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Aviso: qualquer semelhança entre a história recordada neste post e a atualidade do futebol português é pura coincidência. Há um par de anos, na 2.ª Liga, um dos candidatos à subida teve um arranque..." /> — ler mais..

Aviso: qualquer semelhança entre a história recordada neste post e a atualidade do futebol português é pura coincidência. Há um par de anos, na 2.ª Liga, um dos candidatos à subida teve um arranque..." /> Honores liga - Record

Honores liga

O valor das estatísticas

27 Novembro, 2013 0

Aviso: qualquer semelhança entre a história recordada neste post e a atualidade do futebol português é pura coincidência.

Há um par de anos, na 2.ª Liga, um dos candidatos à subida teve um arranque em falso. A desconfiança em relação ao treinador já existia desde a pré-época e os primeiros resultados confirmaram as previsões dos mais pessimistas. Empate caseiro a abrir a Liga, um deprimente 0-0, e derrota (1-0) na 2.ª jornada, no terreno de um dos candidatos à descida.

Após a derrota, quando voltaram para o balneário, os jogadores ficaram surpreendidos. Deprimidos com o resultado negativo, rapidamente ficaram aliviados porque um papel colado na parede da cabina mostrava as estatísticas da partida. Não me recordo dos números exatos mas as diferenças eram deste género: Ataques, 35 para nós, 7 para o adversário; Cantos, 10 para nós, um para o adversário; Remates, 15 para nós, 3 para o adversário. Só lá faltava: golos, 0 para nós, 1 para o adversário.


A mensagem era clara e já foi usada por outros treinadores: perdemos mas jogámos muito. Posse de bola, remates e cantos, fomos superiores em tudo. E assim se acalmam os adeptos e não se deixa a equipa cair em depressão, e assim se mantém o plantel com “a moral em alta”, como se diz em futebolês.

Não sei se a direção do clube gostou do tal papel colado no balneário mas sei como acabou a história: na jornada seguinte a equipa venceu em casa (1-0) – uma exibição sofrível e resultado injusto para o adversário – depois empatou fora e voltou a empatar em casa. Depois desse nulo o treinador foi despedido. No final da época a equipa subiu de divisão.

Queiroz? Não. Prefiro o fantasma.

23 Novembro, 2013 0

Comecei a escrever sobre as declarações de Carlos Queiroz, em resposta a Cristiiano Ronaldo. Para começar por onde queria cheguei a rever o resumo do Itália-Portugal de 1993, o tal que nos afastou do Mundial'94, jogo que não ganhámos por causa da porcaria que existia na Federação, segundo o técnico (e, já agora, por um golo em fora-de-jogo). Depois de rever o resumo desisti, achei que não vale a pena nem maçar-vos nem perder tempo com o tema. Por isso, prefiro partilhar com os estimados leitores um vídeo muito bom, sobre um fantasma. Se alguém não perceber, é só ver o que aconteceu no Brasil em 1950.                             

Apuramento à portuguesa

20 Novembro, 2013 0

“Ah, já agora, acho que Portugal vai ao Mundial, com maior ou menor dificuldade.” Terminei assim o meu post anterior e, felizmente, não me enganei. Como me disse Stromberg, na véspera da 1.ª mão, jogando a 100 por cento Portugal é melhor do que a Suécia e estes dois jogos provaram-no.


Portugal vai estar no Mundial pela quarta vez consecutiva e desde 1998 não falha as fases finais das grandes competições. Neste século fomos a todas e, dito de cabeça, nenhum outro país da dimensão do nosso conseguiu esta regularidade nos últimos anos. Este facto devia chegar e sobrar para pararmos, de vez, de criticar a Seleção Nacional.

Não percebo a necessidade de comparar Ronaldo com Messi, nem o que essa comparação pode ter de positivo. Já o escrevi aqui várias vezes: há coisas que não se comparam. Por serem de valor semelhante, como neste caso, ou por pertencerem a tempos tão diferentes, como na comparação de CR7 com Eusébio. Digo o mesmo para quem compara Maradona com Pelé, não tem lógica.

Felizmente temos Ronaldo, sem ele não estaríamos a caminho do Mundial mas digo isto não por querer retirar qualquer valor aos restantes jogadores, nem a Paulo Bento. Tivemos sorte por ter a geração de ouro, que mesmo sem vencer nada (nos seniores), nos fez vibrar nas fases finais porque antes deles nem íamos lá. Desperdiçamos a grande oportunidade para vencer um Euro, em 2004, mas no de 2012 também não ficámos muito longe de o conseguir.

Somos um país pequeno mas grande no futebol, a única atividade que dá alegrias à nação, por isso, por favor, deixem-se de críticas e apoiem a Seleção. Paulo Bento é teimoso, concordo, mas levou-nos lá. Confia cegamente nos seus homens e só altera o onze em casos especiais, como fez nesta 2.ª mão, mas está no seu direito e, neste caso, ainda bem que o fez pois acertou em cheio na titularidade de Hugo Almeida.

O avançado, o mal-amado para os adeptos, fez um passe monumental para o 2-2 e fiquei feliz por ele. Não percebo como um jogador da sua altura não aperfeiçoou, durante estes anos, o jogo de cabeça, mas gosto dele e percebo a sua utilidade no grupo, até porque não temos outro do com as suas características. Patrício fez uma defesa monumental pouco antes do 0-1 e, parece-me, esse momento foi mais importante do que a forma como foi batido no 2-1. É um excelente guarda-redes e ainda bem que não se deixou abater pelo golo da Luz. 

Podia estar aqui a escrever sobre os falhanços de Hélder Postiga, que é só um dos melhores marcadores de sempre da Seleção, ou da figura de Bruno Alves no 1-1 – confesso que se fosse selecionador já lá não estava há muito tempo – ou da titularidade do Nani apesar do seu lamentável momento de forma – que saudades das suas melhores épocas. Não vale a pena. Prefiro ver os aspetos positivos: temos finalmente laterais-esquerdos – Coentrão e Antunes deixam-me descansado -, continuamos a ter a raça de João Pereira, a entrega total de Meireles e a regularidade de Moutinho, simplesmente brutal. Prefiro pensar que nos próximos anos ainda vamos ter alguns destes jogadores e ainda vamos contar com William Carvalho, Éder, Neto, por exemplo, e ainda vão explodir André Gomes, Rafa e outros da próxima geração.

Agora é deixar passar o tempo e esperar, ansiosamente, pelo Mundial brasileiro no qual podemos surpreender. Digo isto sabendo que nos jogos de preparação, muito provavelmente, as exibições vão ser fracas e que se não vencermos o primeiro jogo vão chover criticas. Vai ser assim porque, infelizmente, nós, os portugueses, somos assim e é difícil mudar.


Stromberg e a mentalidade dos suecos

15 Novembro, 2013 0

Hoje estive na Luz, em trabalho, a acompanhar a seleção da Suécia. Durante pouco mais de uma hora percebi, embora não precisasse de ter lá estado para chegar a esta conclusão, que se em alguns aspetos os portugueses fossem mais parecidos com os adversários de amanhã podíamos ser um pouco mais felizes.

Para começar, um pormenor curioso: depois de Zlatan Ibrahimovic entrar no relvado – dez minutos depois dos outros jogadores, porque as estrelas são assim mesmo – os cerca de 100 adeptos levantaram-se a aplaudir. O craque não agradeceu, nem olhou para trás, ignorou simplesmente. Pouco depois, o selecionador Erik Hamrén foi à bancada, literalmente. Subiu uns degraus e parou para falar com os adeptos que, entretanto, se chegaram perto do técnico.

Uns cinco ou dez minutos depois voltou ao relvado e um simpático repórter fotográfico sueco explicou-nos: ele foi pedir para não aplaudirem apenas o Zlatan, para apoiarem toda a seleção porque é chato para os outros jogadores. Vocês, estimados leitores, estão a imaginar o Paulo Bento (ou qualquer outro selecionador português) a subir a uma bancada para, no meio dos índios, lhes pedir para não aplaudirem só Cristiano Ronaldo? Pois, eu também não.

Na bancada estava também Glenn Stromberg.


Para quem não sabe, ou para os mais novos, Stromberg foi um médio do Benfica, entre 1982 e 1984, para mim, e penso que a opinião será unânime, um dos melhores estrangeiros do futebol português.

Fomos ter com o homem, eu e o colega da concorrência, e a conversa revelou mais aspetos da mentalidade sueca. Pediu desculpa por já não falar português – só porque não pratica – mas entendia as perguntas feitas na língua de Camões. Passada a parte da explicação sobre a sua presença – é comentador de um canal sueco – diz o antigo médio: “Se as duas seleções estiverem a 100 por cento, Portugal é melhor. O problema da equipa portuguesa é ser muito de altos e baixos enquanto a sueca não é tão boa mas joga sempre ao mesmo nível.”

Pois, o problema, digo eu, é que os suecos sabem disso, conhecem as suas limitações e jogam sempre no máximo. Calharam no grupo da Alemanha e, talvez só por isso, foram obrigados a disputar este playoff mas deram sempre o máximo. Já nós, não conseguimos ganhar a Israel e perdemos dois pontos com a Irlanda do Norte.

Friamente, os suecos merecem mais do que nós este Mundial. Obviamente, não é esse o meu desejo, quero Portugal no Brasil, mas só desculpo os nossos jogadores portugueses também nasci por cá e percebo bem a nossa forma de estar. “Vamos todos dar o máximo nestes dois jogos, queremos estar no Mundial”, disse Nani (mais ou menos por estas palavras) esta semana. Pois querem mas só se lembraram disso agora?

Somos assim e não há nada a fazer, só reagimos quando estamos encostados às cordas. É a nossa mentalidade.

Depois, o simpático Stromberg – é engraçado como sabemos que algumas pessoas são simpáticas mesmo antes de as conhecermos – ainda contou como continua a sentir Portugal, mesmo passados 30 anos. “Mal saí do avião respirei este ar, que bom!”, disse o sueco. Vêm cá três ou quatro vezes por ano e, apesar de já não ser o seu estádio, vai à Luz. Depois, para reviver, passeia a pé na zona de Benfica. “O estádio não é o mesmo mas a zona é a de sempre. É bom ir aos cafés que conheço, beber uma cerveja e continuar a pagar só 1 euro, nunca aumenta o preço? Eu sei que em Cascais pago 3€ por uma cerveja mas aqui em Benfica continua tudo barato”, terminou.

“Afinal, ainda tem coisas de português”, disse-lhe à despedida.

“Sim, eu sou um gajo meio português”, respondeu em bom português.

Adeus, senhor Stromberg, foi um prazer, devia ter-lhe dito.

Ah, já agora, acho que Portugal vai ao Mundial, com maior ou menor dificuldade.

O Benfica e o fora-de-jogo de centrímetros

11 Novembro, 2013 0

O dérbi da Luz foi um daqueles jogos que daqui por muitos anos ainda nos vamos lembrar. Pela espetacularidade do jogo – apesar da primeira meia-hora menos excitante – e pelos muitos golos, o último do mais caricato que já vi. Vi eu e quem estava a ver na tv porque dos jogadores do Benfica só Luisão e Lima viram pois os restantes estavam todos de costas para a bola a pedir um penálti.


Esse foi um dos erros de Duarte Gomes, o não assinalar penálti no lance, porque nos penáltis não se dá a lei da vantagem. O problema é que, pareceu-me, o árbitro não deu a lei da vantagem, simplesmente não considerou falta sobre Luisão.

Na ressaca, os sportinguistas queixam-se do árbitro. Queixam-se de dois penáltis por assinalar e têm razão, embora no segundo se veja nas imagens que Duarte Gomes não podia ver o braço de André Almeida a tocar na bola (está tapado pelo corpo do jogador – isto é já a resposta aos sportinguistas e portistas que vão contestar esta tese). Queixam-se, também com razão, do fora-de-jogo de Cardozo no 3-1 mas são os mesmos que no dérbi da Liga consideraram que Montero estava só ligeiramente adiantado (no lance do 1-0).

Já os benfiquistas desculpam Duarte Gomes pois o fora-de-jogo de Cardozo era só de uns centímetros, muito difícil de apanhar. E esta é a ironia suprema: os benfiquistas odeiam Pedro Proença pelo fora-de-jogo de há dois anos, o que deu o título ao FC Porto. Esse já não era de centímetros, era obrigatório ver.

Só mais uns curtos apontamentos sobre o dérbi:

Jesus devia ser proibido de falar das arbitragens.

Rui Patrício, depois de uma defesa fantástica quando Cardozo se isolou, não merecia aquele frango.

Cardozo confirma-se como o matador menos simpático (nunca se ri) do futebol português mas parece já não ser o mal amado da Luz – talvez pela cena do Jamor.

Bruno de Carvalho, que elogiei aqui uma vez – já tinha perdido todo o crédito para mim quando se referiu à idade de Pinto da Costa – voltou a acusar um árbitro após uma derrota, insinuando a perseguição ao Sporting, e foi bastante deselegante para o treinador adversário, esta parte sem necessidade.

Nos outros jogos da Taça, destaque para a vitória do FC Porto em Guimarães, com um golo espetacular de Fernando. Um jogo no qual o defesa vimaranense Abdoulaye (cedido pelos dragões) não participou por se ressentir de uma lesão, tal como aconteceu no jogo da Liga. Um azarado este Abdoulaye.

Roberto em grande

6 Novembro, 2013 0

Roberto deu mais um desgosto aos benfiquistas. O guarda-redes espanhol, um dos jogadores mais mal-amados na Luz – nos últimos anos só me lembro de Emerson a esse nível – voltou a levar os benfiquistas ao desespero mas, desta vez, por defender tudo.

Sinceramente, não fiquei assim tão surpreendido pois já vi Roberto fazer exibições muito boas no Saragoça mas quem apenas o tinha visto no Benfica ficou, naturalmente, surpreendido. A exibição do guardião é apenas mais um exemplo de como o futebol não depende apenas da qualidade dos jogadores. Podem ser muito bons num clube e não vingarem no seguinte, o mundo está cheio de exemplos desses.

O espanhol chegou à Luz, as coisas começaram a correr-lhe mal e perdeu a confiança perante a exigente plateia benfiquista. Aconteceu o mesmo a Moretto, era muito bom no Vitória mas na Luz fracassou, muito por culpa da enorme pressão de cada jogo em casa. Curiosamente, um guarda-redes de quem os adeptos não gostavam muito, o internacional Quim, não se deixava afectar pelo ruído do seu público e foi campeão.

Roberto tem pontos fracos – a sair dos postes é mau – mas tem bons reflexos e bom tempo de saída. Obviamente, não tivesse ele coisas boas e andava pelas divisões amadoras. Em Atenas vingou-se dos adeptos do Benfica e deve ter ido dormir muito satisfeito.

Helton e Rui Patrício são exemplos de guarda-redes excelentes mas com o mesmo ponto fraco, o jogo com os pés, embora o sportinguista até tenha melhorado nos últimos anos – apenas com o seu melhor pé, o esquerdo.

Já que o tema são os guarda-redes, aqui fica um exemplo de como os próprios adeptos podem não os ajudar. No último Estoril-V. Setúbal, o brasileiro Vagner colocou a bola nos pés de um adversário e sofreu o 0-2. Num clube grande talvez fosse vaiado no próximo jogo mas na Amoreira, por não serem muitos os adeptos e por reconhecerem o seu valor, não será contestado.

Belém anima a Liga

3 Novembro, 2013 0

Linha direta 2/11/2013

O velho Belém está vivo! Os azuis do Restelo voltaram a viver um clássico no seu estádio e com o empate (1-1) roubaram dois pontos aos dragões – parto do princípio que o campeão tem obrigação de somar sempre três nestes jogos – animando assim o campeonato. Quem pensava que o título estava entregue ainda no primeiro terço da Liga – como já aconteceu várias vezes – enganou-se e o futebol português só tem a ganhar com isso.


Este foi apenas o segundo jogo no qual os dragões desperdiçaram pontos, confirmando a tendência para não vencer nas deslocações a Lisboa e arredores, depois do empate no terreno do Estoril (2-2). Mais do que revelar uma tendência, este empate mostra um FC Porto diferente do de outras épocas. O campeão não parece demolidor, não mete tanto medo e uma equipa bem montada como este Belenenses, que há poucos meses estava na 2.ª Liga, pode roubar pontos a este líder, como fizera ao Benfica na 6.ª jornada.

Não é normal, dentro da normalidade do futebol português dos últimos anos (ou décadas) a equipa da Cidade Invicta desperdiçar pontos assim, principalmente em cenários como este. O Benfica já vencera na véspera, e com um concludente 3-0 em Coimbra, e os dragões não responderam com um triunfo. Aliado às exibições menos brilhantes, este é um sinal a ter em conta nesta 1.ª Liga. Ou seja, os encarnados parecem estar a subir de rendimento, após início de campeonato dececionante, e o FC Porto tem de visitar a Luz na última jornada da 1.ª volta. Se a diferença pontual for a mesma, e se a equipa de Jesus ultrapassar finalmente o trauma dos últimos anos, a 2.ª volta promete.

Convém também não esquecer o papel do Sporting. Já depois do empate do Restelo, os leões pareciam ter perdido a nova aura e ao intervalo perdiam em casa com o Marítimo – confirmando a tendência das últimas épocas. No entanto, os leões deram a volta ao placar na 2.ª parte e terminam a jornada como começaram, empatados com o Benfica, mas agora também apenas a três pontos do líder. Candidatos ou não, enquanto andarem tão perto do primeiro lugar, os homens de Leonardo Jardim têm de ser considerados para estas contas e, mais uma vez, o campeonato só ganha com isso.