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Não, não é nenhuma brincadeira com o apelido do treinador. Aliás, tenho de admitir que gostei de ouvir o técnico leonino falar após a pesada derrota (0-3) com o Valencia, no embate de apresentação..." /> — ler mais..

Não, não é nenhuma brincadeira com o apelido do treinador. Aliás, tenho de admitir que gostei de ouvir o técnico leonino falar após a pesada derrota (0-3) com o Valencia, no embate de apresentação..." /> Olhos de ver - Record

Olhos de ver

Sporting precisa de paciência

31 Julho, 2011 0

Não, não é nenhuma brincadeira com o apelido do treinador. Aliás, tenho de admitir que gostei de ouvir o técnico leonino falar após a pesada derrota (0-3) com o Valencia, no embate de apresentação aos associados verdes e brancos. Sem dramatismos, o responsável fez questão de salientar que a equipa não era tão boa quanto se ouviu por aí aquando do triunfo com a Juventus, mas também não era tão má que justificasse ser assobiada, pelos seus próprios seguidores, numa partida particular. Por outras palavras, Domingos pediu paciência. E fê-lo bem. É mesmo disso que o Sporting precisa.

O clube de Alvalade anda há décadas arredado do topo do futebol nacional, apesar de, com regularidade, ter conquistado alguns troféus secundários. Por muito que isso custe admitir a dirigentes e adeptos, os números confirmam que o Sporting só venceu dois dos últimos 29 campeonatos. Assim, prometer vitórias ou embandeirar em arco com triunfos na pré-temporada é tudo o que não faz falta a um emblema que, antes de mais, necessita de estabilizar, de recuperar uma cultura de vitória que, por diversas razões, esfumou-se com o passar dos tempos. Muitos sportinguistas, que no passado acusavam o vizinho do lado de ser sistematicamente o campeão da pré-época, também cederam a essa tentação tão portuguesa e durante algumas semanas julgavam-se imbatíveis. O Valência ajudou-os a regressar à realidade. Contudo, como realçou o treinador, também não é caso para desatar aos assobios e deixar o estádio antes do tempo. É preciso paciência…

Domingos não pareceu demasiado incomodado com a desfeita dos espanhóis. É evidente que preferia ter ganho, é óbvio que, a poder escolher um jogo da pré-época para perder, não optaria por este, com quase 50 mil nas bancadas. Com muita serenidade, o técnico reafirmou ter um plantel de qualidade e confiança absoluta no trabalho. O resto, naturalmente, terá de ser ver lá mais para a frente, quando as contas começarem “a sério”. Ainda assim, só quem ignorar factos bem evidentes pode colocar o Sporting como o principal pretendente a vencer a Liga.

Daquilo que tenho observado, creio ser unânime afirmar que o Sporting, esta época, surge consideravelmente mais forte. Tem mais e melhores soluções. Contudo, é um erro pensar-se que mora em Alvalade o principal candidato ao título. Não estou a dizer que os leões não possuem “pedalada” para lá chegar, apenas realço que isso não será o desfecho mais normal. O FC Porto – que até ao momento continua sem perder nenhum elemento importante e já adicionou uma mão cheia de reforços de qualidade – é o grande favorito, sendo que depois aparece o Benfica, equipa que só perdeu Fábio Coentrão, mas adquiriu vários elementos capazes de ajudar. O Sporting é apenas terceiro na linha de partida. Tem legítimas ambições, mas deve perceber isso. Domingos, pelos vistos, está devidamente enquadrado com a realidade, mas quando se vê o capitão a pedir desculpas após um desaire na apresentação e o presidente a emitir um comunicado no dia seguinte… parece que nem todos estão devidamente sintonizados com a realidade.

NBA: a hora da verdade

29 Julho, 2011 0

Depois de uns dias de silêncio, representantes da Liga, dos patrões e do Sindicato de Jogadores voltam, na próxima segunda-feira (precisamente um mês após a entrada em vigor do “lockout”), a sentar-se à mesa. Encontrar forma de assinar um novo contrato coletivo de trabalho que possibilite uma época de 2011/12 da NBA normal é o objectivo. Contudo, se parece animador verificar que as partes, após 30 dias de costas completamente voltadas, resolveram voltar a falar, todos sabem que uma plataforma de entendimento afigura-se (ainda) bastante complicada.

Como não poderia deixar de ser é essencialmente a distribuição do dinheiro ganho pelas equipas que está a provocar grande celeuma. Os patrões, através da Liga, exigem uma redução significativa da parte do bolo que tem pertencido aos atletas (de 57 para cerca de 40%), enquanto os jogadores – que começaram por pedir mais – apenas aceitam baixar até aos 54.6%. Face à disparidade dos números, não custa adivinhar que o acordo ainda está distante. Para que isto tenha um final feliz, uns terão de gastar mais do que o pretendido e os outros auferir menos. Basicamente, as duas partes têm de ceder.

Mas, mesmo perante um cenário cinzento escuro, continuo a acreditar que, a determinada altura, o bom senso vai imperar. E neste enredo o que é que se pode considerar bom senso? Salvar a competição! A NBA é um dos espectáculos mais mediáticos do planeta, interessa a milhões de pessoas espalhadas por todos os cantos e vale uma soma tão astronómica que nem vale a pena tentar quantificá-la ao pormenor. Colocar, de forma efectiva, tudo isto em risco será, mais que uma parvoíve, um erro histórico. É que, convenhamos, não estamos a falar de uma indústria onde os funcionários ganham o salário mínimo. Neste negócio, não há um único patrão, nem jogador, que – aos olhos das pessoas normais – não seja considerado rico. Muitos, aliás, são mais que milionários. Sendo assim, extremar posições e deixar a “galinha dos ovos de ouro” apodrecer… é algo que, pura e simplesmente, terá de deixar de ser opção um destes dias. Se na NFL foi isto que aconteceu, na NBA não será diferente.

Tenho a certeza que, após muitos avanços e recuos, ninguém quererá ficar com o ónus de dar cabo de uma autêntica “mina”, pois até hoje nunca uma temporada ficou por disputar. Na eventualidade disso suceder agora, a NBA precisaria de vários anos para recuperar – nos Estados Unidos e no Mundo – a sua imagem. Aquilo que David Stern conseguiu em décadas – tornar a competição um fenómeno global – ruiria num instante.

Mesmo sabendo que 22 das 30 equipas da Liga declararam ter perdido dinheiro na última época, nenhum dono está interessado em ter o seu “show” parado, pois quem tem ganho quer ganhar mais e quem tem tido temporadas deficitárias nos últimos tempos precisa de recuperar. Assim, deitar as divergências para trás das costas, ceder aqui e ali e esquecer algumas declarações mais acesas de ambas as partes é obrigatório. A questão é saber quanto tempo passará até se chegar aí.

Apesar de estar optimista em relação a um entendimento que não inviabilize a época, penso existir uma probabilidade relativamente alta de a temporada, a exemplo do que sucedeu em 1998/99, ser encurtada. Para tentar demonstrar força negocial e união, as duas partes podem “esticar a corda” até ao limite, “queimando” um mês/mês e meio de “regular season”. Mas mais do que isso não fazem. Não é por acaso que os norte-americanos gostam de dizer que “um dólar é um dólar”…

PS – Se outra razão não existisse, penso que o “lockout” deveria ser quebrado quanto antes porque, sinceramente, tenho enorme esperança que, finalmente, esta seja a temporada dos Bulls. Mesmo com o Keith Bogans a titular…

 

A FIFA tem de intervir na Argentina

28 Julho, 2011 0

Não, Diego Maradona não fez mais nenhuma declaração polémica e aquele rapaz disfarçado de treinador de futebol – Sérgio Batista – já deixou de (des)orientar a respectiva selecção nacional. Agora a sério: a FIFA podia e devia entrar em acção, quanto antes, para colocar travão à ideia peregrina de uns quantos inteligentes que, pasme-se, querem que a principal divisão do futebol argentino seja, a partir da temporada 2012/13, disputada por 38 ou 40 equipas!

A ideia, que não tem nenhuma justificação plausível (se estivesse em causa o tamanho do país, a Rússia, por exemplo, devia ter uma prova com 80 ou mais emblemas), saltou para a opinião pública menos de uma semana depois de se saber que o poderoso River Plate caira na segunda divisão. Deve ter sido por acaso…

Facilmente se entende que a queda do River provocou um enorme “terramoto” na Argentina. Primeiro entre os fiéis seguidores dos “milionários”, humilhados por uma campanha verdadeiramente impensável e insólita, mas depois também nos dirigentes federativos, bem como nos responsáveis dos outros clubes da divisão principal.

Não contar com a presença do River tira poder à competição, reduz as verbas oriundas da televisão e da publicidade, faz cair as assistências nos estádios, corta uma das principais fontes de rendimento dos clubes de pequena e média dimensão, impede a normal realização de dérbis com o Boca, etc, etc. Resumidamente, sem o colosso, o campeonato argentino vê o seu “rating” ser consideravelmente cortado, à imagem do que aconteceria em Portugal se, de repente, Benfica, FC Porto ou Sporting mergulhassem numa situação semelhante.

Contudo, percebendo-se o que está em causa, não se pode pura e simplesmente mexer nos regulamentos, nas fórmulas de disputa das provas, só porque um grande caiu em desgraça. A verdade desportiva não pode funcionar assim. E por mais desmentidos que a respectiva federação faça, todos percebem a razão desta ideia ter nascido. A FIFA, que é tão célere, por vezes, a intrometer-se em assuntos laterais, está obrigada a intervir neste caso, mais que não seja para dar o exemplo para o resto das principais ligas mundiais. Se não o fizer, todos ficaremos a saber que, futuramente, caso seja necessário, a artimanha será copiada noutras paregens. E, digo-o com toda a certeza, em Portugal, ninguém hesitaria, em avançar para tal solução. Se isso já sucedeu com emblemas menores, imagine-se o que seria se em causa estivesse um dos três grandes…

 

Benfica: a diferença de ter guarda-redes

Sem realizar prestação brilhante, o Benfica fez o suficiente para, em casa, garantir uma agradável vantagem de 2-0 perante o Trabzonspor, na pré-eliminatória da Liga dos Campeões. Com um pouco mais de sorte e com um árbitro competente, o resultado tinha sido ainda mais simpático. Significa isso que, não estando já garantida a qualificação, dificilmente as águias não alcançarão a derradeira ronda de acesso à “Champions”.

Jorge Jesus disse, na véspera do encontro, que não considerava o Benfica favorito. Não foi sincero, jogou demasiado à defesa quando, por norma, costuma ter um comportamento contrário (a época passada, por esta altura, apontava a equipa como uma das potenciais vencedoras da prova). É óbvio que estamos na fase inicial da temporada, os turcos estão longe de ser um conjunto banal, a preparação dos encarnados – devido a diversos motivos – não foi a adequada para quem (tão cedo) tinha pela frente uma eliminatória com esta importância, mas é por demais evidente que a formação portuguesa possui mais e melhores argumentos. Perder com este adversário será sempre possível, mas improvável.

Acredito que em Istambul a equipa turca seja mais ofensiva, que crie maior número de oportunidades. Porém, para que isso aconteça, terá de forçar o ataque, de abrir espaços na sua rectaguarda. Dessa forma, dificilmente não sofrerão golos, pois já se sabe que os benfiquistas sentem-se mais à vontade quando têm possibilidade de explorar “buracos” nas linhas atrasadas dos opositores.

Apostando – e bem – num onze com o mínino possível de aquisições, de forma a tentar dar mais rotinas à equipa, o Benfica não foi muito diferente da época passada. O único “pormenor” consideravelmente distinto é que, desta vez, jogou com guarda-redes, algo que raras vezes sucedeu na temporada passada, pois Jesus teimou em dar a titularidade a alguém que era tão bom, tão eficiente, que esta época – apesar de continuar a ser visto com enorme futuro pelo técnico- não cabe no plantel feito pelo seu confesso admirador.

Sem ignorar a estreia auspiciosa de Garay (bem a defender e a soltar a bola), nem a exibição muito conseguida de Luisão num momento delicado para ele, foi Artur quem, efectivamente, sobressaiu. O guardião não teve muito trabalho, mas nunca vacilou: entre os postes, fora deles, com as mãos e pés, no jogo aéreo ou junto à relva. Sempre que os turcos, quase sem saber como, apareceram em zona de finalização, o brasileiro fez a sua parte, conferindo uma serenidade suplementar (principalmente) ao quarteto defensivo, mas também ao resto do conjunto e até aos adeptos. Um guarda-redes de um clube de topo é… assim

Ninguém sabe se, no futuro, Artur não terá as suas jornadas menos conseguidas. Se jogar sempre, ou quase sempre, tenho a certeza que acabará por facilitar aqui e ali, a exemplo do que sucede com todos os “keepers” mundiais. No entanto, tenho a certeza, este não é Roberto. É muito, muito melhor. E mais baratinho…

PS – Sem esquecer a bonita execução de Nolito (parece talhado para ser a “arma secreta” de Jesus) no lance do 1-0, o remate vitorioso de Gaitán constituiu um hino ao futebol. Um golão para ver e rever.

PS – O Benfica começou a partida com um só português (Ruben Amorim) e do banco não saiu mais nenhum. Para muitos isto não é nada de especial, apenas o resultado da globalização do futebol que atinge outros emblemas nacionais e quase todos na Europa. Eu, confesso, não concordo com este regabofe, com este exagero. E no Benfica o caso torna-se ainda mais estranho, pois há pouco mais de três décadas o clube precisou do aval da Assembleia Geral para contratar o primeiro estrangeiro…

A ?novela Luisão? e não só

25 Julho, 2011 0

Há muito que o futebol português é pródigo em situações mais ou menos bizarras protagonizadas por jogadores brasileiros (não são os únicos, mas lideram largamente a lista) aquando do início das temporadas. Independentemente do clube que representam, do estatuto ou da idade, de vez a vez lá surge mais um caso em que determinado artista esquece a data em que se devia apresentar ao trabalho, perde as ligações áreas, sente necessidade de descansar mais uns dias, precisa de apoiar a família, deseja um aumento de salário ou, pura e simplesmente, pretende a mudança de clube. E tudo isto ignorando que existe uma entidade patronal que, desde que cumpra todas as suas obrigações, tem de ser respeitada e informada de tudo o que se passa fora da normalidade.

Luisão é (de novo) o caso mais recente desta estranha tendência que alguns futebolistas têm para se sentirem acima dos regulamentos, da regra do bom senso. Contudo, aquilo que está à vista de todos, que facilmente deveria ser compreendido por aqueles que seguem de perto as incidências do mundo do futebol, é interpretado de forma errónea por alguns que, sem capacidade para deixar a clubite de lado, encontram fantasmas em todo o lado.

O Record, assim como a esmagadora maioria dos jornais no planeta, não inventa notícias. Quando avança com determinada informação fá-lo com a certeza de que reúne detalhes suficientemente válidos. Significa isso que, por exemplo, quando se fala de transferências, todas irão avante? Não, pois não são os jornalistas que participam nas negociações, que precisam de encontrar forma de financiar operações com valores avultados ou que, entre tantas outras possibilidades, exigem contrapartidas de última hora. Uma transacção apalavrada hoje pode não ser ratificada amanhã por mil e uma razões. E isso, claro, não é culpa de quem, em momento oportuno, deu conta do que se passava. O caso de Danilo é elucidativo. Alguém duvida que o Benfica estava interessado no jogador, que Luís Filipe Vieira se deslocou ao Brasil com o intuito de colocar o preto no branco, que o brasileiro esteve com pé e meio na Luz até o FC Porto entrar em cena e resolver colocar mais dinheiro em cima da mesa?

Regressemos a Luisão. Ainda há quem, nomeadamente entre aqueles que resolveram enviar “mails” e comentários insultuosos para o nosso site, duvide da vontade do jogador brasileiro em abandonar o Benfica? Não acredito! O defesa central, aquando da chegada a Lisboa, assumiu estar à disposição do clube para o embate de quarta-feira com os turcos do Trabzonspor, mas também disse, sem rodeios, que considera ter chegado a hora de dar lugar a outros, aos mais novos. Tendo em conta que o internacional canarinho não deve querer continuar na Luz para ser suplente, não existe dúvida alguma que a sua intenção é ir embora. E sendo assim é completamente secundário saber se, efectivamente, ele atendeu as chamadas feitas a partir de Lisboa, se foi alvo de algum ultimato ou outra coisa qualquer. O essencial deste episódio específico da “novela Luisão” é que o jogador, sem intermediários, confirmou que se quer ir embora. Dito de outra forma: confirmou o que Record noticiou.

O mais engraçado disto tudo é que não acredito, nem um pouco, que o central deixe o Benfica agora. Tenho a sensação de que este é apenas mais um arrufo, não muito diferente de outros. O clube precisa do internacional brasileiro (não tem tempo para encontrar soluções credíveis) e vai fazer ver ao jogador que só estará na disposição de o libertar a troco de maquia interessante. Se não forem 20, terão de ser igualmente muitos milhões. E aí surge o maior entrave de todos a mudança de ares: Luisão é um futebolista interessante, com potenciais emblemas interessados, mas jamais verá, na actualidade, alguém oferecer tanto dinheiro pelo seu passe. Assim sendo, o mais normal é quarta-feira ser escalado por Jesus e, provavelmente depois, aparecer às massas dizendo que nunca houve problema algum e que o seu sonho é acabar a carreira no Benfica…

PS – Conforme acredito que Luisão irá permanecer no Benfica, também antevejo que, esta época, será ele o verdadeiro capitão de equipa. Duvido é que isso seja uma medida acertada, tendo em conta esta recente “novela” e, já agora, a forma como ele desvalorizou o facto de ostentar o símbolo do clube.

PS 1 – O seleccionador brasileiro não ficou indiferente à necessidade que Luisão sente em passar mais tempo com a sua família. Dai não o ter convocado para o particular que o escrete irá efectuar com a Alemanha, em Estugarda, a 10 de Agosto.

Caos na Noruega

23 Julho, 2011 0

Não sei o que passa pela cabeça de alguém para, de um momento para o outro, resolver acabar com a vida de dezenas e dezenas compatriotas. Só sei que uma atitude do género revela que dentro dessa cabeça não deve existir rigorosamente nada.

O dia 22 de Junho de 2011 irá, para sempre, ser recordado como um dos mais tristes de um país tradicionalmente tranquilo. O que aconteceu na sexta-feira em Oslo e na ilha de Utoya diz-nos que, infelizmente, nenhuma nação está a salvo de, repentinamente, saltar para as bocas do Mundo por causa de algo que, à primeira vista, ninguém entende. É triste, mas é mesmo assim…

 

A vergonha de Argentina e Brasil

19 Julho, 2011 0

A Copa América ainda não acabou. Nem sequer se disputaram as meias-finais. Porém, contra todas as previsões, os super-favoritos Argentina e Brasil já estão fora da corrida. Parece mentira, mas é verdade. Bom, para quem seguiu a competição desde a jornada inaugural, se há algo que surpreende, então talvez seja o facto das duas grandes potências sul-americanas terem conseguido sobreviver à fase inicial. É que tirando alguns momentos de inspiração quase sempre individual, argentinos e brasileiros jamais jogaram ao nível que se lhes exige. E quando isso sucede, o mais normal é os resultados serem maus.

Depois de terem ficado longe dos objectivos no Mundial da África do Sul, o ano passado, os colossos da América do Sul tinham no seu torneio regional uma ocasião soberana para recuperar a confiança e assumirem-secomo duas das formações mais fortes do planeta. A Argentina, a jogar em casa, não podia desejar um cenário mais favorável. Mas, após quatro exibições sofríveis, as duas equipas mais não fizeram do que provocar uma profunda depressão nos seus fiéis seguidores.

É evidente que ninguém consegue explicar, ao detalhe, as razões do insucesso, nem tão pouco enumerar as coisas que correram mal, pois foram mais que muitas. E se é justo dizer que ambas as nações podiam, perfeitamente, ter ganho os duelos dos quartos-de-final, assim como os outros em que tropeçaram logo na primeira ronda da fase de grupos, tentar resumir tudo à falta de sorte é apenas procurar escamotear o óbvio: Argentina e Brasil foram (por culpa própria) uma enorme desilusão.

Não vou dizer que as estrelas das duas nações ficaram insensíveis aos desaires. Isso, pura e simplesmente, é algo que não existe. Quem anda lá dentro quer sempre ganhar. Mas, sejamos realistas,  a maioria dos jogadores não se aplicaram ao máximo. Para quem já joga na Europa, nos melhores clubes do Mundo – auferindo somas astronómicas -, a Copa América é uma competição que não motiva por aí além. Está a léguas do Mundial, conta com presenças por convite e até com conjuntos Sub-23! Ainda por cima trata-se de uma prova que impede as férias normais; a presença no arranque dos trabalhos da nova temporada nos respetivos clubes e, em muitos casos, a disponibilidade mental necessária para estudar convites com vista a mudar de ares.

Mesmo sem uma valia técnica próxima, foram os países  menos cotados quem mais lutou pelo sucesso na prova. O desejo de chegar a patamares raros e a hipótese de saltar para o estrelato tem animado muitos futebolistas de segunda e terceiras linhas. É sempre assim: quando uns estão de “barriga cheia”… há quem aproveite a aberta para “comer”.

PS –  A forma histórica como os brasileiros desperdiçaram as quatro grandes penalidades contra o Paraguai (o escrete nunca tinha falhado mais de duas num desempate em competições internacionais) confirma a sua escassa concentração no jogo.

PS 1 – O seleccionador argentino diz que não se demite e a federação local também parece pouco ou nada interessada em forçar uma alteração no comando técnico. Ambos estão errados. Batista foi de uma incompetência tremenda, desde a construção do onze, passando pelas substituições e culminando na aposta numa táctica que, em traços gerais, ninguém entendeu, nomeadamente os jogadores. Os adeptos exigem a sua saída e estão cobertos de razão.

PS 2 – Messi vai numa sequência de 16 jogos consecutivos “a sério” sem marcar golos pela Argentina. Contado não dá para acreditar…

Coentrão entra com tudo

17 Julho, 2011 0

Há uns meses, José Mourinho não considerava Fábio Coentrão um elemento importante para o seu Real Madrid. Lembro-me de o ouvir dizer que, tendo Marcelo no plantel, estava bem servido para o posto de lateral esquerdo. Hoje, acredito, o técnico deve continuar muito satisfeito com o defesa  brasileiro. No entanto, mudou de opinião em relação ao internacional português. E fez muito bem…

Em Espanha, a maioria dos analistas desportivos – bem como os adeptos – torceram o nariz quando o Real resolveu avançar para a compra de Coentrão. E mais cépticos ficaram quando perceberam que se estava a falar de uma transacção de 30 milhões de euros, verba avultadíssima e rara quando em causa não estão futebolistas predominantemente ofensivos. Creio que terá bastado um mero jogo de preparação para muitos reverem a sua posição.

Assumo que, durante muito tempo, também duvidava da capacidade de Coentrão singrar ao mais alto nível. Talento futebolístico, claro, nunca faltou ao nortenho, mas a sua concentração e empenho pareciam-me sempre escassos em função das necessidades. Pois bem,  desde que Jorge Jesus resolveu adaptá-lo a lateral que o caso mudou de figura. O extremo intermitente, que baseava o seu jogo em meros fogachos, deu lugar a um dos melhores laterais da actualidade.

E Mourinho, provavelmente para não “queimar” Marcelo, dá ideia de estar a preparar uma nova alteração táctica no posicionamento habitual de Coentrão. Segundo tem sido possível observar, o português está na calha para actuar no centro do terreno, ao lado de Xavi Alonso.

A ideia, quando apresentada isolada, sem um contexto colectivo, parece algo bizarra, mas depois de testada em campo… dá a ideia de ter futuro. Perante os norte-americanos do LA Galaxy, Coentrão não estranhou o lugar, não se intimidou por estar a fazer a estreia por um colosso mundial como o Real Madrid, nem tremeu por saber (antecipadamente) que era um dos centros de atenção. O português limitou-se a exibir o seu futebol e, no final, foi eleito o melhor em campo. A exigente imprensa espanhola rendeu-se ao primeiro impacto.

José Mourinho pode estar a criar um problema a Paulo Bento ao adaptar Coentrão a um outro posto que não o de lateral esquerdo, mas acredito que, ao mesmo tempo, deverá contribuir para que, de forma bastante célere, o português aumente a sua cotação a nível internacional. Nem precisa jogar melhor do que fez na madrugada de domingo. Basta ter o mesmo rendimento…

Saudades de Maradona

7 Julho, 2011 0

A passagem de Diego Maradona pelo comando da selecção argentina não foi muito profícua. E como não poderia deixar de ser, o seu consulado ficou marcado por um sem número de polémicas, algumas – provavelmente as maiores – envolvendo os próprios dirigentes federativos. Sem resultados desportivos para apresentar, o técnico não resistiu e acabou afastado depois do Mundial da África do Sul.

Na altura, na Argentina mas mais na Europa, muitos (principalmente aqueles que nunca conviveram bem com as excentricidades e as más opções de vida por parte de Diego) aproveitaram a ocasião para criticar fortemente “El Pibe”, salientando, até à exaustão, que o visado não tinha currículo enquanto treinador que justificasse liderar uma das equipas mais fortes do planeta, repleta de executantes de primeira linha. Com ou sem exageros, a verdade é que a opinião tinha algum fundamento…

Pois bem, cerca de um ano volvido, todos parecem estar de acordo que a formação sul-americana, não sendo brilhante sob a batuta de Maradona, sempre jogava futebol, algo que não sucede de momento, agora com Sergio Batista ao leme do conjunto.

Confesso que não consigo descrever com exactidão a forma como a Argentina, a actuar em casa, jogou as duas primeiras partidas na Copa América. Perante Bolívia e Colômbia, a equipa que tem o dever de estar na discussão do título foi simplesmente vulgar. Tanto que, de repente, futebolistas fantásticos parecem não ter a mínima ideia do que é preciso fazer dentro do campo para ajudar a equipa a chegar às vitórias. Messi, então, parece outro.

Os dois empates registados (nada maus face às exibições) não são dramáticos tendo em vista o apuramento para a fase seguinte, mas o público já percebeu que com Batista esta Argentina raia o absurdo. Aliás, basta ver a forma como o técnico arma o onze e opera as substituições para se ter a certeza que, ao pé deste cavalheiro com aspecto de porteiro de discoteca, Maradona passa por ser o melhor treinador do Mundo.

Perante este cenário não fiquei surpreendido por ouvir, durante o jogo com a Colômbia (muito bem as prestações dos portistas Falcao e Guarín), assobios à equipa local e, mais interessante, cânticos de apoio a Maradona. Os argentinos, quando estão aflitos no futebol, lembram-se sempre do seu “Deus”. É assim há várias décadas…

 

A novela Coentrão e as outras

6 Julho, 2011 0

Terminou a novela Fábio Coentrão. E acabou da maneira óbvia, com o Real Madrid a satisfazer o pedido do técnico, com o Benfica a vender um dos seus jogadores mais valorizados, com o futebolista a mudar-se para aquele que, afinal, é o emblema dos seus sonhos, com José Mourinho a reforçar o contingente luso na formação merengue e, já agora, com Jorge Mendes a protagonizar nova transferência milionária. Por outras palavras… tudo normal.

Mas, ao invés, normalidade é coisa que não tem imperado neste defeso/arranque de temporada no conjunto das águias. Significa isso que os encarnados partem em desvantagem rumo à nova época? Não, mas admito que o cenário – para quem necessita de recuperar, quanto antes, dos traumas recentes – está longe de ser o ideal. E muito por culpa própria.

Luís Filipe Vieira, escaldado com os desaires dos últimos meses, anunciou que voltaria a estar mais em cima das operações e que o clube passaria a contratar com outro rigor. Porém, várias semanas volvidas (e pese a dedicação do dirigente), não se notam grandes diferenças. Bem pelo contrário. O Benfica soma um número invulgar de profissionais que, arrisco dizer, nenhum adepto (por mais atento) consegue enumerá-los a todos. Adepto? Tenho a certeza que nem o presidente, nem Jorge Jesus, terão capacidade para, de enfiada, dizer quem tem contrato válido com o clube.

Jovens e menos jovens; de guarda-redes a avançados ou de defesas a médios; sul-americanos, europeus e (poucos) portugueses; internacionais A, Sub-21, 20 ou menos; experientes ou sem a mínima “rodagem” ao alto nível; com nome feito, em crescendo ou ilustres desconhecidos. À Luz, num ápice, chegou uma extensa lista de reforços que se juntaram aos atletas que transitaram da temporada anterior e aos que, um pouco por todo o lado, estiveram emprestados. Todos juntos eram (e continuam a ser) mais que muitos, suficientes para fazer umas duas equipas extensas ou três curtas. E é público que as portas ainda não estão fechadas. Para entradas e necessariamente também para saídas. O problema é que ninguém sabe se, após a triagem, a matéria-prima chegará para construir um bloco efectivamente coeso e competitivo, nomeadamente no que se refere ao sector defensivo. Depois de acabar a temporada passada a sofrer golos em todos os jogos deveria ser urgente olhar com precisão para essa área…

O Benfica tem historicamente dificuldades em arrancar a época com o plantel praticamente construído. Seja por causa das competições internacionais ou devido a atrasos nas opções, a verdade é que essa é uma tendência que tende a atrapalhar a solidificação de um grupo que, habitualmente, tem significativas alterações em relação à temporada anterior. Esta época não é excepção. Mais estranha é a forma de gerir o processo, ainda com inúmeras interrogações e uma impensável falta de soluções na defesa (que pode agravar-se caso Luisão reforce a intenção de mudar de ares) quando, já se sabe, a época começa muito cedo “a sério”, com a pré-eliminatória da Liga dos Campeões.

Como é que Jesus aceitou emprestar Sidnei (activo em que a SAD investiu imenso para, logo de seguida, o treinador o desvalorizar continuamente), sabendo que Luisão iria estar no escrete e Roderick a preparar o Mundial Sub-20? E perante esse cenário, como se explica que o desconhecido Leo Kanu seja cedido antes do estágio, obrigando a “ressuscitar” apenas no último momento Miguel Vítor e a solicitar o “empréstimo” de Roderick à FPF? Mais confuso: será que também ninguém se lembrou que o argentino Garay pode ficar retido no seu país, por causa da Copa América, falhando o arranque da “Champions” ou, em alternativa, terá de jogar sem praticamente conhecer os companheiros?

Os próximos dias serão determinantes para a época encarnada. A campanha anterior, na óptica de muitos analistas (subscrevo a ideia), ficou marcada pelo desaire inicial na Supertaça. Esta temporada, um falhanço logo a abrir na “Champions”, pode voltar a ter consequências nefastas. Para a equipa, mas também para Jesus e até para Vieira. É que agora não há estado de graça. Para ninguém!

PS – Os negócios entre Benfica e Real Madrid começam a ser recorrentes. Curioso é que, no meio de vendas e mais vendas, não se percebe bem por quanto é que, efectivamente, são transaccionados alguns passes. Apenas se fica com a ideia de que nem tudo o que é dito corresponde à verdade absoluta. Mas, bem vistas as coisas, isso não é sempre assim no futebol?