Honores liga

Tantos acontecimentos no futebol indígena que podia ficar aqui horas a escrever, mas vou tentar resumir.

Começando pela Liga de Honra, principal razão da existência deste blog. O Estoril voltou a adiar a festa da subida e até começa a dar razão aos adversários para acreditarem que ainda o podem alcançar. Os canarinhos (0-0 na receção ao Santa Clara) continuam na liderança mas apenas com 3 pontos de avanço sobre o Moreirense (vitória 2-1 no terreno da Naval) e 4 sobre o Aves (2-0, em casa, ao Penafiel). 

Estive na Amoreira e vi a pior equipa da época, a visitante. O Santa Clara entrou com  oito homens defensivos, pouca ambição e alguma atrapalhação – até em questões de posicionamento perguntavam onde deviam estar. Mesmo assim, conquistaram um ponto e no final saíram satisfeitíssimos. Compreendo quando os mais pequenos jogam no Dragão ou na Luz com “o autocarro a tapar a baliza”, até o Chelsea fez o mesmo em Camp Nou, mas não compreendo isto em jogos da Liga de Honra, a diferença de valores entre as equipas não o justifica. Mas os açorianos não têm culpa que o líder não acerte na baliza e têm um bom guarda-redes, Stefanovic. 

Os resultados de domingo tornaram as contas da permanência ainda mais confusas. Entre o último e o 7.º estão apenas 6 pontos e o único que se safou matematicamente foi o Belenenses. Mais, com a vitória por 3-0 (a mais dilatada da época) sobre o Arouca, os azuis estão só a 3 pontos do 4.º lugar, o tal que pode valer a entrada na Liguilha (se houver alargamento). Só um comentário: grande Marco Paulo.

Em Leiria, o futebol português viveu um dos jogos mais vergonhosos de que tenho memória. A União, depois de 16 jogadores terem rescindido os contratos, entrou em campo com oito. Num encontro da 1.ª Liga portuguesa uma das equipas entrou com oito! A União, clube com 45 anos, é comandada há 23 pelo mesmo homem: João Batolomeu. Tirem as vossas conclusões pois nem perco mais tempo com o tema. 

O FC Porto é campeão nacional. Parabéns! É a 19.º celebração de Pinto da Costa, o presidente com mais títulos no mundo inteiro. Goste-se ou não do dirigente, ele mudou o futebol português. Antes de PC os dragões tinham sido sete vezes campeões nacionais, agora vão em 26. O clube da Cidade Invicta deu-se ao luxo de vender Falcão e de mandar embora a meio da época jogadores como Belluschi e Guarín. Não precisam deles, basta-lhes ter Hulk, Moutinho, James e mais uma dúzia de bons jogadores, esses chegam. Podem jogar meia época com Maicon a lateral direito ou a trocar de dupla de centrais de jogo para jogo, não faz diferença. O clube tem uma estrutura vencedora é uma máquina de ganhar títulos e só não é campeão nacional quando Pinto da Costa se engana, o que é raro (Del Neri, Fernández e pouco mais) e, às vezes, até consegue festejar no campeonato quando o presidente se equivoca. Imagino o gozo que a conquista de hoje dá ao líder dos dragões.  

Estive em Alvalade na madrugada passada. Em serviço, obviamente, pois nem sequer sou sportinguista. Eu, na condição de adepto, também já fui ao aeroporto esperar a equipa do coração após uma vitória fora, por isso compreendo quem esperou mais de cinco horas ao frio e à chuva para agradecer aos jogadores e era aqui que queria chegar. Li vários comentários na net sobre a calorosa receção ao Sporting e alguns pouco simpáticos, tipo “foram celebrar a derrota”. A questão é essa mesmo, os mais de 500 adeptos que ficaram em Alvalade não ficaram para celebrar a derrota mas sim, suponho, para agradecer aos jogadores a campanha na Liga Europa ou para lhes mostrar como se sentiram orgulhosos pela forma como a equipa se exibiu até à meia-final. Ninguém paga nada a estes adeptos para eles estarem ali, ninguém os obriga, eles estão por paixão, só isso. Penso que os jogadores do Sporting perceberam isso. Quem escreveu os tais comentários não percebe…

O Sporting não resistiu ao Athletic e com a derrota (3-1) falha a final da Liga Europa. A carreira dos leões é, no entanto, digna dos maiores elogios pois a equipa lisboeta fez tudo para chegar ao jogo decisivo. Caiu no último minuto da meia-final frente à, até agora, melhor equipa da prova. Convém não esquecer a forma como o Athletic eliminou Man. United e Schalke como se fossem adversários de escalões inferiores.  

 Do jogo de San Mamés fica também a confirmação do que é o melhor avançado centro da atualidade. Llorente é um jogador brutal e a campanha da equipa de Bielsa só é possível graças a este craque. Para mim, em todo o mundo, só Falcão – vai repetir a presença na final, agora com o Atlético de Madrid – se aproxima do nível goleador basco mas, apesar de gostar muito do colombiano, prefiro o internacional espanhol.

Com a vitória do Atlético de Madrid em Valência (1-0), a final de Bucareste vai ter apenas dois jogadores portugueses, Sílvio e Pizzi, pois Tiago foi expulso e falha o jogo decisivo.

Faltam três jornadas para terminar a Liga Orangina e nada está decidido, como é habitual neste campeonato.

Como em anos anteriores, arrisco o meu palpite.

Para a promoção aposto em Estoril e Aves. Em relação ao 2.º lugar coloco o Aves por ter um calendário mais fácil do que o Moreirense.

Em relação à permanência, acredito na salvação do Portimonense e, por isso, acredito que os dois lugares da descida vão ser ocupados por duas equipas destas três: Freamunde, Sp. Covilhã e União.

Se a hipótese do alargamento vingar – acredito que sim – será a Naval a disputar a Liguilha, além do Moreirense. 

E da 1.ª Liga, parece-me óbvio que descem U. Leiria e Feirense.

Quem quiser pode deixar aqui o seu palpite. 

Gosto muito da camisola clássica do Athletic Bilbao, o meu clube em Espanha, mas os leões bascos já usaram uma das mais estranhas no mundo do futebol. No início deste século, os responsáveis pelo clube que esta semana é adversário do Sporting na Liga Europa resolveram inovar e encomendaram um modelo para equipamento alternativo a um famoso pintor local, Darío Urzay. O resultado foi o que deixo neste post. Este modelo ficou conhecida como a camisola ketchup e pouco tempo durou pois choveram críticas. O futebol não estava, felizmente, preparado para esta modernice.

O Estoril voltou às boas exibições, venceu a Naval (2-0) e está agora a uma vitória de garantir o regresso à 1.ª Liga. Nada mais justo. Os canarinhos foram a melhor equipa da Orangina e nem o facto de terem quebrado em março lhes retira o mérito. Com a derrota, a Naval ficou afastada da corrida à subida, perdeu até o 4.º lugar, para o Leixões (2-0 na Trofa). O fracasso da equipa da Figueira da Foz prova que os orçamentos não ganham jogos, nem campeonatos, e se compararmos a campanha navalista com as dos três primeiros a conclusão também só pode ser uma: não mereciam mais.

 A luta pela subida está agora reduzida a três e com o Estoril muito perto de o conseguir as últimas jornadas vão ser animadas na corrida ao 2.º lugar. Nesta jornada os dois concorrentes falharam e parecem agora estar a acusar a responsabilidade do momento, como os canarinhos acusaram nos últimos tempos. O Aves empatou em casa (1-1) com o ressuscitado Portimonense – resultado justíssimo – mas o vizinho Moreirense não aproveitou e perdeu no Restelo (1-0), frente a um Belenenses que está praticamente (embora matematicamente ainda não) salvo da descida.

Destaque para a recuperação dos azuis desde que Marco Paulo pegou, ou foi obrigado a pegar, na equipa. As sucessivas notícias de treinadores que rejeitaram orientar o Belém neste final de época, alguns provavelmente nem foram convidados mas aproveitaram para entrar no barco, acabaram por ter efeito no balneário. Os jogadores não gostaram de as ler e disseram mesmo que iam dar tudo por Marco Paulo, o único que neles acreditou. Obviamente, não foi apenas por isto, também há muito mérito do jovem técnico, como o provou na forma como anulou o líder Estoril no embate do Restelo, mas tudo junto deixou os azuis quase a salvo. 

Na luta pela permanência o momento da jornada foi o golo do Freamunde (29 pontos), nos descontos, para o 2-2 com o Covilhã (26). No final do campeonato, veremos se este ponto não foi decisivo, mas parece-me que sim. No pelotão dos aflitos estão ainda: Santa Clara (31), Arouca (30), União (27) e Portimonense (27) mas falta disputar um jogo e se os açorianos vencerem na Madeira garantem a permanência.

Sou um fã da NASL, o campeonato profissional dos Estados Unidos na década de 70, quando os yankees descobriram e se apaixonaram pelo soccer. Acreditem que no final dessa década, quando lá jogavam Pelé, Cruijff, Beckenbauer, Eusébio e outros craques, os americanos chegaram a colocar 75 mil pessoas num estádio só para ver o Cosmos jogar. Cada partida era uma festa e, acredito, os Estados Unidos podiam ter-se tornado numa potência do futebol caso João Havelange não lhes tivesse travado o crescimento como fez quando atribuiu o Mundial'86 à Colômbia, mas isso é outra história e não foi esse o motivo deste post. Este é apenas para partilhar um dos equipamentos mais estranhos que vi. Adoro as camisolas das equipas da NASL mas esta do Colorado Caribous ultrapassa tudo, em termos de mau gosto. Esta equipa participou apenas uma época na NASL (1978) e teve o recorde negativo de vitórias, apenas 8 em 30 partidas mas não sei se foi esse o motivo de não continuarem. Aqui fica a foto, com o pormenor das franjas. Inigualável.

(a foto foi retirada do melhor site que conheço dedidado à NASL, http://www.nasljerseys.com/default.htm , para quem quiser ver)

As jornadas 25, das duas Ligas profissionais, proporcionaram mais quatro mudanças de treinadores. Na 1.ª Liga caiu Quim Machado, situação que já comentei no post anterior, mas hoje surgiu o, previsível, sucessor: Henrique Nunes. A forma como a situação decorreu é o mais interessante. Quando questionado sobre se aceitava a demissão de Quim Machado, Rodrigo Nunes, presidente do Feirense, respondeu: “agora vou jantar”. Após a refeição confirmou a saída do técnico. Depois, o presidente assumiu que a descida é quase uma realidade, só com um milagre se safam, e então fez o mais natural: telefonou ao tio e convidou-o a voltar ao clube que já treinou dezenas de vezes. Convite aceite e fica tudo em família no Feirense.

Também laços familiares terão ajudado outro técnico a chegar a um clube da Liga Orangina. Luís Miguel, cunhado de Vítor Pereira, é o novo treinador do Santa Clara, isto após um processo algo insólito: Bruno Moura saiu na semana passada e ficou o seu adjunto, Ricardo Chéu, a comandar o barco. Na 3.ª feira, o presidente terá dito a Chéu que contava com ele até final da época. Dias depois, disse-lhe que, afinal, já não contava com ele, tinha nova aposta. Não sei o que terá pesado mais na escolha: se os resultados de Luís Miguel no Paços de Ferreira esta época (na sua primeira aparição como técnico); se a esperança de recuperar as boas épocas da equipa açoriana quando Vítor Pereira lá esteve: um 3.º e um 4.º lugar, duas quase subidas.

Previsível era a saída de Tulipa do Sp. Covilhã. O técnico já colocara o lugar à disposição há algum tempo e agora, após a derrota caseira (0-1) com a Oliveirense, o presidente aceitou a sua saída. Não sei se por considerar que com Tulipa os leões da Serra não iam evitar a descida ou se por perceber que a descida vai acontecer de uma forma ou de outra. Seja como for, despedir um treinador a cinco jornadas do fim não me parece a decisão mais acertada.

Menos previsível, ou não, era a saída de Daniel Ramos da Naval. A derrota caseira dos figueirenses (0-1 com o Belenenses) deixou-os praticamente afastados do 2.º lugar, ficaram a 7 pontos de Aves e Moreirense, e a solução foi a de despedir o treinador. A Naval era candidata à subida, nos “corredores” da Liga Orangina todos dizem que é o plantel mais caro e o orçamento mais elevado do campeonato – algo difícil de provar. Mas a equipa da Figueira passou a época a correr atrás da concorrência, nunca esteve acima do 4.º lugar e nos últimos meses (1 vitória, 4 empates e duas derrotas) provou em campo que não tinha argumentos para subir. A minha dúvida: o presidente só o percebeu a cinco jornadas do fim? Acho estranho.

“O Feirense não vai descer de divisão, tenho a certeza”, afirmou Quim Machado após a derrota com o Marítimo. O técnico repetiu a ideia nas últimas jornadas e até disse que a recuperação da sua equipa era possível pois defrontava os últimos classificados nas rondas seguintes.

Na primeira dessas finais o Feirense perdeu em casa (1-3 com o Beira-Mar) e o que aconteceu no final? Quim Machado demitiu-se. Se a posição do técnico me desiludiu, imagino aos adeptos do Feirense. Tenho o treinador em boa conta. Falámos algumas vezes quando jogava, já em final de carreira, do Dudelange, do Luxemburgo, segui os seus primeiros passos como treinador, e acho que é dos bons. O Feirense jogou bem na época passada e continuou a exibir-se a bom nível na atual temporada, mesmo com um plantel inexperiente. A sua saída desilude-me.

Quem também me surpreendeu, mas positivamente, foi Nicolau Vaqueiro. Nos Açores, o Freamunde perdeu com o Santa Clara (por 1-0) graças a um penálti ao minuto 88. O problema é que o dito lance é candidato a penálti mais ridículo da época e, no final, Vaqueiro não se conteve. O técnico não disse mal dos árbitros para não ser o causador da greve na próxima jornada, mas disse o que lhe ia na alma e tem razão para se queixar. Não percebo como é possível Rui Patrício ter assinalado falta no lance em causa e se o árbitro (que nem se vê na imagem) estava longe e “nas costas do lance” já o auxiliar deve, ou devia, ter visto de frente. A este nível só me lembro de um penálti de Karadas, na Luz, frente ao Estoril, na época 2004/05, a favor do Benfica, claro. Aqui fica o resumo. 

A 25.ª jornada da Liga Orangina deixou a classificação muito confusa mas ajudou a clarificar a situação de algumas equipas. O meu destaque vai para a vitória (1-0) do Belenenses na Figueira da Foz que deixou os azuis mais próximos da permanência e a Naval mais longe da promoção. Se os 33 pontos chegarem para a salvação – em princípio vão ser suficientes – a formação do Restelo está agora a apenas uma vitória de o conseguir. Uma boa resposta para quem não acreditava em Marco Paulo como treinador. Já os figueirenses estão agora a 7 pontos do 2.º lugar situação que, com 15 por disputar – e a terem de recuperar perante dois adversários – os deixa quase afastados da subida. Resta-lhes esperar pela liguilha, cenário que, dizem-me, ainda não está totalmente afastado.

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Naval 0-1 Belenenses por simaotvgolo12:550:0]

A Oliveirense confirmou a permanência (33 pontos) ao vencer (1-0) na Covilhã frente a um Sporting que caiu para o último lugar por troca com o fantástico Portimonense (3-2 ao Penafiel). Há semanas escrevi aqui que os algarvios já não contavam pois a descida era uma realidade. Depois disso ganharam quatro jogos seguidos e estão a 1 ponto do 14.º lugar…

Na frente, Aves (0-0 no terreno do leixões) e Moreirense (4-1 na receção ao Atlético) recuperaram pontos ao Estoril. O líder sofreu (e bem) a primeira derrota da época na Amoreira, frente ao Trofense – grande recuperação com João Eusébio – e parece estar a perder força. De 13 pontos de vantagem sobre o 3.º já só tem 5 e se não vencer a Naval (em casa) na próxima jornada, a situação torna-se complicada. Sobre a quebra dos canarinhos, reparei num pormenor nas palavras de Jorge Casquilha, após a vitória  sobre o Atlético, “os dois da frente tinham perdido pontos”, afirmou. O curioso é que o técnico do Moreirense, em jornadas anteriores, referiu-se várias vezes, após os seus jogos, à corrida ao 2.º lugar, agora parece voltar a acreditar no título.