Lado B

Texto publicado no Record Premium e na versão impressa a 17/09/2015

Após ter falhado o acesso à Liga dos Campeões, eis que o Sporting se estreia hoje na presente edição da Liga Europa. O adversário é russo e por isso temido, não fossem tantas as más experiências com equipas provenientes da terra de Putin. O leão dá-se mal com russos e pior ainda com quem os arbitra. Coisas do futebol. E o que o dinheiro bem explica.

Após a alegria esfuziante vivida com a contratação de Jorge Jesus ao grande rival e a conquista da Supertaça, o Sporting tem vivido dias menos felizes. A liderança da Liga é um facto e esta semana pode até trazer o 1.º lugar se FC Porto e Benfica perderem ambos pontos no Dragão, mas o rombo que foi nas contas ficar ausente da prova rainha da Europa trouxe muita gente à terra.

Depois, a reorganização do Benfica e consequente contra-ataque tem levado a alguns dissabores. Perder Cervi o primeiro, as enormes dificuldades para renovar com Carrillo o segundo. E aqui não são só os encarnados que estão dispostos a dificultar a vida a Bruno de Carvalho. Pinto da Costa também está pronto a fazer uma das suas.

Sporting tem em Benfica e FC Porto rivais com vontade de roubar Carrillo de Alvalade

O que fazer ao peruano é decisão difícil de tomar. O afastamento da equipa como forma de pressão é uma das hipóteses em cima da mesa. Passando por cima do facto do triste que é ver um jogador impedido de fazer o que mais gostamos, acaba por ser um contra-senso retirar a Jesus o seu melhor jogador quando o que se lhe pede é a conquista do título. Se ele se ganha com os melhores, o que fará Carrillo à parte? Pena em Alvalade ninguém ter percebido que o peruano era mesmo craque. Só Jardim e Marco. Já devia ter renovado há muito. Um erro de gestão. E dos chatos.

Texto publicado no Record Premium e na versão impressa a 15/09/2015

O Benfica inicia hoje a aventura na Liga dos Campeões. Uma prova onde as aspirações nacionais não são mais do que fazer o melhor possível, uma vez que nos tempos que correm parece completamente impossível repetir o milagre do FCPorto de José Mourinho em 2004. Ainda assim, com os adversários que couberam em sorte à formação orientada por Rui Vitória os encarnados podem acreditar que serão capazes de passar a fase de grupos. Esse é o desafio que se coloca ao clube da Luz. A partir daí o que vier, virá. Não se podia pedir melhor rival para o arranque do que o Astana. A estratégia passará certamente por tentar resolver o jogo o mais depressa possível e depois gerir. O clássico está aí ao virar da esquina e, esse sim, tem um grau de dificuldade muito elevado. A goleada ao Belenenses desanuviou o ambiente. Triunfar frente aos exóticos representantes do Cazaquistão não deixará de ser um novo bálsamo para um Benfica que não quererá perder mais terreno na liga interna. É que a Champions traz milhões e tem uma relevância financeira importante, mas é o campeonato a prova que todos desejam. De Vitória a Lopetegui, sem esquecer Jesus. O jogo do Dragão trará mais luzes à questão, pois sabe-se como estes jogos entre os grandes podem ser decisivos numa caminhada que poucos conseguem realmente atrapalhar.

Benfica apadrinha hoje a estreia do Astana. Para ganhar, que o clássico é já ali

Andam muito atarefados os serviços de informação dos três grandes. É ver os programas de televisão onde têm representantes designados para se perceber como as mensagens são debitadas sem vergonha. Repetem-se dados, sem qualquer vontade de saber se são verdade ou mentira. Não é fácil separar o trigo do joio nos dias que correm.

Texto publicado no Record Premium e na versão impressa a 12 de setembro de 2015

O Benfica de Rui Vitória arrasou o Belenenses. Pode dizer-se que o jogo nem teve história, ou pelo menos que o enredo foi escrito sempre em tons de vermelho, tal o desmaiado do azul que passeou as camisolas. Um tónico fantástico para os adeptos do campeão, já com saudades da famosa nota artística e que começavam a duvidar da nova era. Se técnico e jogadores têm de assumir parte das culpas pela existência das incertezas, a verdade é que nem todas lhes cabem. Uma mudança precisa sempre de tempo, espaço e certeza no caminho a seguir. Vitória bem confessou no final que ele e a equipa já mereciam um jogo assim. Foi bom porque vem aí a Champions e o clássico no Dragão, mas também para que de uma vez por todas, presidente e SAD deixem de se preocupar mais com Jesus do que com os novos moradores lá de casa. Com estes 6-0 Vitória disse a Vieira que também é capaz de magia. É tempo de parar de viver no passado, digo eu.

Demonstração de força de um treinador que já merece que se fale menos de Jesus na Luz

Fantástico o facto de o Benfica ter acabado o jogo com cinco portugueses e três jogadores da formação. Antes eram números que nos três grandes só o Sporting conseguia exibir. É a filosofia defendida por Vieira finalmente a ser implantada e com razões para sorrir. Jovens portugueses como Guedes, Semedo ou Nuno Santos podem vir a ter uma bonita palavra a dizer no futuro do clube. 
O trabalho desenvolvido no Seixal deve ser elogiado. Com Jesus os miúdos não chegavam à primeira equipa. Agora vão ter oportunidades. Pode ser o clique que faltava a uma escola que devia preocupar Alcochete.

O Belém saiu goleado. E? São mundos diferentes. O suplente Jiménez pagava a equipa toda.

Texto publicado no Record Premium e na versão impressa a 08-09-2015

Tem hoje para ler no seu Record mais uma grande entrevista, desta vez a Marco Silva. Sem tiradas bombásticas, não é de facto o estilo do treinador, fica muita coisa dita e ainda alguma por dizer. Educado, frontal e solidário são características que saltam à vista a quem o conhece e a quem o lê. Impressiona-me o respeito de Marco pelo clube de Alvalade e o carinho que mantém por adeptos e jogadores, que o impedem, acredito, de contar algumas coisas. Poucas vezes um emblema tem a sorte de ser tão bem tratado depois de tratar tão mal. Provavelmente é por isso que ainda hoje a maioria dos adeptos do Sporting tem vergonha pela forma como Marco deixou o clube. Jesus foi lufada de ar fresco. Pena o triste processo para lá chegar.

Os sub-21 somam grandes resultados e tudo o que se vai ouvindo é que há talento para dar e vender na geração vindoura. Não é mentira, há qualidade a germinar, mas é da mais elementar justiça realçar o fantástico trabalho de Rui Jorge na antecâmara da Seleção A. Foi com Paulo Bento para a Federação e felizmente por lá ficou, contra algumas vontades. Os resultados estão à vista e o futebol praticado pelos miúdos nada tem a ver com o dos graúdos. E não é de hoje. Aos brilhantes resultados conseguidos pelas nossas esperanças alia-se a nota artística. E sabe-se como fica na história quem o consegue.

A SAD do Sporting apresentou os melhores resultados operacionais de sempre. Mais uma vitória de Bruno de Carvalho. É verdade que são conseguidos com a gestão em tempo de vacas magras, com Leonardo Jardim e Marco Silva. Mas custa a acreditar que possa ter perdido a cabeça. Boas notícias para quem teve Godinho Lopes como presidente.

Texto publicado no Record Premium e na versão impressa a 08-09-2015

A realidade pode ser vista de várias maneiras. Mas factos são factos e Portugal está a apenas um ponto do apuramento direto para o próximo Europeu. Mérito de Fernando Santos e dos jogadores, que estão prestas a pisar os relvados de mais uma grande competição. E sem passar pelo já habitual playoff. Só por isso estão já de parabéns. Merecidos.

Tudo está bem então na Seleção? Não. Os resultados não são a única forma de medir o trabalho realizado. É difícil perceber hoje qual a ideia de futebol de Fernando Santos para a equipa portuguesa. Vê-se o pragmatismo, o regresso do avançado sozinho lá na frente – e infelizmente o sacrificado é ‘só’ Cristiano Ronaldo… – e um entendimento de equipa pequena. Mas pouco mais. E se a renovação tarda em nome dos resultados desejados, ao menos que o futebol praticado desse mais prazer. Não pedimos milagres, mas uma ideia. É tudo tão mais interessante quando elas existem. Mesmo que representem mais algum risco.

Tem dado resultado e não faltará quem esteja pronto a tecer loas a treinador , craques e até à estrutura, coisa hoje tão em voga. Os parabéns pelos objetivos são devidos. E isso é, de facto, o mais importante. Não querer ver mais além pode ser perigoso. Ainda que habitual em Portugal. Positivo é que há tempo, espaço e forma de Santos moldar a ideia que os nossos jogadores merecem.

O Europeu a um passo. Resultados são muito bons, mas Portugal não poderia ter uma ideia?

Por uma questão de higiene mental preferia não responder a Pedro Guerra. Dizer apenas que mentiu. E como se sabe, mentir é feio. Provará agora nos local próprio o que disse, tristemente, em direto. Os jornalistas de Record, José Ribeiro e Alexandre Carvalho, merecem toda a minha confiança. É pena que haja quem se preste a tudo.

Texto publicado na versão impressa de Record e no Premium a 29-08-2015 

Numa semana difícil, em que somou inesperada derrota em Aveiro frente ao Arouca e viu o seu nome envolvido no vil crime de tráfico de droga através da ação de um funcionário, o Benfica tem hoje mais um teste à atual capacidade competitiva. O bicampeão tem dificuldades em libertar-se do fantasma de Jesus e os resultados não têm ajudado na afirmação de Rui Vitória. Mas é tempo de acertar agulhas e voltar ao rumo certo. Por muito que a incerteza do mercado vá deixando marcas no que se vai fazendo no Seixal, o plantel disponível tem de ser suficiente para bater o Moreirense. Na Luz, perante a força do seu público, num inferno que atemoriza tantos que por lá passam, Vitória está em casa. E ganhar é o que mais interessa. Claro que lá mais para a frente poderá falar-se de nota artística, mas agora, antes que seja tarde, convém somar pontos e estabilizar animicamente uma equipa que se arrisca a passar a jogar sobre brasas se não vencer.

Nos maus momentos há sempre quem aproveite para colocar a cabeça de fora. É o caso de Bruno Carvalho, putativo candidato às eleições na Luz. Por muitos erros que Vieira possa cometer, tenho imensas dúvidas de que possa um dia perder uma eleição para o empresário do norte. Confesso que tenho mais curiosidade em relação a Rui Gomes da Silva. Pensará ele que chegou a hora?

Ganhar. Esta tem de ser a única ideia de Rui Vitória. A equipa tem de estabilizar e confiar. Já!

Não tem nada a ver com bola. E provavelmente nem devia estar aqui. Mas confesso a minha impotência mental para lidar com o problema dos refugiados. E não lhes chamem migrantes. Eles estão a fugir da guerra, da miséria, do desespero. A resolução de um problema destes não é fácil. Mas se queremos ser considerados humanos… está na hora.

Texto publicado na versão impressa de Record e no Premium a 28-08-2015

Jogam-se as últimas cartadas do mercado, cada vez mais perto do encerramento. No Monaco, Luís Filipe Vieira e Jorge Mendes tentam encontrar soluções para problemas que já podiam estar resolvidos. Em Lisboa, Rui Vitória desespera por boas notícias, ciente de que ainda não tem as mesmas armas que outros tiveram. Não deixa de me espantar, confesso, que a grande preocupação seja um lateral-esquerdo. Olho para o plantel e vejo carências mais evidentes. Mas como dizia um companheiro de redação, o melhor reforço seria a permanência de Gaitán. Aí sim, o treinador teria razões para sorrir. Já as finanças encarnadas nem por isso. Mas essas já não parecem a maior preocupação, como há tempos acontecia. É a vida.

O sorteio da Champions foi simpático para as equipas portuguesas. Papões claramente identificados, mas capacidade de discutir os resultados com as outras e os parentes pobres também transparentes. Temos hipóteses, claro.

Acreditar é preciso e Sá Pinto tem esse condão. A coragem de assumir o Belenenses e de tentar o impossível com um plantel todo português. Parabéns ao treinador, aos jogadores, mas também a Rui Pedro Soares. Capacidade para ver além do óbvio e olho para treinadores são características do líder. E tem uma ideia para a SAD. A festa fica para depois, que o mais difícil vem agora.

Nelson Évora deu mais uma alegria a todos os portugueses. A fibra de um homem vê-se na capacidade de ultrapassar as adversidades e voltar onde poderia parecer impossível. Évora é um desses campeões. Felizmente, ao longo da história este pequeno país à beira-mar plantado tem tido o seu quinhão de heróis. Obrigado, Nelson. Brilhante. Parabéns!

Texto publicado na versão impressa de Record de 22-08-2015

A pré-época e a Supertaça deixaram marcas na Luz. O plano original leva agora retoques e Vieira cumpre a promessa feita na apresentação de Rui Vitória, dando-lhe mais armas, depois se verá se semelhantes às que outros tiveram.

As poupanças defendidas na SAD por Domingos Soares de Oliveira terão de esperar. A pressão é muita e o ‘tri’ a meta.

Chegou Mitroglou, Jiménez e o próximo é Zuculini. Jogadores de nome, que criam mais expectativa do que os reforços anteriores e que acrescentam qualidade a uma equipa que precisa de serenidade para solidificar processos. Aqui, Vitória passa pelo que Jesus sofreu no passado. Também JJ viu chegar Júlio César, Samaris, Cristante e Jonas mais tarde do que um treinador desejaria. E provavelmente vão chegar mais. A SAD assumiu que não é só a estrutura que ganha jogos. O talento ajuda muito. E com ele será a vez de Rui Vitória ter de mostrar trabalho. A goleada na estreia não curou todos os males.

Vieira e Vitória merecem que se acredite. Há várias formas de ganhar. Vamos ver…

A comunicação acalmou. É bom que os encarnados se fixem nos problemas internos. Vitória necessita de ser legitimado e é preciso tirar Jesus da agenda. Há coisas que só os triunfos recuperam. Mas chega de ruído. Ganhar em Arouca será um bálsamo para a nova vida. E para que se coloquem os olhos no que pode fazer o Benfica 2015/16. É isso que o povo encarnado agora quer saber.

Vieira e Vitória merecem que se acredite. Já mostraram que têm o que é preciso para liderar projetos vencedores. O presidente anda nisto há muito tempo e devolveu o Benfica às grandes conquistas. O técnico ganhou onde parecia impossível. Precisam de tempo. Todas as mudanças são difíceis. Mas às vezes nada como uma rutura para crescer. Vamos ver.