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Todos o conhecem. De seu nome Fernando. De apelido, Animal. Ou Emplastro, na lezíria portuguesa. Um exemplo para a nação. Apesar do seu handicap, está em todo o lado mas sobretudo no Aeroporto Fra..." /> — ler mais..

Todos o conhecem. De seu nome Fernando. De apelido, Animal. Ou Emplastro, na lezíria portuguesa. Um exemplo para a nação. Apesar do seu handicap, está em todo o lado mas sobretudo no Aeroporto Fra..." /> Bola na Área - Record

Bola na Área

O Animal é tudo menos estúpido

4 Agosto, 2012 0

Todos o conhecem.

De seu nome Fernando.

De apelido, Animal. Ou Emplastro, na lezíria portuguesa.

Um exemplo para a nação. Apesar do seu handicap, está em todo o lado mas sobretudo no Aeroporto Francisco Sá Carneiro.

Este foi o resultado da passagem da equipa do Sp. Braga por lá, na sexta-feira.

Um caso de estudo para o ministro Álvaro e para o super ministro Gaspar.

COMENTÁRIO EM DESTAQUE

tic-tac disse em 05-08-2012 às 04h44

É “grande” o Fernando, sem dúvida.

Há cerca de dois anos e meio encontrei-o em Braga, num lugar relativamente calmo, em hora calma duma segunda-feira. Olhei imediatamente em volta à procura da câmara e do acontecimento mediático que estaria a dar-se ali, em frente à igreja da Senhora-a-Branca. Tudo em tons de cinza-rotina! Não havia câmara e os peregrinos eram os de sempre, com as rezas de sempre! Perguntei-lhe o que fazia por ali, tendo o Fernando balbuciado qualquer coisa, da qual consegui reter que a estadia dele aqui na cidade dos arcebispos se devia ao Braga-Benfica do fim-de-semana encerrado (já não me recordo se foi num sábado ou num domingo, aquele jogo). Entramos na padaria/pastelaria onde eu ia comprar pão, e pediu-me que lhe pagasse um copo de leite e um bolo. Disse-lhe que pagava se ele me desse um autógrafo – queria observá-lo na sua posição de proeminente figura pública (juro que nem o autógrafo do Messi me interessa). Aproveitou a “embalagem” para “transformar” o bolo em fatia de piza. Enquanto esperava numa mesa, soberbo, com uma pose de mega-estrela para quem dar autógrafos é uma trivialidade um pouco enfadonha, pediu-me uma esferográfica e um papel para realizar o meu sonho de anónimo mortal, nanoformiga do universo em que ele é estrela cintilante. Num guardanapo de papel dos mais fraquitos e com uma singela bic, o punho do Fernando impregnou uma obra-prima. Saiu assinatura de calígrafo, daqueles que vemos descritos nos clássicos da literatura! Despesa paga e sonho cumprido, o Fernando já não estava “para amar”. Insere-se na categoria dos pedintes eficazes e pragmáticos. Sabia que a percentagem de possibilidades de me reencontrar é a mesma que o Pacheco Pereira vir a pertencer a uma claque. Não tinha, por isso, que se esforçar para ser simpático.

Outra que me contaram, passada mais recentemente:

Numa viagem Braga-Porto de comboio (dos que param em todas as “capelinhas”), uma dezena de teenagers foram-se metendo com o Fernando porque – e segundo a confirmação dele – o “grande peregrino” não teria bilhete. Foram-lhe anunciando todo o tipo de consequências – coima, expulsão a meio do caminho, prisão…- e aguardando ansiosamente pelo grande momento em que o revisor lhe pediria a apresentação do bilhete. Mesmo outras pessoas com idade para ter juízo, viajavam disfarçadamente atentas e expectantes para ver a forma que o famosíssimo emplastro iria adoptar para dizer ao revisor que não tinha bilhete, e como iriam ser os segundos e minutos seguintes da vida do conhecido viajante. E não é que a montanha não pariu um rato, sequer! O revisor chegou ao pé do emplastro com ensaiada taciturnidade, e este tirou tranquilamente o bilhete da algibeira e mostrou-o prosaicamente e com algum desdém. A seguir riu-se nas caras atónitas e parvas dos teenagers como se eles tivessem entrado em metamorfose colectiva que lhes privasse dos neurónios “lololantes” que comunicam com o polegar e os colocasse em pior estado do que o consagrado escaravelho de Kafka.

Chamem-lhe tolo, chamem…!

É caso para perguntar: dada a experiência profissional e vivencial, não se arranjam por aí meia dúzia de licenciaturas com 88,8% de equivalências mais umas quatro disciplinas com “avaliação administrativa” para este ubíquo cidadão? Sei lá… Economia e Gestão, Psicologia, Sociologia, Comunicação Social, Turismo, Metafísica…talvez não fossem inadequadas.

Resta dizer que o Fernando é a única pessoa a quem acho piada quando diz “Benfica é me(r)da”.