Incendiários da velha guarda
Cada cabeça aberta num estádio de futebol, cada cadeira arremessada para o campo e cada tocha que é atirada em direção a um guarda-redes tem como culpados “os animais das claques, que não têm formação, que não se sabem comportar e que vivem no limite da legalidade, em casas pré fabricadas de bairros degradados do nosso país”.
Esta é a abordagem comum à violência no desporto rei. Culpar apenas os adeptos pelas más práticas nos estádios da Liga Zon Sagres e afins. Contudo, a verdade não é esta. Os culpados são também os agentes desportivos que apesar de andarem mais “janotas”, também não têm formação, também não se sabem comportar e, apesar de nenhum habitar em casas pré fabricadas, também vivem no limite da legalidade. Para não me alongar muito sobre o tema, pergunto porque raio é que o treinador Jorge Jesus tem de entrar sempre em campo para bater em alguém, porque raio é que Rui Costa rima mais com túneis do que com maestro e porque razão o presidente Pinto da Costa, em vez de aproveitar o Carnaval (do qual deve ser fã) para acalmar, continua a incendiar o ambiente, numa eterna guerra com o Benfica que, aquando do próximo encontro entre as duas equipas, valerá certamente mais umas bolas de golfe, mais uns petardos e mais uns feridos.
Não me venham com a tanga do “epá, deixa lá, ele sempre foi assim” e do “assim se ganham títulos”. Não vejo Abramovich a debitar postas de pescada sobre Alex Ferguson ou Florentino Pérez a ter discursos rasteirinhos sobre Pep Guardiola. O futebol é coisa de gente adulta, que ganha pelos méritos físicos, táticos e até intelectuais, mas nunca pela insistência num comportamento grosseiro, à laia de “bully”, que começa a parecer ser o dia a dia do nosso fraquinho futebol.
O que vale é que no desporto como na vida, as novas gerações vão continuar a “crescer” e a dar uns chutos no rabo destes “monstros”.
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