Lado B

Clássico de emoções fortes

26 Março, 2014 0

É apenas o primeiro de muitos que se vão seguir – mais três, pelo menos, e se não existir um encontro imediato de 3.º grau na Liga Europa – mas tem tudo para ser bom. Os jogos entre FCPorto e Benfica têm proporcionado nos últimos anos os confrontos mais apaixonantes do nosso futebol, muito pela enorme rivalidade existente entre os dois emblemas mas ainda mais pelas poderosas equipas que um e outro têm construído.


Jorge Jesus tem sofrido aos pés do Dragão. A época passada foi mesmo cruel, com a célebre imagem do técnico benfiquista a ajoelhar-se, impotente, após o golo de Kelvin que selava o destino da Liga. Era o primeiro de três enormes baldes de água fria, num final de temporada que tanto os adeptos encarnados como os rivais tão depressa não esquecerão, ainda que com motivações diferentes.


Hoje o Benfica chega diferente à 1.ª mão da meia-final da Taça de Portugal. É uma equipa forte, organizada, a jogar bem, com uma liderança confortável na liga e que se encontra novamente com a hipótese de ganhar tudo. É a gestão de todas estas expectativas que assusta a falange benfiquista. Mas acreditar que JJcometa os mesmos erros do passado e não ganhe nada, confesso, não me parece sequer possível. O título está entregue e a gestão poderá ser feita até no campeonato caso o Benfica saia de Braga vitorioso. Mesmo na Taça, a adiantar um favorito, ele teria de ser o Benfica. Lidera todas as estatísticas da Liga, venceu claramente o FC Porto no clássico já realizado e tem ambição de afastar fantasmas de outras épocas.


Acontece, para dar emoção à coisa, que os dragões agora orientados por Luís Castro são uma equipa diferente, por muito que quem entre em andamento não faça milagres. Com Paulo Fonseca o FC Porto dificilmente teria saído apurado de Nápoles. Aliás, com o treinador demitido, os dragões poucas vezes tiveram a sorte do seu lado. E hoje parece haver mais vontade de ganhar. A chegada de Quaresma no mercado de inverno ajudou, até porque os índices de produtividade de Varela melhoraram, a inversão do triângulo também e o ressuscitar de alguns proscritos – como Quintero – tem dado muito jeito para resolver problemas bicudos, como na última jornada o Belenenses.


Felizmente para o nosso futebol, Pinto da Costa e Vieira têm sabido limitar a sua intervenção antes dos grandes jogos e fazer até alguns acordos de cavalheiros para que as coisas corram bem. Com o regresso de Marco Ferreira está tudo pronto para que o magnífico palco do Dragão seja casa de um grande jogo. Torço por isso.

Bruno de Carvalho: Um ano de recuperação

24 Março, 2014 0

Faz amanhã um ano que Bruno de Carvalho foi eleito presidente do Sporting e poucos serão os adeptos – haverá mesmo algum? – que não estejam satisfeitos com a queda de Godinho Lopes e a recuperação do projeto desportivo leonino. Já muito foi feito e muito há por fazer. Carvalho tem mérito no que de bom foi conseguido mas também responsabilidades no que vai falhando. Como no tempo dos viscondes, como gosta de apelidar a nova ordem os tempos de José Roquette até Godinho, há quem trabalhe ao lado da nova direção e quem diga mal nas costas. Agora o presidente tem a sorte de ser apoucado por uma minoria silenciosa. Presidentes como Soares Franco enfrentaram uma minoria ruidosa. Felizmente, as feras estão amansadas. De notáveis às bancadas. Se continuarem assim, tudo será mais fácil.


Desportivamente, e apesar de ter sido rapidamente eliminado na Taça de Portugal e na Taça da Liga, o Sporting não tem hoje nada a ver com o da época passada. Um plantel muito mais barato e uma equipa extraordinariamente mais competitiva. O primeiro facto é total responsabilidade de Bruno de Carvalho. O segundo tem também o seu dedo – fundamental a escolha do treinador –, mas aqui entra a capacidade de Leonardo Jardim. E ele é o grande obreiro da equipa que tem enchido de orgulho os sportinguistas pelo país fora. Mesmo que não o percebam.


Com um grupo muito mais fraco do que o colocado à disposição de Jorge Jesus, Paulo Fonseca e agora Luís Castro, o madeirense é 2.º classificado e bateu-se com os grandes em todos os jogos, à exceção do realizado na Luz para a liga. Após um ano de recuperação e quando em termos de contratações nem tudo foram rosas – para Montero, Slimani e Jefferson chegaram também Cissé, Magrão ou Welder, para nomear apenas alguns –, Jardim é o grande pilar de Carvalho. Uma escolha errada no banco teria deitado tudo a perder. Que o presidente o tenha sempre presente. E que o discurso do “podíamos ter feito mais” esteja sintonizado com o técnico. O divórcio pode fazer ruir tudo.


Após um ano a apagar fogos, a implementar a reestruturação financeira que estava obrigado a fazer, Bruno de Carvalho tem de ganhar outras batalhas. Mais duras. A consolidação do projeto desportivo, a capacidade de passar das palavras aos atos nas muitas frentes de batalha abertas, de manter o rumo entre Pinto da Costa e Vieira, mais experientes. A tarefa não é fácil, mas o homem que mudou o leão tem também ele de crescer. Só assim o Sporting voltará a ganhar. Jogos já sabe, títulos tem de reaprender.

Um clássico em 16 tweets

17 Março, 2014 0

Gosto de ver os jogos também pelo Twitter. Há perspetivas diferentes, gente inteligente que acrescenta e até trolls que dão vontade de rir. Ficam algumas ideias sobre um clássico com várias leituras.


#Sporting foi mais forte mas teve a sorte do jogo. #FC Porto com oportunidades mais claras. Falhou o matador Jackson.


Quem não falhou foi #Slimani. De cabeça o argelino é letal. Passe de André Martins é genial e não têm culpa da incompetência do assistente.


#Jardim tem dilema tramado. Ter o melhor cabeceador da Liga e que tem marcado faz-lhe perder a organização e fantasia de Montero.


#Helton não merecia a lesão. Foi das que custa ver. Alvalade muito bem a aplaudir o portista de pé. Ainda há pessoas boas que vão ao futebol.


Jardim ainda assustou na flash quando disse que não tinha visto lance do golo. Na sala de imprensa reconheceu fora-de-jogo. Muito bem.


#Fernando e #William Carvalho facilitaram a vida a Paulo Bento. Quaresma é que trouxe dúvidas à coisa. Será que o Mustang aguenta o banco?


Não entendo tanta intranquilidade nos centrais do #FC Porto. #Mangala irreconhecível e #Abdoulaye não parece ter qualidade para clube grande.


#Proença corre o risco de ficar na história como o árbitro que decide jogos grandes. Azar também. Quem erra em Alvalade é Tiago Trigo.


Problema é que, como na Luz, em que #Maicon foi o beneficiado, é o melhor árbitro português que sai chamuscado. Pena, porque é dos menos maus.


Futebol tem destas coisas. A ironia do #Sporting ganhar com golo fora-de-jogo é das mais finas. No dia em que o movimento Basta saiu à rua.


Seriedade com que o #Basta poderia ser visto pelos adeptos rivais estava dependente de Bruno de Carvalho. Silêncio presidencial matou a coisa.


Percebe-se assim que o discurso de #BdC é apenas para dentro. Só alguém capaz de assumir favorecimento poderá mudar alguma coisa.


Num país em que há dois presidentes de clubes grandes ouvidos em escutas a escolher árbitros, era bom ter alguém diferente. Pena o silêncio.


Dragões estão mais perto do 4.º lugar e leões mais perto do 1.º. O que fará hoje o #Benfica de #Jesus? Que não bata em ninguém…


Percebo a sanha contra Marco Silva, mas o #Estoril é mesmo a 4.ª melhor equipa portuguesa. Não tira mérito ao Nacional. Soberba é coisa feia.


Estranho este #FC Porto sem capacidade de reação. Não estou habituado a ver o Dragão tão cabisbaixo.

Os três dedos de Jesus

15 Março, 2014 0

Concordo com quase tudo o que diz hoje no Record o António Tadeia sobre os três dedos de Jesus. Mas lamento ainda mais que também hoje JJ não se tenha retratado. Mais do que dizer algo sobre o clube, diz sobre o País. Se em Portugal Relvas, Portas e tantos outros não têm vergonha porque deveria ter o treinador do Benfica? Afinal só empurrou o adjunto, Raul José, o secretário técnico, Shéu Han – que tem tantos anos de Benfica como JJ de futebol – e ainda gritou com o administrador Rui Costa. Poderia, pelo menos, ter dito que não se tinha portado bem. Para quê? Há quem goste assim. E isso é muito revelador.

 

Link para o texto do António Tadeia

http://www.record.xl.pt/opiniao/interior_premium.aspx?content_id=872937&author=ANT%D3NIO%20TADEIA

Foster the People no Alive

14 Março, 2014 0

 

A tão aguardada estreia dos Foster The People em Portugal terá lugar dia 12 de julho no Optimus Alive’14. A banda oriunda de Los Angeles, Califórnia, irá subir ao Palco Optimus para apresentar o novo disco, “Supermodel”, que estreia já no próximo dia 14 de março.

Após o lançamento do bem sucedido disco de estreia, “Torches”, que vendeu cerca de dois milhões de discos e nove milhões de singles em todo o mundo, com êxitos como “Pumped Up Kicks”, os Foster the People contam hoje com uma longa lista de nomeações e prémios reconhecidos da indústria, tais como Grammy Awards, Billboard Music Awards, Q Awards, NME Awards, entre outros.

O trio é formado por Mark Foster (teclado, guitarra e voz), Mark Pontius (bateria) e Cubbie Fink (baixo e voz).

O Optimus Alive'14 tem data marcada para 10, 11 e 12 de julho, no Passeio Marítimo de Algés. Os bilhetes do festival já se encontram à venda nos locais habituais.

Artistas já confirmados: Au Revoir Simone, Arctic Monkeys, Bastille, Buraka Som Sistema, Caribou, Cass McCombs, Chet Faker, Chromeo, Daughter, Elbow, Foster The People, Interpol, Imagine Dragons, MGMT, Parquet Courts, PAUS, SBTRTK, Temples, The 1975, The Black Keys, The Lumineers, The War on Drugs e Unknown Mortal Orquestra.

Medalhas de 11/03/2014

OURO. Pedro Martins – O técnico do Marítimo não é dos mais mediáticos do panorama nacional, mas alguma qualidade deve ter. Os ilhéus são sempre temíveis, vai aguentando Carlos Pereira, perde valores e a equipa mantém a identidade de jogo e com resultados. Parabéns.

 

PRATA. Derley – Avançado do Marítimo é o expoente máximo da lei fazer mais com menos seguida por Pedro Martins. Tem enorme faro pelo golo, tendo já ultrapassado Heldon, antes o melhor marcador dos madeirenses. Onde chegará?

 

BRONZE. Cristiano Ronaldo O melhor jogador português de todos os tempos é também o mais rico do Mundo. Num Planeta em que as desigualdades são inacreditáveis soa sempre mal. Mas antes estes “artistas” do que outros que andam por aí.

 

LATA. Vítor Magalhães – Despedir Vítor Oliveira quando o Moreirense segue em primeiro e falamos de um técnico experiente, dos melhores a subir equipas em Portugal… bem, vamos apelidar isto de erro de gestão. 

Benfica a um passo do título

Mesmo com todos os fantasmas originados pelo triste final da época passada, custa acreditar que o Benfica possa vir a falhar a conquista da Liga 2013/14. Diria que se não fosse a malapata que Jorge Jesus tem com as decisões e escreveria agora que os encarnados podem encomendar as faixas de campeão. Seria, afinal, necessária muita incompetência para que o clube da Luz perdesse sete pontos de vantagem com apenas oito jogos por disputar. Matematicamente ainda tudo é possível, mas com a justa e até curta vitória de ontem sobre o Estoril, somada ao empate leonino, a passagem do cetro para o lado da águia parece já mais uma questão de tempo do que outra coisa qualquer.

 

Frente aos canarinhos, o Benfica voltou a mostrar que tem o plantel mais forte em Portugal, uma imensa qualidade e mesmo se o futebol praticado perdeu a nota artística de outros tempos, jogadores como Gaitán, Rodrigo ou Markovic, para citar apenas alguns, estão lá para resolver os problemas criados pelos adversários. Se a vantagem for aumentando, Jesus pode mesmo começar a gerir internamente e sonhar com mais conquistas. Logo veremos.

Em Setúbal jogava um Sporting que tentava continuar na perseguição ao rival Benfica, por muito que as armas à disposição de Jardim nada tenham a ver com os craques de Jesus. O que dizer do empate no Bonfim? É difícil falar apenas de futebol quando uma arbitragem, como foi a de Vasco Santos, tem tanta influência no decorrer da partida e infelizmente também no resultado final. É verdade que errar é humano, mas foi mesmo muito mau o que se passou, num chorrilho de decisões comprometedoras, das que fazem os amantes do jogo terem dúvidas sobre se os encontros se decidem, só, dentro das quatro linhas.

E é pena, porque levanta uma onda de suspeição entre os adeptos do Sporting que o título do Benfica não merecia. Luís Filipe Vieira manteve a espinha dorsal da equipa, vendeu apenas Matic quando não podia fazer mais nada e vai ganhar o campeonato com Jesus porque tem o melhor naipe de jogadores da Liga. O problema é que, feitas as contas entre o deve e haver das arbitragens – e o Sporting tem, de facto, razões de queixa dos homens geridos por Vítor Pereira –, a diferença entre os dois primeiros não seria hoje tão grande. Isso fará com que, uma vez mais, se fale do sistema, dos favores, dos jogos de bastidores tão do agrado dos portugueses. E não fosse a proximidade de interesses entre Vieira e Carvalho na Liga e as coisas estariam ainda mais entornadas. É também pena, porque futebol não é isto. Ou não devia ser.