Honores liga

Os resultados da 20.ª jornada não proporcionaram grandes alterações na classificação. Quase me apetece dizer que foram perfeitamente normais, excepto a vitória do União na Trofa, por 2-1.

Dos oito primeiros, apenas Estoril e Atlético venceram e quando vamos entrar no último terço da prova a tabela está praticamente partida em duas, até era capaz se ser mais animado se a partir de agora os oito primeiros lutassem pela promoção e os restantes pela permanência, mas não é assim.

A verdade é que a classificação está partida mas, para mim, tem apenas sete equipas em cada lado pois o Estoril já não entra nas contas da subida e o Portimonense nas da descida. Isto é bom para os que lutam pela permanência – já só há um lugar em aberto – e mau para quem quer subir. No entanto, em cada um dos grupos também me parece que existem intrusos.

Na parte de cima da tabela, apesar da diferença entre o Aves (2.º) e o Atlético (5.º) ser apenas de 3 pontos, a equipa de Alcântara não entra nas contas da subida. Fez uma excelente época para quem tinha apenas a permanência como objetivo, mas não tem capacidade para fazer frente aos verdadeiros candidatos. A luta será entre Aves, Naval e Moreirense, pois só com uma fase final excepcional os restantes ocupantes desta zona (Leixões, Penafiel e Arouca) conseguiriam intrometer-se. Isto porque, uma coisa é andar o campeonato inteiro entre o 2.º e o 4.º, a um ponto ou dois da subida. Outra coisa é passar dois terços da prova a ver a zona de promoção a 6 ou 7. Obviamente, Leixões e Penafiel vão tentar lá chegar mas, sinceramente, não acredito que o consigam.

Na zona dos aflitos também há casos do género pois entre o Santa Clara (9.º) e o Belenenses (15.º) estão apenas 3 pontos. A questão do cansaço também se pode aplicar aqui. Os açorianos não tinham equipa (ou plantel, como queiram) para lutar pela subida e passaram metade da temporada a meio da tabela mas também não me parece que acabem a época a fazer contas. Se tudo correr dentro da normalidade, daqui por umas jornadas já estão com pontos suficientes para descansarem.

A mesma previsão aplico à Oliveirense, claramente “prejudicada” pela belíssima campanha na Taça de Portugal. A União não tem plantel para lutar pela subida mas costuma andar lá em cima, a atrapalhar quem quer mesmo subir. Esta época teve a possibilidade de chegar ao Jamor e como o plantel é curto, acabou por atrasar a equipa na Orangina. Mas também não me parece que a equipa de Pedro Miguel acabe, nas últimas jornadas, envolvida na confusão.

Assim, para fugir ao lugar de descida ainda em aberto vamos ter cinco equipas e não sei se os habituais 33 pontos vão chegar para a salvação. Neste capítulo, a próxima jornada pode começar a ser reveladora pois terá um UniãoxFreamunde e um BelenensesxTrofense, enquanto o Sp. Covilhã vai jogar aos Açores. Depois disso, ainda vão faltar 9 jornadas, mas os que perderam no fim-de-semana já não vão largar a calculadora até ao fim do campeonato.

Aqui fica o resumo de um dos duelos mais animados da ronda:

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A sua alcunha deve ser a mais gasta em crónicas desportivas. Juntar a palavra super ao nome Bock é fácil mas também só é tão utilizada porque o jogador o justifica com as exibições e os golos, algo que faz com facilidade.

O nome de guerra nem tem qualquer relação com a cerveja, herdou-o do pai, também jogador, devido a um aparelho de educação física, e quando começou a jogar deixaram de lhe chamar Fernando Jorge, passou a ser Bock, até hoje. Formou-se no FC Porto e ainda é o maior finalizador dos escalões de formação dos dragões.  

Está a disputar este campeonato pela 9.ª vez e apesar do Freamunde ocupar o 15.º lugar já marcou 9 golos. Aos 36 anos pode já não ter a velocidade de outras épocas mas a qualidade mantêm-se e quando a bola chega aos seus pés parece ficar mais feliz.

HL – Continua em boa forma, parece da idade dos outros.

BOCK – Sempre levei uma vida regrada, sem excessos, e tenho um bom ambiente em casa, a estabilidade familiar também é importante. De resto, o segredo é trabalhar com alegria. Gosto do que faço e levanto-me todas as manhãs com vontade de ir treinar. Quando é assim, torna-se mais fácil.

HL – Mas em campo parece estar sempre zangado, ralha muito.

B – Pois é. Infelizmente, não o consigo evitar. Não gosto nada de perder e durante os jogos tenho essas reações, mas não o faço para magoar ninguém, longe disso, é o meu feitio. Mal saio de campo, após os jogos, passa tudo, relaciono-me bem com toda a gente.

HL – Quantas épocas ainda espera jogar?

B – Com esta idade já não dá para fazer planos. Sinto-me bem mas se surge alguma lesão grave pode ser o fim, por isso não faço planos a longo prazo. Ultimamente tenho assinado contratos de uma época e depois vou renovando. Se não tiver nenhum azar espero jogar pelo menos mais um ano.

HL – Calculo que já lhe perguntaram muitas vezes, mas é mesmo estranho: por que motivo nunca jogou na 1.ª Liga?

B – Pois, de facto toda a gente me pergunta isso e a verdade é que não sei responder. Talvez pelo facto de nunca ter estado ligado a empresários, fui sempre eu quem tratou da minha carreira. Esse aspecto talvez tenha fechado algumas portas. 

HL – Vai ficar com essa mágoa.

B – Sinto alguma frustração por não o ter conseguido, mas tenho muito orgulho na minha carreira. Consegui títulos coletivos e individuais, fui o melhor marcador da 3.ª Divisão, da 2.ª e da Honra, duas vezes, faltou-me a oportunidade de jogar na 1.ª.

HL – Esta época não está a ser fácil para o Freamunde.

B – Pois não, está muito complicada. Tem faltado alguma sorte. Houve um jogo que estávamos a dominar, e a primeira vez que o adversário foi à nossa baliza marcou. Tentámos reagir e eles marcavam em cada remate, acabámos goleados.

HL – Vai ser uma luta dura até final.

B – Vai e começa já na próxima jornada. Temos de ganhar ao Belenenses para os apanharmos na classificação e, dependendo dos outros resultados, até podermos ultrapassar mais alguns adversários. Vai ser um dos jogos mais decisivos da época, temos mesmo de vencer.

Em Salónica, na Grécia, os adeptos do Aris vivem o jogo desta forma. Até os jogadores do Boca Juniors, habituados à Bombonera, ficaram espantados. Sem mais comentários. Para ver e sentir.

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A vitória do Leixões (1-0) no terreno do Moreirense foi a grande surpresa dos jogos de domingo. Uma boa estreia de Horácio Gonçalves no comando técnico do emblema de Matosinhos e o confirmar da pior fase da época dos cónegos, com apenas 1 ponto conquistado nos últimos três jogos. Com este resultado a equipa de Jorge Casquilha ficou empatada com a Naval e está a um ponto do 2.º classificado, o Aves, precisamente o adversário na próxima jornada. Em relação ao líder Estoril, são já 10 pontos de atraso.

Destaque ainda para outros três resultados. Trofense e União deram passos importantes na fuga à despromoção com as vitórias sobre Atlético (1-0) e Oliveirense (2-1). E o Belenenses, na estreia do técnico Marco Paulo, não aproveitou a, aparente, vantagem de receber o último classificado: 1-1 com o Portimonense. Vi o resumo do jogo e, depois de saber que os azuis se queixaram muito da arbitragem – começa a tornar-se um hábito – fui ver novamente para tentar perceber se tinham razão.

De facto, desta vez têm razão. Ficou um penálti claro por marcar contra os algarvios, por bola na mão, mas já em relação ao golo anulado não percebo as queixas pois basta fazer pause no vídeo – coisa que o fiscal de linha não pode – para ver que estão dois jogadores em fora-de-jogo quando o livre é batido. Por outro lado, isto de ver os erros dos árbitros é possível para os dois lados e um amigo meu, adepto do Portimonense, também se queixa de uma falta (ou duas) no golo do empate… Para quem não viu, aqui fica o resumo.

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Belenenses 1-1 Portimonense por simaotvgolo12:550:0]

O Estoril venceu o Freamunde, por 3-0, e atingiu os 41 pontos na classificação, total que lhe permite ampliar a vantagem sobre o 3.º classificado, seja qual for a equipa aí posicionada no final da jornada. Na Amoreira, destaque para os dois golos de Licá pois permitem ao extremo dos canarinhos isolar-se na liderança da tabela de marcadores, com 12.

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Também já se disputou um dos duelos mais quentes da ronda: 1-1 no Naval-Aves. Não vi este jogo e já sei que os visitantes estiveram em vantagem (golo de Nélson Pedroso, mais tarde Bolívia igualou) mas o empate parece-me um bom resultado para os avenses pois foi conseguido em casa de um concorrente direto na luta pela subida. Já a Naval – em recuperação nas últimas jornadas – falhou assim primeira oportunidade para assaltar o 2.º lugar, mas como falta muito campeonato, nada está perdido para a equipa de Daniel Ramos.

Voltando ao tema de abertura do post, os canarinhos vão terminar a jornada pelo menos com 9 pontos de avanço sobre o 3.º classificado, o primeiro dos que não sobem. A distância depende de outro dos jogos grandes da ronda, o Moreirense-Leixões.

Apenas 24 horas depois da saída de Litos, o Leixões já anunciou o seu novo treinador: Horácio Gonçalves.

O técnico, de 49 anos, assinou até final da época e vai assim treinar na Liga de Honra pela 11.ª vez, depois de passagens por Varzim (2.º classificado em 96/97), Maia, Rio Ave, União da Madeira e novamente Varzim. Nas últimas quatro temporadas Horácio Gonçalves esteve na Grécia, no Asteras Tripolis, primeiro como treinador, depois como diretor desportivo. 

O técnico tem 3 dias para preparar o próximo jogo do Leixões (9.º com 24 pontos), domingo no terreno do Moreirense (3.º com 31), um duelo que promete. 

Mais duas chicotadas psicológicas na Liga de Honra: José Mota saiu do Belenenses e Litos do Leixões. As saídas dos técnicos acabam por não ser assim tão surpreendentes. No Restelo essa hipótese já era comentada nas bancadas há semanas, para não dizer meses, desde que os azuis começaram a cair na classificação. E em Matosinhos a crise financeira, mais do que os resultados, parece-me, acelerou o processo.

Para os mais desatentos, aqui fica outro pormenor semelhante entre os dois emblemas – não, não é os ordenados em atraso, nesse capítulo há mais clubes – e que acaba por ter influência nestas saídas: Belenenses e Leixões foram os dois únicos clubes da Honra sem reforços no mercado de inverno. Mais, até saíram jogadores, mas não entraram nenhum.

Este campeonato é muito equilibrado e as duas equipas em causa até tiveram boas séries. O Belém começou bem, foi a última equipa a ser derrotada mas acabou por cair na tabela. O Leixões, quando visitou o Estoril, se vencesse esse jogo passava para o comando, a queda começou depois dessa jornada. Por outras palavras, os técnicos até conseguiram apresentar um onze competitivo mas se compararmos estes dois planteis com os dos quatro primeiros classificados as diferenças estão à vista de todos. Mais, basta ver os reforços de inverno do Moreirense…

No início de cada época, na Liga de Honra, há sempre 10 ou 12 candidatos à subida, uns assumem-no e outros nem por isso, mas também partem para a prova a pensar na promoção. Depois, com o decorrer do campeonato, o grupo vai ficando mais reduzido e só fica na luta até ao final os que tem os planteis com mais soluções.

Estou curioso em relação aos substitutos. O objetivo inicial de Belenenses e Leixões é praticamente inalcançável mas quem chegar quererá, obviamente, terminar na melhor classificação possível e, seguramente, estas duas equipas ainda vão roubar pontos às que estão envolvidas na corrida para a 1.ª Liga. Esse aspeto é prometedor.

Um dia depois de Godinho Lopes descartar a saída de Domingos, o Sporting emitiu o comunicado a justificar o despedimento do técnico:

“Entendeu a Administração da Sporting Clube de Portugal – Futebol, SAD, rescindir contrato com o seu treinador Domingos Paciência, por entender que quer a eliminação da fase de grupos da Taça da Liga, quer o 5.º lugar actual na Liga Zon/Sagres, não correspondem aos objectivos propostos para este primeiro ano de mandato.”

Desde o início da temporada que ouço dizer que neste primeiro ano não tinham pedido o título a Domingos, por ser uma época de transição, de crescimento, etc. O Sporting está na final da Taça de Portugal e segue na Liga Europa, o que pode levar-nos a concluir que a Taça da Liga era um dos objetivos.

Umas horas depois de divulgado o comunicado, surgiu outra hipótese para o despedimento. A Agência Lusa cita uma “fonte próxima da estrutura leonina”: “Temos conhecimento de que Domingos manteve contactos com dirigentes portistas nas últimas semanas e que um possível ingresso no FC Porto esteve sempre no seu horizonte.”

De repente, se algum sportinguista colocava em causa o despedimento, passa a estar ao lado da direção.

Sá Pinto é o novo treinador, num processo semelhante ao de Paulo Bento – promovido da equipa júnior. O ex-jogador é um ídolo dos adeptos e como técnico dos juniores ganhou 19 em 22 encontros. O timing para a entrada do novo técnico não é o melhor, a três dias de um jogo europeu, mas em termos de campeonato até é favorável pois os leões vão receber P. Ferreira e Rio Ave. Ou seja, 6 pontos no horizonte.

O comunicado anunciava ainda: “a Administração Sporting Clube de Portugal – Futebol, SAD decidiu contratar Ricardo Sá Pinto, que assumirá, de imediato, as funções de treinador principal, com vínculo até Junho de 2013.”

E esta parte foi a que me surpreendeu mesmo. Até 2013? E se o Sporting perde a final da Taça de Portugal?

O Estoril entrou esta manhã na história da Liga de Honra. Os canarinhos venceram (2-0) em Portimão e somaram o 6.º triunfo seguido fora de casa, máximo que nenhuma equipa conseguira em 21 anos desta campetição. A equipa de Marco Silva ampliou também a vantagem sobre o 2.º classificado e tem agora 7 pontos de “almofada”, embora os mesmos para o 3.º, o primeiro dos que não sobem.

Enquanto os canarinhos continuam a cumprir o calendário como se o destino já estivesse traçado, a concorrência vai-se atrasando. O Moreirense já empatara (1-1 em Freamunde) e o Leixões (0-2 com o Arouca) e o Atlético (0-0 com o Santa Clara) perderam pontos. O Aves bateu o Belenenses (3-1) e saltou para o 2.º lugar, em igualdade com o vizinho de Moreira de Cónegos, e a Naval continua a recuperar: 2-0 na Covilhã. Ainda falta muito (12 jornadas) mas estas duas equipas parecem ser as únicas capazes de perseguir os que eram os dois primeiros da tabela antes desta ronda.

Dos seis últimos apenas o Freamunde pontuou e a jornada teve ainda um resultado surpreendente: Oliveirense 5 Trofense 0. A União não vencia há dois meses – estava apenas a pensar na meia-final da Taça – e o Trofense na jornada anterior goleara (4-0) o Freamunde. Diz-me quem viu que o resultado é exagerado e que a equipa de Pedro Miguel só chegou a este placar por inércia total do adversário nos últimos 15 minutos.

E no próximo fim-de-semana há Moreirense-Leixões e Naval-Aves. Promete.

Aqui fica mais um dos grandes avançados que vi durante a infância. Karl-Heinz Rummenigge jogou de 1974 a 1989 e era absolutamente letal na área, além de ter sido um dos atacantes mais completos da sua geração. Em constante movimentação, parecia fugir às marcações saltitando, tal como parecia estar sempre no sítio certo para finalizar. Marcou 45 golos em 95 jogos pela RF Alemã e é, ainda hoje, o segundo melhor marcador da história do Bayern.

Infelizmente, não há na net montagens vídeo com os seus melhores golos, mas há com os 10 melhores ao serviço do Inter. Vale a pena ver:

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Em Portugal, no início da década de 80, quando comecei a ver futebol, havia um avançado que me fazia lembrar Rummenigge, não tinha a potência de remate do alemão mas, dentro da área, a forma como aparecia a finalizar era semelhante. Alguém arrisca quem era?