Jardim deixa o aviso
Quando se olha bem para os jogadores de FCPorto e Benfica antes de analisar os do Sporting a comparação torna-se complicada. Os leões estão hoje muitos patamares abaixo dos rivais históricos, num processo de reestruturação bem conhecido e que obrigou a baixar orçamento, qualidade e expectativa. É esta última que o técnico sabe que vai aumentar quando a bola começar a rolar, por muito que Bruno de Carvalho vá dizendo que o clube de Alvalade “não vai passar da pior época de sempre para a melhor”. Afinal, a conclusão salta à vista.
O aviso à navegação diz tudo: “Mais importante do que lançar objetivos classificativos, é lançar uma base.” Percebe-se o jogar à defesa de Jardim quando os nomes dos reforços são Maurício, Gérson Magrão e Weldinho, que chegam da 2.ª divisão brasileira, Jefferson e Cissé, a provar num grande e Montero, mais caro e em quem se depositam esperanças.
O dinheiro não é tudo, como se viu com Godinho Lopes, mas ajuda muito. E em Alvalade ele é tão pouco que as contratações têm mesmo de acrescentar alguma coisa aos jovens levados a crescer prematuramente. É neste ambiente que Jardim se vê obrigado a construir uma equipa que ganhe… pelo menos tantas vezes quanto possível. A fasquia não vai alta, é um facto, e há muitas equipas na liga com orçamentos bem inferiores ao do Sporting, mas é agora que se define a qualidade à disposição até dezembro. E falhar pode ter custos muito graves.
Bruno de Carvalho tem sabido manter a estima leonina em alta, mesmo se a guerra com Zahavi não correu como se esperava e as coisas com Baldé e Bruma se tenham entornado. Mas a reconciliação ainda é possível e os adeptos perdoam tudo a esta direção, ainda a viver em estado de graça. Jardim sabe que também isso é perigoso, pois corre o risco de ser apontado como o elo mais fraco quando hoje tudo parece ser bem feito em Alvalade. Mas depois de ter visto fugirem para a Luz jogadores como Pizzi, Sílvio ou Fariña o treinador sabe que vai ter vida difícil.
