Olhos de ver

Boca aberta é um perigo

30 Julho, 2010 0

Há quem diga que muita gente só precisa de abrir a boca para sair asneira. Pelos vistos, também se pode começar a afirmar que basta abrir a boca para poder entrar… insecto!

Rui Costa assumiu o óbvio

“Sabemos a fase que ele está a passar. Mas também não o contratámos por aquilo que se está a passar neste momento. Esta fase inicial não tem corrido como esperávamos, assumimos isso… A posição de guarda-redes é muito específica porque as falhas resultam em golo. Assim, os guardiões estão mais expostos do que um médio ou um avançado. Mas sei que contratámos um guarda-redes de grande qualidade e temos a maior confiança nele”.

Foi assim, de forma clara (e sem precisar de inventar desculpas esfarrapadas) que Rui Costa abordou, na quarta-feira, o tema Roberto. Defendeu o atleta, mas não tentou fazer dos outros parvos. Um exemplo a seguir por muitos, a começar por Jorge Jesus…

António Feio: partiu um grande

Existem lutas que nem o maior dos guerreiros consegue vencer. É triste, mas a vida é mesmo assim. E existem pessoas que, mesmo sem nunca falarmos com elas, nos transmitem a perfeita noção daquilo que são, de tão positivos e bem-dispostos, sem recusarem defender as suas ideias e exprimir os respectivos gostos ou ódios. Os gajos porreiros, como o povo apelida, deviam estar imunes a todas as fatalidades. O problema é que esta coisa a que chamamos vida, sendo espectacular é igualmente uma grande treta, pois teima em funcionar com regras muito próprias, necessariamente diferentes das que gostaríamos de implemetar caso tivessemos capacidade para isso. Ninguém com uma força interior tão grande, aliada a um talento profissional gigantesco, devia partir tão cedo, quando em condições normais ainda deveria ter pela frente mais duas ou três décadas. Mas, como tantas vezes constatamos ao longo da nossa existência, injustiças acontecem todos os dias, em Portugal ou no mais longínquo canto do planeta. Isto é mesmo assim. Contudo, se o presente ceifa tantas vezes o esperado futuro, resta-nos a consolação de que nada, nem ninguém, tem hipóteses de apagar o passado. E quando o que ficou para trás é uma obra tão extensa, em quantidade e qualidade, jamais o nome da figura será esquecido. António Feio faz parte desse rol.

Um penálti para a história

29 Julho, 2010 0

A meia-final do Mundial feminino de Sub-20 entre a Alemanha e Coreia do Sul não teve grande história, pois a formação germânica dominou de princípio a fim e goleou 5-1. Mas, vejam o resumo, reparem na forma como surgiu o quinto golo das alemãs e depois digam lá se alguma vez tinha visto algo parecido. Eu, com toda a certeza, jamais observei algo do género…

Jankovic bem se esforça

A sérvia Jelena Jankovic já conheceu melhores dias no Mundo do ténis. Mas se isso (com trabalho e alguma sorte) pode ser recuperado, duvido que o seu esforço para se tornar uma musa dos “courts funcione. A rapariga, conforme se pode atestar pelo último ensaio fotográfico, bem se esforça mas, decididamente, esta é uma área em que ela jamais ocupará um dos lugares de topo do “ranking” mundial…

A táctica de Passos Coelho

Andei vários dias a “remoer” sobre algumas das propostas que o novo líder do PSD – Pedro Passos Coelho – pretende colocar em prática no País nos próximos tempos. Assumo que, por mais voltas que desse à cabeça, não conseguia perceber a lógica de determinadas ideias que, em meu entender, só nos deixariam ainda pior do que aquilo que já estamos. De repente, com o auxílio de um amigo, parece que logrei decifrar o enigma. Passos Coelho atirou com estas “inovações” para a frente, depois de ver que as sondagens o apontavam como potencial próximo Primeiro Ministro. Ao defender alterações que, seguramente, não merecerão a concordância da maioria dos trabalhadores… o senhor corre menos riscos de, como diz o povo, ficar com “a criança nas mãos”!

Maradona deixa Argentina órfã

28 Julho, 2010 0

Para muitos, Maradona não é treinador de futebol, mas apenas um ex-genial futebolista que, no meio de muitas curvas, acabou por ocupar o cargo que deve fazer inveja a quase todos os treinadores do planeta, tal a qualidade (e a quantidade) dos recursos que tem à sua disposição. Agora, contudo, já não é o seleccionador argentino.

Não concordo com esta ideia. Quem jogava como Diego o fazia tem de saber muito do jogo. De resto, quem viu a forma como a equipa sul-americana surgiu na África do Sul, deve ter percebido a união que Maradona conseguiu construir em torno de uma equipa em que, por razões óbvias, não deve ser fácil conseguir colocar tantos egos fortes a puxar para o mesmo lado. “El Pibe” tinha uma equipa consigo e, em meu entender, isso é meio caminho andado para o sucesso. Creio não ser necessário apontar casos contrários…

Maradona é um tipo politicamente incorrecto, que está-se nas tintas para o que pensam dele, mas não é o incompetente que muitos defendem. Tomou as suas decisões (algumas questionáveis, como sucede com todos os técnicos de todas as modalidades em todo o Mundo) e atirou-se para a frente. Chegou a dar a ideia de que poderia ir longe, mas uma exibição cinzenta contra a Alemanha deitou tudo a perder. Parece-me exagerado considerar, a partir dessa eliminação, que tudo estava mal na formação argentina, da convocatória ao onze, passando pela táctica.

E se, efectivamente, Diego errou ao olhar demasiado para o ataque, ignorando algumas cautelas defensivas (talvez a crítica mais correcta que lhe foi feita), então deixem-me dizer que prefiro sempre perder a jogar para a frente, do que para trás ou para os lados, sem avançados e com um conjunto recheado de defesas, trincos e coisas do género…

Para mim, com ou sem erros, dentro e fora do campo, Diego será sempre Maradona, o homem simples, o futebolista fabuloso, aquele que mais gostei de ver jogar futebol. Na televisão e ao vivo. E o treinador que jamais aceitou jogar sem ser debaixo dos seus conceitos. E se desta vez o ser atrevido não deu resultado, continuo a considerar que no futebol ainda ganha mais vezes quem procura a vitória.

Fixação por Roberto

Jorge Jesus ficou “enjoado” quando, após o embate em que o Benfica derrotou o Sunderland (2-0), lhe perguntaram sobre a ausência de Roberto. Segundo me recordo, o treinador acusou o jornalista de estar sempre a colocar questões sobre o guardião espanhol.

Não faço ideia se o repórter em causa tem feito muitas perguntas similares. Contudo, tenho a certeza que, após o primeiro embate em que o ex-guarda redes do Saragoça ficou de fora, era imperativo questionar o técnico sobre o porquê da alteração. Em condições normais, concordo, tal não seria um tema pertinente, pois todas as equipas costumam rodar os respectivos plantéis na pré-temporada. No entanto, até este duelo com os britânicos, Jesus tinha explicado ao Mundo que, com ele, era Roberto e mais 10!

Já disse várias vezes que não me pareceu minimamente acertada a decisão do clube da Luz em não renovar contrato com Quim. Também já referi que tenho dificuldades em perceber o que leva um emblema a abdicar de um titular (totalista na Liga) para manter nas suas fileiras os segundo e terceiro guarda-redes da época anterior quando, ainda por cima, o treinador é o mesmo. Depois, constatar que a aposta para a vaga não passa por um nome inquestionável, mas sim por alguém que tem como cartão de visita 19 jogos no campeonato espanhol… é igualmente estranho. Como não é normal saber-se que o negócio custou 8,5 milhões de euros aos cofres benfiquistas. Mas, o mais impressionante é ver a forma completamente descontrolada como Jesus tem tentado atenuar os contínuos deslizes do espanhol.

Com toda a sinceridade, não me parece grave que Roberto tenha sofrido uns frangos. Não há guarda-redes a quem isso não aconteça e, se pudessem, todos escolhiam tropeçar quando ainda nada está em causa. E tendo em conta que mudou de clube, de país, de treinador e de companheiros isso até acaba por ser normal. De resto, ainda não fez nenhuma partida com o esperado quarteto defensivo (Maxi Pereira-Luisão-David Luiz-Fábio Coentrão) à sua frente.

O problema é que se Jesus fez bem em defender o atleta, conferindo-lhe confiança, esteve mal ao conseguir ver boas exibições quando toda a gente observou prestações medíocres. O técnico podia e devia ter desvalorizado os erros, mas ao não reconhece-los, tornou o guardião um alvo ainda mais apetecido. E também ficou mal na fotografia, pois alguém que costuma ser muito directo quando tem de dizer determinadas verdades (incómodas para terceiros em diversas ocasiões), devia saber que há explicações e explicações. E ele tem utilizado algumas sem pés nem cabeça para justificar… o injustificável.

Jesus é o treinador do Benfica e tem toda a legitimidade para dispensar e contratar quem quer, da mesma forma que só a ele compete escolher o onze. Mas, não se pode esquecer que uma equipa não é formada apenas por 11 jogadores. E quando alguém falha, o normal passa por dar oportunidades aos outros. Roberto não pode ter o estatuto de intocável. E muito menos se teimar em falhar quando  joga. Júlio César e Moreira não são meros figurantes no plantel, e, coincidência ou não, com o Sunderland não sofreram golos, algo que Roberto ainda não fez uma única vez com excepção do embate com os suíços que ninguém sabe quem são nem em que divisão actuam.

Reafirmo que as partidas de pré-temporada pouco ou nada valem, mas é certo que servem de indicadores. E no caso concreto do Benfica, se se pode dizer que, ofensivamente, a máquina parece continuar oleada, na baliza as coisas têm estado complicadas. E por muito que isso custe a Jesus (e não só), o problema tem sido… Roberto. O tal guarda-redes que foi contratado para valer pontos ainda não garantiu nem perdeu nenhum, mas se já estivéssemos a falar de jogos a sério… tinha oferecido alguns ao Sion e ao Groningen.

Se Jesus não quer que a imprensa tenha fixação com as perguntas sobre Roberto, deveria começar por não estar fixado em transformá-lo em titular à força.

Nadal sabe do que fala

Rafael Nadal não é só um tenista exemplar, um dos maiores que a modalidade produziu ao longo da história. É também um maiorquino que se interessa pela sua terra, um recente acionista do principal clube da ilha, exactamente aquele que foi impedido de participar na Liga Europa por ter dividas na ordem dos 60 milhões de euros.

Em declarações ao canal televisivo IB3 TV, Nadal disse, sem hesitar, que se todos os clubes quem têm dívidas fossem impedidos de alinhar nas competições europeias… pura e simplesmente estas não teriam lugar. A frase é polémica, pode até parecer exagerada, mas é de uma perspicácia evidente. E isso é válido em Espanha, em Portugal e em praticamente todas as nações do Velho Continente.

Aliás, só a título de curiosidade, convém realçar que o Barcelona assumiu, nas últimas horas, ter as contas no vermelho, com um défice a rondar os 80 milhões de euros só na última temporada. Nadal diz que duvida que alguém tenha coragem de afastar os catalães das provas europeias. Ele duvida… eu tenho a certeza!

João Vieira deu o mote

Notável o arranque da prestação portuguesa no Campeonato da Europa de atletismo que está a ter lugar em Barcelona. A medalha de bronze conquistada pelo marchador João Vieira, na prova dos 20 quilómetros, é um excelente sinal. Ficarei muito surpreendido (e até desalentado) se já na quarta-feira não aumentarmos o nosso pecúlio no medalheiro da competição.