjunto (Trabzonsport) que, na altura, nem sabia quando (e se) o campeonato turco iria arrancar.

Com os pés bem assentes no chão, mas com a lição bem estudada, o Benfica fechou em Manchester os três embates enquanto forasteiro no Grupo C. Totalizou 7 pontos e, com um pouco mais de “estrelinha”, até podia ter somado 9. Realizou prestações brilhantes, no que à qualidade futebolística diz respeito? Não, mas a verdade é que soube jogar com cabeça e, principalmente, com coração. O expoente máximo dessa metamorfose aconteceu em Old Trafford, não só pelo valor da equipa de Alex Ferguson, mas pelo facto da equipa ter sido obrigada a reagir à reviravolta inglesa e num momento em que tinha perdido Luisão, não só o capitão, mas o “pronto socorro” da defesa.

O Benfica não é, de maneira alguma, a equipa mais forte da Europa. Mas, como se viu em Manchester, não é por acaso que ainda não sabe o que é perder esta temporada. Quem está 21 embates seguidos sem ser derrotado a abrir uma época (algo só igualado pelo Barcelona entre os principais campeonatos europeus) tem de ter valor. E saber que os discursos “de boca cheia” não costumam ajudar nada. Sejam na Luz ou noutro qualquer local…

Van Basten: um génio da área

21 Novembro, 2011 0

Depois de ler as declarações de Marco Van Basten, a propósito da actual equipa do Barcelona (subscrevo tudo o que ele diz, já agora), dei comigo a contar ao meu companheiro Diogo Jesus que o holandês foi um dos futebolistas mais espectaculares que tive a oportunidade de ver actuar “ao vivo”. E nesse relato recordei-me de ter assistido, em Milão, a um dos grandes jogos da carreira do prodigioso dianteiro. Em embate respeitante à Liga dos Campeões, a 25 de Novembro de 1992, fui um dos sortudos que testemunhou Van Basten a fazer os 4 golos da vitória do Milan sobre os suecos do Gotemburgo, equipa que tinha um igualmente espantoso Thomas Ravelli na baliza.

Nessa partida, numa noite fria, o holandês marcou e jogou de forma simplesmente divinal. Acertou quatro vezes nas redes, mas ninguém teria ficado admirado se tivessem sido cinco, seis ou sete os remates certeiros, tal a classe exibida. Pese a má qualidade das imagens, aqui fica o registo dessa jornada memorável que terminou com Sílvio Berlusconi aos saltos como se se tratasse de um simples adepto e com o holandês, sempre envergonhado, a ser obrigado pelos companheiros a regressar ao centro do relvado para, sozinho, continuar a ser vitoriado pelos adeptos “rossoneri”. E já agora reparem bem na forma como Van Basten assinou o terceiro golo…

Vítor Pereira: a alucinação do líder

19 Novembro, 2011 0

Ver o FC Porto perder um jogo por 3-0 não é comum. Mas aconteceu em Coimbra, em embate que ditou o afastamento dos dragões da Taça de Portugal. Foi uma surpresa? Não. Os números, claro, são inesperados, mas a eliminação azul e branca só causa espanto a quem não liga ao futebol ou, em alternativa, tem andado distraído. O FC Porto 2011/12 é uma caricatura da autêntica máquina oleada da temporada passada. E sendo assim, perder com a Académica ou com um qualquer Apoel de Nicósia, por exemplo, é perfeitamente normal, pois esta equipa idealizada por Vítor Pereira é também ela… normal. Estranho é saber que, de entre os elementos fulcrais, apenas saiu Falcão, enquanto entraram (pagos a peso de ouro) inúmeros jogadores de valia.

Vítor Pereira é culpado de não ter unhas para tocar uma guitarra tão delicada? Não, não é! Ele, naturalmente, acreditou que era o homem certo para o cargo e tem feito tudo o que considera ideal para tirar o melhor rendimento do conjunto. O problema é que não tem competências para tal. E em muitas situações, a vontade, o amor à causa, não chegam. Ou é suficiente apenas para resolver uns quantos jogos, já que não podemos esquecer da tremenda riqueza do plantel à sua disposição.

Estou à vontade para criticar Vítor Pereira. Ao invés de muitos, nomeadamente os mais acérrimos sócios e adeptos azuis e brancos, sempre disse que este não era o homem certo para suceder a Villas-Boas. E comecei a apostar nisso logo na sua apresentação, naquela cerimónia em que foi fácil perceber que nem tudo o que era dito devia ser levado à letra. Tenho consciência que arrisquei. Mais: o bom-senso mandava esperar. Porém, quem opina tem o dever de, por vezes, tentar “ler” o futuro. Desta vez… acertei!

Bem sei que, antes do treinador espinhense, também Villas-Boas foi uma aposta de risco por parte dos dirigentes portistas, mas esse ainda chegou ao Dragão com um pouco de experiência de Primeira Liga. Vítor Pereira, pura e simplesmente, não tem currículo para liderar nenhuma equipa do escalão principal, quanto mais o FC Porto. O “timing” da deserção do agora responsável do Chelsea teve, obviamente, influência directa nesta solução mas, convenhamos, um clube de topo não pode ser apanhado tão desprevenido. Ou, pelo menos, demorar uma eternidade a reparar um evidente erro de “casting”.

A grande crítica que faço a Vítor Pereira é que passou o tempo a tentar colocar-se em bicos dos pés, a utilizar discursos preparados, a desejar vender uma imagem que não é sua em vez de encontrar maneira de a equipa jogar futebol algo que, a avaliar pela última hora e meia, tem conhecido um significativo retrocesso. Então a forma como procurou puxar para si parte considerável do sucesso da época passada ficou-lhe muito mal, assim como revelou o óbvio: tinha dúvidas, medo, precisava de arranjar uma almofada.

Mas, se nos últimos meses temos visto, ao nível da constução do onze e das substituições, verdadeiras alucinações por parte do técnico – que também já se percebeu não ser propriamente estimado pelos futebolistas… -, a maior de todas continua a ser protagonizada pelo presidente Pinto da Costa. O líder astuto do passado errou na escolha, errou em não agir aos primeiros sinais de crise e parece continuar disposto a errar, mantendo-se impávido e sereno. Já sacrificou a Taça de Portugal e a “Champions” pode ser o próximo objectivo a fugir. Haverá explicações para esta postura? Quem o viu e quem o vê…

PS – Mesmo que Pinto da Costa não avance com o despedimento do treinador, Vítor Pereira deveria ser capaz de dar um sinal de sobriedade. E nesta altura a atitude correcta é bater com a porta, na pior das hipóteses logo após o jogo da “Champions”. A equipa não está com ele, os adeptos também não e a maioria dos dirigentes idem idem…

Portugal mereceu. E a Bósnia também!

16 Novembro, 2011 0

A Selecção Nacional confirmou a qualificação para a fase final do Europeu de 2012. Só podia! No futebol, como em qualquer outra modalidade, não existem vencedores antecipados mas, por muito que se respeite os adversários, continuo sem perceber a razão que levou tanta gente, aquando do sorteio do “playoff”, a considerar a tarefa ciclópica. Conforme disse antes e depois do primeiro jogo, o favoritismo pendia de forma mais que evidente para o nosso lado. “Só” faltava colocar a bola na baliza contrária. Em Zenica, ninguém acertou, mas na Luz foi uma festa. Acabou por ser uma dose inesperada, é certo, mas até podia ter sido mais ampla caso o rapaz do apito (e respectivos auxiliares) fossem mais honestos ou, em alternativa, não apresentassem sérios problemas de visão. Adiante.

Se uma equipa como a portuguesa – que acaba de selar o apuramento para a sétima fase final consecutiva de uma grande competição – não era favorita num duelo a duas mãos com a Bósnia (jovem país que ainda não sabe o que chegar a esses palcos), teríamos de rever muitos conceitos futebolísticos.

Para quem ainda não reparou, tem andado distraído ou possui dúvidas: Portugal, mesmo sem nunca ter vencido um Europeu ou Mundial no escalão sénior, pertence (há mais de uma década) à elite do futebol internacional. Já a Bósnia, com somente dois executantes de nível elevado (Dzeko e Pjanic) e depois um grupo de jogadores interessantes, figura numa terceira linha europeia. Sim, não estou a exagerar. Espanha, Alemanha, Holanda, Inglaterra, Itália e França estão com Portugal no bloco da frente, mas antes da esforçada formação orientada (vai deixar de ser…) por Susic ainda há conjuntos como Rússia, Dinamarca, Rep. Checa, Suécia ou Grécia. Ignorar isto é estranho, mas nós somos um povo de 8 ou 80. Por isso é que, agora, muitos dos que diziam que não tínhamos favoritismo algum já gritam bem alto que somos os mais sérios candidatos ao título. Típico!

Quando se ganha, tal como quando se perde, é injusto olhar apenas para uma parte do grupo. Ainda assim, e salientado que outros nomes mereciam palavras elogiosas (Pepe, por exemplo), faço questão de enaltecer três figuras:

Paulo Bento – Não concordo com todas as suas opções. Por exemplo: não gostei da forma como procurou gerir o jogo na Dinamarca; não entendo a contínua chamada de jogadores que não jogam com regularidade mínima nos seus clubes; não vislumbro o que o leva a ter tantos atritos com futebolistas e discordo completamente que feche a porta de forma absoluta a uma eventual reintegração de elementos como Bosingwa e Ricardo Carvalho. Mas, naturalmente, não é por isso que deixo de lhe reconhecer méritos e capacidades. Foi ele quem logrou acalmar a maioria do grupo após a saída de Queiroz. E foi ele também que, no lançamento dos jogos deste “playoff”, soube falar com total propriedade, assumindo que Portugal era muito melhor e que tinha de ir “para cima” do adversário. Foi no discurso que Portugal começou a carimbar o apuramento. Com tranquilidade, mas com competência.

Cristiano Ronaldo – É um dos melhores futebolistas mundiais. Mas, claro, não é por isso que deixa de errar, de jogar menos bem, de ter atitudes ou de proferir palavras infelizes. Mas, sendo justo dizer que na Selecção raramente brilha ao nível do que consegue no Real Madrid, ninguém pode acusá-lo de falta de aplicação. Na Luz, esteve fantástico. Guiou a equipa como um capitão deve fazer, marcou golos, mereceu palmas de quem já o assobiou e respondeu da forma correcta aos insultos e parvoíces de que foi alvo na Bósnia.

Hélder Postiga – Sou dos poucos portugueses que sempre apreciou a maneira de jogar do agora avançado do Saragoça. Tal como sou dos poucos que nunca regateou elogios a Nuno Gomes. Falham muitos golos? É verdade, mas também marcam muitos. Todos temos direito a opinar, mas quando isso é feito sem olhar para os números corremos o risco de estar a ser injustos. Estes dois avançados são do melhor que o futebol português alguma vez teve. Vejam o total de golos e, já agora, observem as médias de minutos de utilização, pois esse é um rácio essencial na abordagem. De resto, não sendo o futebol uma modalidade como o basquetebol (onde os ressaltos, as assistências, as bolas recuperadas e os desarmes de lançamento podem ser tão importantes como os pontos marcados), também é bom ver o desgaste que os avançados provocam nas defesas contrárias, os livres que provocam, os penáltis que conquistam, os cantos que ganham, as assistências que fazem, os espaços que abrem…

PS – Sensacional o ambiente que se viu na Luz. Antes, durante e depois do jogo, provando que é no estádio maior e mais emblemático que se devem disputar os duelos de decisão. Os bósnios quiseram preparar-nos um inferno, mas quem o viveu foram eles. Bem sei que não é bonito dizer isto, mas quem não quer colher tempestades, não devia semear ventos. Se a festa lusa foi merecida, a saída cabisbaixa dos adversários… também!

Faltou marcar no batatal

12 Novembro, 2011 0

Pese dois sustos nos derradeiros 15 minutos, confirmou-se aquilo que previ para a partida de Zenica: Portugal possui uma equipa incomparavelmente mais poderosa que a Bósnia. Quem, por alguma razão, insistiu em dizer que a Selecção Nacional não era favorita neste duelo final de acesso ao Europeu do próximo ano errou na análise. Ainda assim, claro, convém ter sempre presente que ser mais forte, jogar melhor ou ostentar o estatuto de favorito não garante nada. É preciso colocar a bola na baliza contrária.

A equipa comandada por Paulo Bento fez 45 minutos de grande qualidade naquele impensável batatal que a UEFA, se fosse uma instituição séria, jamais validaria como anfiteatro de uma prova oficial. A forma como, durante toda a primeira parte, os bósnios foram impedidos de “jogar” deixou bem evidente que, enquanto uns tentam aceder à divisão principal do futebol internacional, outros – mesmo com problemas evitáveis pelo meio – são membros de pleno direito dessa elite.

Concordo com as palavras de Paulo Bento: o empate, tendo em conta o que se passou nos 90 minutos, foi injusto para a Selecção. Aliás, creio que a Bósnia não estar a perder logo ao intervalo foi bastante simpático para os pupilos de Susic que, tendo valor, jamais poderiam assustar um conjunto mais batido, com outras soluções.

Tal como na visita anterior a Zenica, Portugal mostrou que nem o facto da partida se realizar num pseudo-relvado é suficiente para anular a sua maior qualidade. Os bósnios, que parecem possuir um qualquer curso de “espertice saloia”, ainda não perceberam que independentemente do local do jogo a técnica portuguesa será sempre maior. E também não atingem que a opção pela horta não ajuda os seus elementos mais evoluídos. Enfim…

Em condições normais, após um 0-0 fora, a minha confiança em relação ao apuramento deveria ter aumentado. Só que, pela simples razão de não termos conseguido marcar, não sinto que isto esteja já decidido, nem tão-pouco muito encaminhado. Os bósnios causam-me mais apreensão a jogar em contra-ataque. E, pior que isso, vêm a Lisboa jogar para dois resultados, pois qualquer empate com golos será suficiente para seguirem em frente.

Na Luz, com o público a poder mostrar aos bósnios que não há infernos com 12/13 mil pessoas, Portugal terá de manter a atitude mandona de Zenica, ser paciente, tirar o devido rendimento das suas principais armas (Ronaldo à cabeça) e revelar eficácia. Marcar um golo a abrir, estou convicto, será suficiente para acabar com o adversário. O meu receio é se são eles a acertar primeiro na baliza, pois isso colocaria uma pressão imensa em cima dos nossos homens. Ainda assim, se em três jogos não nos marcaram golo algum, só há que acreditar que também não será desta.

PS – Sublime a exibição de Pepe na Bósnia, em contraste com um Nani irreconhecível que podia (e devia) ter sido rendido por Quaresma.

Portugal tem de assumir favoritismo

11 Novembro, 2011 0

Não sou adivinho, razão pela qual não faço ideia como vai acabar a partida na Bósnia, nem tão pouco como serão as contas finais deste “playoff” de apuramento para o Europeu de 2012. Mas, ao invés do que escuto e leio por aí, tenho a certeza que Portugal é favorito.

Sim, eu sei que a equipa da Bósnia não é pera doce e possui um naipe de jogadores de qualidade mas, se uma eventual eliminação lusa consituirá enorme decepção para nós, também será tremenda surpresa para todos os que seguem as incidências do futebol internacional.

Os bósnios, pese os seus reconhecidos trunfos, não têm tantos futebolistas de qualidade como a Selecção Nacional. Dzeko e Pjanic são artistas que dariam jeito a qualquer treinador, mas não chegam para retirar o favoritismo a um conjunto que, logo à cabeça, apresenta o nome de Cristiano Ronaldo. Portugal tem mais jogadores de nível, conta com um grupo bastante mais experiente e até joga com a vantagem emocional de, há apenas dois anos, ter afastado este adversário num duelo idêntico, então referente ao “playoff” de acesso ao Mundial da África do Sul. Mais: enquanto a nossa Selecção tem estado em todas as últimas grandes competições, a Bósnia jamais participou num Europeu ou Mundial.

Pelo que tenho observado, é precisamente em Portugal que a equipa comandada por Paulo Bento é considerada menos favorita. A maioria das pessoas avança mesmo com os tradicionais 50-50. Tenho dificuldade em entender isso. Bem sei que, no nosso futebol, fica bem dizer que o opositor é sempre difícil, seja ele a Bósnia, a Albânia ou San Marino, mas este “encolher” é demasiado. O discurso da praxe tende a apresentar a formação contrária muito mais forte do que aquilo que ela é. Não gosto dessas teorias. Ter cautelas, respeitar o adversário e saber que é preciso lutar para ganhar é obrigatório, mas dispenso bem a lengalenga das dificuldades.

Portugal – que já podia ter resolvido a questão da qualificação – devia apresentar-se na Bósnia com todos os seus melhores jogadores e não só com alguns, mas nem assim deixa de ser favorito. O facto de a partida se ir disputar num batatal, debaixo de um ambiente pesado, também não me parece suficiente para mexer com os nosso homens, quase todos há muito habituados aos grandes palcos. Os buracos e a areia no pseudo-relvado serão iguais para as duas formações e os fanáticos, por muita confusão que armem, serão apenas 12 ou 13 mil. Nunca estive em Zenica, nem em qualquer outro local da Bósnia, mas duvido que fosse mais simpático jogar um “playoff” com estas características na Grécia ou na Turquia, por exemplo.

Em resumo: Portugal tem de se assumir favorito desde o começo, mostrar que é mais forte e “ignorar” que depois terá mais 90 minutos em casa. Aliás, paradoxalmente, há dois anos o jogo fora foi muito mais sereno que o da Luz…

PS – Não sou daqueles que considera Paulo Bento “um Deus na terra”, mas gostei de o ver, no lançamento do jogo, a assumir que Portugal tem de jogar para ganhar já em Zenica. O espírito só pode ser esse.

PS 1 – Não sou pelos falsos moralismos, pelo que não fiquei chocado por ver Ronaldo a esticar o dedo para uns tontos que acharam por bem colocar-lhe um laser em cima durante o treino de ontem. Ninguém gosta de ser importunado e o rapaz, verdade seja dita, passa a vida a aturar coisas estranhas. Hoje, contudo, a sua cabecinha tem de estar no sítio. Não pode gesticular, protestar, nem reagir a provocações, pois um cartão amarelo chega para o tirar do embate de Lisboa. Que despeje a sua raiva na baliza bósnia. Sim, está na altura de mostrar na Seleção um pouco da veia goleadora que encanta Madrid.

PS 2 – Há por aí quem já tenha eleito Bosingwa como principal culpado caso o desfecho deste duplo duelo não corra de feição às nossas cores. Não alinho nisso. Mais do que ser o melhor defesa direito português da actualidade, o jogador do Chelsea fez questão de explicar que só falou nesta altura porque Bento lhe passou um “atestado de incapacidade emocional”. Se estivesse no lugar dele… faria o mesmo. O seleccionador nunca quis esclarecer devidamente este caso (acredito que tivesse razão de entrada), vacilou na hora de justificar mais uma ausência do lateral na convocatória e saiu mal da jogada…

Ofensas “à minhota” e “à espanhola”

8 Novembro, 2011 0

Se o que se passou durante o Sp. Braga-Benfica foi mau para o futebol, tudo o que se ouviu e leu depois da partida foi pior. Consideravelmente pior. Tudo porque, como tantas vezes acontece, há no desporto quem tenha necessidade de arranjar confusão, de semear a discórdia, de encontrar justificações para as derrotas ou para os empates. Nunca tive paciência para esses “filmes”, o que não significa que desvalorize a vontade de ganhar, a defesa do grupo a que pertencemos ou a denúncia de situações graves.

A primeira declaração estranha que tive conhecimento após o termo do embate no Estádio Axa chegou-me via twitter. Artur, guarda-redes encarnado que a época passada estava ao serviço dos arsenalistas, disse que em Braga “é preciso jogar contra 11 e contra os truques fora de campo”. Não faço a mais pequena ideia sobre o teor da acusação do brasileiro mas, a partir do momento em que a li, passei a ter interesse em saber do que se trata.

Ninguém, em seu perfeito juízo, diz uma coisa destas sem que, de seguida, não tenha de se explicar. Já nem vou dizer que o Sp. Braga devia ter sido célere em exigir esclarecimentos, mas a Liga de Clubes, tão pronta a acudir a outras questões, devia ter instaurado de imediato um processo de averiguações e, mais tarde, chamar Artur para se pronunciar de forma directa. É que falar em “truques fora de campo”, num clube que tem lutado pelos postos cimeiros do Campeonato e esteve na final da Liga Europa da temporada passada não pode, pura e simplesmente, cair no esquecimento. Estão muitas coisas em causa, a começar pelo bom nome do clube minhoto e do futebol português. Ora, assim sendo, Artur só tem de contar o que sabe. Ou, em alternativa, pedir desculpa pelos incómodos causados a partir de uma declaração a quente, sem sentido.

Na segunda-feira, a troca de acusações foi mais forte. Começou Alan, respondeu Javi Garcia e fechou Djamal. Pelo meio, o Sp. Braga também emitiu um comunicado. Resumidamente… foi uma “peixeirada”, dentro do estilo a que nos habituaram aqueles doutores que às segundas à noite fazem com que a deplorável “Casa dos Segredos” pareça uma coisa interessante. Que tristeza!

Conforme facilmente se depreende, não faço a menor ideia se o espanhol do Benfica foi incorrecto na forma como se dirigiu aos seus companheiros de profissão, adversários no momento. Não sei e pouco me importa! Sim, não pactuo com atitudes racistas, mas não alinho facilmente com aqueles que se escandalizam porque no futebol, ou noutra modalidade, se ouvem frases ou expressões que, noutro contexto, podem ser consideradas muito ofensivas.

Joguei (e fui treinador de) basquetebol durante vários anos e assumo, sem orgulho mas igualmente sem vergonha, que chamei nomes a colegas, adversários, árbitros, treinadores e até elementos do público. Dentro do jogo, as pretensas ofensas e os palavrões têm um sentido diferente. São proferidas de forma instantânea no calor da luta, quando se tenta atingir objectivos, quando se pretende dar sentido ao trabalho da semana, de meses, por vezes de anos. Repito: chamei isto e aquilo, da mesma forma que dezenas e dezenas de opositores fizeram o mesmo comigo, com os meus companheiros. Com toda a sinceridade… não vejo nada de errado nisto. Faz parte. Não foi por isso que deixei de fazer imensas amizades no desporto. Eu e todos os outros.

O desporto é, pelo menos segundo o meu entendimento, uma boa escola de vida, mas tal como acontece nos verdadeiros estabelecimentos de ensino, nele não se aprendem só coisas positivas, nem todas as pessoas que por lá andam são de boa índole. Contudo, sejamos coerentes, um campo de basquetebol (ou de futebol) não é uma igreja. Ouvir expressões pouco cordatas é normalissímo, independentemente de estarmos numa partida profissional, amadora, de escalões de formação ou do sexo feminino. Quem pensa ou diz o contrário não sabe do que fala ou está a tentar ser mais papista que o Papa.

PS – Gostava de ter uma nota de 500 euros por cada ofensa dita durante um jogo de futebol. E tinha imensa curiosidade em saber quantos jogadores, na partida de Braga, chamaram nomes aos adversários e ao árbitro. Dando de barato que Javi Garcia o fez, aposto que não foi o único. Talvez Alan me ajude a esclarecer a dúvida…

PS 1 – Sei perfeitamente que, em Portugal e não só, muita gente utiliza a expressão “preto” de forma pejorativa. Não a entendo assim e sei que muitos africanos (conheço imensos desde os meus tempos de adolescente) pouco ou nada ligam a isso, sendo os primeiros a usar a palavra para se apelidarem uns aos outros. De resto, se uns são brancos e não claros, tenho dificuldade em perceber porque outros devem ser negros e não pretos. E escusam de inventar cenários: não sou, nunca fui e jamais serei racista.

PS 2 – A serem verídicas as acusações de Alan (e Djamal), verdadeiramente graves foram as palavras de Javi sobre os filhos do brasileiro. Isso sim, a meu ver, é uma ofensa gigantesca.

PS 3 – Também sobre esta celeuma entre os jogadores do Sp. Braga e do Benfica, a Liga deve tomar uma posição que, naturalmente, terá de passar por um processo. Tenho sérias dúvidas é que alguém consiga provar o que quer que seja.

Temos campeonato

7 Novembro, 2011 0

O FC Porto empatou em Olhão; o Benfica saiu com uma igualdade de Braga e o Sporting superou, em casa, a União de Leiria. Se acrescentarmos que o Sp. Braga já recuperou a competitividade de anos anteriores e que o Marítimo, sem ninguém dar por ele, está a fazer uma temporada sensacional… podemos dizer que temos campeonato!

Assumo que, face à forma como as coisas decorreram no começo da época, não esperava que, por esta altura – com um terço da prova cumprido – o equilibrío fosse tão evidente no topo da classificação. A verdade é que FC Porto e Benfica perderam alguma da sua energia, enquanto leões, minhotos e insulares têm feito um trajecto em sentido contrário, em crescendo.

Perante o actual cenário, não estou nada contente com a paragem que a Liga vai conhecer. Bem sei que o “playoff” da Selecção merece todas as atenções, que também é preciso disputar a Taça de Portugal, mas admito que, face ao momento, o que mais me apetecia era ver a jornada 11, já no próximo fim-de-semana (até estou de férias…), repleta de emoção. E por acaso repararam que, para além do sempre apetecível clássico lisboeta, a ronda seguinte também comporta um FC Porto-Sp. Braga e até um derby madeirense entre Nacional e Marítimo?

A Liga lusitana, que muitos teimam em considerar de valia reduzida, tem vindo a ganhar competitividade ao longo dos últimos tempos. E deve cada vez menos às grandes provas europeias. É verdade que, alguns dos emblemas cá da nossa terra praticam um futebol fraquinho, de nível duvidoso, e seriam muito provavelmente “amachucados” se tivessem de alinhar noutras paragens. No entanto, quem costuma ver o que nos chega lá de fora também já percebeu que há muita mísera nas provas tidas como da “primeira linha”. Ou, assim de repente, aquela rapaziada que passa a vida a apanhar 5,6 e 7 de Real Madrid e Barcelona são exemplo para alguém? Ou preferem o entusiasmante futebol gaulês, ideal para quem sofre de insónias? Ou as equipas do fundo da tabela de Itália que passam horas até marcar um golo ou aquelas que, na Alemanha, encaixam golos das maneiras mais estranhas?

Portugal tem uma liga cada vez mais forte, mais respeitada. Não é por acaso que as equipas nacionais têm tido comportamento relavante nas competições europeias, nem é por decreto-lei que os nossos representantes já somaram pontos suficientes para colocar o país no quinto lugar do “ranking” da UEFA. Isso são sinais de evidente crescimento. Só é pena que, na grande maioria dos casos, essa evolução seja atingida à custa da exagerada aposta em futebolistas estrangeiros. Por mais que me falem dos tempos modernos, da globalização, do mercado único, disto e daquilo, recuso a concordar com um regulamento que não determina um número máximo de estrangeiros ao dispôr de cada equipa por jornada. E também não entendo o que leva os clubes, nomeadamente os mais fortes, a apostar na valorização de jovens sul-americanos, africanos ou chineses enquanto se esquecem de dar minutos aqueles que, mesmo sem o fulgor do passado, continuam a fazer com que as selecções jovens portuguesas tenham resultados interessantes. Ao contrário da opinião de muitos, para mim era possível andar para a frente, ter resultados ao nível dos clubes e da Selecção, lançando essencialmente portugueses…

PS – No Dragão, após mais um deslize, Pinto da Costa resiste a mexer no comando técnico. É estranho, muito estranho…

PS 1 – O que se passou no Sp. Braga-Benfica (estou só a falar do jogo, o que aconteceu depois merecerá um outro artigo…) é digno de figurar num livro de anedotas. Uma primeira parte com 80 minutos e três longas interrupções é um péssimo serviço à modalidade. Os futebolistas só jogaram praticamente 65 minutos em condições e o público pagou uma pequena fortuna (em tempo de crise) para pouco mais de meio espectáculo. Não faz sentido!

PS 2 – Sou um admirador da forma raçuda como João Pereira joga futebol. Aprecio, inclusive, a maneira empenhadíssima como um confesso benfiquista defende uma camisola rival numa enorme demonstração de profissionalismo. No entanto, não posso deixar de assinalar a inacreditável agressão que cometeu no jogo com a União de Leiria. Os anos passam, mas a sua queda para estragar o que faz de bom em campo continua a ser grande. É pena!

O final aflito do Besiktas

4 Novembro, 2011 0

Os turcos do Besiktas – equipa orientada por Carlos Carvalhal e onde pontificam jogadores como Simão, Quaresma e Hugo Almeida – receberam e venceram (1-0), quinta-feira, os ucranianos do Dínamo de Kiev, em partida referente ao Grupo E da Liga Europa. Contudo, o sofrimento dos locais para segurar o golito de vantagem foi tremendo nos derradeiros instantes. Veja o vídeo, repare com muita atenção em todos os pormenores, e diga-nos quantos remates fizeram os forasteiros após o último pontapé de canto da partida. E já agora tentem descobrir quantos futebolistas da formação caseira estavam dentro da sua grande área quando a bola acabou por se perder pela linha de fundo…