Entrada a pés juntos

Durante o Mundial de Futebol foram muitos os que ouviram o tema “Decime que se siente”, cantado pelos adeptos argentinos a plenos pulmões nas ruas, praias e estádios brasileiros. Um tema criado pela “hinchada” argentina com o grande objetivo de… embirrar com os rivais de sempre.

Recuando até ao Itália'90, um dos mais emblemáticos Mundiais da galáxia futebol, os adeptos argentinos decidiram criar uma letra provocatória, animada e que fez furor de tal forma por terras brasileiras, que até os integrantes da seleção, com Messi e Agüero à cabeça, a cantaram durante o estágio realizado em terras de Vera Cruz.

Um tema que remete precisamente para os oitavos-de-final desse Campeonato do Mundo de 1990, onde os argentinos venceram os brasileiros por 1-0, com golo de Claudio Caniggia, num encontro onde Maradona “partiu” os adversários de todas as formas e feitios e onde o guarda-redes Sergio Goycochea também foi herói.

Com o passar do tempo foram aparecendo várias versões. Das mais suaves, cantadas com ukelele (o cavaquinho dos estrangeiros) até aquelas que obrigam a levantar e dançar ao estilo reggaeton. A verdade é que a originalidade venceu e as diversas tentativas de resposta por parte de adeptos canarinhos têm caído em saco roto, uma vez que não têm a mesma classe da original.

“Brasil, decime qué se siente tener en casa a tu papá.
Te juro que aunque pasen los años, nunca nos vamos a olvidar…
Que el Diego te gambeteó, que Cani te vacunó, que estás llorando desde Italia hasta hoy.
A Messi lo vas a ver, la Copa nos va a traer, Maradona es más grande que Pelé”.

Algo que em português seria mais ou menos assim…

“Brasil, diz-me o que sentes por ter em casa o teu papá
Juro-te que por muitos anos que passem, nunca nos vamos esquecer
Que o Diego te trocou as voltas, que o Cani vos vacinou, estão a chorar desde Itália até hoje
Vão ver o Messi, que nos vai trazer a taça, o Maradona é melhor do que o Pelé”.

[View:http://www.youtube.com/watch?v=s2sA_PUUR3c:550:0]

[View:http://www.youtube.com/watch?v=XkqmaB1f__k:550:0]

Os mais entendidos na magia do futebol sul-americano, como o meu camarada e amigo Diogo Jesus (um eterno seguidor do mágico Juan Roman Riquelme), certamente dirão nesta altura que o mesmo ritmo foi utilizado anteriormente no eterno duelo entre Boca Juniors e River Plate, quando os adeptos do emblema que habita o La Bombonera decidiram gozar forte e feio com os rivais do Monumental. O River desceu de divisão, os adeptos incendiaram o próprio estádio e a rima lá acabou por ser formar.

[View:http://www.youtube.com/watch?v=SiJOT3G6OuI:550:0]

“River decime que se siente haber jugado el Nacional. 
Te juro que aunque pasen los años, nunca lo vamos a olvidar. 
Que te fuiste a la B, quemaste el Monumental, esa mancha no se Borra nunca maaaas!! 
Che gallina sos cagon, le pegaste a un jugador, que cobardes los Borrachos del tablón”.

Ontem à noite “perdi” umas horas a entender melhor a rivalidade entre Celtic e Rangers, os dois maiores clubes da Escócia. A propósito de uma dúvida sobre Católicos e Protestantes, acabei por submergir em vários sites onde o tema é abordado com detalhe e onde realmente conseguimos ficar a entender melhor o que se passa entre os dois emblemas de Glasgow, agora distantes devido à despromoção do Rangers, por uma série de dívidas e irregularidades de gestão.

Mais do que outras rivalidades históricas do planeta futebol, como Milan-Inter, Boca-River ou Real-Barcelona, entre muitas outras, este é um “duelo” centenário e que se entranha de uma forma bem diferente de todos os outros.

Confesso que apesar de trabalhar num jornal desportivo há 10 anos, ter o equipamento completo do Celtic, um gato chamado Celtic e uma “paixão” pelo clube que habita o Celtic Park, desconhecia uma boa parte desta história lendária. Sabia o básico, achava que dominava a génese da rivalidade em causa e puxava dos galões em conversas de café sobre o assunto. Afinal… Tomei um banho de humildade e agora cá estou para espalhar a palavra, porque o Celtic-Rangers não é definitivamente arrumado com uma mera explicação religiosa ou política.

Como habitualmente, deixo uma sugestão para aqueles que têm tempo livre e boa capacidade de entendimento da língua inglesa, uma vez que este documentário não está legendado. 45 minutos intensos, crus e que certamente farão os mais desatentos aprofundar o conhecimento sobre um duelo que por terras escocesas se define apenas como “The Old Firm”.

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Regresso a este blog, depois de 150 anos (ou mais), para abrir oficialmente a temporada 2014/15 neste “Entrada a Pés Juntos”. As premissas não mudam, os temas abordados também não, por isso espero que voltem a ususfruir da melhor forma deste espaço.

Os malfadados comentários voltam a ser permitidos, na esperança de que as longas conversas que chegámos a manter neste espaço se repitam. Dos concertos que o “ÁguiaEterna” frequentava, às opções táticas dos treinadores dos três grandes que o “jorgen80” criticava, tudo pode e deve ser discutido. Com elevação, de preferência…

Assim sendo, vamos ao que interessa – a Liga portuguesa (o futebol dentro das quatro linhas e não as listas às eleições que voltam à ordem do dia).

Sporting – Marco Silva tem o espírito correto para esta nova aventura. Deu o salto na altura certa da carreira e comanda agora uma formação onde já havia talento, sendo que a chegada de caras novas com qualidade irá obrigar todos os elementos do plantel a “dar o litro” para garantir um lugar.

Benfica – O Benfica ganhou tudo e todos sabem que seria praticamente impossível igualar o registo. Contudo, as muitas saídas, colmatadas com nomes desconhecidos e que poderão soçobrar à pressão dos indefectíveis adeptos encarnados, não deixa Jorge Jesus tranquilo. Vale ao treinador encarnado ser um verdadeiro Midas no que diz respeito à projeção de jogadores. Mas a tarefa vai ser muito complicada, logo que o primeiro desaire apareça…

FC Porto – “Revolução no Dragão” poderia ser o título desta pré-temporada. A armada espanhola que aterrou na Invicta, liderada pelo desconhecido (para alguns) Julen Lopetegui, tem tudo para ser feliz. Jogadores talentosos, com sede de protagonismo e vindos de campeonatos competitivos deixam antever bom futebol no reduto dos azuis e brancos. Ao contrário do que muitos defendem, não acredito que o balneário portista se divida, porque Lopetegui já mostrou que tem mão firme na gestão dos seus pupilos.