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No dia 12 de Agosto “postei” aqui um texto intitulado “Agora é a sério” onde, de forma resumida, lançava a temporada 2011/12. Depois de tecer os meus considerandos futebolí..." /> Olhos de ver - Record

Olhos de ver

Árbitros: esses malditos!

23 Agosto, 2011 0

No dia 12 de Agosto “postei” aqui um texto intitulado “Agora é a sério” onde, de forma resumida, lançava a temporada 2011/12. Depois de tecer os meus considerandos futebolísticos, coloquei um último parágrafo mais geral que passo a recordar:

Mas, com o regresso do futebol “a sério” vão chegar também as críticas à arbitragem; os discursos de ocasião dos dirigentes (que historicamente mudam de opinião consoante os seus clubes são beneficiados ou prejudicados); as declarações repetidas de treinadores e jogadores (com essa particularidade de todos os compromissos serem bastante complicados); as guerrilhas estúpidas entre Norte e Sul; os preços exorbitantes dos ingressos; os jogos “fora de horas” e às segundas-feiras; as inúmeras simulações de profissionais sem brio e as partidas sem qualquer qualidade a que só deviam assistir as crianças que se recusam a comer a sopa. Enfim, como em tudo na vida, também o futebol não é perfeito..

Não era preciso ser adivinho para saber que o palpite era correcto, pois desde que acompanho o desporto-rei (e já lá vão umas décadas) nada se alterou. Ainda assim não estava à espera que bastariam duas jornadas para acertar em toda a linha. 

Pessoalmente apreciei o diferendo entre Jorge Jesus e Vítor Pereira, basicamente porque teve tanto de divertido, como de absurdo. O treinador dos encarnados colocou-se a jeito (e ouviu verdades incómodas), o dos dragões passou a mensagem que lhe encomendaram (bem se esforça para parecer alguém com uma postura que não é a dele) e, em traços gerais, ambos só arranjaram mais motivos para os adeptos radicais manterem viva essa estúpida guerra Norte/Sul que, como todos se recordam, a época passada proporcionou imagens tão tristes. Enfim…

Contudo, para a opinão pública, o mais interessante foi o boicote dos árbitros ao jogo do Sporting em Aveiro, no seguimento das críticas leoninas ao juiz (Carlos Xistra) do embate caseiro com o Olhanense. Admito que também é uma coisa interessante e igualmente penosa para o futebol nacional.

Como não poderia deixar de ser as críticas aos árbitros chovem de todos os lados. Surgem com maior intensidade da “nação verde”, mas também se estendem a outras influências. Já sabia que ia ser assim. E sabendo também, de antemão, que vou ser incompreendido, amaldiçoado e mais não sei o quê, assumo que consigo entender a posição dos árbitros. Atente-se que não estou a dizer que se trata da posição mais indicada, que faria o mesmo ou que este caminho leve a algum lado. Apenas digo que compreendo a atitude, pois é normal que ninguém goste de ser “carne para canhão”, nem de arcar com as culpas de tudo e mais alguma coisa. Viver com os seus erros já deve bastar.

Em Portugal, estou cansado de dizer isto, a maioria das pessoas não gosta de desporto. Nem de futebol. Gostam, isso sim, do seu clube. Querem, basicamente, que o emblema do coração ganhe os jogos todos, seja como for. São desportistas apenas no papel. Seguem à letra a célebre máxima do “façam o que eu digo, não o que eu faço”. E estão sempre dispostos a atacar os árbitros, os elos mais fracos. Até gente pretensamente com responsabilidades (e com direito a opinar na tv) só vê as faltas nas áreas dos adversários. Quando é ao contrário, não percebem bem, depende da intensidade, a posição do árbitro e dos auxiliares não é a melhor, as imagens não são nítidas e o opositor já vinha a cair desde o meio-campo. Hipócritas!

Eu, quando em causa está o Atlético, também sofro da doença da clubite. No sábado passado, no Restelo, barafustei com o juiz quando não marcava faltas contra o Belenenses. No entanto, quando vi um penálti não assinalado contra o meu clube… só sorri, fiquei caladinho. Como ficam sempre os dirigentes dos grandes clubes deste país. A diferença é que eles parecem proibidos de dizer que foram beneficiados. Contudo, o facto de não o admitirem não significa que não o sejam.

FC Porto, Benfica e Sporting são os clubes mais beneficiados da história do futebol português. E vão continuar a ser. Tal como em Espanha são o Real Madrid e o Barcelona e em Itália o Inter, Milan e Juventus. Será isto uma novidade tão grande? Se os adeptos dos grandes estivessem um mês a torcer por clubes do fundo da tabela ou das divisões secundárias iam perceber isto sem qualquer dificuldade. E de pouco vale dizer que o vizinho é mais ajudado. De repente até parece que as pessoas querem mais “empurrões” em vez de verdade desportiva. Não devia ser assim.

Em Portugal, é verdade, já aconteceram coisas muito estranhas envolvendo arbitragens (ninguém dos grandes deve cuspir para o ar), mas na última década, os títulos foram todos entregues às equipas que mais e melhor trabalharam no campo para os conquistar. Pretender colocar isso em causa é querer esconder os erros próprios. Agora, também convém realçar, o Sporting tem todas as razões para ter ficado revoltado no jogo com o Olhanense. Objectivamente, o clube foi prejudicado. Contudo, se a reacção dos árbitros logo de seguida pode ser considerada extemporânea, a dos dirigentes leoninos também pode ser avaliada assim. É comum ver um clube a lançar comunicados e a fazer conferências de imprensa logo à primeira jornada, mesmo sabendo que todos os pontos contam e que por vezes é no arranque da época que as provas ficam encaminhadas? Não, não é. E tal só aconteceu porque o Sporting não ganhou, como não tinha vencido os jogos anteriores. E alguém, bem, considerou que era melhor desviar as atenções da equipa (que de repente deixou de jogar com a desenvoltura da pré-época e de fazer golos) e atirá-las para outro lado. Só não imaginou que a reacção fosse esta. Nem sequer equacionou que a situação acabaria por perder impacto caso, tal como sucedeu, a equipa voltasse a não ganhar os jogos seguintes. Na Dinamarca e em Aveiro os árbitros foram culpados de quê? De nada! O que se viu foi o óbvio: o Sporting está melhor que a época passada, mas dificilmente terá condições de terminar à frente dos principais rivais. Apenas e só porque os os outros possuem melhores soluções (os orçamentos também ajudam a isso), a exemplo da época passada.

Não tenho a ideia de que os árbitros portugueses são os melhores do Mundo. Nem tão-pouco me passa pela cabeça afirmar que não cometem erros. Às vezes fico mesmo admirado como deixam escapar tantas coisas, como revelam tanta incapacidade para o ofício. Porém, ao contrário de muitos moralistas que querem cruxificar os árbitros de tempos em tempos, eu também vejo disparates nos jogos de Espanha, em Inglaterra, nas competições europeias (mesmo nas partidas com 5 juízes), nos campeonatos continentais e mundiais. Lá, contudo, o barulho é menor, a menos que estejam envolvidos portugueses. Aí, claro, o filme é o mesmo. De resto, a ideia é discutir futebol.

Para muito sportinguistas, o problema é que João Ferreira também já foi insultado, criticado e pressionado outras vezes, por outros emblemas, e não resolveu faltar aos jogos. Isso, obviamente, é verdade. Contudo, não consigo entender onde é que isso é assim tão relevante. Lá por ter reagido de determinada forma há um dia, um mês ou um ano perante certa situação, nada me obriga a reagir da mesma forma se deparar com uma situação similar no futuro. As pessoas não são máquinas. E mesmo essas funcionam vezes sem conta e um dia deixam de trabalhar.

PS – Acredito que o bom senso entre todas as partes vai acabar por imperar (como historicamente sempre sucedeu) e o boicote terminará na próxima ronda. No entanto, embora considere a ideia desprovida de qualquer lógica, até seria positivo passar a ter árbitros estrangeiros na nossa liga. E não falo apenas dos jogos do Sporting, mas em todos. Tal medida teria o efeito de acabar com a conversa que há uns anos escuto todas as terças-feiras, quando sai a lista dos juízes da jornada seguinte: “Esse? Estamos feitos, não te lembras do offside que não marcou em 2002 na terceira jornada ou o penálti que inventou para os outros em 2004?”. Enquanto se mantiver este tipo de mentalidade, dificilmente teremos paz. Tudo porque há demasiada memória selectiva. Será que também se lembram dos jogos em que as suas equipas foram ajudadas, dos lances de golo feito que os avançados desperdiçaram, das más opções dos treinadores, das compras sem nexo dos dirigentes, etc, etc. Provavelmente até se recordam… mas não o dizem. Claro, não dá jeito.

Sub-20: Selecção à rasca

18 Agosto, 2011 0

Confesso que tinha sérias dúvidas em relação à capacidade futebolística da Selecção Nacional Sub-20. A fase de preparação, com exibições pouco conseguidas e uma tremenda dificuldade em marcar golos, deixou-me com escassa esperança de ver a equipa brilhar na Colômbia. E quando ouvi o treinador dizer que o nosso grupo era muito forte e que, para além dos esperados problemas com Uruguai e Camarões, teríamos de contar com a Nova Zelândia… admito ter pensado o pior.

Mas, felizmente, enganei-me. Eu, praticamente todos os portugueses que acompanham as incidências do desporto-rei e, já agora, até o próprio Ilídio Vale que, pelos vistos, também mudou a sua análise, já que, de momento, não tem qualquer problema em anunciar que Portugal pode derrotar qualquer adversário.

Depois de ultrapassada a primeira fase, a RTP acordou para a competição e lembrou-se do que é serviço público, passando a transmitir em directo os jogos da equipa. Por mera coincidência, o que todo o país viu logo de entrada foi uma exibição medíocre com a igualmente medíocre Guatemala (muito provavelmente a pior equipa da prova), nos oitavos-de-final. Na manhã seguinte, aqui e ali, vários comentadores apressaram-se a dizer que a equipa jogava pouco, que não tinha fio de jogo, que faltava classe à maioria dos futebolistas, etc, etc. Por outras palavras, tínhamos a sentença marcada para os “quartos”, indpendentemente do opositor.

Pois bem, a Argentina já ficou pelo caminho e a França (essa nação que tantas vezes  “engana” as nossas selecções) também. Portugal está na final e, de repente, passou a ser uma equipa guerreira, organizada, trabalhadora, segura e confiante. Acontece…

Admito, depois de ter visto todos os jogos com excepção do disputado com a Argentina, que este grupo não tem o talento individual da selecção que, em 1991, brilhantemente conquistou o Mundial realizado no nosso país. Todavia, convém ter presente que não é todos os dias que se consegue formar um grupo que inclua gente da qualidade de Figo, Rui Costa ou João Vieira Pinto. E se esse trio era simplesmente fabuloso, temos de acrescentar que Jorge Costa, Rui Bento, Abel Xavier, Capucho, Nélson, Paulo Torres, Brassard, Peixe, Tulipa, João Oliveira Pinto, Toni e Gil estavam longe de ser jogadores vulgares.

Contudo, se recuarmos até 1989, ano do triunfo no Mundial da Arábia Saudita, encontramos muitas semelhanças com a actual equipa. João Vieira Pinto já era um caso à parte, mas de resto o que fazia a diferença era uma defesa muito sólida que não se limitava a ter centrais e laterais seguros (Fernando Couto, Paulo Madeira, Valido, Abel e Morgado), mas também um meio-campo de luta, muito certinho, com elementos como Hélio, Tó Zé, Filipe e Paulo Sousa.

Regressemos à actualidade. O que mais surpreende neste momento nem é o facto de Portugal ter conseguido chegar à final (onde medirá forças com o Brasil, como aconteceu no embate decisivo de 1991). Verdadeiramente notável é perceber que, em princípio, só Mika e Nelson Oliveira (Roderick também poderá sonhar com isso) deverão conseguir fazer parte do plantel de um dos principais emblemas nacionais, no caso o Benfica. E mesmo que isso se verifique, ambos terão tremendas dificuldades em jogar. Ao mesmo tempo, os grandes cá da terra gastam milhões e milhões a comprar jovens jogadores de 18, 19 e 20 anos. Se isto não é estranho, pelo menos é confuso…

Estes rapazes portugueses, que jogam com uma alma tremenda (confirmando que muitas vezes, no futebol como na vida, é mais importante ter atitude e vontade do que algum jeito), não fazem apenas parte da denominada “geração rasca”, estão efectivamente à rasca. É que, pelos vistos, não basta apresentar resultados para convencer a maioria dos técnicos e dirigentes. Por outras palavras, estando bem perto de conquistar o título mundial, a maioria não tem espaço para alinhar nos clubes que os formaram.

PS – Sempre fui adepto do futebol espectáculo. Gosto de ver uma equipa ganhar e, de preferência, praticar um jogo vistoso. No entanto, quando se chega aos grandes momentos, confesso que já deixei de ser esquisito, pois ganhar é que conta. No Euro'2004, todos viram quem era a selecção que melhor futebol praticava e todos sabem onde é que a taça foi parar…

PS 1 -Não deixa de ter piada ler as opiniões que nos chegam desde França em relação ao embate das meias-finais do Mundial Sub-20. Os gauleses, conhecidos por serem “pouco” chauvinistas, dizem que Portugal não joga nada e que passou a partida inteira a defender. Devem ter razão. Afinal de contas, o primeiro golo luso creio que resultou de um alívio dos nossos centrais e o segundo de uma defesa de Mika. Coitadinhos!

PS 2 – Por falar em Mika, que não é o único responsável pelo sensacional desempenho defensivo da equipa, apetece perguntar: quanto valerá este jovem sabendo que um guarda-redes espanhol foi recentemente negociado por 8,6 milhões? 

Advogados da estiva

16 Agosto, 2011 0

A 6 de Outubro de 2010, depois de tantas vezes hesitar, escrevi aqui um artigo intitulado “Peixeiradas televisivas”. Na altura, realçando o facto de todos terem direito à sua opinião, manifestei-me contra a opção editorial das televisões generalistas em convidar figuras públicas de vários quadrantes para o posto de comentadores desportivos ou, dito de forma mais correcta, para comentadores de futebol. Considerava (e irei continuar a pensar assim) que não se percebe de futebol só pelo facto de acompanhar a equipa do coração. Se fosse assim tão simples, todos estaríamos em condições de falar de culinária, pois salvo uma ou outra excepção comemos diariamente… Por outras palavras, deviam – segundo o meu conceito – ser os verdadeiros entendidos da matéria (treinadores, jogadores, árbitros, ex-praticantes ou jornalistas especializados) a pronunciar-se sobre a mesma. Adiante.

O facto de não ter a mínima paciência para assistir a programas repetitivos, pouco ou nada didácticos e onde a maioria dos intervenientes fala com uma sobranceria absurda não me permite, contudo, atacar a opção das televisões. Elas é que definem a sua programação, devem saber o que interessa ao público e, claro, possuem total liberdade para convidar/contratar quem bem entendem para executar a tarefa. Eu tenho apenas o direito de não gostar e, naturalmente, não ver.

Acontece que, tal como expliquei há uns meses, por vezes acabo por ”chocar de frente” com as repetições madrugadoras desses programas. E é aí, por nem sempre ter uma opção interessante à disposição, que sou atingido por declarações e atitudes completamente ridículas que, evidentemente, não abonam nada quem as protagoniza. Nas tascas de Norte a Sul, a discussão acalorada cumpre os requisitos do povo, pois o que interessa é ir passando o tempo e ter um pretexto suplementar para mandar vir mais imperiais e petiscos. Quando os participantes nas querelas são doutores somos levados a pensar que o nível da discussão será mais elevado. Mentira.

Gastar uns minutos a ver umas figuras de fato a teorizar sobre futebol é inenarrável. Ficamos tão esclarecidos quanto perguntar a três peixeiras qual delas tem o peixe mais fresco. A gritaria é a mesma e o resultado prático também: nenhum. As piadas sem sal, as acusações infundadas e até a ordinarice primária (como aquela de considerar que muita gente tem inveja do “i” dos paineleiros) abundam. Com a curiosidade de, pelo meio, se sentirem ofendidos por alguém os criticar. Coitadinhos!

Colocar facciosos perante determinados lances polémicos só serve para perder tempo. Basicamente só vêem o que lhes e quando interessa. Aliás, estes “entendidos” conseguem manifestar tremenda ignorância em relação a determinadas leis do jogo, comentam partidas que começam por dizer que não viram e até se dão ao luxo de dizer que, sobre determinado assunto que mais toca ao seu clube, não comentam por aquele não ser o espaço indicado. Um verdadeiro espectáculo, ainda por mais quando se sabe que são pagos para… comentar.

Na madrugada de terça-feira, imagine-se, ainda ouvi um desses seres superiores dizer que “… os jornalistas de profissão, sobretudo na área desportiva, também só o são porque existem os campeonatos. Senão iam trabalhar para a estiva…”. Logo de seguida, outro acrescentou que “a comunicação social, por vezes, incentiva à violência”.

Não sou corporativista da minha classe, mas também não tenho qualquer problema em defendê-la quando é atacada sem qualquer fundamento. Só tenho pena que o moderador do pretenso debate, que conheço há muitos anos, não tenha colocado um pouco de ordem nestes “intelectuais”. E que não os tivesse colocado perante uma realidade tão óbvia: se a Comunicação Social é assim tão mazinha, qual a razão para tão distintas personagens se aproveitarem dela para ganhar uns cobres?

Quanto a trabalhar na estiva, há que começar por dizer que é uma profissão tão digna quanto outra qualquer. Aliás, não conheço nenhuma anedota sobre a mesma e sei várias envolvendo advogados.

Arrancou a Liga: tudo normal

15 Agosto, 2011 0

Começou o Campeonato Nacional e sem grande surpresa tivemos mais do mesmo. Que significa isso? Basicamente que nem parece ter terminado a época 2010/11, já que o “filme” – tendo em conta os principais emblemas – foi idêntico ao da temporada anterior, com o FC Porto a ganhar e a ver os adversários desperdiçar pontos.

Os dragões triunfaram em Guimarães e tal como sucedeu no início da caminhada anterior, nem sequer precisaram de fazer uma exibição por aí além. O FC Porto teve mais bola, mostrou maior qualidade, mas não foi a equipa dominadora da parte final da época passada. No entanto, pela enésima vez, os azuis e brancos revelaram uma das principais características das equipas talhadas para o sucesso: vencer mesmo quando a prestação não ultrapassa a mediania. Grave foram as declarações de Falcão no final, dizendo que quer ir embora (pode ganhar muito mais dinheiro no Atlético Madrid, mas desportivamente, a confirmar-se a transferência, será um disparate de todo o tamanho). O colombiano não é fácil de substituir. E vamos lá ver se não saem mais jogadores. Tendo em conta os que ainda vão entrar, parece-me obrigatório assistir a mais umas despedidas. Pessoalmente aposto que entre Fernando, Alvaro Pereira, Rolando, Guarín e João Moutinho pelo menos dois irão embora…

Também no Minho, em Barcelos, o Benfica não conseguiu melhor que um empate face a um conjunto oriundo da Segunda Liga. É mau. E é ainda pior se tivermos em conta que, aos 20 minutos, a formação comandada por Jorge Jesus vencia por 2-0. Quem pretende atingir o título, não pode desperdiçar pontos desta forma, nomeadamente face a um opositor tão acessível quanto o esforçado Gil Vicente. Na Luz, todos devem ter ainda na memória o que se passou a época passada quando, um mau arranque (3 pontos nas primeiras quatro jornadas), ditou a sorte na competição. A saída de Aimar (aparentemente devido a lesão) quebrou a dinâmica ofensiva do grupo e na defesa ficou evidente, mais uma vez, que quando Luisão não joga… todos vacilam, com excepção de Artur que, bem vistas as coisas, evitou males maiores.

Em Alvalade, o Sporting manteve a estranha senda a que já nos habituou: jogar em casa é tão ou mais complicado que actuar fora. É verdade que os leões fizeram o suficiente para poder ganhar, que até marcaram um golo que foi mal invalidado, mas as razões de queixa da arbitragem não podem esconder o essencial, que a equipa não consegue, diversas vezes, capitalizar em golos as oportunidades que cria. Ou visto ao contrário: os opositores não precisam de atacar muito para bater Rui Patrício. Tal como Domingos, os adeptos vão necessitar de muitas paciência.

De resto, também o habitual: poucos golos, poucos espectadores e uns quantos empates.

PS – Não são só as equipas que ainda estão à procura da forma ideal. Esta ronda inaugural deu para perceber que os árbitros também precisam de melhorar, tanto no capítulo técnico como no disciplinar. Só nos jogos dos principais emblemas, os lances polémicos foram vários e, claro, as opiniões dividem-se… como sempre.

Agora é a sério

12 Agosto, 2011 0

Vai arrancar o Campeonato Nacional. Agora, os testes terminaram (oficialmente já vários emblemas disputaram jogos oficiais, através das competições europeias e da Supertaça) e os resultados vão começar a ter implicações reais nas equipas e nos adeptos. As derrotas e os empates tendem a deixar de ser desvalorizados e o habitual estado de graça concedido aos treinadores durante a pré-temporada desaparece à primeira escorregadela. Tudo normal…

Já o disse várias vezes e reafirmo: tendo em conta que ainda não perdeu nenhuma das suas pedras essenciais… o FC Porto arranca como principal favorito à conquista do título. No entanto, já se percebeu que o Benfica possui um plantel mais forte em comparação com o da temporada anterior. Dito de outra forma, mesmo que os dragões venham a revalidar o título, não me parece minimamente possível que o façam com a vantagem da época anterior. Um passeio tão tranquilo é quase impossível e, já agora, não interessa ao futebol português.

Também já referi que o Sporting parte com menos possibilidades de sucesso em relação aos rivais históricos. Considero completamente impossível que os leões voltem a terminar a prova a uma distância absurda do primeiro lugar mas, mesmo sabendo que a maioria dos sócios e adeptos do clube de Alvalade não pensa como eu, não vejo maneira de o título poder ser verde e branco. O clube fez inúmeras reformas no plantel, creio ter acertado em algumas aquisições (Rinaudo é uma aposta sem hipóteses de erro), mas continua a não ter tantas e tão boas soluções quanto FC Porto e Benfica. Os últimos ensaios confirmaram-no. E mais elucidativio que os resultados negativos foram os muitos erros cometidos, nomeadamente no sector defensivo.

Deixando os grandes de lado, tenho imensa curiosidade em saber o que poderá fazer o Sp. Braga. Com um novo técnico e vários jogadores diferentes, os minhotos parecem partir como principais candidatos, no mínimo, ao quarto posto. Contudo, convém ter presente que é bastante complicado a qualquer clube nacional afirmar-se, em definitivo, como a maior ameça ao tradicional poderio do trio mais cotado.

V. Guimarães e Nacional são emblemas que pensam nos lugares europeus, de modo a repetir o desempenho da temporada anterior. No entanto, não sei se será algo garantido. Tanto os minhotos, como os insulares, revelaram várias debilidades nas partidas a que tive oportunidade de assistir.

De resto, talvez com excepção à Académica e ao Marítimo, todos os restantes emblemas devem preocupar-se essencialmente em garantir – quanto antes – a permanência na principal divisão. Se esse objectivo for tranquilamente atingindo, talvez possam, de seguida, estabelecer um objectivo mais ambicioso.

Mas, com o regresso do futebol “a sério” vão chegar também as críticas à arbitragem; os discursos de ocasião dos dirigentes (que historicamente mudam de opinião consoante os seus clubes são beneficiados ou prejudicados); as declarações repetidas de treinadores e jogadores (com essa particularidade de todos os compromissos serem bastante complicados); as guerrilhas estúpidas entre Norte e Sul; os preços exorbitantes dos ingressos; os jogos “fora de horas” e às segundas-feiras; as inúmeras simulações de profissionais sem brio e as partidas sem qualquer qualidade a que só deviam assistir as crianças que se recusam a comer a sopa. Enfim, como em tudo na vida, também o futebol não é perfeito..

A agressão a Pedro Proença

9 Agosto, 2011 0

Não sei se o árbitro Pedro Proença é adepto do Benfica, FC Porto, Sporting ou Atlético. Tal como todos os outros já ouvi que torce pelo clube A, mas também pelo B e C. Tudo depende da cor clubística de quem, cheio de certezas, aproveita uma jornada menos feliz do emblema do seu coração para justificar o insucesso com os erros alheios, que é como quem diz com os erros do homem do apito. Em Portugal, por norma, nunca ninguém perde ou empata devido à incompetência própria ou ao mérito alheio. É sempre por causa da cabala que lhe montaram de forma infame ou, na melhor das hipóteses, devido à falta de sorte.

Não sei se o árbitro Pedro Proença é adepto do Benfica, FC Porto,Sporting ou Atlético e, para ser sincero, isso não me interessa minimamente, até porque não é crime pertencer a nenhum. Aliás, estranho seria se, gostando de futebol, não simpatizase mais com este ou aquele clube. Pensando melhor, quase arrisco dizer que é praticamente impossível não ter uma certa “inclinação” para um dos três grandes clubes nacionais. Se quase toda a gente neste país é simpatizante de um de três emblemas, é provável que Proença também o seja. Sim, ele, mais o meu vizinho do lado, o de cima, o homem do talho, o barbeiro, o taxista com quem mais vezes discuto as incidências desportivas ou o empregado de mesa do restaurante onde habitualmente como fora de horas.

Assumo não ter muita paciência para discutir se Pedro Proença é um dos melhores árbitros nacionais. Na óptica de quem dirige o sector em Portugal – assim como a nível internacional -, parece que é bem cotado. Caso contrário, não apareceria tantas vezes a dirigir partidas envolvendo os melhores clubes, nem tão pouco mereceria chamadas para confrontos referentes às competições europeias.

Do meu escasso contacto com Proença, assim como da observação da sua maneira de comunicar, apenas posso dizer que se trata de alguém civilizado, culto e suficientemente capaz de desempenhar a função de árbitro. Alguém muito diferente de uns quantos sujeitos com quem deparei há umas décadas, esses sim visivelmente sem a mínima aptidão para dirigir o que quer que fosse. Significa isto que nunca vi Proença errar? Não, obviamente que não, pois como facilmente se pode imaginar nunca, absolutamente nunca, vi um jogo de futebol – ou de qualquer outra modalidade – em que o juiz não tivesse cometido erros. Os árbitros, como todos os seres humanos, não são infalíveis e erram. Hoje e amanhã, contra e favor deste e daquele clube. Gente perfeita, ao que defendem alguns, só existe no céu. Eu… nem nisso acredito.

Quando um cidadão é agredido na via pública porque um qualquer chico-esperto considera que essa pessoa prejudicou propositadamente a sua equipa num jogo de futebol estamos, com toda a certeza, a viver numa sociedade podre, onde imperam valores que, decididamente, não são aqueles que aprendemos com os nossos pais ou na escola. Temos todos de estar preocupados com esse sinais, pois eles só indiciam que caminhamos, perigosamente, para um dia-a-dia mais instável e turbulento. Se é à cabeçada que se resolvem os diferendos desportivos, imagine-se o que poderá suceder quando em causa estiverem, efectivamente, coisas sérias?

Tirando o facto de ter ouvido que Proença apresentou queixa conta um agressor que terá sido devidamente identificado após o incidente registado no Colombo, não faço ideia da forma como ele irá lidar com este caso. Eu, no lugar dele, trataria de mandar às malvas a paixão pela arbitragem. Mas, mais importante do que isso nesta altura, gostaria era de ter a certeza que o autor deste acto inqualificável fosse, entre outras punições, proibido de voltar a entrar num campo de futebol. Mais: em qualquer recinto desportivo! Está na hora de dar exemplos que ajudem a refrear os ânimos de mais uns quantos energúmenos de cores distintas que por aí vagueiam. Caso contrário, estaremos apenas a potenciar mais episódios do género.

PS – Como não presenciei a cena, não tenho a certeza que o motivo da agressão tenha sido o futebol. No entanto, como já nasci há uns anitos e nunca vi duas pessoas zangarem-se quando uma delas, pelo que se diz, até está a falar ao telefone… deduzo não existir outro motivo.

O histórico negócio de Roberto

2 Agosto, 2011 0

Chegou com pouco estatuto e partiu sem nenhum. Desportivamente falando ninguém, daqui a umas décadas, irá recordar a passagem de Roberto por Portugal. Bom, talvez um ou outro, com boa memória, se lembrem de um dos seus vários deslizes. Decididamente, contudo, o guarda-redes não entrou para a história. Sem ironias – e até atendendo ao facto de ter apenas 25 anos – talvez isso ainda seja possível. Pessoalmente… duvido imenso. E tenho essa sensação não apenas pelos “frangos” que observei. Para mim, desde o primeiro momento, Roberto não revela a escola necessária para ser um jogador acima da média. Adiante…

Apesar de Jorge Jesus sempre ter defendido Roberto como se estivesse a falar de Casillas, Cech ou Buffon – dando a ideia, por vezes, que todos os portugueses andavam distraídos e não conseguiam vislumbrar o talento do espanhol -, há muito se sabia que o guarda-redes não ia fazer parte do plantel dos encarnados para a época 2011/12. Da falta de rendimento à desconfiança dos adeptos; do elevado salário auferido para um previsível suplente até ao facto de ocupar uma vaga de estrangeiro (tão necessária para os mais que muitos que as águias possuem)… nada contribuía para a possibilidade do antigo “keeper” do Atlético Madrid prosseguir a carreira na Luz. Nesse sentido, aliás, chamar o atleta para subir ao palanque no embate de apresentação foi uma ideia sem qualquer nexo. Nessa altura já se sabia que o seu destino era o Saragoça.

Emprestar ou vender eram as soluções para o caso de Roberto. E face ao elevado preço pago pelos encarnados (uma exorbitância quando Eduardo – curiosamente hoje na Luz – podia ter sido adquirido, no máximo, por metade do preço), nem a venda por uma verba minimamente satisfatória parecia possível. Acredito, aliás, que ninguém criticaria Luís Filipe Vieira se, na tarde da última segunda-feira, se soubesse que o Benfica tinha negociado o passe do guardião por qualquer coisa em torno dos 4 milhões. Seria, naturalmente, um negócio infeliz para o clube mas, no mundo do futebol, nem sempre se conseguem valorizações espectaculares. Por vezes, as apostas saem furadas e é preciso assumir a perda de uns milhões de modo a evitar um prejuízo consideravelmente superior. E se o presidente das águias tem acertado em cheio várias vezes, também tem direito a errar. Ele como todos os dirigentes.

Contudo, perante a surpresa geral, o Benfica não só arranjou comprador para Roberto, como anunciou tê-lo negociado por 8,6 milhões de euros! Mesmo com a transacção a ser comunicada à CMVM (que consta pretender esclarecimentos adicionais sobre o negócio), o que mais se ouve por aí são pessoas a duvidar das verbas envolvidas. Com toda a sinceridade, e não colocando em causa a honestidade dos dirigentes envolvidos, há de facto aqui muita coisa que não bate certo. Por isso, mesmo longe da Luz, Roberto vai continuar a ser falado nos próximos dias.

Se alguém pagar 8,6 milhões por Roberto neste momento é surreal (já o era há um ano), mais estranho se torna o caso quando o comprador é o Saragoça, equipa sem grande expressão no actual contexto do futebol espanhol e que, pior, está atolada em dívidas (fala-se em 110 milhões). Como é que um emblema que deve dinheiro a tanta gente resolve gastar uma fortuna num jogador? E esse futebolista, para além de estar em baixa no mercado, ainda por cima não marca golos… evita-os. Ou tenta. Tudo isto é tão enigmático que, em Espanha, a estupefacção não pára de aumentar. Só nas últimas horas, li notícias que davam conta da indignação do Corunha (clube que defende a descida na secretaria do Saragoça), da Associação dos Futebolistas Espanhóis e da própria Liga Espanhola que, perante este “filme”, parece ter recusado ajudar o clube a resolver os seus muitos problemas junto dos credores.

Para além dos factos, do outro lado da fronteira também se noticia, de forma mais ou menos clara, uma série de movimentações esquisitas que podem ajudar a compreender melhor todo este negócio envolvendo Roberto. Não sei se existe algum fundo de verdade nisso. Pessoalmente só tenho imensas dificuldades em acreditar que o Saragoça tenha pago 8.6 milhões por Roberto. E se o fez, então percebo a razão de o clube estar à beira da falência…