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Pois é, isto no desporto não tem outra forma de avaliação. São os resultados, única e exclusivamente, que fazem os treinadores. É evidente que interessa saber se os técnicos trabalham bem, se poss..." /> — ler mais..

Pois é, isto no desporto não tem outra forma de avaliação. São os resultados, única e exclusivamente, que fazem os treinadores. É evidente que interessa saber se os técnicos trabalham bem, se poss..." /> Olhos de ver - Record

Olhos de ver

Vítor Pereira na corda bamba

28 Setembro, 2011 0

Pois é, isto no desporto não tem outra forma de avaliação. São os resultados, única e exclusivamente, que fazem os treinadores. É evidente que interessa saber se os técnicos trabalham bem, se possuem métodos modernos e funcionais, se revelam capacidade de liderança, se conseguem manter uma boa relação com todos os agentes à sua volta, se produzem discursos assentes em convicções bem estruturadas, etc, etc. No entanto, no final, só é decisivo o balanço entre desfechos positivos e negativos.

Eu, mal Pinto da Costa anunciou que era Vítor Pereira o substituto do “traidor” André Villas-Boas no comando do FC Porto, confessei não acreditar no sucesso desta operação. Um técnico com pouca experiência, que nunca dirigiu uma equipa no escalão principal, dificilmente pode brilhar ao leme de um conjunto de topo, obrigado a lutar pelos títulos em todas as provas.

Bem sei que existem casos que vão contra a lógica, mas a estatística joga a meu favor. Em Portugal, na Europa, no Mundo todo. Ainda por cima, Vítor Pereira nem sequer tem no currículo uma carreira de futebolista de elevada categoria que o ajude a completar as óbvias lacunas resultantes da inexperiência enquanto técnico de elite. Mas, Pinto da Costa (também sem tempo para equacionar outras opções) pensou que, a exemplo do que fizera com Villas-Boas, iria “inventar” outro treinador. A possibilidade, claro, existe sempre, mas não sendo isto a mesma coisa que acertar na chave do Euromilhões, convém ter presente que também não é apenas preciso escolher uma pessoa qualquer e que tudo funciona sobre rodas só porque a estrutura é sólida e o grupo de jogadores de elevada qualidade. Essa teoria não faz sentido. Talvez somente se qualquer um de nós fosse convidado para orientar o Barcelona. E mesmo aí… tenho dúvidas.

Como se as razões objectivas não fossem suficientes para duvidar do acerto da escolha do líder portista, bastou-me ver e ouvir Vítor Pereira falar duas vezes em conferência de imprensa para perceber que o técnico também não possui “cabedal” para aguentar a pressão inerente ao posto. Invariavelmente, o treinador opta por uma postura que facilmente se nota não ser a sua. E quanto às palavras escolhidas… parece estar a ler o teleponto que alguém definiu minutos antes.

Vítor Pereira tem pouco de genuíno na forma como lança os jogos e mais ainda quando os comenta. Enquanto as vitórias apareceram, deu para disfarçar, mas os empates com Feirense e Benfica e a derrota na Rússia, com o Zenit, destaparam tudo. De uma forma tão evidente que, quem passeia pelas redes sociais, só encontra sócios e adeptos descontentes com o seu treinador. Curiosamente, poucos centram as críticas nos aspectos que tenho abordado. Preferem questionar as tácticas, os onzes eleitos pelo técnico e a tremenda queda para a má leitura no decorrer das partidas. Sabem que mais? Têm razão. Vítor Pereira também já mostrou que falha nessa área. E muito. Basicamente está a falhar em todos os terrenos…

O técnico, no final do jogo na Rússia, recusou falar em crise. Pinto da Costa e seus pares também não o vão assumir publicamente. Mais: colocados perante esta evidência, os dirigentes até devem criticar a abordagem dos jornalistas. Mas, como sou dado às apostas, meto dinheiro que na cabeça do presidente azul e branco já fervilham muitas ideias e cenários. E se o FC Porto sair de Coimbra sem os 3 pontos no próximo compromisso para a Liga, dificilmente o “homem certo para o lugar” antes da temporada arrancar irá manter-se no posto. Mais: se o dragão vacilar pelo quarto jogo consecutivo, é provável que a Académica festeje o(s) ponto(s), mas tenha de procurar treinador nas horas seguintes…

Clássico de aquecimento

24 Setembro, 2011 0

Se me dissessem, antes da partida começar, que o duelo entre FC Porto e Benfica teria 4 golos (devidamente repartidos) ficaria com a ideia de que o jogo iria ser de enorme qualidade. Surpreendentemente, agora que tento resumir o que vi, não tenho a sensação de ter assistido a uma grande gala futebolística. Digamos que valeu pela incerteza no marcador, pelo empenho dos jogadores e pouco mais.

Tenho de admitir que, ao contrário de muitos, não qualifico uma partida de “muito boa” ou “espectacular” apenas e só por ter mais golos do que é normal num jogo da liga nacional. Isso, obviamente, é um indicador a ter em conta, mas exigo mais, nomedamente jogo rápido, futebol aberto, momentos de pura técnica, oportunidades de golo e intervenções de qualidade por parte dos guarda-redes. E disso, desta vez, vi pouco.

Embora tenha observado os primeiros 45 minutos numa tela gigante em pleno centro comercial (por causa de um incêndio que inviabilizou a tentativa inicial de regressar a casa após um almoço que quase terminou em jantar), o que não ajuda a olhar com rigor para um jogo, fiquei com a sensação de que ambas as equipas valem bem mais do que mostraram no Dragão.

O FC Porto foi mais forte na etapa inicial e não surpreendeu que tivesse chegado ao intervalo a vencer 1-0. Contudo, mesmo nesse período em que dominou de forma indiscutível, o conjunto confirmou aquilo que já nem os adeptos mais ferrenhos conseguem negar: a actual equipa está a léguas de distância do rendimento da temporada transacta. Hulk não está nas melhores condições físicas, Fernando tarda em recuperar o andamento a que nos habituou, Guarín (mesmo sendo dos melhores) dificilmente poderá repetir uma época tão forte, a defesa já esteve bem mais segura e, muito importante, falta Falcão! E desta vez também não contou com James Rodríguez. E que falta ele faz nesta altura…

O Benfica, por seu lado, prometeu jogar para ganhar, mas todos sabiam que não descurava a possibilidade de se contentar com o empate. Jorge Jesus, ao invés da temporada anterior, não inventou tácticas de ocasião e teve o mérito de resistir à tentação de colocar Ruben Amorim em vez de Nolito e com isso passar uma mensagem de receio aos seus próprios atletas. Manter-se fiel aos seus princípios foi meio caminho andado para não perder. Isso, o facto de agora jogar sempre com guarda-redes (notável a defesa de Artur ao remate isolado de Fucile), contar com Cardozo a viver período de enorme eficácia (e ainda desperdiçou uma ocasião evidente) e manter a aposta em Gaitán que, em menos tempo, já fez tanto ou mais que Di María de encarnado vestido.

Mas, tal como disse de entrada, o jogo não foi tão bom quanto o resultado deixa transparecer. Excepção feita ao golo de Gaitán, nos restantes houve muito demérito defensivo. De resto, tivemos empenho e luta, mas escassa qualidade futebolística. E nem Jorge Sousa mereceu nota muito positiva. Num jogo sem casos evidentes, o juiz evidenciou falta de critério na amostragem de cartões e pactuou com um ror de simulações.

Em resumo, o clássico foi lançado em bases muito tranquilas e o jogo seguiu essa linha,  inclusive fora do relvado, embora fosse dispensável a troca de palavras entre Alvaro Pereira e Jorge Jesus no final. Tratou-se, basicamente, de um aquecimento para o resto da temporada. Com as equipas empatadas na pauta classificativa antes e depois do encontro, creio que, ainda assim, o treinador encarnado sai por cima em relação a Vítor Pereira que, mais uma vez, teve dificuldades em ler e em comentar o jogo. A esse respeito, aliás, reforço a ideia de que não é, pelo menos por agora, treinador para um “filme” destes. Com este opositor, Jesus volta a respirar de alívio…

O que se joga no Dragão

23 Setembro, 2011 0

Está aí o primeiro duelo da temporada entre FC Porto e Benfica, que é como quem diz entre os dois principais candidatos à conquista do título. No entanto, por aparecer numa fase ainda de arranque de temporada e tendo em conta que as duas formações seguem em igualdade pontual na pauta classificativa, a emoção em torno do clássico não é tão grande quanto habitual.

Se alguém ganhar o jogo desta sexta-feira, os 3 pontos irão permitir-lhe isolar-se no comando da Liga. Desportivamente, com tanto ainda por disputar, não fará grande diferença. Acredito, contudo, que o impacto será muito maior ao nível psicológico.

O FC Porto – que continuo a considerar, mesmo após o ressurgirmento de Kléber, ter feito um erro ao não comprar mais um avançado de créditos firmados para colmatar a saída de Falcão – pode começar a ter problemas sérios se, depois do inesperado empate em campo neutro com o Feirense, for derrotado, em casa, pelo rival. E se toda a estrutura será colocada em causa, não tenho dúvidas que será sobre Vítor Pereira que incidirão a maioria dos olhares.

Já o disse e repito: não acredito, pelo menos para já, que Vítor Pereira tenha estaleca para tomar conta de uma equipa de topo como o FC Porto. E se em período de vitórias as suas consecutivas tentativas para vender outra imagem (mais forte e segura) até acabam por vingar, se os resultados forem negativos… de certeza que mais pessoas irão questionar esta aposta tremendamente arriscada de Pinto da Costa.

Do lado dos encarnados, e após os vários “banhos” da época passada (com excepção para o primeiro jogo da Taça de Portugal), Jorge Jesus ficará em posição deveras desconfortável se, à primeira oportunidade e depois de ter retocado o plantel à sua maneira, voltar a ser derrotado pelos azuis e brancos.

O técnico encarnado, desde que chegou à Luz, já teve os seus momentos de glória diante do FC Porto. Contudo, o que está na memória das pessoas é a sequência de derrotas da época transacta. É contra essa fantasma que Jesus tem de lutar. Para poder voltar a exibir uma confiança real nas suas hipóteses de sucesso, mas também para sentir que os adeptos estão, tal como em 2009/10, maioritariamente do seu lado.

Regressemos ao início para terminar na mesma linha de raciocínio: este é um clássico que, no que se refere ao seu lançamento, pouco barulho provocou. Ainda bem, pois “a conversa da treta” não faz falta nenhuma ao futebol. Façamos votos é que, depois do jogo, o clima se mantenta assim.

PS – É uma pena que, após uma expulsão tão justa quanto absurda na ronda anterior, o colombiano James Rodríguez falhe um jogo que se espera sempre especial. Ele que é só um dos futebolistas em melhor forma no futebol nacional…

PS1 – Depois das suadas vitórias em Paços de Ferreira e Vila do Conde, o Sporting também “joga” no Dragão. Um empatezinho vinha mesmo a calhar para a rapaziada de Alvalade…

Como é que Rudi escapou?

16 Setembro, 2011 0

Eu sei que é invulgar, que a maioria não acredita e pensa que estou a gozar, mas a verdade é que sou adepto do Atlético. É assim desde o dia em que fui para lá jogar basquetebol. Já foi há uns aninhos, mais de 20… Por isso, sempre que os meus afazeres profissionais o permitem, gosto de ir até à Tapadinha ver a equipa principal de futebol mostrar as suas aptidões.

A época passada, com a possibilidade da subida à Orangina a ser real desde cedo, assisti a uns quantos duelos. E de imediato reparei que, entre outros bons jogadores, existia um que era acima da média. Bastavam uns minutos de observação atenta para perceber que o rapaz, com 20 ou 21 anos na altura, tinha condições para jogar noutro patamar.

Durante semanas, meses, andei a tentar explicar a meio mundo que o Rudi reunia potencial para mais altos voos, que não era apenas o meu olhar de adepto alcantarense a ser simpático. Confesso que só consegui convencer aqueles que tiveram a amabilidade de me acompanhar a algumas partidas. Ainda assim, no final da época, ninguém considerava possível que o rapaz saltasse do terceiro escalão para o primeiro. O Vitória de Setúbal, segundo sei, foi o único emblema da divisão principal que tentou recrutá-lo. Mas não teve argumentos, como também não teve o meu clube para o manter nas respectivas fileiras. A nossa estrela estava de saída.

Rudi “aterrou” na Bélgica, no Cercle de Brugge. Quando palpitei que ia ser uma das figuras da equipa e provavelmente de toda a liga, voltei a ver sorrisos e a ouvir piadas. Curiosamente, bastaram cinco rondas do campeonato belga e tudo mudou. Ou melhor: quase tudo, pois eu continuo a ver o Rudi da mesma forma, o mundo é que não. Com 5 golos marcados, um penálti conquistado e algumas assistências, o dianteiro desconcertante já conquistou a Bélgica e, como confessou a Record, sonha com uma mudança para Inglaterra.

O exemplo de Rudi é apenas um entre tantos outros. Em Portugal, por alguma razão que desconheço (ou que faço questão de ignorar…), os jogadores locais há muito deixaram de interessar às equipas de topo. Pelos vistos, mesmo com as finanças pelas ruas da amargura, é mais interessante comprar sul-americanos por uns quantos milhões. Por mais que me esforce não consigo entender (e ninguém me explica convenientemente) a ideia de pretender valorizar jovens estrangeiros enquanto se ignora o produto nacional, inclusive aqueles que são oriundos da formação dos chamados grandes.

Se Rudi não tivesse nascido em Oeiras, mas sim no Brasil, Argentina ou Uruguai, se calhar ainda jogava em Portugal. Mas, mais do que palavras, veja os vídeos em baixo e diga lá se o rapaz tem jeito…

PS – Alguém consegue adivinhar quanto dinheiro recebeu o Atlético pela transferência de Rudi para a Bélgica?

A queda de Sócrates

15 Setembro, 2011 0

Não, não quero falar do ex-Primeiro Ministro. Este Sócrates é brasileiro e foi um dos futebolistas que marcou a minha infância. Lembro-me, inclusive, de ter chegado à fala com ele em Coimbra, aquando de um Portugal-Brasil que decorreu na véspera do arranque dos Jogos de Portugal, algo que se assemelhava a uns Jogos Olímpicos internos destinados à juventude. Não sou muito bom com datas, mas isto é coisa para ter uns 30 anos. Adiante…

Sócrates, que para além de ter sido um futebolista sublime (um artista de primeiro nível) conseguiu conciliar a sua actividade com os estudos (ao ponto de se formar em medicina), vive agora uma situação dramática, comum a tantas outras estrelas do futebol. Os excessos com o alcóol provocaram-lhe uma cirrose que, nos últimos dias, o tem atacado forte e feio. Sobre o tema, e com a devia vénia, transcrevo um artigo do UOL Esporte, site brasileiro de enorme qualidade.

A crise de cirrose alcoólica de Sócrates com sangramento não começou em agosto de 2011, como se imaginava. A doença se agravou nos últimos anos e o primeiro sangramento aconteceu em junho de 2010, durante uma viagem do ex-jogador. A informação foi confirmada pela médica hepatologista Luiza Romanello que o atendeu em Ribeirão Preto, logo após a hemorragia e o alertou para os problemas que viriam nos próximos meses ou anos.

“Ele não fez nada do que eu pedi: continuou bebendo, não fez endoscopia para diagnosticar a extensão do problema e agora estou acompanhando o caso de longe, por informações de amigos”, disse a especialista em fígado.

A médica revelou também que Sócrates só aceitou ser consultado por ela, graças à insistência de amigos que sabiam de seu grave estado de saúde.

“Sócrates estava em viagem quando teve o sangramento e teria sido atendido em um Pronto Socorro. Os amigos o convenceram a vir para uma consulta”, lembrou a médica em uma conversa por telefone com UOL Esporte.

Na avaliação de Romanello, “o estado dele já era muito grave há um ano. Ele precisava ter parado de beber para não piorar sua saúde. O fígado dele já estava bastante comprometido. Mas o que ele fez?”, perguntou a médica.

“Ele se mudou para São Paulo e, segundo amigos, trocou a cerveja pelo vinho”, revelou a especialista.

Sobre a chance de Sócrates voltar a ter uma vida normal, Romanello vê o transplante como alternativa válida, mas só “depois que os médicos estabilizarem o quadro clínico e o sangramento das varizes. Na prática, o tips é o único procedimento que interrompe a hemorragia das varizes, em casos agudos. Reduzida a pressão da veia porta, é possível que a equipe opte por mais um tips.”

O tips funciona como uma ponte entre a veia porta (que traz sangue do intestino e do baço para ser filtrado no fígado) e o coração. Com a fibrose do fígado, o sangue deixa de circular livremente para filtragem. Com isso, a veia porta se sobrecarrega, sofre refluxo e aumento de pressão.

“Esse quadro gera varizes do esôfago e do estômago, provocando sangramentos como esses ocorridos com Sócrates”, revela o médico Raymundo Paraná, presidente da Sociedade Brasileira de Hepatologia.

Na opinião de Raymundo Paraná, o segundo tips só não teria sido instalado, na segunda internação, devido à gravidade do sangramento no esôfago. “Os médicos precisariam tirar Sócrates da UTI para realizar a intervenção com o tips”. ( cateter que liga a veia jugular do pescoço até a veia portal).

Como Sócrates permanece na UTI, os futuros procedimentos clínicos “dependerão da estabilização do quadro de sangramento e da redução da pressão da veia portal”, antecipou Paraná, chefe do Departamento de Fígado da Universidade Federal da Bahia e responsável por centenas de transplantes de fígado no Brasil.

Para quem não conhece, deixo aqui dois vídeos que ajudam a explicar a história futebolística de Sócrates:

Escândalo em Inglaterra

12 Setembro, 2011 0

Os ingleses passam por ser gente muito séria. A mim, aquela fleuma que tantos invejam nunca me convenceu. Atrás dos fatos elegantes, das serenas sessões de chá, das atitudes cavalheirescas e da exagerada tendência para a pontualidade (algo que me desagrada profundamente por andar sistematicamente 5 minutos atrasado…) escondem-se alguns defeitos. Afinal de contas… são humanos. Ainda assim, confesso, jamais pensei ser possível assistir a um escândalo tão grande no futebol inglês como aquele que agora chegou ao conhecimento público. Mas aconteceu. Resta saber como é que a coisa vai acabar.

Segundo revelou na noite de segunda-feira o Channel 4, a Federação Inglesa, propositadamente, escondeu 43 casos positivos de doping desde 2003. Sim, não há engano, em cerca de 8 anos, os responsáveis federativos fecharam os olhos a mais de quatro dezenas de infracções, 19 das quais por consumo de cocaína!

Não consigo entender um comportamento destes. Aliás, a partir deste momento, é perfeitamente legítimo questionar tudo e mais alguma coisa em torno da Federação Inglesa. Que outras situações ilegais, que outros acontecimentos politicamente incorrectos, os senhores de fato e boas maneiras acharam por bem ignorar de modo a não beliscar o bom nome dos envolvidos, dos seus clubes e do próprio futebol inglês?

A situação é tão complexa que o canal televisivo que teve acesso à informação – terá nascido uma “Wikileaks” só na Grã Bretanha, trata-se de uma nova versão do “Garganta Funda” em acção ou isto ainda serão resquícios das escutas que, de repente, parece terem sido feitas a tudo o que é gente?– acabou por não revelar toda a lista dos futebolistas envolvidos. Bastaram saltar cá para fora quatro nomes “desconhecidos” para o caldo se entornar e, claro, as ameaças surgirem de todos os lados. Para evitar represálias, a estação “calou-se”. No entanto, mostrou saber do que fala e, para não deixar dúvidas, esclareceu que existem três nomes sonantes (internacionais ingleses) envolvidos no caso, um dos quais alinhava (ou alinha) como avançado e protagonizou uma transferência avultada entre clubes locais.

Esta situação é tão aberrante que ficou a conhecer-se também agora que mais de 200 futebolistas, das mais variadas equipas, conseguiam ludibriar os chamados teste surpresa. Como? Simples: eram avisados pelos seus próprios clubes a não marcar presença em determinadas sessões de treino, aquelas em que as brigadas iam tentar apanhar os prevaricadores.

Perante este negro filme, a Federação Inglesa não perdeu tempo e de imediato colocou na rua um comunicado. A dizer o quê? Basicamente, que os casos foram “ignorados” para permitir que os envolvidos se regenerassem! Sim, não estou a brincar, foi isto que eles alegaram. Só não explicaram como é que Rio Ferdinad e Kolo Touré acabaram suspensos… por terem acusado doping. Afinal, em Inglaterra, por trás daquela fleuma toda esconde-se muita gente danada para a brincadeira…