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Aviso: este post não é para encontrar um bode expiatório para a derrota portuguesa, é apenas a forma como vi o jogo. Portugal estreou-se com goleada no Mundial. Como português e apaixonado pelo fut..." /> Honores liga - Record

Honores liga

A culpa não foi do árbitro

16 Junho, 2014 0

Aviso: este post não é para encontrar um bode expiatório para a derrota portuguesa, é apenas a forma como vi o jogo.

Portugal estreou-se com goleada no Mundial. Como português e apaixonado pelo futebol estou desiludido mas também estou preocupado. Ver responsáveis pela Seleção falarem do árbitro depois de um 4-0 deixa-me espantado. Os adeptos, nas redes sociais, culpam o juiz mas isso não me surpreende. Infelizmente, é esta a cultura desportiva do nosso povo, ou melhor, nem é preciso ser desportiva, é a cultura. Neste país a culpa é sempre alheia, nunca é nossa.


A Seleção Nacional não tem as qualidades da alemã, sem dúvida, mas o problema não é apenas esse, é também de atitude, de mentalidade. A nossa equipa vive da arte de Ronaldo e parece esquecer-se que todos os outros, por não serem craques, não podem falhar. Ou melhor, podem, toda a gente falha, não podem é cometer erros primários.

Para provar a ideia anterior basta lembrar o primeiro remate à baliza de Neuer. Num contra-ataque de 3 para 2 a bola foi para Ronaldo quando Hugo Almeida estava solto na direita. Nada a dizer, eu também passaria ao CR7 na maioria das ocasiões mas naquela talvez fosse melhor dar a bola ao Almeida, mesmo não sendo ele um avançado do nível de Möller.

Aliado a pormenores como este, houve outros aspectos que levaram à goleada e o principa foi a falta de atitude e essa vem da tal mentalidade. Os alemães raramente cometem falhas, nós cometemos muitas.

João Pereira fez penálti, clarissimo, num lance no qual o avançado sobrou para ele – não devia ter um dos centrais com ele?. A partir daí foi o descalabro.

O 2-0 fez lembrar outros golos alemães, em tempos não muito longínquos: bola na área, cabeça e golo. Lembrei-me do discurso no final dessa outra derrota: “sabíamos que eles eram fortes nas bolas paradas…”, vários jogadores disseram o mesmo. Então se sabíamos como é que nesses lances a concentração não está no limite? Como pode o central alemão saltar praticamente sem oposição? Lá está, é a nossa forma de ser, estar 90 minutos com a concentração no máximo é difícil.

Éder também teve uma oportunidade parecida mas cabeceou por cima. A culpa é do Éder? Claro que não, como não é de Almeida ou de Postiga quando lá estão. São os jogadores que temos, não tem a qualidade dos alemães mas são os nossos melhores (quase os únicos) avançados.

Depois, há os erros ainda mais primários. Como é possível os nossos defesas continuarem a atrasar bolas para os pés de Rui Patrício? Pior, como é possível o guarda-redes, o melhor do futebol português, estar há anos e anos a cometer erros iguais e não ter evoluído esse aspeto, sem dúvida o seu ponto fraco?

Adicionamos a isto o pior de tudo: a falta de controlo emocional. Como pode um jogador com a experiência do Pepe ir dar uma cabeçada a um adversário que atingiu com o braço na cara. Estamos no Mundial e cometem-se erros destes. Depois disto, o Pepe tem condições para voltar a representar a Seleção? Para mim não tem.

O resto são questões de opção, aliada ao azar, e essas, as de opção, não as questiono. Hugo Almeida lesionou-se quando era finalmente a primeira opção. Coentrão lesionou-se e não está lá o Antunes para o substituir. E agora? Joga o André Almeida porque não há mais ninguém para o lugar. Ataca tão bem como Coentrão ou Antunes? Para mim não mas não fui eu que escolhi os 23. Também preferia ver Neto a Ricardo Costa mas Paulo Bento pensa o contrário e é ele quem decide.

Parece-me que perdemos pelo atrás descrito, pelo menos aqui deixo a minha visão da coisa. Não foi por causa do árbitro que cometeu apenas um erro, por sinal grave, e isso ainda me chateia mais. Não assinalou um penálti claro cometido sobre Éder. Era penálti e expulsão. Portugal perdia na mesma o jogo mas o 3-1 era menos mau do que 4-0, pelo menos para as contas finais do Grupo. É que essa diferença de golos pode fazer a diferença.

Apesar de tudo isto, ainda acredito que Portugal vai passar aos oitavos-de-final mas é preciso mudar, sobre isso também não tenho dúvidas.

A minha aposta: Portugal campeão!

A poucas horas de Portugal se estrear no Mundial decidi partilhar com os leitores do blog as minhas apostas. Não foram feitas nos sites (nesses não jogo) mas entre camaradas de trabalho, uma tradição já com alguns anos.


Assim, ficam aqui registados os meus palpites e no final podem chamar-me louco ou parabenizar-me, como dizem os brasileiros.

Acredito que este vai ser o Mundial no qual Portugal vai acabar com os fantasmas do passado. Vamos “matar os borregos” todos.

Começo com uma vitória sobre a Alemanha.

Nos oitavos batemos a Rússia, vingando os resultados da fase de apuramento (por aqui já se percebe que coloquei Portugal a passar em 1º)

Nos quartos acabamos com um trauma antigo e mandamos os franceses para casa.

Na meia-final ganhamos à Itália.

Finalmente, vencemos na final. Neste jogo vou falhar o adversário pois coloquei o Uruguai (eliminando a Argentina nas meias, por penáltis) e já percebi que o jogo decisivo não vai ser contra Luis Suarez e companhia.

Uma nota para não me considerarem ja louco: no Euro'2004 ganhei as nossas apostas. Funciona por pontos e como ninguém acertou na Grécia, beneficiei do facto de ter Portugal na final, embora tenha falhado o vencedor – tinha colocado Portugal a ganhar a final à Rep. Checa.

A vida é uma coleção de momento e… de cromos

1 Junho, 2014 0

Há uns anos, penso que durante o Mundial 2006, um camarada de trabalho lamentava: “não me lembro onde estava naquela final.”  Já não sei precisar a qual delas se referia mas chateava-o não saber onde tinha visto um dos jogos decisivos. Fiz esse exercício. Puxei pela memória e percebi que sabia onde estava em cada uma das finais a que assisti, desde a primeira, a de 78 (embora não tenha visto o jogo todo porque na altura ainda não gostava assim tanto de futebol).

Desde então, inevitavelmente, penso nisto a cada dois anos, sempre que aparece uma nova coleção de cromos do Euro ou do Mundial, um ritual que mantenho desde o Argentina’78, na altura uma de edição portuguesa. Percebi que o facto de conseguirmos situar-nos em cada um desses dias permite-nos algo mais do que isso. Permite-nos recuar no tempo e reviver muitas partes da nossa vida e ela é isso mesmo, uma coleção de momentos, bons e maus, mas com os cromos, pelo menos comigo, dá para recordar apenas os melhores.

Posto isto, fica o aviso: este post é dedicado a quem gosta, e entende, o colecionismo. Quem  não o compreende não precisa de continuar a ler pois pode tornar-se aborrecido. Penso que é o maior texto que já escrevi por aqui, perdoem-me caso se torne chato.

Nos últimos dias, ao tratar da coleção do Mundial’2014, aproveitei para rever as anteriores e, mais uma vez, viajei no tempo. Recordei como corri meia Lisboa em 1982 (obrigado mãe, pela paciência) para encontrar a caderneta da Panini, a de capa verde. Em vão, estava esgotada. Nessa altura, fui pela primeira vez na vida ao Porto e numa papelaria onde passei havia uma, a última. Ainda me lembro da entrada da loja…

Em 84 a coleção fez com que passasse a dar-me com miúdos do bairro com os quais até então pouca relação tinha. Alguns continuamos amigos ainda hoje. E dois anos depois, com o regresso de Portugal aos mundiais, foi a loucura: toda a gente fazia a coleção do México’86, no liceu, na minha rua, os primos, todos tinham cromos para trocar.

Em 88 começou o drama: a malta da minha geração estava demasiado crescida para colecionar cromos, como se houvesse um limite de idade. Felizmente, a minha namorada de então aturava-me o vício (obrigado Patrícia), com uma condição: ela colava os cromos…

Itália’90, grande álbum, ou não fosse a Panini italiana. Já trabalhador estudante, foi fácil completar a coleção. Trabalhava num vídeoclube e trocava com alguns sócios, levavam os filmes VHS para devolver e os repetidos.

Os anos 90 foram, infelizmente, os mais fracos. Os dois Euros e os dois Mundiais tiveram coleções fraquinhas, em termos gráficos e de distribuição mas isso não impediu de seguir com a paixão, o bichinho continuava bem vivo. Em 98 fui aos Restauradores comprar os últimos cromos, nos vendedores de rua, e encontrei um antigo colega de escola que não via talvez desde 1986. “Também continuas?” disse-me com um sorriso.

Claro que continuava, estúpida pergunta. Nessa altura até já tinha cometido a loucura de ir atrás dos álbuns mais antigos, os anteriores à distribuição em Portugal, trocando ou comprando a outros colecionadores, europeus e sul-americanos. Já tinha conseguido o Euro’80, os Mundiais de 74 e 78 e até, pasmem-se, o México’70, a coleção mais valiosa do mundo, a mais cara, a mais preciosa do meu espólio – antes de me considerarem louco: não, não paguei os 3 mil euros que vale atualmente, foi oferta da minha mulher no meu aniversário.

 

Já no novo século passei a trocar os cromos com o pessoal do jornal, ainda somos uns quantos a transformar estes meses numa espécie de estágio para o Mundial. Vamos conhecendo as caras dos jogadores menos famosos e quando começa a festa normalmente as cadernetas já estão completas, prontas para preenchermos os resultados e o emparelhamento da fase a eliminar.

Com os filhos esta fase passou também a ser mais dispendiosa. Agora tenho de completar dois álbuns, o meu e o deles, a quem já passei o bichinho (será genético?). Na 6.ª feira, depois de muitas trocas, as duas coleções estavam quase completas. Faltavam dois cromos em cada, o belga Lukaku, nas duas, Postiga na minha e Blind na dos miúdos.

Sábado voltei aos Restauradores, pela primeira vez na companhia dos herdeiros. Pelo caminho expliquei-lhes que vou lá desde miúdo para completar as coleções. Muita malta na fila para comprar os últimos mas o tempo de espera foi aproveitado para trocas. Adultos que “sofrem desta doença”, adolescentes que já vão lá sozinhos e outros mais novos com os pais como organizadores da jornada. Lá conseguimos dois Lukakus e o Postiga, além de outros para amigos, faltava só um. E quando parecia impossível encontrar o cromo do Blind apareceu mais um colecionador com um monte de repetidos. “Por acaso não tem o 134?”, disparei. E o homem tinha o holandês repetido, proporcionando aos meus filhos aquela sensação de felicidade que eu vivo há tantos anos: está completa.

Já em casa, quando colávamos os últimos cromos pensei: cá está mais um episódio para a coleção dos momentos da minha vida. Daqui para a frente, vou saber onde estava quando completei o álbum do Mundial’2014.