Baía não merecia o que lhe fizeram
Vítor Baía é um símbolo do FC Porto. Conquistou tudo o que havia para conquistar no clube azul e branco e proporcionou-lhe o primeiro grande encaixe financeiro, quando se transferiu para o Barcelona.
Ninguém acredita que Vítor Baía não queira o melhor para o seu clube.
Disse ‘ninguém’ mas provavelmente fui otimista e benevolente.
Hoje, Vítor Baía é um proscrito até ver com direito a estátua no museu do clube. Porque a História é difícil de apagar.
O guarda-redes nascido na Afurada e criado em Leça da Palmeira é um dos poucos “senhores” que conheci no futebol ainda de chuteiras e luvas. Tem carisma e caráter. Pensa pela sua cabeça. Por isso, não gostou quando o FC Porto o convidou para diretor das relações internacionais e o tratou como mais um na estrutura. Por isso, decidiu sair pelo seu pé.
Para muitos dos lacaios de Pinto da Costa, foi um erro terrível. Uma quebra de lealdade. É assim que pensam os que apenas rastejam e abrem as goelas à cata de migalhas – o pessoal do croquete, no fundo.
Pinto da Costa não gostou, por outro lado, de ver Vítor Baía “assinar” pela CMTV. Porque entende que o “Correio da Manhã” o persegue. Talvez seja verdade, até porque Pinto da Costa faz boas manchetes e vende papel.
Ora, PC está a partir de um princípio errado ao pensar que Vítor Baía se deixa comprar por quem considera um inimigo. Vítor Baía apenas ocupou o espaço público que lhe ofereceram. Mas ninguém teve coragem de furar o bloqueio e de atravessar a terra que queimaram para Baía percorrer.
Vítor Baía não merecia o que lhe fizeram sobretudo porque nada fez por isso e tudo o fez foi em prol da grandeza do FC Porto.
Pinto da Costa está no seu ocaso – é a lei da vida! Mas vai ser presidente enquanto quiser. Não será, porém, fácil estar de novo 3 épocas para vencer. Talvez não precise mais, como aconteceu em 2002, de sair do estádio agachado no carro do presidente de outro clube, na companhia do seu guru Adelino Caldeira. Mas desta vez, a acontecer, já saberá que tem por perto alguém com carisma e passado para assegurar uma sucessão forte. Esse alguém dá pelo nome de Vítor Baía, o tal que tem direito, até ordem em contrário, a estátua no museu, e que com a posição que assumiu disse, claramente, “se precisarem de mim, estou aqui”. Com isto, adiantou-se um passo em relação ao sucessor natural de PC – António Oliveira.