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O tempo vai passando e os nervos aumentam. É raro o dia em que os clubes não trocam galhardetes. E que dirigentes e até treinadores não deixam cair um recado ao rival. Normal, poderá dizer-se, porq..." /> — ler mais..

O tempo vai passando e os nervos aumentam. É raro o dia em que os clubes não trocam galhardetes. E que dirigentes e até treinadores não deixam cair um recado ao rival. Normal, poderá dizer-se, porq..." /> Lado B - Record

Lado B

Anda aí muita gente nervosa

28 Fevereiro, 2015 0

O tempo vai passando e os nervos aumentam. É raro o dia em que os clubes não trocam galhardetes. E que dirigentes e até treinadores não deixam cair um recado ao rival. Normal, poderá dizer-se, porque já estamos habituados a estas coisas, mas não deixam de ser mais achas para uma fogueira que não anda fácil de apagar. O clássico, por exemplo, vai dar trabalho a 600 polícias, muitos, mas mesmo muitos, pagos pelo erário público. Num país em que há políticos que acham que se devem salvar vidas humanas, mas não a qualquer preço, talvez fosse interessante revermos as prioridades.

As palavras de Jesus dificilmente ficarão hoje sem resposta de Lopetegui. Quem, provavelmente, passará ao lado da novela é Marco Silva. O técnico do Sporting já mostrou que tem outras preocupações e o discurso raramente resvala para o território em que os adversários se sentem bem. Mas vai haver mais. Até final da época, os técnicos vão falar muito jornada após jornada e mesmo Pinto da Costa e Vieira deverão referir-se às arbitragens e às jogadas de bastidores. Como se algum dos grandes tivesse razões de queixa quando comparado com os restantes clubes. Artur Soares Dias tem no clássico uma boa oportunidade para mostrar de que fibra é feito. Que lhe corra bem.

 

As palavras de Jesus dificilmente ficarão sem resposta de Lopetegui


Mas não só gente nervosa anda por aí. Há também muita distraída. É difícil entender que meio mundo discuta a cor de um vestido, mas é mais grave que um suposto gestor de topo faça tão triste figura numa audiência parlamentar. É hoje claro que BES e PT eram dois manás para muita boa gente neste país. Talvez a única coisa positiva que a troika tenha feito por Portugal seja o ter tornado visíveis vários vícios do nosso sistema. Dava jeito uma coisa semelhante no futebol. Era giro…

O debate quinzenal

20 Fevereiro, 2015 0

Estava a ouvir o debate quinzenal na Assembleia mas não aguento mais. PSD e PS ainda não perceberam, ou não querem perceber, que é este tipo de discurso que afasta os portugueses da política. Mais, que lá fora está a afastar os eleitores dos partidos moderados. É um discurso perigoso para a democracia, autista, desresponsabilizante e demagógico. Nada a que não esteja habituado. Mas, de facto, a nossa dignidade está ferida. É pena que tenha de ser um “alemão” a dizê-lo e que ainda haja portugueses a negá-lo. Isto é tudo tão triste.

A jogar contra a história

Tem quase pinta de missão impossível o desafio que se apresenta hoje ao Sporting. Pela história dramática que são os jogos na Alemanha, pela diferença de orçamentos entre as equipas, talvez pior, pela enorme diferença que são 6 centímetros de altura em média entre leões e germânicos. Pequeno grande pormenor que pode deitar tudo a perder esta noite. Depois há o momento leonino. A equipa ainda não recuperou o fôlego após o dérbi. E como será difícil fazê-lo na terra de Merkel.


Todos os portugueses mereciam, também por isso, um triunfo do Sporting. Mesmo os “haters” dos rivais nas provas europeias. Às malfeitorias que nos vão sendo infligidas pela ditadura económica alemã sabia bem responder com um manguito desportivo. Será possível?


Só um Sporting nos limites poderá fazer história. FC Porto até merecia mais


Impossível é palavra pouco usada no futebol. E o Sporting tem legitimidade para sonhar, por muitas que sejam as condicionantes, como a ausência do nuclear William Carvalho. Uma coisa é certa: Marco Silva vai jogar em Wolfsburgo à procura de um bom resultado e sem complexos de inferioridade. Já o mostrou no Estoril. E em Alvalade. A ideia positiva de futebol que defende conquistou os adeptos. Mas não faz impossíveis. Só um leão nos limites poderá fazer história. E um empate foi o melhor que fez até hoje.


O FCPorto trouxe um importante empate de Basileia, mas até merecia mais. A equipa de Paulo Sousa marcou no único remate à baliza e recuou, recuou, recuou até quase não sair lá do cantinho. Jackson sofreu um penálti claríssimo não assinalado, Casemiro teve um golo bem anulado mas de forma algo estranha, e a coisa fez lembrar a malfeitoria infligida ao Vitória de Guimarães há uns anos. Só uma má noite do Dragão impedirá o apuramento. Tem muito mais génio e qualidade. Siga em frente!

 

Texto publicado na versão impressa de Record a 19-02-2015

Um projeto muito sério

12 Fevereiro, 2015 0

Num clube onde o nível de exigência é alto, com uma massa associativa sempre presente e pronta para apoiar mas ainda mais lesta a cobrar, Júlio Mendes e Rui Vitória são homens que dão corpo a um projeto com cabeça, tronco e membros. Sem qualquer possibilidade de se bater com os três grandes por erros graves do passado e tendo perdido até financeiramente para os rivais de Braga, em Guimarães trabalha-se com os pés assentes na terra e de olhos postos no futuro.

Os bons negócios realizados com o FC Porto, que Record explica hoje, são apenas uma das faces do excelente trabalho desempenhado pelo líder vitoriano. Compras ajuizadas, boas vendas e uma política desportiva cuidada salvaram o clube de tempos conturbados e trouxeram de volta o Vitória ao lugar que os adeptos merecem. Depois há Rui Vitória. Um técnico que não se importa de transformar jovens em pepitas todos os anos, tentando através da formação e da busca de talentos a preço de saldo fazer equipas competitivas. É verdade que esta semana os vimaranenses foram ultrapassados pelo Sp. Braga. Mas fazem os guerreiros mais do que a sua obrigação? Se admiro Marco Silva por se bater de igual para igual num Sporting de tostões com os milionários Benfica e FCPorto, tenho de tirar o chapéu ao Rui que vai somando vitórias na Cidade-Berço. Acredito que tenha sonhos mais ambiciosos. Mas era bonito perceber onde poderia chegar se Júlio Mendes lhe conseguisse dar mais armas ano após ano, mantendo a gestão cuidada. Pela massa adepta que apoia o clube e a forte implementação regional que detém, fico a torcer por isso.

Jesus conquistou a presença na 10.ª final da carreira e o Benfica a 6.ª em 8 edições da Taça da Liga. Um registo simplesmente brilhante.

Portugal tem governo?

11 Fevereiro, 2015 0

 

É triste que após um dérbi em que tudo correu bem dentro de campo, ou pelo menos sem casos de maior, os senhores do futebol português não consigam enfrentar os sinais preocupantes que chegam das bancadas. Sporting e Benfica estão mais interessados em trocar galhardetes de mau gosto e em cortes de relações do que em reconhecer erros próprios e tirar dos grupos de apoio quem lá não merece estar. Já não falo das canções, que todos nos habituámos a ouvir, uns sorrindo, outros torcendo o nariz e alguns apupando, porque ainda há quem tenha boa educação. Mas quando se glorifica o assassínio de um inocente no Jamor no dérbi do futsal e depois se faz gestos semelhantes no dérbi ou se brinca com a morte de Eusébio, desejando o mesmo aos adeptos rivais, já se perdeu a noção do limite e estamos perante crimes. E se o erário público serve para pagar caixas de segurança porque as claques não se sabem comportar, então o governo de todos os portugueses que faça cumprir a lei e trate como criminosos os energúmenos que não sabem viver em sociedade. As faixas do King foram vistas em todo o país. As tochas a arder atiradas para o meio de público normal também. E não se pode ter medo de ir ao futebol porque um grupo de bandidos resolve brincar com a vida, sem se lembrar que isto acaba quase sempre com a morte.


Os senhores do futebol não querem saber da violência. Há quem faça cumprir a lei?


Se os senhores do futebol quisessem resolver o problema, sentavam-se à mesma mesa, expulsavam de sócios estes biltres (pagarão quotas?), faziam queixa às autoridades competentes e eram assistentes nos processos, sem olhar a cores, raças ou religiões. Assim, estão a brincar com o fogo. E arriscam-se a ficar com sangue nas mãos.


PS – Deixei o meu filho de 15 anos ir a Alvalade com um amigo. Arrependi-me. Não cometa o mesmo erro.

Um dérbi com muito que se lhe diga

8 Fevereiro, 2015 0

O FC Porto hoje só pode ganhar. A quem só à noite saberá. Mas a equipa de Lopetegui cumpriu os mínimos, somou três pontos, Jackson marcou o golo 5.000 (quem mais?) e agora espera o desfecho do dérbi, um jogo com história no futebol português, com muitas histórias para contar e que ficará certamente para a história do título 2014/15. A vitória dos leões relançará a liga, um empate animará o dragão e o triunfo encarnado deixará o campeonato a um passo. O dérbi tem muito que se lhe diga.

Pouco mais se pode desejar do que um grande espetáculo. Que também Jorge Sousa tenha uma boa noite e se fale mais de quem decidiu do que de erros decisivos. Uma lotação quase esgotada merece um show de bola que reconcilie os portugueses com o seu futebol.

Bruno de Carvalho acabou com o blackout. Medida só peca por tardia. Erro voltar a falar de Marco Silva, José Eduardo e do processo que todos perceberam não ter sido invenção dos jornais. O presidente confirmou-o. A comunicação leonina tem de acertar agulhas. Uma só televisão a transmitir e não era a Sporting TV. Teria sido mais impactante colocar Marco a falar. O futebol aos protagonistas.


Lotação quase esgotada merece um show de bola para todos os portugueses


O dérbi do futsal não deixou saudades. Pancadaria no campo gerou comportamentos tristes nas bancadas. Na retina a faixa onde se lia: “Very light 96”. O que levará alguém a ter como grito o assassinato de Rui Mendes, homem cujo único crime foi ir ao Jamor ver a final da Taça, deixando duas crianças sem pai, é algo que custa entender. O fanatismo é terrível. Como a ignorância. Nos ultras dos três grandes ou no estado islâmico. E se uns metem nojo, outros fazem pena. Ironia, ontem, em Goodison Park, casa do Everton, uma placa inaugurada em homenagem a 96 adeptos do Liverpool falecidos. Shame on you!

Lutar com armas desiguais

Ter Slimani é uma boa notícia para Marco Silva. É verdade que só hoje o argelino deverá regressar ao trabalho e não está com a equipa há cerca de um mês, mas ainda assim tê-lo no banco será melhor do que contar apenas com Tanaka. O técnico leonino parte para o dérbi com 7 pontos de atraso e com uma equipa de tostões quando comparada com a do rival da Luz. Não é o primeiro em Alvalade e não será o último. O que o define é a qualidade que consegue dar ao futebol de quem tão pouco investe.

Mas se Marco Silva prepara novo dérbi, por exemplo, com uma defesa onde já só sobra Jefferson, o que dirá Rui Vitória, que perdeu um dos principais craques para o FC Porto? Não se queixa. Pelo contrário. Arrisca até que a equipa ficou mais forte. E joga para ganhar quase sempre, à exceção talvez, de quando se desloca à Luz, ao Dragão ou a Alvalade. Sim, porque aí a diferença é maior e não tão facilmente esbatida como quando “a batalha” é em Guimarães. Marco e Rui são dois bons exemplos do que é treinar em Portugal, em clubes difíceis e onde a exigência nem sempre está adequada às reais condições que lhes são fornecidas. Nem um, nem outro se queixam muito. São feitos de uma massa como há poucos por aí. Quando perdem e quando ganham. Faz toda a diferença.

Poucas loas recebe Petit, outro homem obrigado a usar gatos no lugar de lebres. O futebol do Boavista não justifica, de facto, grandes elogios. Pedro Martins ou Miguel Leal têm no Rio Ave ou Moreirense equipas dignas de mais atenção. Poderá ali o antigo craque do Benfica almejar a tão altos voos? Claramente não. Confesso enorme respeito pela forma como Petit agarrou o desafio. E se como tudo indica conseguir a permanência… merece uma estátua ao lado da pantera. Eu ajudo.

Texto publicado na versão impressa de Record de 4-02-2015

Mercado em tons de azul

4 Fevereiro, 2015 0

O FC Porto está a dar tudo. A batalha pelo domínio do futebol português prossegue e o dragão não quer perder a hegemonia. O Benfica é uma ameaça real. Segue na frente na Liga, não tem mais nada sério para ganhar e se passar incólume no dérbi torna-se ainda mais temível. A contratação de Hernâni é mais uma arma dada a Lopetegui na tentativa da reconquista do título. Não é um jogador feito. Mas é mais uma opção válida. O espanhol não se pode queixar da estrutura. Pelo contrário.

Benfica e Sporting viveram um mercado modesto. Conseguiram, pasme-se, ficar mais fracos. Os encarnados venderam Enzo e não foram buscar ninguém para o lugar. Perdeu-se um titular absoluto e vieram dois jovens lobos. Jonathan e Mukhtar poderão ter futuro mas sobram dúvidas sobre se Jesus lhes vai dar espaço no presente. Rui Fonte ia ser trabalhado e já está em Belém…

O Sporting é curioso. O centro da defesa era o elo mais fraco. O que faz o clube? Vende um titular (Maurício) e contrata por empréstimo um central interessante (Ewerton), mas que vem recuperar de lesão e não deve regressar antes de um mês. Na semana de um jogo decisivo, Marco Silva tem das duplas de centrais mais jovens de que há memória. Vão ambos estrear-se num dérbi. Caso perca Paulo Oliveira ou Tobias, o técnico só tem Sarr ou Rabia. Surreal para quem precisava de um homem feito.

Lopetegui está rendido à comunicação portista. É normal que o treinador faça parte da equipa e passe mensagens. Que debata até os temas da agenda com alguém da comunicação. Mas depois de vir falar de Pedroto e Pinto da Costa, responder a Jesus e Manuel José são recados a mais. É pena. Parecia um homem diferente. Os resultados são tramados.