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Texto publicado no Record Premium e na versão impressa a 22 de novembro de 2015 Desta vez o dérbi esteve longe de encantar. Ganhou o Sporting, não por ter feito uma exibição avassaladora como na L..." /> Lado B - Record

Lado B

Leão teve mais vontade de lutar pela Taça

27 Novembro, 2015 0

Texto publicado no Record Premium e na versão impressa a 22 de novembro de 2015

Desta vez o dérbi esteve longe de encantar. Ganhou o Sporting, não por ter feito uma exibição avassaladora como na Luz, mas por ter sido quem mais vontade teve de atacar. Diria quem mais vontade teve de lutar pela Taça. Porque quando não se joga bem, tem de se querer mais do que os outros. O Benfica até marcou primeiro, fez aliás o primeiro golo da época aos leões, mas não conseguiu com isso a injeção de moral que se esperava. E jogou muito pouco outra vez.

Rui Vitória preferiu carregar sobre Jorge Sousa no final do jogo, num discurso que não se percebe se é bem dele, se encomendado, mas com isso não fez mais do que fugir à explicação da incapacidade encarnada. É verdade que Luís Filipe Vieira lhe pediu para recorrer à formação. Mas não pode ser Guedes o bode expiatório de todos os males. Até porque está longe de ser o pior jogador do Benfica. Jesus, por exemplo, utilizou sete da formação.

Falta brilho. O grande problema do Benfica não é o penálti não assinalado sobre Luisão. Que é claro. O problema é que os encarnados não foram melhores do que os leões em nenhum dos três dérbis. Longe disso, até. E Rui Vitória voltou a apresentar um onze diferente. Como Nuno Farinha bem explicou esta semana. Ontem foi o 18.º em 21 jogos. Não é muito normal, mesmo tendo em conta todos os condicionalismos enfrentados pelos treinadores. E em Braga vem mais um diferente.

O Sporting de Jesus ainda está longe de ser brilhante. Caiu na Liga dos Campeões, patina na Liga Europa e tem na Liga a sua melhor prestação, também porque é onde treinador e presidente apostam as fichas todas. Mas a verdade é que o Benfica tem sido um bálsamo para o técnico. Cada jogo, cada vitória. E isso é algo que não deixa nenhum sportinguista indiferente. Como benfiquistas.

Esta derrota deixa muita mossa em Rui Vitória. Quarto jogo grande perdido. Fora da Taça de Portugal e mal classificado na Liga. Champions não paga tudo. A Doyen não manda na Luz…

QUESTÕES LATERAIS

Os penáltis que ficam por marcar

Jorge Sousa tem influência no resultado. O lance de Luisão com João Pereira é grande penalidade. Este pormenor num jogo de Taça é um pormaior. Mesmo jogando pouco, se fizesse golo, o Benfica decidiria o jogo com o Sporting a penáltis, e aí sabe-se que tudo pode acontecer. Mas há muitos outros lances a discutir. E é pena que seja assim. Mas é mesmo assim.

É bom podermos ir ao futebol

Num dia em que a Bélgica foi obrigada a anular todos os jogos do campeonato, é bom que em Portugal se viva num clima relativamente calmo e que os adeptos presos sejam os habituais meliantes que nada têm a ver com futebol e gostam sim de roubar bilhetes e meter-se com a polícia. O nosso país tem muitos defeitos. Mas as forças de segurança e a nossa forma de ser continuam a fazer dele um cantinho recomendável.

Rui Vitória infeliz ao falar do hospital

Não fica bem a Rui Vitória a referência ao facto de os jogadores irem a caminho do hospital. Não foram vítimas de agressão e tanto Luisão como Gaitán lesionaram-se em lances de futebol. No lance do capitão é penálti, mas de João Pereira e Rui Patrício não tem qualquer intenção de lhe partir o braço. E levanta até a questão se Nico devia ter ficado em campo…

NOTAS DE RODAPÉ

5 João Mário é um craque. Encheu o campo. Tão bom que na direita disfarça o facto de não ter nascido para extremo. Mas é no meio que mais faz a diferença. Com ele ali, melhora William, melhora Adrien. Engoliu o miolo lutador do Benfica.

4 Adrien usou a braçadeira e fez questão de mostrar o porquê. O golo do empate é dele e o de Slimani na recarga de mais um remate fortíssimo. Lutou muito, correu quilómetros, recuperou bolas e saiu a jogar de cabeça levantada. Como um líder.

3 Júlio César esteve no melhor e no pior mas não pode ser o culpado da derrota. Fez um par de defesas que só não foram decisivas porque não teve a ajuda que merecia. Comprometeu no golo do empate, mas houve mais quem falhasse…

2 Samaris não foi dos piores do Benfica. Mas a expulsão não se aceita e prejudica muito o clube na Liga. Slimani está nitidamente em jogo no lance do golo e o grego devia ter-se preocupado em empatar e não refilar. E agora não joga em Braga.

1 Montero foi o pior do Sporting. Talvez por isso tenha sido o primeiro sacrificado por Jorge Jesus. Alheado, pouco empenhado, acaba curiosamente por ter papel decisivo no golo do empate ao saltar no lance que sobra para o remate de Adrien.

O dérbi é sempre um jogo especial

23 Novembro, 2015 0

Texto publicado no Record Premium e na versão impressa a 19 de novembro de 2015

Mais Jorge Jesus-Rui Vitória. Mais Bruno de Carvalho-Luís Filipe Vieira. Enfim, mais um Sporting-Benfica que se prevê quentinho dentro de campo e fora dele, nas jogadas antes, durante e após o jogo, mas que os adeptos têm sabido entender como apenas futebol. Os recentes acontecimentos de Paris, diga-se, ajudam-nos todos a ver que um jogo não pode ser de vida ou morte. Isso é outra coisa. Os que nos deixam merecem respeito. Aproveitemos bem o que temos.

A rivalidade entre Sporting e Benfica acirrou-se com a troca de Jesus, da Luz para Alvalade. Mas nada tem de novo. Cresci com a constante troca de argumentos entre ambos. Dentro do respeito mútuo, é uma das coisas que nos faz amar o jogo. A piada que lançamos quando a nossa equipa ganha, o poder de encaixe que temos de ter quando perde. Entre pais e filhos ou amigos e conhecidos. Faz bem. Devemos saber rir-nos de nós próprios.

É este jogo mais importante para Jesus ou Vitória? Para o treinador do Benfica, claramente. O facto de ter perdido os dois dérbis anteriores e ainda o clássico no Dragão torna este confronto num tira-teimas para o homem que veio de Guimarães. Curiosamente, esta é uma prova de que guarda boas recordações e precisamente frente a Jesus. Um triunfo ajudá-lo-á a conquistar estatuto.
Rivalidade de Sporting e Benfica acirrou-se com a troca de Jesus mas nada tem de novo

Para Jesus uma derrota em casa deixará obviamente marcas, mas serão atenuadas pelo 1.º lugar na Liga. Ainda assim, após a eliminação da Champions e uma Liga Europa muito abaixo do exigido, o técnico ficaria apenas com o campeonato para dar aos adeptos leoninos aquilo que eles desejam: títulos. Só aí os milhões nele investidos terão retorno.

Não sei como lhes explicar isto

16 Novembro, 2015 0

Texto publicado no Record Premium e na versão impressa a 16 de novembro de 2015

Não é fácil escrever uma crónica num jornal desportivo quando quase tudo o que vemos, ouvimos e lemos está relacionado com o terror em Paris. Ou será, mas para alguém com mais talento do que eu. Estou aqui às voltas a pensar se pego na vontade de Siqueira, na sorte de Cervi, no comportamento de Bilal ou no esforço que Jefferson faz para jogar o dérbi. Mas mesmo um dos mais excitantes jogos em Portugal parece pífio quando há explosões à porta do Stade de France.
O que se segue não é fácil. Ver discutidos problemas como o ISIS a ou sobrevivência do modo de vida europeu de forma leve – ou será leviana? – como se discute futebol é complicado. Que os penáltis nos apaixonem e levem a dizer barbaridades a favor do nosso clube ainda se perdoa. Mas as vidas humanas que se perdem em Paris são iguais às muitas ceifadas na Síria ou aos estragos que vão sendo feitos na Nigéria e a que poucos dedicam tempo e espaço. Sim, a ignorância e a falta de informação ajudam aos verdadeiros atentados aos valores humanitários que vamos enfrentando em discursos inflamados nas redes sociais ou mesmo nos locais onde menos esperávamos. Mas as soluções fáceis não passam disso. Se é que há soluções.

As minhas desculpas por hoje não falar aqui de Jesus, Rui Vitória ou Lopetegui. Estou demasiado embrenhado em tentar perceber que raio de Mundo é este. O que motiva o ISIS. Por que anda um luso-descendente a fazer-se explodir em Paris. Sou pai de três filhos e pensava que eram o desemprego, a droga e as noitadas que me iam tirar o sono. Afinal é muito pior. Confesso, não sei como lhes explicar isto.

Um país onde insultar é demasiado fácil

10 Novembro, 2015 0

Texto publicado no Record Premium e na versão impressa a 06 de novembro de 2015

Luisão está no Benfica há 12 anos. Não há clube português que não gostasse de ter feito a contratação antes dos encarnados, tal a produção, exemplo e capacidade demonstradas pelo central ao longo do tempo. Duas derrotas com o Sporting e um mau arranque de época levam a que tudo se questione. Até se o brasileiro ainda tem pernas.

Insultar neste país é demasiado fácil. Basta ver as redes sociais e as caixas de comentários dos jornais. Manuel Sérgio foi, obviamente, infeliz e as desculpas que pediu podiam ter sido evitadas. É impressionante como a idade continua a ser tão importante no julgamento dos adeptos, quando o rendimento e dedicação merecem tão mais atenção. Luisão é um líder. Que Sporting e FC Porto não desdenhariam. Quanto mais os outros. O Benfica pode ter muitos problemas. E tem-nos, de facto. Mas fazer do capitão o bode expiatório de jogos menos conseguidos quando há tanto a melhorar parece-me desonesto.

Manuel Sérgio foi, obviamente, infeliz. As desculpas que pediu podiam ter sido evitadas

Também Rui Vitória enfrenta a desconfiança pública, muito pelos 5 a 8 pontos que leva de atraso para os leões. O técnico teve a sorte de ninguém o ter atacado publicamente de forma tão radical como Luisão. Mas em muitas opiniões publicadas e recados que chegam até da Luz percebe-se que já houve mais fé no homem que em Guimarães tão bom trabalho realizou.

A sucessão de Jesus seria sempre problemática. Foram seis anos de um técnico com um feitio muito próprio. Em contenção de custos – ainda que fictícia – tornou-se ainda mais complicada. Mas Vitória não pode responder por tudo. É cedo para deixar de acreditar. Quando se tomam opções conscientes e fundamentadas dá-se tempo. E apoio. Sem reservas.

Jorge Jesus faz leão acreditar no título

5 Novembro, 2015 0

Texto publicado no Record Premium e na versão impressa a 01 de outubro de 2015

 

Belo jogo de futebol em Alvalade. Sporting e Estoril fizeram valer a pena o bilhete pago pelos mais de 40 mil que se deslocaram ao estádio para apoiar os leões. Uma primeira parte impressionante dos canarinhos, que não fosse Patrício tinham mesmo marcado. Uma resposta excelente dos da casa, a fazerem por merecer um triunfo complicadíssimo.

A arbitragem de Jorge Ferreira não foi isenta de erros. Pelo contrário. Felizmente, como foi mais do que um, acabaram por não trair o resultado. Porque também ele contribuiu de forma clara para o grande jogo em Alvalade. Deixou jogar como poucos e o futebol foi rei. Pena os penáltis. Não estragou a coisa e nos dias que correm não pedimos mais do que isso. Mesmo que seja pouco.

Mas a grande figura do Sporting é mesmo Jorge Jesus. O técnico que Bruno de Carvalho contratou para ser campeão está a fazer tudo para merecer o muito que ganha. A sua experiência é neste momento importantíssima para os leões. É ele quem marca a agenda, quem marca os ritmos, quem faz as regras. É verdade que o presidente continua a falar todos os dias, mas é para o treinador que os adeptos hoje olham com esperança de matar o jejum na liga. Eles sabem que JJ sabe como se faz. E olham para os jogadores, para o que fizeram no dérbi e percebem que também os craques acreditam. Daí os 40 mil.

 

Sporting é o líder isolado. Mas JJ já avisou que o mais difícil é ficar por lá


Jesus já avisou. E bem. O mais difícil está para vir. Aguentar a pressão e chegar ao fim na mesma posição que agora ocupam. O Sporting depende apenas de si próprio, mas precisa que Bruno de Carvalho mantenha a pressão, JJ a qualidade do futebol e os jogadores a fibra. Num plantel de qualidade mas curto todos os pormenores contam. Mesmo todos.