Lado B

Texto publicado no Record Premium e na versão impressa a 27 de outubro de 2015

Rui Vitória atravessa um mau momento. Perder dérbis não dá saúde a ninguém. E o homem que substituiu Jesus perdeu dois para o antecessor. JJ fez questão de lembrar ainda na Luz que em 14 jogos com os leões havia perdido um. A balança virou de maneira assassina. A juntar a isto há a derrota no Dragão. São já cinco e isto ainda agora começou.

Já muito se escreveu e disse sobre o dérbi. Hoje Record noticia que Vitória está seguro no Benfica, apesar de novo desaire frente a Jesus. Vieira não pode agir de outra forma. O técnico foi uma aposta pessoal, assim como o corte de custos com o plantel e a consequente aposta na formação. Vacilar agora seria pior para a carreira do presidente do que para a do próprio treinador.

Rui Vitória precisa de ajuda. Na comunicação e desportiva. Quem sabe ele próprio de mudar o chip. O Benfica tem na famosa estrutura um homem capaz de milagres a passar a mensagem. E Vitória precisa de melhorar rapidamente. Chavões como “se isto fosse fácil não era para mim” e a recente trapalhada com “a equipa e os 11 jogadores” não se podem repetir. Sem querer, deu armas ao adversário e foi humilhado por JJ. No campo e na imprensa. Ninguém resiste assim muito tempo.

O técnico volta a sentir a desconfiança Dos benfiquistas. Precisa de mudar muita coisa

Desportivamente Vitória precisava que Cervi já estivesse a jogar. Isto acreditando que Carcela, Djuricic ou mesmo Pizzi não poderão ter papel mais interventivo. Não a mais Taarabt’s e sim a reforços. O Benfica hoje quer esticar o jogo e não sabe como.

Talvez seja hora de Vitória deixar cair o esquema tático de JJ e apostar no que sempre foi o seu. A morrer, que seja com as suas ideias. Quem sabe até funcionem melhor?

Texto publicado no Record Premium e na versão impressa a 23 de outubro de 2015

É a PSP que alerta. O dérbi vai ter segurança extra. As razões são mais do que muitas, mas é óbvio que o 'leitmotiv' de tudo isto é a atual guerra Benfica-Sporting. Não se fala de mais nada no futebol português desde que Jesus trocou a Luz por Alvalade. As culpas repartem-se por vários setores, também pelo nosso, mas certo é de que vamos todos pagar a operação. Os que gostam e os que não gostam de futebol. As centenas de polícias que vão invadir as imediações da Luz são pagas pelo estado. Não pelos clubes. Dinheiro mal gasto, é certo, mas sem isto poderíamos assistir a batalhas campais de consequências imprevisíveis para os inocentes que vão a passar. Como a criança na bancada do Calderón. E isso é que não. Já chega de barbaridades.

Se de um lado Bruno de Carvalho falou do Benfica todo o santo dia, do outro respondeu-se com campanhas “Não sejas Inácio”. Curiosamente o mesmo clube que se abespinhou com as promoções da RTP. É caricato.

A PSP alertar para a segurança no dérbi não é bom. Evitemos parvoíces. Todos nós.

Vamos acreditar que na Luz estarão adeptos rivais, sim, que todo o apoio darão para que o emblema do coração saia vencedor, mas dentro dos limites da responsabilidade. As posições estão extremadas de um lado e de outro, mas é apenas entre dois ou três. Os jogadores são capaz es de jantar juntos na semana que vem. Não se deixe enganar por políticos de pacotilha. Divirta-se.

Este é um jogo muito especial para Jorge Jesus. Porque é o regresso à casa em que se fez grande. Com a ajuda do Benfica. Ajudando o Benfica. É pena que uma história de glória esteja agora manchada pela falta de capacidade de Vieira e JJ em resolverem tudo olhos nos olhos. Essa é a melhor maneira. Por muito que nos doa o durante. Isso eu sei.

Texto publicado no Record Premium e não versão impressa a 20 de outubro de 2015

O Benfica vai pagar 20 mil euros e fica com o campo interditado por um jogo, em pena suspensa por dois anos pelo comportamento futuro dos adeptos. Leia-se claques. Eis um problema que Vieira nunca conseguiu resolver, seja por falta de vontade política ou coragem para enfrentar o problema. Os grupos de apoio continuam por legalizar, a época passada o clube da Luz foi o mais multado da Liga e um eventual jogo da Champions sem público sai muito caro.

É óbvio que Vieira não pode resolver o problema sozinho, precisa da ajuda do Estado. Mas se não o fizer continua refém dos energúmenos que tudo fazem para estragar a festa que é o futebol. O que aconteceu em Madrid devia levar a uma resolução de uma vez por todas. Se a tocha tem acertado na criança, a imagem do Benfica ficava manchada para todo o sempre pelo que sucedesse à vida do menino. Não será altura de proibir a entrada de quem prevarica e não diminuir atos criminosos, que nada têm de folclore?

É óbvio que Luís Filipe Vieira não pode solucionar a questão sozinho

Desta vez com pose de Estado, discurso ponderado e insistência no que têm sido as bandeiras leoninas, Bruno de Carvalho voltou a intervir e sem fugir a perguntas. Ganha quando fala para todos e não apenas às franjas. Dossiê Carrillo explicado e referências diretas, não recados, a Pedro Proença e Fernando Gomes e baterias novamente direcionadas ao Benfica. Razão? As ofertas aos árbitros. Argumento curioso: se os jantares não têm problema, porquê a pressa na Luz em negar a utilização dos célebres vouchers por homens do apito? Eis um assunto a que só as instâncias desportivas e Ministério Público podem responder.

Texto publicado no Record Premium e não versão impressa a 12 de outubro de 2015

Que o futebol português tem muitos casos por explicar ninguém duvida. Os jornais vão revelando alguns, os clubes outros – para atingirem os rivais – mas pouco é provado. Portugal tenta ainda voltar a acreditar depois da machadada que foi o Apito Dourado na credibilidade de um desporto tão discutido. Por isso os escândalos de corrupção que mancham a FIFA e a UEFA não ajudam nada. Pior, não surpreendem ninguém. As atribuições dos mundiais cheiram a esturro e as arbitragens nas provas uefeiras continuam a suscitar as maiores preocupações. Ver Blatter e Platini, homens que deviam zelar para que tudo corresse sobre rodas, acusados de tudo e mais alguma coisa e suspensos pelos seus próprios homens, aumenta a ideia de que os negócios já são tantos e a vergonha tão pouca que se torna impossível às instâncias oficiais fecharem os olhos a um negócio de milhões que se tem conseguido governar à margem das leis. É tempo de acabar com isto.

O que está a acontecer na FIFA tem muito a ver com a entrada da justiça norte-americana na mais importante instituição do futebol. Necessário era que muitas e várias polícias dessem as mãos e varressem de uma vez por todas fundos sem transparência, SAD’s que trabalham à margem das leis, investigassem tudo o que rodeia empresários que tudo fazem e tudo conseguem. Será possível?

Por aqui, todos os dias trabalhamos para lhe trazer um jornal diferente. Fresco. Com os melhore conteúdos que conseguimos. Hoje é um bom dia. Uma entrevista exclusiva com Aquilani, o italiano que o Sporting foi buscar à Serie A e conversas com dois dos maiores do futebol mundial: Cristiano Ronaldo e Neymar. O café da manhã vai saber melhor.

Texto publicado a 5 de outubro no Record Premium e na versão impressa.

Sporting e FCPorto venceram de goleada numa ronda em que as participações europeias levantavam dúvidas. Nada mais errado. Tanto a equipa de Jesus como a de Lopetegui fizeram boas exibições, com golos para todos os gostos e momentos de bom futebol. A somar a isto, a vantagem de ter o Benfica a 5 pontos com culpas para… o nevoeiro.

Vital o triunfo para os leões. Após uma semana em que foi fustigada por um Football Leaks que lhe parece quase dedicado, terminou de vez o namoro com Carrillo, voltou a perder pontos na Liga Europa e viu o presidente castigado e afastado do jogo, eis que a equipa de JJ arranca um jogo de nota artística. O trabalho do técnico dá frutos e o regresso de William faz a diferença. Parece pouco, mas perder Carvalho e Ewerton foi um abalo forte na estratégia leonina. Certo é que o clube parece unido em torno de um objetivo que de momento ofusca todos os outros: ser campeão. E a verdade é que só assim poderá chegar lá.

Liderança de dragões e leões leva 5 pontos de avanço. JJ festeja regresso de William

Foi para isso que Bruno de Carvalho contratou Jesus. E é numa liderança de pulso firme e contra tudo e contra todos que os leões procuram saciar a forma de títulos de campeão nacional. No treinador e em Octávio Machado o presidente encontrou dois soldados sem medo de ir à guerra, seja ela qual for. E mesmo sem os milhões de FCPorto e Benfica, o Sporting está bem vivo.

Lopetegui andava de colarinho apertado, mas bateu o Chelsea e arrasou o Belém. Terá encontrado a fórmula? É bom que sim. Aquela cadeira…

Parabéns ao ténis de mesa português. Mais um Europeu em que ganhamos várias medalhas. A mostra de que há quem trabalhe bem no desporto em Portugal. Obrigado.

Após uma Champions em que FCPorto e Benfica se superaram, batendo adversários que partiam como favoritos, eis que o Sporting volta a falhar na Liga Europa. Não que o empate em Istambul seja um mau resultado ou porque os leões tenham comprometido o apuramento. Mas quem viu o jogo ou pelo menos tenha lido o Record já terá percebido que o resultado foi penalizador para a equipa de Jesus.

É então o técnico culpado de mais um semi-desaire? Difícil condená-lo. JJ já mostrou ao quem vem. Quer fazer do Sporting campeão e para isso usará de todas as armas ao seu dispor. Uma delas é rodar o onze em todas as outras competições. Por isso o regresso de William na Europa e a titularidade de Matheus Pereira. É aqui que o treinador leonino vai correr riscos. Goste-se ou não, não está a enganar ninguém. Ele é assim.

Teo Gutiérrez tem de render mais. O Sporting não pode perder pontos por não saber 'matar'

Infelizmente para o Sporting, a ausência de instinto matador não pode ser atribuída às opções, mas sim ao que os jogadores têm feito dentro de campo. Teo é disso o expoente máximo. A cada jogo que passa perde espaço para Montero e mesmo a boa relação com o golo inicial parece estar a perder força. Não sei se o colombiano está lento ou se sofre dificuldades de adaptação ao futebol europeu. Mas que mostra pouco para de quem se espera muito, isso é uma certeza. Quem é contratado a peso de ouro, tendo em linha de conta o que é o investimento do Sporting, tem de fazer mais. Está na hora.

Sp. Braga de parabéns e perceber a goleada do Belenenses. Uns mostraram o porquê do lugar que hoje ocupam no futebol português. Os outros jogaram noutra galáxia. Mesmo.

Texto publicado a 1 de outubro no Record Premium e na versão impressa.

Se na terça-feira, no Dragão, o FCPorto conseguiu uma vitória em que poucos acreditavam, em Madrid o Benfica matou um borrego com 33 anos. Uma Champions de sonho para os portugueses e que só pode deixar portistas e benfiquistas de barriguinha cheia. Não é todos os dias que se fazem cair poderosos como Chelsea e Atlético. Brutal!

Rui Vitória é o grande vencedor. O homem mais pressionado da época dá sinais claros de qualidade. Bater Simeone, fazer brilhar Guedes e Nélson Semedo e ouvir Júlio César a dizer que foi ele quem fez a equipa acreditar … é o dia perfeito. Com ou sem o cérebro, o Benfica está vivo e consegue feitos que JJ não alcançou. Com a formação. Os tais que precisavam de nascer 10 vezes. Que cegueira.

Benfica fez exibição brilhante em Madrid. Parabéns a todos, sim, mas exalte-se Rui Vitória

Vieira falou. Não sobre o triunfo. Pediu desculpa. As tochas dos ‘adeptos’ benfiquistas caíram ao lado de um menino de dois anos. O presidente disse o que tinha de ser dito. Não houve tragédia. A multa vem a caminho. Para quê?

Na Suécia, num Real Madrid à procura de identidade, Cristiano Ronaldo continua a fazer história. Mais dois golos que o tornam no melhor marcador de sempre do clube. Como é que um jogador assim ouve assobios dos seus adeptos é um verdadeiro case-study. Como deveriam ser o português e Leo Messi. A sua rivalidade é das coisas mais apaixonantes da história do jogo. Tão grandes…

O Football leaks promete tornar-se um caso de polícia. Outros o antecederam. Para ser levado a sério, aguardemos o que revelará de outros clubes. Até agora trouxe a público o que comentadores próximos do Benfica já tinham insinuado. Daremos a conhecer o que for de interesse público. Mas atentos a eventuais interesses. Bom é que a PJ aproveite.

Texto publicado a 29 de setembro no Record Premium e na versão impressa.

Hoje o FC Porto tem um jogo complicadíssimo. Amanhã será a vez do Benfica. A Liga dos Campeões é o palco onde as equipas portuguesas medem forças com adversários de outro campeonato. Chelsea e Atlético Madrid são tubarões poderosos com aspirações legítimas à vitória na prova, por muito que não passem pelo melhor momento.

Quer dizer que este é a melhor altura para defrontá-los? Puro engano. Quando a diferença é tanta isso é algo que não existe. Como diz Lopetegui sobre a equipa de Mourinho, o 15.º lugar na Premier League até pode centrar os ingleses na Champions, o que não seriam boas novas para o Dragão. O Chelsea tem demasiado talento e um treinador superlativo. Desvalorizá-lo à luz de resultados recentes seria um erro crasso. O FC Porto precisa de um jogo perfeito para bater a poderosa formação londrina. Não seria a primeira vez que os dragões ofereceriam tamanha façanha aos portugueses. Boa sorte. Também precisam.

A Liga dos Campeões, Frente a equipas como Chelsea e Atlético, exige superação

Em Madrid Simeone também procura ainda a fórmula certa para uma equipa a precisar de ajustes. Mas houve forte investimento e sabe-se como os espanhóis têm a tendência para deixar a pele em campo. A derrota em Villarreal deixa no ar uma fragilidade em que o Benfica não pode acreditar. Rui Vitória necessita de uma equipa sólida, capaz e solidária como ainda não se viu esta época. Sabe-se como a Champions é libertadora para alguns jogadores, que aí atingem patamares diferentes. Gaitán é um dos craques que raramente perde a oportunidade de brilhar nos palcos certos. O clube da Luz precisa do brilho do argentino, sim, mas de um jogo sem erros de todos os outros. Não é fácil. Se fosse era para outros, como gosta de dizer Vitória. Será?

Texto publicado a 24 de setembro no Record Premium e na versão impressa.

Cedo se percebeu no defeso que a época seria complicada. Da mudança de Jesus do Benfica para o Sporting a novo e enorme investimento dos dragões, foram muitos os milhões gastos para que se chegue a títulos nos três grandes. Daí às constantes guerras dos departamentos de comunicação, das informações passadas aos comentadores engajados e tentativas de desestabilização do adversário… um ápice. Nada de novo, diga-se, mas que esta temporada parece atingir novos limites. Algo que dificulta o nosso trabalho, o do leitor e, claro, de quem no meio disto tenta seguir um caminho ditado pela sua cabeça.

Aos dirigentes pede-se contenção e capacidade para perceberem o impacto das suas palavras. O recente confronto de Rui Gomes da Silva com o ‘Dragões Diário’ insere-se no pior que nos pode ser servido. Para além de apelarem aos instintos mais básicos dos adeptos, os argumentos utilizados são demasiado rasteiros.

Custa-me entender o que se pensa conquistar com o constante rebaixamento dos rivais. O Benfica é muito grande, com uma história imensa, mas não existe sozinho. A rivalidade com FC Porto e Sporting torna-o ainda maior. Acusar uma equipa de jogar dopada porque ganhou o clássico é minar a credibilidade da liga por um capricho. Felizmente, na sua longa e bonita caminhada, o clube teve líderes que fizeram dele um emblema respeitado.

Não sou cliente de programas em que os comentadores defendem os clubes para além da inteligência. No futebol, como na política, há demasiada gente a opinar de camisola vestida. Vale dinheiro. Clube, como partido, temos todos. Mas que isso não nos torne cegos.

Texto publicado a 21 de setembro no Record Premium e na versão impressa.

Quando era jogador do Benfica, Maxi Pereira era um dos mais odiados pelos adeptos portistas e sportinguistas. A razão? A forma muito peculiar do uruguaio se entregar ao jogo, na altura adorada pelos encarnados, mas que os rivais viam muitas vezes como à margem das leis. Ontem o caso conheceu mais um episódio, em que apenas mudaram as cores. De Vitória ao adepto mais anónimo, todos consideram que o lateral devia ter sido expulso. Já os portistas, obviamente, o que vêm nele é a raça que tem faltado tantas vezes no Dragão.

Fica por apurar, uma vez mais, como é que Maxi conseguiu terminar o clássico. Saltou à vista de todos os que conseguiram ver o jogo de forma menos apaixonada que a expulsão devia ter sido realidade. Mas só ontem? Não, muito mais vezes. Então Maxi é um jogador que consegue escapar muitas vezes às malhas da lei?Sim. E mesmo tendo dificuldades em saber todos os porquês, uma razão salta à vista. Em Portugal os grandes são os clubes mais protegidos pelas arbitragens e os jogadores sul-americanos, aqueles de sangue na guelra, como é o caso do uruguaio, escapam muitas vezes a cartões que em clubes menos importantes veriam com muito mais facilidade. Depois acaba por se criar um hábito e é nos jogos entre os grandes que este estatuto dá mais nas vistas.

Maxi Pereira não é o primeiro jogador a conquistar este ‘status’ no futebol português. E dificilmente será o último. Os grandes queixam-se muito. Às vezes é difícil saber porquê.